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quinta-feira, 30 de abril de 2015

GRAMOFONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*





Canção: Louco (Ela é seu mundo)

Composição: Wilson Baptista e Henrique de Almeida

Intérprete - Luciene Franco 

Ano - 1965


* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 5000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

quarta-feira, 29 de abril de 2015

FESTIVAL VIVA DOMINGUINHOS CHEGA À SEGUNDA EDIÇÃO

Na programação, shows de Nádia Maia, Quinteto Violado, Flávio José, Geraldinho Lins e Petrúcio Amorim


Entre os dias 30 de abril e 2 de maio, Garanhuns será palco da segunda edição do projeto Viva Dominguinhos. O eterno mestre da sanfona será homenageado a partir de apresentações musicais, intervenções urbanas e workshop. Na programação, shows de Nádia Maia, Quinteto Violado, Flávio José, Geraldinho Lins e Petrúcio Amorim.

Realizado pela Prefeitura de Garanhuns, a iniciativa conta com o workshopDesmistificando a Sanfona. Voltado para estudantes da Rede Municipla de Ensino, o curso promove o contato entre os alunos e a obra do sanfoneiro. 

As apresentações musicais serão realizadas em dois palcos. Na praça cultural Mestre Dominguinhos, o público poderá conferir, sempre a partir das 21h, várias atrações. Santana, Nádia Maia e Petrúcio Amorim estão entre os destaques.

Durante o dia, a programação musical será realizada no Espaço Colunata, na avenida Santo Antônio. Nos dias 1º e 2 de maio, shows de bandas como Forró Pesado, Trio Pisa na Fulô e Bom Kixote passarão pelo palco que será montado no local. 

Através do projeto Dominguinhos em Quadros, o muro do hotel Tavares Correia, localizado na avenida Rui Barbosa, está recebendo pinturas de imagens e textos relacionados à obra do artista. 


Programação

Palco Praça Mestre Dominguinhos

Quinta- feira, dia 30 de abril

Projeto ARAL com Alexandre Revoredo, Adiel Luna e Rogério Diniz - 21h
Nádia Maia - 22h
Quinteto Violado - 23h30
Flávio José - 1h

Sexta-feira, dia 1º de maio

Nando Azevedo - 21h
Geraldinho Lins - 22h
Petrúcio Amorim - 23h30
Alcymar Monteiro - 1h

Sábado, dia 2 de maio

Kiara Ribeiro - 21h
Waldonys - 22h
Santana - 23h30
Dorgival Dantas - 1h


Espaço Canta Dominguinhos (Palco Colunata)

sexta-feira, dia 1º de maio

Banda Quero Xote - 10h
Ivan Maceió - 11h20
Os Coroas do Forró - 12h30
Projeto Seu Domingu’s com Fábio Aladim - 13h50
Forró Pesado - 15h
O Bom Kixote - 16h10
(Nos intervalos, apresentações de poesias e cordéis)

Sábado, dia 2 de maio

Crianças da Escola de Sanfona Lula Sanfoneiro (Sertânia)- 10h
Trio Pisa na Fulô - 11h20
Silvia Regina (Arcoverde) - 12h40 
(Nos intervalos, participação de sanfoneiros e poetas populares)


Serviço

Viva Dominguinhos
Onde: praça Mestre Dominguinhos e Espaço Colunata
Quando: entre 30 de abril e 2 de maio


Fonte: Diário de Pernambuco

INTERNADA EM HOSPITAL DE PE, SELMA DO COCO TEM PIORA NO QUADRO CLÍNICO

Cantora de 85 anos apresentou alterações na função renal. 
Artista passou por cirurgia após fraturar fêmur e está internada desde dia 11.



A cantora Selma do Coco, 85 anos, internada desde o último dia 11 de abril, sofreu uma piora clínica, informou o boletim médico divulgado neste domingo (26). A artista foi internada no Hospial Miguel Arraes (HMA), em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, com uma fratura no fêmur. Ela socorrida após ter levado uma queda em casa.

De acordo com o boletim médico deste domingo (26), a cantora apresentou desconforto respiratório e alterações da função renal. Selma Ferreira da Silva, de 85 anos, a "Selma do Coco", passou por uma cirurgia devido à fratura na quarta-feira (23), sendo depois levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), como é normal no pós-operatório em pacientes dessa idade.

No boletim da quinta-feira (24), a informação é de que a artista tinha passado por exames de rotina e não apresentara intercorrências. Ela segue internada na UTI do hospital, sem previsão de alta, aponta o boletim deste domingo. A cantora cantora e compositora Selma do Coco tem o título de patrimônio vivo de Pernambuco.

Fonte: G1 PE

terça-feira, 28 de abril de 2015

LENDO A CANÇÃO

Por Leonardo Davino*




O processo de perceber que o local da cultura é fortemente deslizante e móvel exige dispositivos também líquidos e instáveis. "Antena da raça" - bela expressão de Pound - o artista condensa em sua obra aquilo que captura no universo ao redor. Daí, de viés, podermos entender quando Bakhtin diz que o "signo é cultural".

Ou seja, as linguagens artísticas são interpenetráveis e mutantes. A moda influencia a dança, que influencia a canção, que influencia o filme, que influencia as artes plásticas, que influencia o teatro e assim por diante: uma cíclica e enriquecedora promiscuidade estética (sensória).

Deste modo, dizer "nós somos a música", como faz o sujeito da canção "Música", de Blubell, é o mesmo que dizer que somos o início, o fim e o meio de tudo que nos constitui e é constituído por nós.

Carregado de referências de certa atitude vintage e/ou retrô, tomada de empréstimo do design e da moda, o disco Eu sou do tempo em que a gente se telefonava (2011) - desde o título - investe na recuperação do passado, presentificando-o através da mistura sonora pop/rock/jazz, entre outros estratos.

Um delirante museu de grandes novidades e seus segredos de liquidificador: para ser ouvido na lanchonete enquanto tomamos um milkshake, "Música", uma canção auto-referente (canção que fala de canção), condensa as impurezas sonoras que fazem da nossa canção popular algo tão complexo quanto sedutor (porque simples).

Um clima burlesco e cosmopolita - para além da letra bilíngue -, marcado na performance vocal gostosamente afetada da cantora Isabel Garcia (Blubell), que, principalmente, nas partes cantadas em inglês, remete o ouvinte ao gesto entoativo da Marilyn Monroe cantando "My heart belongs to daddy" atravessa e faz a graça da canção.

A referência a Marilyn não é à toa: há um clima de luxúria e inocência - "Eu só quero te agradar", diz o sujeito" - que de fato marca todo o disco.

Aliás, a dicção de Blubell merece destaque, posto que cambiante e adaptável à vontade intrínseca dos vários sujeitos cancionais que interpreta. O que, por sua vez, intensifica os contatos culturais através da popização das sonoridades postas na roda: descentrando o local da cultura, sem falsos purismos.

Do som filtrado - via telefone? -, do início de "Música", até a limpidez sonora da canção: tudo tenciona as transições dos modos de cantar: os usos das tecnologias e suas implicações na feitura das canções, no tempo. Tudo lento, sem sobressaltos, mas seguindo os cursos da vida cancional.

"Saia do sofá e se toca / Porque nós somos a música", diz o sujeito: convite para a afirmação da vida; canto do encontro erótico-afetivo. Tudo embalado na nostalgia que impulssiona o sujeito a seguir cantando sem o receio das perdas. Pelo contrário, absorvendo todos os sons que a vida lhe oferece.


***

Música
(Blubell)

Eu só quero te agradar
Você reclama pra parar
Você fica em suas lamúrias

Eu
Eu dispenso a fúria

Então
Saia do sofá e se toca
Porque nós somos a música

I do all the things I do to you
You complain and it's dejavú

What, what did I, did I do?
Is it me, or is it just you?

So get off the couch and please
Cut off the crap
'Cause we have music, and we're not deaf




* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".

segunda-feira, 27 de abril de 2015

AMÉLIA RABELLO, 60 ANOS

Irmão do violonista Raphael Rabello e da cavaquinista Luciana Rabello, apareceu pela primeira vez em 1972 quando participou do Festival Universitário na TV Tupi, no Rio de Janeiro, no qual interpretou "Paralelo" de autoria de Ricardo Ventura e Tadeu Leal, sendo classificada em 2º lugar. Neste mesmo ano foi lançado, pela gravadora CID, um compacto simples com as duas primeiras colocadas. Estudou na Faculdade de Música e Teatro de Hannover entre 1975 e 1976, na Alemanha, retornando ao Brasil em 1980. Em 1986, ao lado de Raphael Rabello e Toquinho, apresentou-se no Festival de Música de Córsega, na França. Em 1987 apresentou-se no Projeto Seis e Meia, do Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, ao lado de Paulinho da Viola. Em 1988, interpretou "Os rios que correm pro mar" (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy), "Nada além" (Custódio Mesquita e Mário Lago) e "Velho realejo" (Custódio Mesquita e Sady Cabral) no disco "Custódio Mesquita, prazer em conhecê-lo", lançado pela Funarte. Em 1989, na boate People, no Rio de Janeiro, fez o lançamento do LP "Ruas que sonhei", ela gravadora Velas, seu primeiro disco solo, onde contou com a participação de Paulinho da Viola na faixa "Labareda", (Baden Powell e Vinicius de Moraes), Cristóvão Bastos como arranjador nas faixas "Cinzas" (Cristóvão Bastos) e "Avesso" (Cristóvão Bastos e Paulo César Pinheiro) e Raphael Rabello em várias faixas, inclusive em "Sete cordas" (Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro). Em 1990, este disco foi editado pela gravadora PolyGram, no Japão. Foi backing-vocal na turnê nacional do disco "Eu canto samba", de Paulinho da Viola. Em 1992, participou dos lançamentos do disco "Todos os tons", de Raphael Rabello. Em 1993 a gravadora japonesa Tartaruga/Omagatoki, lançou o disco "Saravá Brasil', com destaque para a faixa "Boêmio" (Afonso Machado, Luís Moura e Paulo César Pinheiro), gravação citada por Caetano Veloso na letra de sua composição "Pra Ninguém", e ainda "Samba para Amélia", composto por Caetano Veloso em sua homenagem. Neste mesmo ano, a convite do produtor Almir Chediak participou dos songbooks de Vinicius de Moraes, no qual interpretou "Formosa" (Baden Powell e Vinicius de Moraes) e do songbook de Dorival Caymmi, no qual interpretou "Rua deserta" (Dorival Caymmi, Carlos Guinle e Hugo Lima). Ainda em 1993, junto com Raphael Rabello, apresentou-se em show no Teatro Clara Nunes, no qual pela primeira vez o irmão apresentou-se em show só com composições de sua autoria. O show resultaria em um disco ao vivo, sendo gravado em uma fita cassete. No ano de 1994 disco "Saravá Brasil" foi editado no Brasil. Ainda neste ano participou do songbook de Ary Barroso, no qual interpretou "Duro com duro", de autoria de Ary Barroso, e, por essa época, interpretou "Lamento no morro", (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) no songbook de Tom Jobim. Em 2001 lançou o CD "Todas as canções", pela gravadora Acari Records, disco em homenagem à obra de Raphael Rabello (falecido em 1995) e no qual foram incluídas 18 composições do irmão. O disco foi lançado no Teatro Clara Nunes em show Todas as canções, com direção de Ney Matogrosso, em 2002. eM 2011 Amélia lançou o CD "A Delicadeza Que Vem Desses Sons", com músicas como "Descuido" (Julião Pinheiro e Paulo César Pinheiro), "Chave da Porta" (Luiz Moura e Paulo César Pinheiro) e "Seu Ataulfo" (Radamés Gnattali e Paulo César Pinheiro).


Discografia Oficial


Ruas que sonhei (Velas) (1989)
Faixas:
01 - Labareda (Baden Powell / Vinicius de Moraes) (Com Paulinho da Viola)
02 - Cinzas (Cristóvão Bastos / Paulo César Pinheiro)
03 - Ruas Que Sonhei (Paulinho da Viola)
04 - Chegou o Dia (Geraldo Pereira / Elpídio Viana)
05 - Depois dos Arcos (Luis Moura / Afonso Machado / Paulo César Pinheiro)
06 - Noturna (Guinga / Paulo César Pinheiro)
07 - Pret-a-porter de Tafetá (João Bosco / Aldir Blanc)
08 - Canção das Flores (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
09 - Não Quero Você Assim (Paulinho da Viola)
10 - Avesso (Cristóvão Bastos / Paulo César Pinheiro)
11 - Sete Cordas (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
12 - Pássaro Sem Bando (Luis Moura / Paulo César Pinheiro) 


Saravá Brasil (Saci) (1993)

Faixas:
01 - Saravá Brasil (Moacyr Luz / Paulo César Pinheiro)
02 - Camará (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro) - com Paulo César Pinheiro
03 - Chama Do Samba (Cristóvão Bastos / Sergio Natureza)
04 - Estação Derradeira (Chico Buarque)
05 - Samba Para Amélia (Caetano Veloso)
06 - Ponto De Vista (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
07 - Aquela Felicidade (Paulinho da Viola)
08 - Cantando (Paulinho da Viola)
09 - Boêmio (Depois Dos Arcos II) (Afonso Machado / Paulo César Pinheiro)
10 - Salmo (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
11 - Declaração De Amor À Mangueira (Cristóvão Bastos / Paulo César Pinheiro)
12 - Se Eu Soubesse (Volta Seca) 


Todas as canções (Acari Records) (2002)

Faixas:
01 - Sete Cordas (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
02 - Retrato De Saudade (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
03 - Paixão (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
04 - Ponto De Vista (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
05 - Peito Aberto (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
06 - Dois Amores (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
07 - Serenata Da Saudade (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
08 - Salmo (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
09 - Anel De Ouro (Raphael Rabello / Aldir Blanc)
10 - Ouro E Fogo (Raphael Rabello / Aldir Blanc)
11 - Camará (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro) - com Paulo César Pinheiro
12 - Galho De Boiabeira (Raphael Rabello / Aldir Blanc)
13 - Flor Do Sono (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
14 - Martírio (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
15 - Mulher Da Vida (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
16 - Canção Do Milagre (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
17 - Cofre Vazio (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro)
18 - Todas As Canções (Raphael Rabello / Paulo César Pinheiro) 


A Delicadeza Que Vem Desses Sons (Acari Records) (2011)

Faixas:
01 - Santa Voz (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
02 - Seu Ataulfo (Radamés Gnattali / Paulo César Pinheiro)
03 - Tempo Perdido (Ataulfo Alves)
04 - Pela Noite
05 - Descuido (Julião Pinheiro / Paulo César Pinheiro)
06 - Tanta Despedida (Moacyr Luz)
07 - Chave da Porta (Luiz Moura / Paulo César Pinheiro)
08 - Velho Ninho (Cristóvão Bastos / Paulo César Pinheiro)
09 - Estigma (Luciana Rabello / Paulo César Pinheiro)
10 - Velhos Chorões (Luciana Rabello / Paulo César Pinheiro)
11 - Alma Vazia (Roque Ferreira)
12 - Gota de Mágoa
13 - Com as Mãos Vazias

domingo, 26 de abril de 2015

SHOW DE CARLOS MALTA E PIFE MUDERNO NA CHINA RENDE ÁLBUM DUPLO AO VIVO

Músico também está em documentário sobre o pífano no Brasil




A ausência da mesa de retorno no Teatro da Cidade Proibida, de Pequim, a princípio, deixou os músicos brasileiros apreensivos. Pouco tempo depois de darem pela falta do aparato, no entanto, o técnico do grupo avisou que havia uma mesa acoplada a um Pro Tools, um dos programas de gravação de áudio mais modernos na atualidade.

Resultado: na viagem de volta, eles já vieram ouvindo no avião aquele que seria o primeiro disco do gênero da turma, depois de 'Carlos Malta e Pife Muderno', da Rob Digital/2001, indicado ao Grammy Latino, e de Paura, da Delira Música, de 2005. 'Carlos Malta & Pife Muderno – Ao vivo na China' (Delira Música) é uma daquelas boas surpresas do mercado fonográfico, que chega para reforçar o potencial da produção musical brasileira independente.

Produto da iniciativa do embaixador Clodoaldo Huegeney – o mesmo que promovia o Festival Brasil em Caracas, quando ocupava o posto na Venezuela – a apresentação do grupo carioca na China que, a princípio, restringiria-se ao concerto, teve desfecho surpreendente com a gravação do álbum duplo, ao vivo.

“Foi uma semana de viagem muito rica”, diz o músico, lembrando que, além de visitas às famosas feiras de alimentos da China, nas quais se vendem inclusive insetos a palito, eles tiveram oportunidade de visitar praças e muralhas daquele país. No passeio, o baterista Oscar Bolão se transformou em verdadeira atração. “Como ele lembrava um buda, as pessoas faziam fila para botar a mão na barriga dele”, recorda, diverte-se Malta.

No encarte, Huegeney, então embaixador do Brasil na China, registra que chegou a temer pela reação da plateia ao som da banda. “No final, quando o grupo desceu do palco para se misturar à plateia, os chineses se juntaram aos brasileiros em uma verdadeira festa de consagração da música brasileira em Pequim”, diz.


SOM DA HORA

“Ao longo do disco, ouve-se o envolvimento do público que, no fim, já se integrou totalmente a ritmos como a ciranda”, relata Carlos Malta, admitindo que a captação de som foi muito fiel à reação do público diante da performance do grupo. “O Pife é o som da hora. A leitura que faz da música é sempre única. Nunca se repete”, afirma o músico, salientando que, além de composições autorais, o Pife Muderno gravou no álbum duplo pérolas de Edu Lobo ('Ponteio'), Luís Gonzaga ('Assum preto/Asa branca') e Jackson do Pandeiro ('O canto da ema' e 'Chiclete com banana'), entre outras.

Paralelamente, Carlos Malta & Pife Muderno ministraram um workshop no Conservatório de Pequim, onde também visitaram um museu que expõe flautas milenares. “Como a Di-Zi, que eu toco. Lá ela tem um buraco a mais, que eles tampam com papel de arroz e produz um zumbido”, diz Malta, que teve a oportunidade de entrar em contato com diferentes raizes de cultura através das flautas.

“É lindo ver que o instrumento se presta na mão do músico. Ele toca o que a gente quer”, conclui o músico. Carlos Malta começou tocando flauta doce aos 12 anos. Ao ouvir Gilberto Gil, no disco 'Expresso 2222', com diteiro à abertura da Banda de Pífano de Caruaru, ele se encantou pelo som do pífano. Depois de tocar na banda de Hermeto Pascoal por anos, partiu para a criação da própria banda, além de, paralelamente, seguir em outras formações.


DOCUMENTÁRIO 

Junto com a chegada do disco vem o anúncio do lançamento, ainda neste ano, do documentário 'Xingu, 'Cariri, Caruaru, carioca', de Beth Formaggini, no qual Carlos Malta envereda pelo rico universo do pífano. Mineira de Montes Claros, a diretora Beth Formaggini (Memória para uso diário, sobre o grupo Tortura Nunca Mais, e Nobreza popular, sobre a Festa do Rosário no Norte de Minas), desta vez viajou de Cariri e Caruaru, em Pernambuco, ao Xingu, no Mato Grosso, passando pela Paraíba, Ceará e Rio de Janeiro.

O objetivo dela era registrar uma pesquisa sobre a rica e vasta sonoridade das flautas no Brasil, tendo o músico Carlos Malta como narrador. “Malta é o fio condutor da narrativa”, diz ela, acrescentando que o documentário é um filme sobre o amor do músico à sonoridade com a qual ele vem construindo uma carreira de sucesso.


Fonte: UAI

sábado, 25 de abril de 2015

HAMILTON DE HOLANDA COMPÕE DIANTE DO PÚBLICO EM SUA NOVA TURNÊ

Por Eduardo Tristão Girão 



Além de ser instrumentista talentoso e viver um período muito produtivo, o bandolinista Hamilton de Holanda apresenta aquele que talvez seja o seu show mais ousado. Sozinho no palco, ele vem mostrando 14 novas composições da turnê Pelo Brasil, inspiradas por manifestações populares como carimbó, chamamé, moda de viola, bumba-meu-boi e frevo. O espetáculo inclui textos e projeções com o intuito de estimular a participação do público.

O novo projeto é dividido em duas etapas. A primeira consiste em 12 apresentações que Hamilton chama de ensaios abertos, pois servirão de laboratório para a gravação de CD e DVD – por enquanto, apenas Brasília e Rio de Janeiro viram esse espetáculo. Para a segunda estão previstos nova turnê e site para baixar gratuitamente as músicas. A direção-geral é de Marcos Portinari, empresário do artista, com design de luz de Marina Stoll e imagens do VJ Boca.

“É uma obra em progresso. Sempre tive vontade de criar um show com as variadas manifestações culturais brasileiras, inclusive as que envolvem dança e folclore. Na verdade, já usava esses elementos, pois nasci no Rio de Janeiro, mas fui criado em Brasília, onde a tradição está sendo construída com gente do Brasil todo. Isso faz parte da minha formação como músico. Pensamos em algo multimídia, em que pudesse dar a minha visão do país”, resume o bandolinista.

Além da nova leva de composições, Hamilton reservará um momento do espetáculo para compor na hora, diante da plateia. Ele fará isso em todas as cidades da turnê. “Na estreia, em Brasília, meus pais estavam presentes e criei uma valsa. Alguns improvisos já nascem prontos, outros são melodias que depois a gente burila até virar música. Preparo-me para fazer tudo ali, mas não há explicação para o que surge no momento. A reação da plateia influi muito. Fico ali naquela viagem, mas observando o público”, conta.


VIDEOGAME 

Depois de lançar os discos 'Bossa negra' (com Diogo Nogueira) e 'Caprichos' (com repertório pensado para bandolim de 10 cordas), Hamilton voltou ao estúdio para gravar mais dois álbuns. Um dedicado ao Baile do Almeidinha (projeto dançante que ele mantém no Rio) e o outro com a Orquestra Sinfônica do Mato Grosso, voltado para o público infantil, com composições dele ('Suíte da infância') e interpretações de temas de desenho animado e videogame ('Sítio do Pica Pau Amarelo', 'Flintstones', 'Pantera Cor de Rosa' e 'Super Mario Bros').

sexta-feira, 24 de abril de 2015

ODAIR JOSÉ LANÇA 'DIA 16', DISCO COM PEGADA ROCK'N'ROLL

No novo álbum, cantor flerta com o folk rock, gospel e country americano

Por Kiko Ferreira



O goiano Odair José tem, em sua obra, alguns versos lapidares. Nessa categoria está a máxima: “Felicidade não existe. O que existe na vida são momentos felizes”. E o autor de 'Cadê você', 'Essa noite você vai ter que ser minha', 'Eu vou tirar você desse lugar' e outros hits popularíssimos dos anos 1970 e 1980 está num destes momentos de bonança na carreira.

Com 35 discos e mais de 400 músicas compostas e gravadas, acaba de lançar 'Dia 16', sucessor do álbum 'Praça Tiradentes', em que Zeca Baleiro e Rossana Decelso promoveram sua inclusão no lado A da indústria fonográfica do terceiro milênio.

Com uma pegada mais rock’n’roll, explicitada na levada AC/DC da música título, Odair flerta com o folk rock e gospel ('Deixa rolar'), apresenta sinais de country americano ('Sem compromisso'), demonstra ter ouvido Erasmo Carlos e o amigo de primeira hora Raul Seixas ('Começar do zero', 'Encontro'), emula Mick Jagger e Keith Richards ('Fera', faixa que ficou de fora da célebre e cult ópera rock 'O filho de José e Maria') e justifica o apelido de Bob Dylan da Praça Tiradentes ('A moça e o velho').

As letras, como sempre diretas, sem meias ou difíceis palavras, tratam de temas como o amor de mãe ('Lembro'), um amor pessoal vivido num morro carioca ('Morro do Vidigal'), casos diferentes de fim de caso ('Me desculpe', 'Sai de mim'), uma proposta explícita de amor a qualquer custo ('Sem compromisso') e, ao final, três minutos de Cores beatlemaníacas.

Com o refrão festeiro “hoje vai chover/ hoje a casa cai”, celebrado na música 'Dia 16', Odair José reassume seu posto de ícone popular. E reencontra as raízes musicais roqueiras, cultivadas na adolescência, quando montou a banda Monft para tocar Beatles, Stones e Animals, para alegria das novas gerações, que, assim como fizeram com Reginaldo Rossi, Márcio Greyck e outros músicos outrora restritos à prateleira do brega, o veneram como ídolo e fonte de inspiração.


SINAL DOS TEMPOS 

Nascido em 16 de agosto de 1948, em Morrinhos, interior de Goiás, Odair José Araújo chegou a tocar música caipira na adolescência. Montou banda de rock e, na mudança para o Rio de Janeiro, em 1968, começou a tocar em circos, bares e inferninhos. A observação da vida noturna fez com que se tornasse um cronista das moças de vida fácil e difícil.

Gravou dois discos na CBS, em 1970 e 1972, com parte do repertório feita por compositores que vieram da Jovem Guarda, como Rossini Pinto e Getúlio Côrtes. E registrou, no primeiro, a faixa Tudo acabado, do amigo Raulzito, que em breve estouraria como o maluco beleza Raul Seixas.

Foi a partir da ida para a Philips (hoje Universal) que conheceu o sucesso popular. O compacto com Eu vou tirar você deste lugar vendeu mais de 1 milhão de cópias, e Odair passou a integrar o time de artistas que falavam diretamente às camadas mais populares, ao lado de Cláudia Barroso, Agnaldo Timóteo, Fernando Mendes, Waldick Soriano, Reginaldo Rossi e outros habituais campeões de audiência em parques de diversões, quartos de empregada e bares de beira de estrada.

Enquanto Chico Buarque, Caetano, Gil, Milton e Tom Jobim sofisticavam a poesia da MPB, com letras bem construídas e metáforas para driblar a censura da ditadura, Odair ia direto aos assuntos. E batia direto nos corações românticos com versos como “vamos viver nessa noite/ a vida inteira num segredo” (A noite mais linda do mundo), “meus olhos procuram achar teu sorriso em toda cidade/ nem mesmo sorrindo consigo fugir dessa minha saudade” (Sem saída), ou “eu quero que você não pense em nada triste/ pois quando o amor existe/ não existe tempo sem sofrer” (Eu vou tirar você desse lugar).

Com o fim da ditadura, a MPB envelheceu e, na metade da década de 1980, veio o rock brasileiro com Cazuza, Arnaldo Antunes, Fausto Fawcett, Renato Russo e uma nova geração de poetas sintonizados com os novos tempos de liberdade de temas e abordagens.


BOM GOSTO 

Nos anos 1990 e 2000, depois de axé music, funk carioca, mangue beat e a eletrificação da música sertaneja, os limites entre o que seria bom gosto e mau gosto começaram a se diluir. A ressignificação definitiva desses artistas junto às plateias jovens e mais antenadas se dá, simbolicamente, a partir do álbum Reginaldo Rossi – um tributo, de 2000, que reunia dos “MPB” Lenine, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho a bandas queridas da crítica, como mundo livre s/a, Cascabulho e Comadre Florzinha.

Seis anos depois, foi a vez de Vou tirar você desse lugar, com Leela, Pato Fu, Mombojó, o titã Paulo Miklos e Zeca Baleiro, entre outros, celebrando Odair José. Agora, o brega passava a ser, oficialmente, cult.

Baleiro, que fundou, ao lado da produtora Rossana Decelso, a gravadora Saravá, já trabalhava na recuperação das carreiras fonográficas de artistas como Tiago Araripe e Sérgio Sampaio, homenageou a poeta Hilda Hilst e lançou nova luz sobre artistas pouco conhecidos do público, como Antenor Vieira, Lopes Bogea, Patativa. E, vale reconhecer, provocou o veterano Fagner a sair do tom popularesco dos últimos tempos e voltar à velha forma no disco Fagner & Zeca Baleiro, de 2003.

Odair, que andava meio sumido e fez um retorno ao disco em 2006, com o álbum Só pode ser amor, virou parceiro de Baleiro num tema em homenagem a Bruna Surfistinha (E depois volta pra mim) e, em 2012, lançou pela Saravá o CD Praça Tiradentes, que incluía canções feitas por Carlinhos Brown e Chico César. O compositor popular por excelência conquistou a crítica mais jovem, que não viveu a divisão intelectual de três décadas antes, e retomou a confiança para fazer a síntese de sua história, suas memórias e suas influências neste Dia 16.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

GRAMOFONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*



"O Acervo Nirez informa que esse disco foi lançado em janeiro de 1963. "Nossa felicidade", um bolero, matriz R-1489, foi regravado por Orlando Dias em 1966, tendo recebido registro também pelo Duo Ciriema, na ocasião de seu lançamento. "Canção do fim" (no original intitulada "Make haste my love"), fox de Ulpio Minucci e Roy Jordan, com letra brasileira do radialista Paulo Rogério, matriz R-1490, teve gravações igualmente por Moacyr Franco (Copacabana) e Leila Silva (Chantecler)." (Samuel Machado Filho)




Canção: Nossa Felicidade / Canção sem fim

Composição: Ruth Amaral e Manoel Ferreira / U. Monucci e R. Jordan - versão de Paulo Rogério.

Intérprete - Salomé Parísio

Ano - 1963

78 RPM - matriz R-1489.



* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 5000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

A HISTÓRIA MUSICAL DO RÁDIO NO BRASIL

No ano de 1940 as músicas mais executadas no Brasil foram as que seguem abaixo:

01 - Dama das Camélias (Francisco Alves)
02
 - Súplica (Orlando Silva)
03
 - O Samba da Minha Terra (Bando da Lua)
04
 - Oh! Seu Oscar (Cyro Monteiro)
05
 - Upa! Upa! (Meu Trolinho) (Dircinha Batista)
06
 - Passarinho do Relógio (Cuco) (Aracy de Almeida)
07
 - Acertei no Milhar (Moreira da Silva)
08
 - Batatas Fritas (Aurora Miranda)
09
 - Cai, Cai (Joel e Gaúcho)
10
 - Chuá Chuá (Augusto Calheiros)
11
 - Bahia, Oi! Bahia (Anjos do Inferno)
12 - Voltei Pro Morro 
(Carmen Miranda)
13 
Ela (Gilberto Alves)
14 
Não Admito (Aurora Miranda)
15 
Amar em Segredo (Augusto Calheiros)
16 
Acredite Quem Quiser (Dircinha Batista)
17 
Mulher (Silvio Caldas)
18 
Linda Flor Que Morreu (Gilberto Alves)
19
 A Mulher Faz o Homem (Cyro Monteiro)
20
 Coqueiro Velho (Orlando Silva)
21
 Serenata (Vicente Celestino)
22
 Mamãe Eu Quero (I Want My Mamma) (Carmen Miranda)
23
 Faraó (Dircinha Batista)
24 Onde o Céu Azul é Mais Azul (Francisco Alves)
25
 Disseram Que Voltei Americanizada (Carmen Miranda)
26
 Roleta da Vida (Carlos Galhardo)
27
 Beijo na Boca (Cyro Monteiro)
28
 Cowboy do Amor (Anjos do Inferno)
29
 Foi Uma Pedra Que Rolou (Joel e Gaúcho)
30
 Quem Pode Esquecer (Gilberto Alves)
31
 Deus no Céu, Ela na Terra (Carlos Galhardo)
32 - Sei Lá Se Tá (Zilá Fonseca
)
33 - Mal-Me-Quer (Orlando Silva
)
34
 Romance de Uma Caveira - Alvarenga e Ranchinho)
35
 Amor, Saúde e Dinheiro - Francisco Alvarez)
36
 De Qualquer Maneira (Déo)
37
 Dança do Ganso (Nilton Paz)
38
 Em Cima da Hora (João Petra de Barros)
39
 Noite de Esplendor (Odete Amaral)
40
 Água Mole em Pedra Dura (Irmãs Pagãs)
41
 Bis, Maestro, Bis (Linda Batista)
42
 Despedida de Mangueira (Francisco Alves)
43
 Colar de Pérolas (Carlos Galhardo)
44
 Última Inspiração (João Petra de Barros)
45
 Eu Quero Você (Gilberto Alves)
46 - Meu Mulato e Meu Canário 
(Marilu)
47 - Deixa Essa Mulher Sofrer 
(Mário Reis)
48 - Sertaneja 
(Orlando Silva)
49 - Miserê 
(Aracy de Almeida)
50
 Olhos Tristes (Gastão Formenti)
51
 Fiz Um Samba (Francisco Alves)
52
 Tenho Amizade a Você (Orlando Silva)
53
 Boca de Rosa (Vicente Celestino)
54
 Lago Azul (Carlos Galhardo)
55
 Tra-la-lá (Gilberto Alves)
56
 Não é Vantagem (Dircinha Batista)
57
 Minha Fantasia (Almirante)
58
 Beija-Flor (Carlos Galhardo)
59
 Uma Grande Dor Não Se Esquece (Gilberto Alves)
60
 Pensa Um Minuto em Mim (Nilton Paz)
61
 Senhorita Pimpinella (Silvino Netto)
62
 Enquanto a Cidade Dorme (Cyro Monteiro)
63
 Mulher de Seu Oscar (Odete Amaral)
64
 Por Que Me Olhas Assim (Janyr Martins)
65
 Bole-Bole (Marilu)
66
 Meu Consolo é Você (Orlando Silva)
67
 Não (Silvio Caldas)
68
 Olha Ela (João Petra de Barros)
69
 Flor do Lodo (João Petra de Barros)
70
 - Touradas em Madrid (Carmen Miranda)
71 - Quando Eu For Bem Velhinho 
(Newton Teixeira)
72
 - Velho Realejo (Silvio Caldas)
73
 - Katia (Silvio Caldas)
74
 - A Respeito do Amor (Edmundo Silva)
75
 - Pobre Pierrot (João Petra de Barros)
76
 - Passei na Ponte (Linda Batista)
77
 - Curare (Orlando Silva)
78 - Pavãozinho Dourado 
(Odete Amaral)
79 - 
Veneno (Déo)
80
 - Ave Maria (Augusto Calheiros)
81
 - Co, Co, Co, Co, Ro (Carmen Miranda)
82
 - Dois Navios (Carlos Galhardo)
83
 - Juro (Dircinha Batista)
84
 - Estou Cansado de Procurar (Roberto Paiva)
85
 - Pulo do Gato (Violeta Cavalcanti)
86
 - Graças a Deus (Gilberto Alves)
87 - Inferno da Vida (Miguel Bauso)
88
 - Olha o Quitandeiro (Francisco Alvarez)
89
 - Poeira (J.B. de Carvalho)