Páginas

sexta-feira, 30 de junho de 2017

CANÇÕES DE XICO


HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS

Vinha resistindo e conseguindo cumprir a promessa de não fazer, neste ano, qualquer música em homenagem a Luiz Gonzaga. Primeiro, porque já o faço desde meu primeiro disco (toda música minha, no fundo, é uma reverência a ‘seu’ Luiz, além da homenagem específica, que é LUA BRASIL, já publicada neste JBF); depois, porque o que tem de coisa, boa e má, homenageando o Rei é algo espantoso. Admiradores e oportunistas tiveram a mesma idéia. Mas certo dia recebo ligação de André Rio pedindo que coloque letra numa melodia dele que servirá de tema musical para um clipe de emissora de TV local (terminou nem indo ao ar, acho). Foi aí que fiz GONZAGA É CEM, falando de seu centenário. Ei-la, na voz de meu parceiro ANDRÉ RIO:

GONZAGA É CEM
André Rio e Xico Bizerra

num pé de serra lá pras bandas do exu
se fez a luz anunciando um novo som
nascia u’a flor em meio ao mandacaru
luiz gonzaga com o seu acordeon

a asa branca, a acauã e a sabiá 
se deram as asas na copa do juazeiro
num dezembro, 13, pra comemorar 
o centenário desse luiz brasileiro

raio de luz, verso, emoção
rei do sertão, lua que afaga 
sol que reluz, canção que aflora
brasil afora, baião gonzaga

luiz Gonzaga, rei do baião
te rendo graças com essa canção

JOGOS DA NOITE: O SIMBOLISMO COM MELODIAS

Por José Teles



Tenho na alma dois moinhos/um é de água, outro é de vento/ambos juntos e vizinhos/estão sempre em movimento/movimento/ e giros, tantos e tantos/dão ao primeiro os meus prantos/e ao segundo os meus suspiros”, do poema Dois Moinhos, do esquecido poeta cearense José Albano (nascido em Fortaleza em 1882, e falecido em Paris, em 1923. Na verdade, Albano nem é “esquecido”, ele foi muito pouco conhecido, mesmo quando morou em Fortaleza, onde foi professor de latim, no Liceu do Ceará.

De difícil classificação, sua poesia foi enquadrada com nas escolas romântica parnasiana e simbolista. Manuel Bandeira, na Antologia dos Poetas Brasileiros,que não considerava que ele seguisse nenhuma linha poética em particular, classificou José Albano entre os simbolistas: “Pela espiritualidade de sua inspiração, pela musicalidade de sua forma, pela sensibilidade por assim dizer outonal de seus versos, é dentro do quadro simbolista que melhor cabe a sua singular figura”.

Surgido no final do século 19 na França (As Flores do Mal, de Baudelaire e geralmente considerado o marco do movimento), o simbolismo logo aportou num Brasil assumidamente francófilo, e influenciou uma nova geração de poetas, dos quais os mais conhecidos foram Alphonsus de Guimarães, Cruz e Souza e Álvaro Moreyra. Ao longo dos anos, de tantas vogas poéticas que o sucederam o simbolismo brasileiro restringe-se hoje ao ambiente acadêmico, e a leitores e esparsas reedições.

Inusitadamente, os simbolistas voltam a ser vitrine por obra e graça de músicos que atuam em São Paulo, que lançam, pela gravadora Circus, o álbum Jogos da Noite, no qual poemas de simbolistas foram musicados e interpretados por Filipe Massumi (violoncelo), Suzana Salles (voz), Sérgio Reze (bateria) e Pepê Mata Machado (violões), este também o autor das músicas (em parceria com Suzana Salles).

“Este trabalho começa pelas composições que criei a partir da Antologia dos Poetas Brasileiros: Fase Simbolista, organizada por Manuel Bandeira. Foi este livrinho sucinto que me introduziu a poeta até então por mim desconhecidos, como Eduardo Guimarães, da Costa e Silva e José Albano”, esclarece Pepê Mata Machado. O citado Os Moinhos, de José Albano, é revestida de uma sequência de tríades, com ênfase na bateria e violoncelo. A voz de Suzana Salles dá um colorido especial aos moinhos.

Embora um nome não muito familiar à maioria, Suzana Salles é uma das mais influentes vozes da música popular brasileira, desde que integrou a banda de Arrigo Barnabé, na fase de maior exposição da chamada Vanguarda Paulistana. Com Vânia Bastos criou um modelo original de canto, popular, mas no limiar do erudito.


No LIMIAR

No limiar do erudito é como se poderia pensar este Jogos da Noite, que se vale do lied, da modinha, como acontece em Saudades, do maranhense Casimiro de Abreu, quase sempre lembrado pela Lira dos Oito Anos, um dos mais populares poemas da literatura brasileira: “Oh! que saudades que tenho/Da aurora da minha vida/Da minha infância querida/Que os anos não trazem mais/Que amor, que sonhos, que flores/Naquelas tardes fagueiras/À sombra das bananeiras/Debaixo dos laranjais” (os dois últimos títulos inspirou, em 1968, um canção de Aristides Guimarães, um dos principais nomes do tropicalismo à pernambucana).

O romântico Casimiro de Abreu (que já havia morrido quando surgiu o simbolismo) entra no álbum com Saudades, que tem usos de modos menor e maior no mesmo tom, numa modinha, uma das mais belas canções, do disco, cujo intermezzo intrumental tem clima mezzo gótico, combinando com os poemas musicados no álbum: “Nestas horas de silêncio/de tristezas e de amor/eu gosto de ouvir ao longe/cheio de mágoas e de dor/o sino do campanário/que fala tão solitário/com esse som mortuário/que nos enche de pavor”.

O atormentado Cruz e Souza teve musicada sua Gargalhada 2, que ganha movimentos de música circense, a harmonia modulante emoldurando os versos: “Gargalhar, ri num riso de tormenta/como um palhaço/que desengonçado, nervo ri/um riso absurdo, inflado/de uma ironia e de uma dor violenta”.

Jogos da Noite, produção musical de André Magalhães, tem treze faixas, melodias sobre poemas de poetas obscuros, ou celebrados, como o Manuel Bandeira de O Martelo (Sei que amanhã quando acordar/ouvirei o martelo do ferreiro/bater corajoso/o seu cântico de certezas”). Canções de arranjos requintados e diversificados, como em Quadras, de Álvaro Moreyra, a 13ª, que fecha o repertório, percussão e violoncelo, com uma interpretação perfeita de Suzana Salles cuja voz é mais um instrumento no disco.

Um projeto surpreendente, não apenas pela concepção, mas por ainda se fazer música com tamanha excelência num país que se torna a cada dia terra culturalmente arrasada.


Poeta incluídos em Jogos da Noite:

Cruz e Souza (1861-1898), Emiliano Perneta (1866-1921), Azevedo Cruz (1870-1905), Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), Da Costa e Silva (1885-1950), José Albano (1888-1923), Álvaro Moreyra (1888-1964), Eduardo Guimarães (1892-1928), Casimiro de Abreu (1839-1860)

quinta-feira, 29 de junho de 2017

GRAMOPHONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*




Canção: Quando Vovó Sonhava

Composição: Expedito de Carvalho

Intérprete - Waldick Soriano

Ano - 1962

78RPM - Chantecler - CH 3038



* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 10.000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

JUAREZ FONSECA: "O ENIGMA DE BELCHIOR PERMANECERÁ"

Jornalista era amigo do cantor, morto no último sábado, em Santa Cruz do Sul

Por Juarez Fonseca


Grafite de Belchior em San Gregorio de Polanco, no Uruguai

"Olha, eu gostaria de dizer coisas agradáveis às pessoas e de cantar o amor. Mas eu não sou mensageiro de coisas agradáveis."

Belchior me disse isso em uma entrevista de 1977. A notícia da morte dele me abateu não só porque o admirava como um grande artista da música e da palavra, talvez o mais intenso de sua geração. Me abateu principalmente porque éramos amigos. Quase sempre que vinha a Porto Alegre nos encontrávamos, em minha casa, em um bar ou no hotel, para longas conversas ao redor de uma garrafa de vinho. Falávamos sobre quase tudo, sua fala macia revelando um pensador do tipo renascentista, interessado por muitos temas. Mas tinha algumas predileções, como os beatniks e os poetas "malditos". Talvez sua última apresentação na cidade, acho em que 2005, tenha sido no projeto Ensaio Aberto, que coordenei no Santander Cultural: enquanto eu o entrevistava, ele ilustrava as respostas com música e poesia. Poucos sabem que era também artista plástico – guardo, autografado, um livro de desenhos de influência cubista, e um álbum de pinturas cujo único personagem é Carlos Drummond de Andrade; dezenas de retratos do poeta.

Seu "desaparecimento" em vida, há dez anos, acompanhado de uma mulher chamada Edna, representou um enigma para mim. Por que, por que, por que?, e eu não encontrava qualquer resposta. Na verdade, a única resposta plausível era que resolvera mesmo largar tudo, radicalmente, como Rimbaud, citado em uma de suas canções. Rimbaud foi ser traficante de armas na África, Belchior resolveu esconder-se entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai, abandonando a mãe, os filhos e a carreira para viver (ao lado de Edna) da caridade e de sair de hotéis pela porta dos fundos. Em algum momento pensei que pudesse me procurar, para pedir ajuda ou contar o que estava acontecendo. Cheguei a fazer campana nas imediações de um hotel da Rua Fernando Machado, onde estaria hospedado, mas nunca o avistei. Se o encontrasse, o certo é que não me contaria nada, como nada contou para os dois ou três jornalistas que por acaso tiveram tal oportunidade, mesmo fugaz, passando a impressão de que Edna o protegia ferozmente das maldades do mundo.

Não há nenhum indício de que durante estes 10 anos Belchior tenha registrado em escritos sua experiência. O enigma permanecerá. A não ser que Edna um dia resolva contar a história. O que parece pouco provável. Aos fãs, que nesse tempo guardavam a vã esperança de vê-lo ressurgir nos palcos, resta ouvir seus discos – principalmente a obra-prima Alucinação, de 1976.

Naquele ano, em outra entrevista, Belchior me disse: "A arte é mais importante quando levanta questões do que quando resolve. Por quê? Porque não é função da arte resolver, mas problematizar, questionar. Não compreendo arte verdadeira conformada. Como ela está no cerne da vida, questionando a vida, tem que ser um momento de rebeldia, tem que ser inconformada, tem que ser fora das convenções, violenta, tem que ser um produto altamente explosivo. A arte não pode ser um produto inócuo".

quarta-feira, 28 de junho de 2017

VÔTE... ESCUTA SÓ:

Por Paulo Carvalho


CABO DA ROCA



O Cabo da Roca é o ponto mais ocidental da Europa, fica a oeste de Portugal, em Sintra, Distrito de Lisboa. Corresponde, no Brasil a Ponta do Seixas em João Pessoa no Estado da Paraíba, ponto este, a leste do Brasil e, portanto, mais próximo do continente europeu. 


Lugar de rara beleza, com litoral constituído de falésias que atingem até 140 metros de altura. O mar tem um azul indescritível, bate constantemente nas rochas, provocando uma espuma branca embelezando mais anda a paisagem, em contraste com as águas do mar. Sobre as rochas uma vegetação única, com espécies sendo objeto de vários estudos que se estendem, igualmente, à geomorfologia, entre outros. Lá se encontra o Farol do Cabo da Roca, fiel guardião dos navegadores. 


No dizer de Luiz Vaz de Camões é o local “Onde a terra se acaba e o mar começa” (in Os Lusíadas, Canto III)


Frequentado por pessoas do mundo inteiro e por corredores e caravanas de ciclistas e motociclistas que se reúnem no local para festejar e comemorar conquistas no atletismo. 


Visitando Portugal este é um sítio imperdível, está no caminho entre Sintra, Cascais e Lisboa e a menos de uma hora de viagem. 


Nestas fotos de minha autoria tento mostrar um pouco da beleza do lugar.




Comentários e sugestões pelo e-mail voteespiaso@gmail.com

CD PERDE ESPAÇO PARA STREAMING, COM QUEDA DE VENDAS DE 43,2% DE 2015 PARA 2016

Algumas lojas em BH resistem e oferecem o formato à clientela fiel

Por Pedro Galvão 


Horeme Franco, à frente da Discoplay, oferece catálogo com cerca de 30 mil títulos de CD e DVDs (foto: Beto Novaes/EM/D.A.Press)


Os números são claros. Nos últimos anos, a música digital, especialmente via streaming, se tornou mais importante do que as mídias físicas no faturamento da indústria fonográfica no Brasil e no mundo. A maior parte das receitas do setor vem da assinatura e dos lucros obtidos por serviços como Spotify e o Deezer, enquanto o consumo de discos e DVDs caiu. Se os vinis sobrevivem pelo fetiche de colecionadores e apreciadores do formato, o CD, que antes reinava absoluto no mercado, vive um momento trôpego, mas ainda consegue sobreviver em lojas tradicionais de Belo Horizonte.

De acordo com o relatório anual publicado no mês passado pela Pró-Música Brasil, a antiga Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), as vendas físicas em 2016 caíram 43,2% em relação ao ano anterior. Os R$ 108 milhões movimentados pela venda de CDs, LPs e DVDs representam uma fatia de apenas 22% do total da indústria nacional. Nos últimos anos, manchetes falando sobre “a volta do vinil” estamparam várias publicações, com o retorno de lançamentos no formato, e comércio de vitrolas modernas e de baixo custo virando tendência, tanto no Brasil quanto no exterior. No caso dos bolachões, o saudosismo conseguiu esboçar uma recuperação. Mas e os CDs? Os dispositivos que invadiram lojas, caixas de presentes e estantes em vários lares na década de 1990 estão fadados a desaparecer?

Carlo Giatti, dono da Discomania, mantém freguesia apostando na variedade e no bom atendimento (foto: Beto Novaes/EM/D.A.Press)


Se depender de gente como Carlo Giatti e seus fregueses, a resposta é não. Carlo herdou de seus pais a Discomania, situada na Rua Paraíba, na Savassi, desde 1979. O local faz jus ao nome, se tornando reduto de colecionadores e fanáticos por novidades e raridades musicais. Se antes as lojas de discos estavam espalhadas por várias esquinas, hoje a Discomania é uma das poucas resistindo às transformações sofridas por esse comércio, primeiro com a pirataria, depois com a música digital. Mesmo diante de tudo isso, ele mantém a perseverança. “Morrer não morre não, tem um público que gosta, que fez investimento em bons equipamentos e não ouve Mp3. O CD é prático, tem qualidade e muita gente quer ter informações sobre o disco, quem tocou, quem produziu. Isso ainda difere um pouco, porque nem sempre está disponível na internet”, argumenta o lojista.

Apesar da segurança em relação ao valor que o CD ainda tem, Carlo reconhece o mau momento das vendas, mas o atribui a outros fatores: “O que mais afeta é a crise financeira mesmo. Como é um produto infelizmente tido como supérfluo, o pessoal deixa de comprar. Mesmo os compradores mais assíduos sumiram, mas sempre tenho coisas que não estão no Spotify. Se eu sei o gosto da pessoa, posso dar até uma consultoria para ajudar na escolha”, afirma.

Entre os gêneros mais vendidos na Discomania, Carlo cita o pop rock internacional, além da MPB, bossa nova e jazz. “Se existisse ainda catálogo clássico, venderia bem, mas não há isso nas gravadoras no Brasil, teria que importar”, lembra ele, citando uma boa procura pelo estilo. Os dados da loja vão na contramão do que o mercado nacional registra. Entre os discos mais vendidos no país em 2016, o sertanejo lidera ao lado da música religiosa. “Vendo pouquíssimo sertanejo e pop nacional. Simone & Simaria (dupla de sucesso do sertanejo atual) chegaram a encomendar e nem vieram buscar”, conta Giatti.

Em outro ícone do comércio musical da capital as percepções são parecidas. Responsável pela Discoplay, no Centro desde 1982, Horeme Franco diz que “dentro do possível, o mercado vai pedindo e a gente vai atendendo”. Com um catálogo de mais de 30 mil títulos entre CDs e DVDs, ele também aponta a crise econômica como o fator principal de queda nas vendas. “O problema maior é a situação que o país vem atravessando, isso é muito pior que qualquer enxugamento nos formatos. No mais, temos o tempo de casa, uma clientela conhecida, nome na praça, e tentamos manter a qualidade com bom atendimento e variedade, sem segredo”, explica..

O acervo da Discoplay, embora tenha foco em raridades adquiridas diretamente em fábricas e em lojas que encerraram atividades, também tem o pop internacional como o estilo mais vendido. “Não temos um público alvo, não temos muito foco em pop, embora venda bem, mas rock muito pesado ou funk a gente nem trabalha, por exemplo. Mudou muito o perfil de consumidor, música erudita já foi 50% da minha venda, hoje não é nem 5%, além de não ter muito comprador, já que muitos deles já morreram. Não há uma renovação desse tipo de música nem em rádio nem em nada”, argumenta Horeme.

Impactos Para o comerciante, os impactos das novas mídias digitais são ainda mais fortes nos formatos físicos de vídeos em comparação ao CD. “O streaming vale tanto para música quanto para o vídeo. O vídeo até acabou primeiro, não conheço mais nenhuma locadora, o baque no vídeo foi mais brutal e mais rápido. Aqui funciona tudo mais ou menos no inverso. Quando uma outra mídia está bombando, a gente tem mais saída, já que trabalhamos com o que é raro e difícil de achar. Quando o CD começou, levei cinco ou seis anos para começar a vender, porque minha clientela só comprava LP, depois já tinha o blu-ray e o povo só queria saber de DVD. Ou seja, ainda tenho esperança. Se eu não acreditar nisso, é melhor fechar”, afirma.

Além da Discoplay e da Discomania, a Acústica CDs, na Savassi, a Mandrahgora Discos e a CDs e Companhia, no Centro, são redutos que resistem com o comércio de CDs alternativos em BH, assim como algumas lojas na chamada Galeria da Praça Sete, mais dedicadas ao rock e ao heavy metal. Os grandes sucessos de venda do pop nacional e internacional e do sertanejo ainda são encontradas em grandes lojas como Leitura, Saraiva, Fnac e Americanas, além dos hipermercados Extra e Carrefour.

CARMEN COSTA, 10 ANOS DE SAUDADES

Resultado de imagem para Carmen CostaNatural do interior do Estado do Rio de Janeiro. Seus pais eram meeiros na fazenda Agulha, onde ainda pequena, começou a trabalhar como doméstica em casa de uma família de protestantes. Foi lá que aprendeu hinos religiosos e demonstrou seu talento de cantora. Em 1935, foi para o Rio de Janeiro e, com apenas 15 anos, empregou-se como doméstica na casa de Francisco Alves. Foi nessa época que começou a freqüentar programas de calouros do rádio. Em novembro de 1945, casou-se com o norte-americano Hans Van Koehler. Depois de viajar pelo exterior, fixou residência em Nova Jersey, por dois anos. Como compositora, adotou o pseudônimo de Dom Madrid. Faleceu de insuficiência renal, aos 87 anos de idade, no Hospital Lourenço Jorge no Rio de Janeiro onde estava internada, tendo seu corpo sido velado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.


Começou sua carreira participando de coros em gravações de nomes famosos da MPB. Em 1937 adotou o nome artístico de Carmen Costa, sugerido pelo compositor Henricão (Henrique Felipe da Costa), com quem a cantora passou a viver e formou uma dupla em 1938, apresentando-se em feiras de amostras como a do Arraial do Rancho Fundo, em Juiz de Fora, MG. Em 1939, apresentou-se com o amigo e namorado numa feira de amostras na Praça XV, no Rio de Janeiro, ao lado de grandes cantores da época como Carmen e Aurora Miranda, Alvarenga e Ranchinho e Irmãs Pagãs, entre outros. Com Henricão, formou dupla até 1942, chegando a gravar com ele alguns sucessos como: "Onde está o dinheiro?", do próprio Henricão, "Dance mais um bocado", dele e Príncipe Pretinho e "Samba, meu nego", de Buci Moreira e Miguel Bastos. Gravou o primeiro disco solo em 1942, lançando pela Victor a valsa "Está chegando a hora", versão feita por Henricão e Rubens Campos da música mexicana "Cielito lindo", que se tornou um grande sucesso dos carnavais. Em 1943, gravou de Heitor dos Prazeres, o samba "A coisa melhorou". Em 1944, gravou os sambas "Madalena", de Raul Marques e Vasco Gomes e "Não há", de Heitor dos Prazeres. No mesmo ano, gravou "Chamego", de Luiz Gonzaga, sendo ela, uma das primeiras a gravar músicas do compositor. Em 1945, gravou os maxixes "Sarapaté", de Luiz Gonzaga e Alselmo Domingos e "Ciúme", de Henricão e Raul Marques. Em 1946, gravou o samba "Siga seu destino", de Rubens Campos e Henricão e o samba choro "Meu barraco", de Dilu Melo e Duque. Em 1947, quando morava nos EUA, fez show no Teatro Triboro em Nova York. Viajou pela América do Sul, apresentando-se em Caracas na Venezuela e em Bogotá, na Colômbia.




Em 1949, de volta ao Brasil, estreou na gravadora Star, cantando o frevo canção "Sonhei que estava em Pernambuco", de Clóvis Mamede. Em 1951, gravou os sambas "Se é pecado eu não sei", de Henrique de Almeida e Humberto de Carvalho e "Cetim para as baianas", de César Brasil e Elpídio Viana. Em 1952, gravou a batucada "Vai levando", de Ataulfo Alves e José Batista. No mesmo ano, gravou com Colé a marcha "Cachaça", de Mirabeau, Héber Lobato, Marinósio Filho e Lúcio de Castro, que alcançou grande sucesso, ainda hoje uma das músicas mais tocadas nos carnavais. Em 1953, gravou com Colé, os baiões "Maria Pé de Boi", de Mirabeau e Jorge Gonçlves e "Batendo pé", de Sílvo Viana e Mirabeau. A partir de 1954, mudou seu estilo de interpretação, que passou a ser mais coloquial e intimista, obtendo grande sucesso nacional com sambas-canções como "Quase" e "Eu sou a outra", a primeira escrita pelo pai de sua única filha Lú, o compositor Mirabeau e a segunda por Ricardo Galeno. Para isso, passou a cantar em tons mais graves. Ainda em 1954, gravou a marcha "Tranca rua", de Adelino Moreira, Mirabeau eJorge Gonçlves e o samba "Mais tempero", de Gildásio Ferreira, Miguel Lima e Abadio Luz. Ainda no mesmo ano, dentro de seu novo estilo, gravou o bolero "Canção da alma", de R. Hernandez e Ferreira Gomes e o smaba canção "Quase", de Mirabeau e Jorge Gonçalves. Outro sucesso nessa mesma época foi o samba "Jarro da saudade", que seria incorporado a seu repertório permanente.

Resultado de imagem para Carmen Costa
Em 1955, participou do filme "Carnaval em Marte", de Watson Macedo. No mesmo ano, conheceu outro grande êxito carnavalesco com a marcha "Tem nêgo bebo aí", de Mirabeau e Airton Amorim, e que foi escolhida por um júri reunido no Teatro João Caetano como um das dez mais populares marchas do carnaval daquele ano. Ainda na mesmo ano, gravou em dueto com Mirabeau a toada "Presidiário", de Mirabeau e Airton Amorim e o samba canção "Se você me quer bem", de Mirabeau e Jorge Gonçalves. Em 1956, gravou o samba "Na paz de Deus", de Mirabeau e Milton de Oliveira, a marcha "Deixa o cabrito berrar", de Mirabeau, Milton Oliveira e Airton Amorim e o samba canção "Se eu fosse contar", de Irani de Oliveira e Araguari. No mesmo ano, participou do filme "Depois eu conto", de José Carlos Burle. Em 1957, lançou o LP "Carmen Costa nº 2", no qual interpretou, entre outras, "Bairro pobre", de Alberto Paz e Carlos Monteiro de Souza; "Só falo de amor", de Don Madrid, Waldir Rocha e Mirabeau; "Almas irmãs", de Waldir Rocha; Jorge Gonçalves e Mirabeau e "Senhoras e senhores", de Zé e Genival Macedo. Em 1958, atuou no filme "Vou te contá", de Alfredo Palácios. No mesmo ano gravou os sambas "Lágrimas de sangue", de Mirabeau, Pedro de Almeida e Dom Madrid e "Augusto Calheiros", de Mirabeau e Dom Madrid, homenagem ao cantor alagoano, falecido dois anos antes. De 1959 a 1963, realizou excursões por diversos países. Em 1961, permaneceu uma temporada no Brasil, a fim de gravar "Se eu morrer amanhã", de José Garcia. No mesmo ano, gravou a "Marcha do Cordão do Bola Preta", de Nélson Barbosa e Vicente Paiva,"hino" do famoso cordão carnavalesco carioca.

Em 1962, participou com o violonista Bola Sete do lendário concerto de bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York, ao lado de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto, Stan Getz, entre outros. Em 1963, gravou o samba "Eu sou a outra", de Ricardo Galeno e o samba canção "Quase", de Mirabeau e Jorge Gonçalves. Em 1964, depois de alguns meses no Brasil, retornou aos EUA ao lado de Sivuca, com quem realizou vários shows. No mesmo ano, lançou o LP "Embaixatriz do samba", interpretando, entre outras, "Esperança", de José Paulo e Dom Madrid; "Madrugada zero zero", de Genival Melo e Dora Lopes e "Incompatibilidade", de Carmen Lúcia. Em 1967, particpou do LP "Eternamente samba" lançado por Ataulfo Alves pela Polydor e no qual foi incluída a sequência "Polêmica Ataulfo Alves X Carmen Costa", na qual ela interpretou com Ataulfo os sambas "Pois é", "Sai do meu caminho", "Duro com duro", "O vento que venta lá" e "Na ginga do samba", todos de Ataulfo Alves, "A morena sou eu", de Mirabeau e Milton de Oliveira, e "Conte o caso direito", de Valdemir e Nilton Carudo. No início dos anos 1970, retornou definitivamente ao Brasil e passou a exibir-se em boates de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 1971, lançou o LP "Ziriguidum no sambão", com antigos lançamentos seus, como "Se eu morrer amanhã"; "Tem bobo pra tudo" e "A mulher do Lino". Em 1973, lançou pela RCA Victor o LP "Trinta anos depois", no qual gravou, "Gente humilde", de Chico Buarque, Garoto e Vinícius de Moraes; "Amor pra que nasceu", de Martinho da Vila; "Depois de tanto amor", de Paulinho da Viola e "Desolação", de Hermínio Bello de Carvalho e Paulinho Tapajós. Em 1974, participou do show "Se você jurar", que contava a vida de Ismael Silva, além da sua própria trajetória no Teatro Paiol de Curitiba, a convite do então prefeito daquela cidade, Jaime Lerner. O espetáculo, que reuniu a cantora, Ismael Silva e o violonista Codó, foi escrito, dirigido e apresentado em palco por Ricardo Cravo Albin, ficando durante um mês no Teatro Senac, em Copacabana, temporada de grande sucesso. Foi gravado pela TV Excelsior de SP e partiu para temporada no Tuca de SP e Teatro Senac do Rio de Janeiro. O show marcou a volta dela à vida artística, interrompida por algum tempo e foi muito elogiado pela crítica.




Ainda neste ano, lançou, juntamente com Paulo Marques, o LP "A música de Paulo Vanzolini", pela etiqueta Marcus Pereira, no qual foram cantados 12 obras do compositor paulista, entre as quais, "Ronda"; "Mulher toma juízo"; "Samba abastrato" e "Mulher que não dá mais samba". Em 1975, realizou espetáculo no Outeiro da Glória, dirigido por Artur Laranjeira e Antônio Chrisóstomo, com arranjos do maestro e saxofonista Paulo Moura, intitulado "Benditos, hinos e ladainhas", lançado posteriormente em LP onde interpreta várias peças do folclore brasileiro. Realizou vários recitais do mesmo tipo em várias igrejas e teatros do Brasil, entre as quais, Igreja do Embu, em São Paulo; Catedral de Brasília, DF, e Teatro Guaíra, em Curitiba. Em 1980, em programa da TV Educativa do Rio de Janeiro, intitulado "Tudo é música", reencontrou Henricão e os dois relembraram antigos sucessos. Em outubro daquele ano, resolveram reeditar a dupla e gravaram o LP "Henricão - Recomeço", pelo Estúdio Eldorado. O disco não teve repercussão e ela seguiu sua carreira solo. Henricão faleceu no esquecimento em 1984. Ainda em 1980, lançou o LP "Carmen Costa", pela Continental, interpretando "Garoto de aluguel", de Zé Ramalho; "Dama do cabaret", de Noel Rosa; "Valsa do bordel", de Toquinho e Vinícius; "Morena", de Dalto e "O mundo é um moinho", de Cartola. Em 1981 lançou com Agnaldo Timóteo o LP "Na galeria do amor", no qual os dois interpretaram músicas como "Olhos nos Olhos" e "Sob medida", de Chico Buarque; "Sangrando", de Gonzaguinha; "Lábios que beijei", de J. Cascata e Leonel Azevedo e "Estão voltando as flores", de Paulo Soledade. Em 1996 lançou o CD "Tantos Caminhos", pela Som Livre, interpretando sucessos seus como "Eu sou a outra", de Ricardo Galeno, e "Jarro da saudade", de Daniel Barbosa, Mirabeau e Geraldo Blota, além de outras composições como "Esse cara", de Caetano Veloso; "Pressentimento", de Élton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho; "Tantos caminhos", composição sua, em parceria com Marquinhos Lessa e Almir Araújo; "Quase", de Mirabeau e Jorge Gonçalves; "Só vendo que beleza", de Henricão e Rubens Campos; "Xamego", de Luiz Gonzaga e Miguel Lima; "Defesa", de Mirabeau, Jorge Gonçalves e Vital de Oliveira; "Obsessão", de Mirabeau e Milton de Oliveira, e "Ronda", de Paulo Vanzolini, além de um pot-pourri intitulado "Carnaval Carmen Costa", que incluiu as marchas "A marcha do Cordão do Bola Preta", de Nelson Barbosa e Vicente Paiva; "Tem nego bebo aí", de Mirabeau e Airton Amorim, e "Cachaça", de Mirabeau, Lúcio de Castro, Heber Lobato e Marinósio Filho.



No ano seguinte, lançou o LP "Com fé eu vou", no qual interpretou os temas tradicionais "Meu coração é só de Jesus"; "Silêncio"; "Maria Concebida"; "Rosa Divina"; "Coração Santo"; "Queremos Deus"; "Bendito Louvado Seja"; "Treze de Maio"; "Com minha mãe estarei"; "Cinco chagas" e "Senhora Aparecida", além da canção "Ave Maria", de Erotides de Campos, e da marcha "Boas Festas", de Assis Valente. Em 1999 apresentou-se com o cantor Elymar Santos durante a turnê do show "Elymar mais popular" tendo se apresentado entre outras casas de espetáculos, no Canecão e no ATL Hall. Em 2002, apresentou-se em baile popular durante o carnaval na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, cantando antigos sucessos como a marcha "Tem nêgo bebo aí", com grande agrado do público. No mesmo ano, comecorou seus 82 anos de idade e 70 de carreira artística com um show no Clube Recreativo Posto Seis em Copacabana no Rio de Janeiro, no qual interpretou seus sucessos como "Tempo de criança", "Está chegando a hora", "Carmelita", "Quase", "Eu sou a outra", "Obsessão" e "Jarro da saudade". Também no mesmo ano, prestou depoimento ao Museu da Imagem e do Som. Em 2003, por ocasião de seus 83 anos, em encontro com o Ministro da Cultura Gilberto Gil, propôs seu "tombamento" como patrimônio artístico nacional como já ocorre em países como a França. Na ocasião cantou para o Ministro a música "Tombamento", composta por ela: "Eu sou a raça/Sou mistura/Sou aquela criatura/Que o tempo vai tombar/sei que não serei a derradeira/Mas quero ser a primeira/para a história conservar/Senhor Ministro da Cultura/por que não se tomba/Uma criatura/Quando é patrimônio nacional?". Por conta do pedido foi homenageada pelo Museu da República e pelo vereador do Município do Rio de Janeiro Edson Santos com o tombamento simbólico como patrimônio cultural carioca. Em 2004, fez show no Centro Cultural da Justiça, na Cinelândia, RJ na série "Cartão postal da MPB". Um dos grandes nomes da época de ouro do Rádio no Brasil, continuou atuando até o fim da vida apresentando-se anualmente no baile popular do carnaval carioca na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro.



Fonte: Dicionário da MPB

terça-feira, 27 de junho de 2017

LENDO A CANÇÃO

Por Leonardo Davino*


O que é canção? Kiko Dinucci

Kiko Dinucci

- O que é você para você?
Canção é uma linguagem única, não é poesia cantada, nem prosa, nem música puramente, tem imagens, mas não é cinema, nem pintura, nem quadrinho. Uma canção tem o poder de unir todas essas coisas e ainda te deixar sensações e impressões diversas. Eu não sei explicar a grandeza da canção.

- De onde vem a canção?
Creio que a canção vem muito da fala, de como a acentuação natural dialoga com as melodias. Mas não é só isso. A fala talvez seja a primeira exteriorização da canção. Ela pode vir de uma sensação, de uma vontade, de várias matrizes de ideias.

- Para que cantar?
Para espantar os males. O homem canta desde que nasce, a fala é um canto, tem características melódicas, o primeiro choro de um bebê também é um canto. O homem vive cantando, muitas vezes nem percebe. Essa concepção está na canção Canto Em Qualquer Canto, de Ná Ozzetti e Itamar Assumpção.

- Cite 3 artistas que são referências para o seu trabalho. Por que estes? 
Itamar Assumpção, Paulo Vanzolini, Noel Rosa. Me influencio por eles pelo modo com que criaram o seu próprio jeito de fazer canção, um estilo, uma manifestação original personificada.





* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".

NOVA GERAÇÃO PRESTA HOMENAGEM AO SKANK COM COLETÂNEA INÉDITA

Coletânea 'Dois lados' reúne nova geração de músicos para celebrar os 25 anos do grupo mineiro



Primeiro disco do grupo mineiro foi lançado em 1993. (foto: Skank/Divulgação)


O Skank sempre travou uma luta incessante para se reinventar musicalmente. A banda mineira, entretanto, nunca deixou de flertar com o pop radiofônico. Esses, talvez, sejam os maiores trunfos para que o quarteto continue prosperando ao longo de tantos anos de carreira. Samuel Rosa (guitarra e vocal), Henrique Portugal (teclado), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria) somaram melodias suaves e instigantes às letras de rimas fáceis e inteligentes. Um dos resultados mais surpreendentes dessa trajetória de sucesso veio 25 anos depois da criação do grupo, com a coletânea Dois lados, lançada apenas nas plataformas digitais.

O álbum duplo de 15 faixas reúne 34 artistas, de 15 Estados diferentes, e apresenta releituras dos maiores sucessos do conjunto. A amplitude do projeto, criado e produzido pelo mineiro Pedro Ferreira, mostra o quanto o Skank foi importante para a formação musical da nova safra da música popular brasileira. ''A ideia surgiu em janeiro. Além de ser um ano muito especial para a banda, que completa 25 anos do lançamento do primeiro disco (Skank, 1993), poucos grupos na história da música pop nacional foram tão bem-sucedidos quanto eles. Dessa forma, pensei em realizar um tributo como forma de perpetuar o legado de um dos principais nomes da música, com releituras que estimulem o público a conhecer novos talentos'', diz Pedro Ferreira.

Entre os artistas convidados para o projeto estão a dupla Anavitória (Amores Imperfeitos), Esteban Tavares (Mil Acasos), Wado (Dois Rios), Phill Veras (Vou Deixar), Ana Muller (Acima do Sol), Rico Dalasam (Não Vem Brincar de Amor), além dos grupos francisco, el hombre (Pacato Cidadão), The Baggios (A Cerca), Selvagens à Procura de Lei (Ali) e Garotas Suecas (Mandrake e Os Cubanos). ''Procuro convidar músicos que possuam influência do artista homenageado ou admiração por sua obra. E, sempre, deixando claro que a ideia da coletânea não é a de ser um disco cover, mas, sim, um espaço para releituras'', afirma Pedro. Dois lados é uma produção sem fins lucrativos, totalmente independente e que não será comercializada. Cada artista, portanto, arcou com os custos da sua gravação.

Dois lados foi, inclusive, aprovado pelos integrantes do Skank, que se emocionaram com a homenagem das bandas. Samuel Rosa chegou a postar uma foto de agradecimento em seu perfil oficial no Instagram. ''Que bela homenagem foi essa. Poucas vezes imaginei ser tão carinhosamente lembrado por tanta gente legal. Fizemos um trabalho que foi e é relevante para um tanto de gente bacana'', comentou Samuel. ''As bandas fizeram aquilo de forma espontânea, cada um com seu estúdio, cada um com seus recursos para gravar, com suas produtoras, enfim, fizeram cada um da sua própria cabeça, vontade e escolha. Sinceramente, acho que nem de dentro do Skank sairia um projeto tão bacana quanto este'', afirma o baterista Haroldo Ferretti.

Uma das versões mais intrigantes da coletânea é a música A Cerca gravada pelo The Baggios. A canção está presente em Calango, segundo álbum de estúdio do Skank, lançado em 1994. Na voz do duo sergipano formado por Júlio Andrade e Gabriel Carvalho, a canção ganhou uma roupagem mais suja. ''A Cerca sempre foi uma das minhas canções favoritas. Lembro que aprimorei muitos dos riffs nas guitarras nos intervalos dos shows da nossa turnê. O Skank não é uma referência direta, mas sempre houve um respeito gigantesco pelos caras como músicos. Eles fizeram parte da nossa formação musical'', conclui o vocalista e guitarrista Júlio Andrade.


DOIS RIOS
Vários artistas






DESTAQUES DO ÁLBUM


The Baggios - A Cerca
Francisco, el hombre - Pacato Cidadão
Esteban Tavares - Mil Acasos
Wado - Dois Rios
Garotas Suecas - Mandrake e Os Cubanos
Dani Black - Saideira
Nevilton - Te Ver
Zé Manoel - Tanto (I Want You)


Fonte: Agência Estado