Cazuza faria 50 anos nesta sexta-feira (4). O cantor foi uma das personalidades mais marcantes da geração 80 do rock nacional e primeiro artista brasileiro a admitir publicamente que estava com Aids.
O músico, morto em 1990, ganhou lugar no primeiro time dos compositores brasileiros como o autor de dezenas de hits que fizeram a trilha sonora da década de 80, como "Bete Balanço", "Exagerado" e "Brasil", seja no Barão Vermelho - banda que integrou até 85 - ou em carreira solo.
Fã de Dolores Duran, Cartola, Lupicínio Rodrigues e outros medalhões da velha guarda, Cazuza injetou no rock, por meio de suas letras, a melancolia de seus ídolos, e deu uma iden
tidade roqueira à dor-de-cotovelo. Nascido Agenor de Miranda Araújo Neto, filho de um divulgador da gravadora Som Livre, João Araújo (que viria a se tornar presidente da empresa), Cazuza cresceu cercado por artistas da MPB, como Elis Regina, Jair Rodrigues e os Novos Baianos, que freqüentavam sua casa.
Na adolescência, Cazuza conheceu o rock de Janis Joplin, Rolling Stones e Jimi Hendrix, que logo combinou em baladas de sexo e drogas. Cansado de ter de buscar o filho na delegacia, o pai acabou por arrumar-lhe um emprego no departamento artístico da Som Livre.
Depois de passagens por diversos empregos, um curso de fotografia na California, e um grupo de teatro, em 1980, aos 23 anos, Cazuza - ou Caju, como era conhecido pelos amigos- entrou para o Barão Vermelho.
Cazuza foi apresen
tado a Roberto Frejat e os outros integrantes do Barão por um amigo comum, o cantor Léo Jaime, que sabia que os rapazes procuravam um vocalista. Encontraram mais do que isso: Cazuza deu ao grupo sua voz e suas letras.O primeiro disco da banda, "gravado em 48 horas", não emplacou, mas a dupla Frejat e Cazuza percebeu que estava no caminho certo quando Caetano Veloso incluiu a música "Todo Amor que Houver Nessa Vida" em um show seu.O disco seguinte foi impulsionado pelos sucessos "Pro Dia Nascer Feliz" - também gravado por Ney Matogrosso - e "Bete Balanço", trilha do filme homônimo, de Lael Rodrigues, que trazia Débora Bloch no papel da personagem principal."Maior Abandonado", terceiro disco do grupo, rendeu ao Barão seu primeiro disco de ouro, mas trouxe também os primeiros atritos entre Cazuza e os outros integrantes da banda.Prestes a entrar em estúdio para gravar o quarto disco, Cazuza pulou fora da banda. Segundo o cantor, que se sentia insatisfeito com seu papel como vocalista do grupo, o fato foi bom para os dois lados: "A dor acabou, continuei superamigo deles, minha parceria com o Frejat ficou melhor ainda".
A partir de 1985, como artista solo, Cazuza lançou cinco discos em quatro anos. O primeiro sucesso, "Exagerado", tornou-se um "cartão de visitas" dessa nova fase de
sua carreira. "Brasil", tema de abertura da novela "Vale Tudo", na voz de Gal Costa, foi também um grande sucesso do compositor em 88.
Em 1989, Cazuza admitiu publicamente ser portador do vírus do HIV, numa época em que havia ainda poucas opções de tratamentos para a Aids, e todas pouco eficientes. O cantor morreu precocemente aos 32 anos, no dai 7 de julho de 1990, depois de uma série de internações no Brasil e no exterior, vítima de complicações de saúde ocasionadas pelo HIV.No mesmo ano, a mãe do cantor, Lúcia Araújo, fundou a Sociedade Viva Cazuza, de apoio a crianças portadoras do vírus HIV, que funciona no Rio de Janeiro.
Em 2004, chegou aos cinemas o filme "Cazuza - O Tempo Não Pára", dirigido por Daniel Filho, sobre a vida do cantor e compositor.Em junho de 2005 foi lançado o disco "O Poeta Está Vivo", com uma gravação ao vivo do cantor no Rio de Janeiro, em 1987.
DISCOGRAFIA (ENQUANTO VIVO):
Barão Vermelho - Som Livre - 1982
O primeiro disco do BARÃO VERMELHO teve o efeito de uma hecatombe no combalido cenário da Música Popular Brasileira, nos primórdios dos anos 80. Um crítico chegou a escrever que o LP "dinamitava as fronteiras que separavam o trabalho profissional do mais crasso amadorismo". Mas para mim, pouco importava se aqueles garotos estavam "verdes", como foi dito, o que valia mesmo era a viscerabilidade com que mergulhavam no mais incendiário rock´n roll com suas letras e som deslavadamente jovem e sem mensagens urbanas cheias de pieguice. Eles podiam soar "verdes", sim, mas nosso cenário musical estava repleto de artistas maduros - caindo de podres.
O disco foi gravado em quatro sessões divertidíssimas resumidas em exatas 48 horas. Foram dois fins de semana, tempo em que o Estúdio Um da Som Livre estava ocioso. Pilotando a mesa "Spher", de 24 canais, estava o técnico, também estreante, Eduardo Ramalho. Frejat contava,1,2,3,4 e a turma atacava, inclusive Cazuza entrava junto, aos berros. Não havia aquela história de "voz guia", era tudo a base do vai-ou-racha, uma legítima "polaroid". E nesse autêntico furacão foram geradas "Down em Mim", "Conto de Fadas", "Billy Negão", "Ponto Fraco", "Por Aí", "Bilhetinho Azul", "Todo Amor Que Houver Nessa Vida" (que mais tarde Caetano reinterpretaria em seu show no Canecão, em 83), entre outras obras primas instantâneas.
Guto Graça Mello e eu assinamos a produção e o vinil chegou às lojas do Rio e São Paulo em 15 de setembro de 82. No dia 17 o grupo iniciou temporada no Victória Pub, em São Paulo. Uma amiga minha jornalista, com o LP nas mãos e surpresa com a eletricidade dos garotos no palco, se dirigiu a mim perplexa: -- Mas eles são ótimos, por que o disco é tão ruim? Respondi rápido: "Ora, é que já se passaram dois minutos desde que o disco foi gravado, eles evoluem muito depressa!
Faixas:
01 - Posando de star
02 - Down em mim
03 - Conto de fadas
04 - Billy Negão
05 - Certo dia na cidade
06 - Rock'n geral
07 - Ponto fraco
08 - Por aí
09 - Todo o amor que houver nesta vida
10 - Bilhetinho azul
Produção artística: Ezequiel Neves
Produção executiva, direção de estúdio e mixagem: Guto Graça Mello
Engenheiro de gravação e mixagem: Eduardo Ramalho
Assistentes de estúdio: João Ricardo, Jackson, Mario Jorge, Serginho
Montagem: Ieddo Gouvea
Gravado nos estúdios da Sigla, em 24 canais, nos dias 15 e 16; 22 e 23 de maio de 1982.
Capa e fotos: Frederico Mendes
Fotos Polaroid: Naila Skórpio
Arte-final: Tuninho de Paula
Masterização: VISON
Barão Vermelho 2 - Som Livre - 1983
Esse foi o disco que fez com que o BARÃO VERMELHO decolasse. Isso graças ao hit "Pro Dia Nascer Feliz", de Cazuza e Frejat. Mas enquanto o clima das gravações do primeiro LP foram da mais pura farra, as deste trabalho geraram tensões e brigas por todos os lados. O motivo era óbvio: os barões resolveram escolher para colaborar comigo um produtor inglês, Andy Mills, que, segundo eles, era conhecedor profundo de todos os macetes de estúdio.
A história de Andy Mills era hilária. Ele chegou ao Brasil em 1974, como "roadie" de Alice Cooper. Sua função se restringia a cuidar das gibóias de La Cooper: nos shows, as colocava nos ombros de Alice, para, minutos depois, as tirar rapidamente. Mas Andy gostou tanto do Brasil que resolveu ficar por aqui enturmando-se logo com os roqueiros tupiniquins. E contava histórias várias, que havia trabalhado como técnico de som de todos os superstars anglo-americanos, que era, em suma, um portento. Não demorou muito, foi aceito como técnico de som de Rita Lee e foi ficando. Acabou vindo para o Rio onde conseguiu trabalho no estúdio Level de propriedade da Rede Globo.
Acontece que Andy resolveu querer impor aos barões um tipo de som que não tinha nada a ver com o dos garotos. E ainda por cima era de um perfeccionismo insuportável.Qualquer solo de guitarra, baixo, bateria ou teclado, tinha de ser refeito zilhões de vezes, uma verdadeira tortura. Cazuza e eu ficávamos morrendo de ódio porque a espontaneidade ia pras picas e além disso as gravações já se arrastavam por seculares três meses. O pior aconteceu por último. Na hora de colocar as vozes definitivas, Cazuza rosnou pra mim e fulminou: -- Não vou por voz nesta merda. Suspenda este disco. Essas bases estão perfeitas demais e eu não tenho nada a ver com perfeição. Por fim, depois de muita lábia e com todos nós implorando, ele deu vida e fúria a rocks escrachantes como,"Menina Mimada", "Largado no Mundo", "Carente Profissional", "Blues do Iniciante" e a já mencionada e inesquecível,"Pro Dia Nascer Feliz", que passados 14 anos, é das músicas mais cantadas em todos os shows do Barão. Mas estávamos tão tensos ao final da noite da última gravação que Cazuza e eu saímos do estúdio e emendamos três dias e três noites, onde consumimos dez garrafas de uisque ajudadas por outros infalíveis aditivos. Afinal, ninguém é de ferro.
Faixas:
01 - Menina mimada
02 - O que a gente quiser
03 - Vem comigo
04 - Bicho humano
05 - Largado no mundo
06 - Carne de pescoço
07 - Pro dia nascer feliz
08 - Manhã sem sonho
09 - Carente profissional
10 - Blues do iniciante
Direção artística: Guto Graça Mello
Produzido por Andy P. Mills e Ezequiel Neves
Produção executiva: Andy P. Mills
Arranjos: Barão Vermelho
Técnicos de gravação: Andy P. Mills, João Ricardo e Felipe Nery
Técnico de mixagem: Andy P. Mills
Assistentes de estúdio: Jackson, Sergio, César, Léco, Carlão e Dorey
Gravado e mixado nos estúdios da Sigla, Rio de Janeiro, em 24 canais, no período de 12 de abril a 15 de junho de 1983Masterização: VISON
Tema do filme Bete Balanço Som Livre - 1984
No intervalo entre BARÃO VERMELHO 2 e MAIOR ABANDONADO, o quinteto carioca foi convidado a compor e gravar a música tema do filme de Lael Rodrigues, "Bete Balanço". Acontece que a música de Cazuza e Frejat chegou às rádios três meses antes da estréia do filme, e teve um impacto surpreendente, espécie de tatuagem nos tímpanos do Brasil inteiro.
Faixas:
01 - Bete Balanço
02 - Amor, amor
Maior Abandonado - Som Livre - 1984
Foi com a benção e tranqüilidade do sucesso de Bete Balanço que os Barões novamente entraram nos estúdios da Som Livre para registrarem seu terceiro trabalho, MAIOR ABANDONADO. Dessa vez o Barão e eu fizemos questão de dividir a produção com um técnico super calmo, sensível e do bem, Jorge (Gordo) Guimarães. Ele além de se esbaldar com o som dos garotos, estava ali pilotando a mesa "Spher" como um autêntico feiticeiro de todos os sons. Com Jorginho, como o chamávamos carinhosamente, tudo corria às mil maravilhas, ele dialogava conosco de igual para igual, tinha ótimas idéias e quando discordávamos, oferecia em troca achados fantasticamente criativos. Trabalhar com o Gordinho era uma festa pois ele era a própria festa. Cazuza, Frejat, Guto Goffi, Dé, Maurício e eu não podíamos acreditar: MAIOR ABANDONADO foi gravado em apenas 25 dias e naquele clima gostosamente relax. Canções e rocks como, "Sem Vergonha", "Você Se Parece com Todo o Mundo", "Milagres", "Por Que A Gente É Assim ?", "Narciso", e "Eu Não Amo Ninguém", corriam soltas e deliciosamente dançáveis. Depois das duas apoteóticas apresentações no primeiro "Rock`n Rio"(em 1985)*, MAIOR ABANDONADO conquistou fácil para o Barão seu primeiro Disco de Ouro.
* Essas apresentações no Rock`n Rio foram, em 1994 transformadas no CD BARÃO VERMELHO AO VIVO, lançado pela Som Livre.
Faixas:
01 - Maior abandonado
02 - Baby, suporte
03 - Sem vergonha
04 - Você se parece com todo mundo
05 - Milagres
06 - Não amo ninguém
07 - Por que a gente é assim?
08 - Narciso
09 - Nós
10 - Dolorosa
11 - Bete Balanço
Barão Vermelho ao vivo - Som Livre - 1985
Isso não é um disco, é um escândalo!!! As fitas com os dois shows acontecidos no primeiro Rock´n Rio (15 e 20 de janeiro de 1985), foram encontradas pelo produtor Aramis Barros nos arquivos da Som Livre, em fins de 1991. Aramis imediatamente percebeu ter em mãos pepitas incandescentes. Os shows eram memoráveis. Todos os Barões foram contatados e, lógico, fui junto. Boquiabertos ouvimos um registro transcendental, documento chamuscante do que melhor havia de mais radical do rock brasileiro na década de 80.
Microfonias escancaradas, guitarras fulminantes, andamentos esquizofrênicos. Cazuza errava algumas letras e isso enriquecia ainda mais a avalanche de músicas engatadas umas às outras num turbilhão de juventude incendiária.Tudo soava como um batalhão de Sex Pistols avassaladores. Se o Barão e seus asseclas estivessem tocando no Gólgota, tenho a certeza, Jesus Cristo não seria crucificado. Abandonaria a cruz para, junto com aquela multidão, dançar adoidado. Jorge (o Gordo) Guimarães (só ele mesmo) pilotou as gravações "in loco" e produziu esse petardo conosco sete anos depois. Fizemos em apenas dezoito horas de estúdio. Não precisávamos mais. São catorze faixas desvairadas, uma torrente bravia que nos deixa sem respiração. "Unbelievable" perde. Um roteiro fantástico englobando e transcedendo os primeiros três anos da carreira chamuscante do Barão Vermelho.
Politicamente é um documento que faria qualquer País ficar orgulhoso. Explico: a noite do dia 15 coincidiu com a votação pelas "Diretas Já". E na hora que Cazuza detonou os versos de " Pro Dia Nascer Feliz", ficou sabendo que a ditadura, que enforcava o país, havia sido dinamitada. Ele deu a notícia no palco e a multidão de 80 mil pessoas ficou enlouquecida de tanto prazer. Tomem um calmante pois só assim suportarão escutar esse incendiário documento.
Faixas:
01 -Maior abandonado
02 - Milagres
03 - Subproduto do rock
04 - Sem vergonha
05 - Narciso
06 - Todo o amor que houver nesta vida
07 - Baby, suporte
08 - Bete Balanço
09 - Mal nenhum
10 - Down em mim
11 - Por que a gente é assim?
12 - Um dia na vida
13 - Menina mimada
14 - Pro dia nascer feliz
Direção artística: Max Pierre
Direção de produção: Aramis Barros
Produzido por Roberto Frejat, Guto Goffi, Jorge "Gordo" Guimarães e Ezequiel Neves
Gravado ao vivo nos dias 15 e 20 de janeiro de 1985 no Rock In Rio 1
Técnicos de gravação: Jorge "Gordo" Guimarães e Antonio "Moogie" Canazio
Assistente de gravação: Jorge Maria, Wellington e Beto Silva
Mixado no sistema PROJAN
Técnico de mixagem: Jorge "Gordo" Guimarães
Assistente de estúdio: Everaldo "Mongo"
Participação especial de Zé Luiz (sax nas músicas: Sub-produto do Rock, Sem vergonha e Narciso)
Barão Vermelho: Cazuza, Roberto Frejat, Guto Goffi, Dé e Maurício Barros
Capa: Marciso "Pena" Carvalho
Foto: Anibal Philot / Agência O Globo
Cazuza / Exagerado - Som Livre - 1985
Às vésperas de entrarmos em estúdio para gravarmos o quarto disco do Barão, em julho de 1985, Cazuza decidiu sair do grupo para seguir carreira solo. O fato era explicável; filho único não costumava dividir nada com ninguém e os atritos com os outros garotos já vinham acontecendo há vários meses: "the thrill is gone". Fui franco com ele: "Você é ótimo, mas a banda também é ótima. Fico com você e com o grupo". Ele arregalou os olhos, mas percebeu que eu tinha razão. Topou.
Partimos então para a escolha das músicas de seu primeiro disco-solo: o Barão ficaria com metade do repertório do quarto disco, que ainda seria com o cantor e letrista Cazuza, e este com a outra metade. Isso incluia petardos como "Exagerado", "Mal nenhum", "Só as mães são felizes" (que posteriormente teve a execução proibida em todo o território nacional), "Cúmplice" e "Boa vida". Cazuza comporia, mais tarde, a obra prima "Codinome Beija-flor". Resolvemos entrar nos estúdios da Som Livre em setembro e procuramos Nico Rezende para assinar os arranjos e a co-produção musical. Nico já havia produzido conosco "Amor, amor", lado B do compacto "Bete Balanço" e quando lhe mostramos o material para o disco ficou pasmo. " O LP já está pronto, o repertório é um arraso"- falou. Mas não foi tão fácil assim.
Nico, além de cuidar dos teclados, recrutou músicos excelentes, entre os quais Rogério Meanda, excelente guitarrista e que mais tarde, se tornaria parceiro de Cazuza. Rezende, porém, queria enfatizar os teclados e Cazuza e eu preferíamos encher o disco de guitarras. Foi o que fizemos, mas a discussão maior foi quanto ao arranjo de "Codinome Beija-flor".
Reinaldo Arias, autor da música, fez um arranjo horrendo calcado num hit da época, o também horrendo "Maniac". Eu insistia em moldura super-romântica, uma balada acústica à base apenas de piano, violinos e voz. Nico achou um absurdo e disse que aquilo não podia ser mais pobre e antigo. Respondi que todos iam ficar de quatro com aquela simplicidade moderníssima. Cazuza concordou comigo, mas tive de dar escândalo, espernear para Nico concordar. "Codinome Beija-flor" era uma das letras mais geniais de Cazuza, sensível ao extremo, algo de um poeta da maior categoria. O fato é que além de "Exagerado" ter se tornado uma espécie de "grife" de Cazuza, "Codinome Beija-flor" transformou-se em um sucesso eterno.
Faixas: 01 - Exagerado 02 - Medieval 03 - Cúmplice 04 - Mal nenhum 05 - Balada de um vagabundo 06 - Codinome Beija-flor 07 - Desastre mental 08 - Boa vida 09 - Só as mães são felizes 10 - Rock da descerebração Produzido por Nilo Rezende e Ezequiel Neves Engenheiro de gravação e mixagem: Jorge Guimarães
Cazuza / Só se for a 2 - PolyGram - 1987
Depois da combustão espontânea de EXAGERADO, fiquei temeroso. Falei com Cazuza: "Tudo bem...vamos pensar um pouco ?" Ele foi incisivo: "Não me venha falar em conceitos e outras babaquices. Detesto conceito. Arte,qualquer arte que seja conceitual pra mim é merda. Gosto de coisas para dependurar na parede, odeio instalações. Em música adoro ouvir qualquer bobagem e já sair cantando." Ponderei: "Tudo bem, mas depois de seu monólogo, me mostre as letras novas..." Ele mostrou e caí duro.
As 12 letras inéditas eram um espanto e fixavam um "conceito" inconsciente, mas rigorosamente genial. O de que a gente só dá certo quando está a dois. Tudo começava com esta faixa "Só se for a dois" que imediatamente foi escolhida para título do disco. E havia também temas maravilhosamente românticos, como "O Nosso Amor a Gente Inventa (Uma História Romântica)", "Solidão Que Nada", "Completamente Blue" e a urgentemente antológica "Ritual". Odiando a seriedade, Cazuza sabia ser seríssimo e tremendamente reflexivo, resumindo nascimento, vida e morte de forma transcendental. Os versos de "Ritual" eram a própria história do ser humano enfrentando e compreendendo toda a solidão do mundo.
Chamamos Nilo Romero para produzir e ele foi de um carinho e dedicação extremos. Cazuza e eu não tínhamos muito saco para agüentar horas e horas da masturbação que é um estúdio de gravação, Nilo era o oposto. Produzimos juntos e nunca vimos um artesão tão calmo e apaixonado. SÓ SE FOR A DOIS ficou lindo. Mas nesse ínterim a Som Livre resolveu acabar com seu cast, e o disco acabou sendo lançado pela Polygram que assinou contrato com Cazuza. Mil pontos para a Polygram.
Faixas:
01 - Só se for a dois
02 - Ritual
03 - O nosso amor a gente inventa (estória romântica)
04 - Culpa de estimação
05 - Solidão, que nada
06 - Completamente blue
07 - Vai à luta
08 - Quarta-feira
09 - Heavy love
10 - O lobo mau da Ucrânia
11 - Balada do Esplanada
Ideologia - PolyGram - 1988
Ao voltarmos para o Brasil no começo de dezembro de 1987, depois do pesadelo que foram os três meses de tratamento no New England Hospital de Boston, Cazuza já tinha material e muita pressa de iniciar os trabalhos para um novo disco. Imediatamente convocamos Nilo Romero novamente para colaborar conosco. Ele, pra variar, adorou.
O disco teria o título de IDEOLOGIA, música de cunho corrosivamente político que Cazuza havia feito com Frejat. Nos piores momentos em que o poeta passara numa UTI do New England Hospital ele cantava a letra de olhos fechados. Lucinha, numa tarde longa e cinzenta, me perguntou: --Meu filho está balbuciando uma música que nunca ouvi. Fala em algo como "meus heróis morreram de overdose", que letra é essa? Disse a ela que era uma canção inédita e genial que Cazuza dera para Frejat fazer a música. Lucinha foi incisiva: "Se meu filho morrer não vou deixar ninguém gravar essa música", disse em prantos. Fiquei quieto porque tinha certeza que Cazuza não ia morrer.
Entramos no estúdio da Polygram em janeiro, Márcio Gama pilotando a mesa de som e fizemos, inspiradérrimos, uma outra obra prima. IDEOLOGIA, tinha, entre outras maravilhas, "Brasil" (um hino de amor a um país falido), "Um Trem Pras Estrelas" ( a única parceria de Cazuza com Gilberto Gil), "Blues da Piedade", a surrealista "A Orelha de Eurídice", "Minha Flor,Meu Bebê"( com Dé assinando a música) e uma releitura de "Faz Parte do Meu Show" (música de Renato Ladeira que Cazuza cantou como um João Gilberto renascido. IDEOLOGIA tinha uma capa polêmica, de Zerbini e Barra misturando suásticas com Estrelas de Davi. Querem algo mais provocativo e sincrético?
FAIXAS:
01 - Ideologia
02 - Boas novas
03 - O assassinato da flor
04 - A orelha de Eurídice
05 - Guerra civil
06 - Brasil
07 - Um trem para as estrelas
08 - Vida fácil
09 - Blues da piedade
10 - Obrigado (por ter se mandado)
10 - Só se for a dois
11 - Minha flor, meu bebê
12 - Faz parte do meu show
Produzido por Cazuza, Ezequiel Neves e Nilo Romero
Produção executiva e coordenação geral: Márcia Alvarez
Técnicos de gravação: Márcio Gama (Polygram), Jairo Gualberto (Polygram), Julinho (Polygram), Luís Cláudio (Polygram) faixa "Brasil" e L. G. D'Orey (Som Livre)
Assistentes de gravação: Carlinhos e Charles (Polygram) e Julinho e Cláudio (Som Livre)
Mixagem: Márcio Gama e Julinho
Mixagem "Brasil": Jorge Guimarães
Arregimentação geral: Paschoal Perrota
Mixagem digital: Márcio Gama e Julinho
Montagem digital: Marcus Adriano
Supervisão do processo digital: Luigi Hoffer e Jorge Freitas
Capa: Luiz Zerbini e Jorge Barão
Foto: Flávio Colker
Coordenação gráfica: Arthur Fróes
Mixado no estúdios da Polygram
Gravado nos estúdios Polygram e Sigla
Verão 1988
O tempo não pára - PolyGram - 1988
Gravado ao vivo no Canecão, dias 14,15 e 16 de outubro de 1988, "O Tempo Não Pára" fulmina o ouvinte com a mesma aura de celebração quase litúrgica que dominava o belíssimo show. Cazuza,já bastante fragilizado, mantém uma dignidade interpretativa de quem "vê a cara da morte e sente que ela está viva". Não há a mínima possibilidade de nos distanciarmos do guerreiro reflexivo que jamais desiste da luta. Cada uma das dez faixas (que acabam funcionando como uma antologia de epígrafes) seqüestram nossos tímpanos de forma apaixonante.
Cazuza mostra-se um intérprete comovente, totalmente controlado e que não apela nunca para a pieguice. A banda, liderada por Nilo Romero, cria uma moldura afiadamente digna para que o poeta resplandeça. E a mixagem de Márcio Gama só ressalta essas virtudes. Não há muito que falar sobre esse disco, mas seria um sacrilégio não mencionar três (dos muitos) momentos antológicos: "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Codinome Beija-Flor" e "Faz Parte do Meu Show".
O TEMPO NÃO PÁRA superou a marca das 500.000 unidades vendidas. Não era pra menos!!!
FAIXAS:
01 - Vida louca vida
02 - Boas novas
03 - Ideologia
04 - Todo o amor que houver nesta vida
05 - Codinome Beija-flor
06 - O tempo não pára
07 - Só as mães são felizes
08 - O nosso amor a gente inventa (estória romântica)
Engenheiros de gravaçao: Márcio Gama e Luigi Hoffer
Mixagem: Márcio Gama
Auxiliares: Carlinhos, Marcos Vicente e Barrozo
Montagem e edição: Barrozo
Coordenação gráfica: Arthur Fróes
Arte: Reinaldo Cardoso Simões
Fotos: Paulo Ricardo (capa), Geraldo Luis Gomes (contracapa e envelope) e Miriam Prado (envelope)
Gravado ao vivo dias 14, 15 e 16 de outubro de 1988 no Canecão, Rio de Janeiro
Show
Produzido por: Márcia Alavarez
Direção: Ney Matogrosso
Direção musical: Nilo Romero
A Banda
Bateria: Christian Oyens
Baixo: Nilo Romero
Guitarras: Luiciano Maurício e Ricardo Palmeira
Teclado: João Rebouças
Saxofone: Widor Santiago
Vocais: Jussara, Jurema, João Rebouças e Luciano Maurício
Técnico de P.A.: Breno Dolabela
Técnico de palco: Marcelo
Iluminação: Bimbão
Contra-regra: Ronaldo e Fernando
Agitos gerais: Nandinha
Burguesia - PolyGram - 1989
Esse pode ser chamado de o disco da ressurreição. CAZUZA, já minado pela doença, provou que a pirraça era a forma de se manter vivo. Criava como um tresloucado, escrevia desbragadamente, aos borbotões. Mandava letras (que escrevia nos moldes da "escrita automática" de seus ídolos, como Kerouac, Ginsberg, Gregory Corso e outros "beats") para Frejat, Angela Ro Ro, Arnaldo Antunes, Arnaldo Brandão, Joanna, João Donato e também as dava a quem fosse visitá-lo na Clínica São Vicente. E exigia que eles musicassem tudo em milésimos de segundos.
Nilo Romero e eu fomos sumariamente demitidos da produção, já em Recife, onde ele apareceu no palco pela última vez. Já de volta ao Rio, chegava ao estúdio da Polygram em cadeira de rodas, deitava-se num sofá e mandava ver. João Rebouças criava os arranjos e ele ia colocando a voz direto. Os técnicos da gravadora agiram de uma forma pavorosa. Como ele cantava deitado, os microfones eram colocados de qualquer jeito, como se cada dia de gravação fosse o último e que aquele disco não iria ser lançado nunca.
Era uma produção, digamos sem exageros, brutalista. Só encontro comparação em obras primas inaudíveis, como, por exemplo, Double Quartet de Ornette Colleman e Metal Machine Music, de Lou Reed. E as letras, repito, eram orgiásticas, haviam canções com 140 versos, tudo era fantasmagoricamente irracional, trovões e relâmpagos verbalizados numa linguagem devastadora. Era a própria urgência de cataclismas transcendentais.
BURGUESIA é um álbum-duplo com 21 pulverizantes faixas. Um registro que sempre valerá a pena ser relido por "seculo seculorum". CAZUZA assumiu e assinou, com garras e dentes toda a produção. Só mesmo ele teria culhões e honestidade para fazer isto.
FAIXAS:
01 - Burguesia
02 - Nabucodonosor
03 - Tudo é amor
04 - Garota de Bauru
05 - Eu agradeço
06 - Eu quero alguém
07 - Baby lonest
08 - Como já dizia Djavan
09 - Perto do fogo
10 - Cobaias de Deus
11 - Mulher sem razão
12 - Quase um segundo
13 - Filho único
14 - Preconceito
15 - Esse cara
16 - Azul e amarelo
17 - Cartão postal
18 - Manhatã
19 - Bruma
20 - Quando eu estiver cantando
Produzido por Cazuza
Produção executiva e coordenaãao geral: Marcia Alvarez
Produção musical: João Rebouças
Direção artística: Mariozinho Rocha, M. R. Produções Artísticas
Técnicos de gravação: Luiz Cláudio e João Moreira nas faixas "Eu Agradeço", "Esse cara", "Cartão Postal", "Azul e amarelo"
Assistentes de gravação: João Carlos e Marcos Vicente
Programacão de teclados: Renato Ladeira e Chico Sá
Mixagem: Luiz Cláudio
Assistente de mixagem: Jairo Gualberto
Masterização; Márcio Gama e Luiz Cláudio
Montagem digital: Antônio Barroso
Arregimentação: Barney
Supervisão geral: Paulo Succar
Gravado e mixado nos estúdios da Polygram em março e junho de 1989
Nossa missãoDar assistência a crianças carentes portadoras do vírus da aids, assistência social a pacientes adultos em tratamento na rede pública na cidade do Rio de Janeiro e difundir informações científicas sobre HIV/Aids além de esclarecimento de dúvidas para profissionais de saúde ou leigos.
Histórico
Fundada em 1990 em memória do cantor e compositor Cazuza que faleceu naquele ano vítima da Aids, a instituição iniciou seus trabalhos junto ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle no Rio de Janeiro. Em 1992 se desligou daquele hospital e iniciou um trabalho independente fornecendo medicamentos, exames e assistência a pessoas carentes portadores do HIV. Em 1993, após conseguir a cessão de uso de um imóvel da Prefeitura do Rio de Janeiro, montou a primeira Casa de Apoio Pediátrico do Município. A Casa tinha como finalidade fornecer abrigo, tratamento médico, educação, reintegração familiar, lazer, cultura.Em 1999 a Sociedade Viva Cazuza iniciou mais dois projetos: - Site educativo e informativo sobre Aids, com objetivo de trazer informações científicas atualizadas para o português e esclarecimento de dúvidas;- Projeto de Apoio Social visando adesão ao tratamento para pacientes adultos em tratamento em dois hospitais da rede pública do Rio de Janeiro.
Base legais
Razão Social: VIVA CAZUZACNPJ: 39.418.470/0001-05
Título de Utilidade Pública Federal – Decreto nº 50.517/61, publicado em DO de 16/02/1996
Título de Utilidade Pública Estadual – Decreto nº 17.595, publicado em DOE de 27/07/1992
Título de Utilidade Pública Municipal – Decreto nº 1902, publicado no DOM de 01/10/1992
Registro junto ao CNAS - Processo Nº 44006.000533/96-12, de 12/09/1996
Certificado de Entidades Filantrópicas – Processo nº 44006.002326/99-73
Registro no Conselho Municipal de Assistência Social Nº 0258/99
Registro no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente Nº 04/034/227
Diretoria eleita em 15 de janeiro de 2007
Presidente:Maria Lúcia da Silva Araújo
Vice-Presidente:Lilibeth Monteiro de Carvalho Marinho
Secretário:Nelia Marisa Perez
Tesoureiro:João Alfredo Rangel de Araújo
Conselho Fiscal Titular:
Loreta Burlamaqui da Cunha
Vanja Maria Bessa Ferreira
Betina Durovni
Conselho Fiscal Suplente:
Paulo Malta Muller
Carlos Eduardo de Moraes Honorato
Paulo César Ferreira
Conselho Consultivo:
João Baptista Malan de Paiva Chave
Ney de Souza Pereira
Sérgio Alberto Monteiro de Carvalho
Tibério César Gadelha
Elimar dos Santos
EquipeDiretora Médica:Loreta Burlamaqui da Cunha
Gerente e Coordenadora de Projetos:Christina Moreira da Costa
A Sociedade Viva Cazuza se mantém a partir de direitos autorais do Cazuza, doações, eventos beneficentes e eventuais convênios com o Ministério da Saúde.
Doações
Recebe doações de remédios, alimentos, produtos de limpeza e higiene, roupas infantis, brinquedos etc., de segunda a sexta feira das 7 às 19 horas.
Doações em espécie podem ser feitas também através de depósito para:
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