Desde 1968 a Shell já vinha investindo maciçamente na associação de sua imagem à simpatia e popularidade de um dos cantores mais populares do final da ´decada de 60 em nosso país: Wilson Simonal. Foram diversos shows, eventos, promoções, comerciais e programas de TV e agora, a um ano da Copa no México, dobrava a parada e apostava tudo em seu contratado.
E Simonal não decepcionou: muito pelo contrário, no Maracanãzinho, onde era esperado que somente fizesse as honras da casa e um showzinho de aquecimento da platéia para Sérgio Mendes, esquentou tanto o público que criou um imenso
problema: não podia sair do palco. Depois de uma histórica performance, a maior de sua vida, Simonal tinha levado 20 mil pessoas ao delírio, cantando com ele, obedecendo alegremente a todos os seus comandos, se comportando como disciplinados
coros de colégio, rindo de suas piadas, exigindo furiosamente que ele continuasse, continuasse sempre, mais-um! mais-um! mais-um!, Simonal não conseguia (nem podia, nem queria) sair do palco, Sérgio Mendes cada vez mais nervoso nos bastidores. Naquelas alturas, na histeria em que estava, o público nem se lembrava mais de Sérgio: queria cantar com Simonal, queria ser regido por Simonal. Nos bastidores, os patrocinadores comemoravam.
Simonal era mesmo o “algo mais”, o tema da campanha da Shell.
Depois de voltar à cena diversas vezes, finalmente Simonal não agüentou e desabou no camarim, com uma crise de choro, taquicardia e falta de ar, começou a gritar por sua mãe e desmaiou.
Enquanto corriam em busca de um médico, Sérgio Mendes (o artista brasileiro mais badalado nos EUA no final da década de 60) entrava no palco com sua força máxima, seus músicos fabulosos, suas gatas com roupas ainda mais sexy, seu som internacional,
seus hits planetários.
Mas o público gritava furiosamente por Simonal! Simonal! Simonal!
Quando Sérgio tocava a sua versão de “Sá Marina” com Lani e Karen cantando em português, na segunda parte, de surpresa, Simonal voltou à cena, cantando com elas e provocando uma das maiores ovações da história do ginásio. Não havia dúvida: Simonal
era o Sérgio Mendes brasileiro.
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