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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

BETHÂNIA EM MAIS DOIS LINDOS ÁLBUNS

Em tempos em que os discos vão se desprendendo do suporte físico, Maria Bethânia mais uma vez aproveita para lançar dois discos de uma só vez. Em Tua, o amor é o tema em canções onde o violão do maestro Jaime Alem dá o tom, seguido pelo baixo de Jorge Helder e a bateria de Marcelo Costa. Já em Encanteria, Bethânia revisita ritmos interioranos do país, como o samba de roda, a viola caipira, o xote, que remete à sua terra natal, Santo Amaro da Purificação, como ela mesma conta nesta entrevista exclusiva ao SaraivaConteúdo. O primeiro sai pela Biscoito Fino, e o segundo, pelo selo da cantora, Quitanda, vinculado à gravadora.
As participações, mais que especiais em ambos os discos, incluem o piano de João Assis Brasil, a guitarra de Victor Biglione, o acordeon de Toninho Ferragutti, o bandolim de Hamilton de Hollanda, o violão e os arranjos de Mauricio Carrilho, os alunos da Escola Portátil de Música, e a vozes de Lenine, Gilberto Gil e Caetano Veloso.

Já as composições escolhidas por Bethânia privilegiam o trabalho do baiano Roque Ferreira, que já colabora com ela desde trabalhos anteriores e aqui comparece com sete canções, três em Tua e quatro em Encanteria. Gravado primeiramente por Clara Nunes em 1979, desde então Roque teve 400 músicas cantadas por João Nogueira, Martinho da Vila, Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, entre outros. Seu único disco solo, Tem samba no mar, saiu em 2004 pela mesma Biscoito Fino, e em breve Roberta Sá grava um álbum com 14 inéditas suas.
Além dele, comparecem composições em parceria de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro em “É o amor outra vez”, Jorge Vercilo e J. Velloso em “O que eu não conheço”, Cesár Mendes e Arnaldo Antunes em “Até o fim”, Moacyr Luz e Aldir Blanc em “Remanso”, Chico César e Paulinho Moska em “Saudade” e Roberto Mendes e Nizaldo Costa em “Saudade dela”, com participação de Caetano e Gil, homenagem a Dona Edith do Prato, falecida em 2008 aos 94 anos e cujos sambas de roda permearam a vida de Bethânia. E mais canções de Adriana Calcanhotto, Vanessa da Matta, Jaime Alem, Vander Lee, além de Paulo César Pinheiro, cuja “Encanteira” deu nome a um dos discos.

O primor e a elegância de Bethânia estão presentes em ambos os trabalhos, cada um com 11 faixas, mas Encanteria se mostra mais solto e exuberante, com canções que viajam pelo vasto universo da música interiorana brasileira, com destaque para os sambas de roda de Roque Ferreira, como “Feita na Bahia” e “Coroa do mar”, o xote de Lee, “Estrela”, e de Roque, “Minha rede”. Já em Tua, mais contido, destacam-se a faixa-título, de Calcanhotto, e “Você perdeu”, de Márcio Valverde e Nélio Rosa.

Incansável, Bethânia chegou a gravar um terceiro disco, que não será lançado comercialmente, mas doado para escolas públicas, com canções e textos de poetas brasileiros e portugueses, alguns inéditos em sua voz. Aliás, incansável a baiana vem sendo desde o início desta década, quando se filiou à gravadora Biscoito Fino, onde também criou seu selo, Quintada, para lançar alguns de seus trabalhos e produzir outros por quem se interessa, como Namorando a Rosa (2004), homenagem a Rosinha de Valença, e Menino do Rio (2006), de Mart´nália. Pela Biscoito Fino, estreou em 2003 com Maricotinha ao vivo, em CD e DVD.

Desde então, foram oito álbuns de estúdio, somando estes dois recém-lançados – Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos Jardins do Céu (2003), Brasileirinho (2004), Que falta você me faz (2005), Pirata (2006), Mar de Sophia (2006) e Omara Portuondo e Maria Bethânia (2008). Além disso, lançou o registro ao vivo Dentro do mar tem rio (2007) e os dvds Brasileirinho (2004), Tempo, tempo, tempo, tempo (2005), Omara Portuando e Maria Bethânia (2008) e Dentro do mar tem rio (2009). Com mais de 40 anos de carreira, Bethânia segue reafirmando a cada trabalho o seu lugar como Abelha Rainha da música brasileira.

> Assista à entrevista exclusiva de Maria Bethânia ao SaraivaConteúdo

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