PROFÍCUAS PARCERIAS

Gabaritados colunistas e colaboradores, de domingo a domingo, sempre com novos temas.

ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.

HANGOUT MUSICARIA BRASIL

Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

MÚSICA, ÍDOLOS E PODER (DO VINIL AO DOWNLOAD) - PARTE 27



CAPÍTULO 27 

Ao fim de um dia anormalmente tumultuado, tendo ouvido múltiplas queixas por parte de Guilherme Araújo (empresário de Caetano, Gil e Gal Costa ) e de Marcos Lázaro (empresário da Elis Regina), todas relacionadas à nossa incapacidade de enxergar e enfocar as suas carreiras de maneira adequada, compreendi que eu tinha uma só cabeça, e que essa cabeça não tinha capacidade e cultura para entender e interpretar as demandas de artistas tão diferenciados. A maioria deles era de uma inteligência extrema e complexa, de um talento excepcional, de uma sensibilidade invulgar, todos ambiciosos e dotados de um narcisismo privilegiado. 

Eu precisava da colaboração de pessoas inteligentes para me ajudar naquela empreitada. Intuía que isso só poderia, talvez, acontecer num ambiente fora dos contatos sociais e profissionais habituais. Eu não estava querendo achar a chave do sucesso. “Só queria achar o caminho das pedras" a chave da compreensão do artista com a natureza do seu talento, do artista e de sua relação com o palco, do artista e da expressão de seu disco, e de sua interação com o público que compraria seu trabalho e assistiria a seus concertos. 

Minha ideia inicial era levar para essas pessoas problemas e dúvidas que assolavam as áreas criativas e promocionais, a fim de que elas, que não tinham absolutamente coisa alguma a ver com a empresa, sem a menor responsabilidade quanto a suas opiniões, pudessem analisar as questões e nos dar conselhos. Estabeleci duas regras importantes para o possível sucesso da iniciativa: que as pessoas pudessem falar, com toda a liberdade, as coisas que lhes passavam pela cabeça, independentemente de eu gostar ou não; e que nada que ali se discutisse iria transpirar, nem na própria gravadora. Em suma, de maneira honesta, eu queria sugar a cabeça deles. Mas pagaria bem por isso. E avisaria que iria sugar. 

As reuniões seriam semanais, em uma suíte de algum hotel, das cinco da tarde até as nove ou dez da noite. Meu papel seria o de moderador. Portanto, no início de cada reunião, eu introduziria o assunto a ser debatido, esclarecendo nossas dúvidas ou incertezas, e ali se encerrava minha participação, intervindo somente quando todos falavam ao mesmo tempo e/ou quando se perdia o foco do assunto. Encarreguei o Armando Pittigliani de formar um grupo que fosse o mais heterogêneo possível, com jornalistas, psicólogos e escritores, para compor o “grupo de trabalho” da Phonogram, grupo que seguramente foi o precursor das empresas de consultoria de hoje. João Luiz Albuquerque foi o primeiro convidado, e acabou tendo uma influência capital na curadoria dos convidados: Dorrit Harazin, Zé Rubem Fonseca, Artur da Távola, Nelson Motta, Zuenir Ventura, Homero Icaza Sanches, as duas Maria Clara — Pellegrino e Mariani —, e convidados eventuais, como Nilse da Silveira ou Tarso de Castro. 

O primeiro assunto que levei foi certamente o mais escabroso: Simonal vivia marginalizado e odiado sob a suspeita de ter denunciado seus colegas “de esquerda” para o DOPS, sofrendo um boicote implacável e sendo perseguido sem trégua pela imprensa como o dedo-duro mais hediondo do país. De qualquer maneira teria sido indispensável contar com o testemunho do Magaldi , sócio do Simonal, para saber por que este último se sentia lesado e roubado. Marcos Lázaro, poderoso empresário de Roberto Carlos e de Elis Regina, tinha sido requisitado pelos militares para comunicar à nossa empresa que seria um gesto muito apreciado contratarmos o Simonal naquele momento difícil de sua carreira. 

Entendi que, politicamente, seria conveniente contratar Simonal — não só por ser um belo artista, mas também porque a sua contratação daria uma certa paz para o João Carlos, nos seus intermináveis tratos com a censura. Porém, o delicado era anunciar aquela contratação para certos artistas engajados, como Chico Buarque, por exemplo, que poderia simplesmente sair da companhia em sinal de protesto. O grupo de trabalho, inicialmente muito relutante em abordar esse assunto, acabou me dando subsídios importantes para eu levar adiante essa situação delicada. 

Pouco a pouco, e semanas após semanas, fui colocando o grupo de trabalho dentro da gravadora, sem eles estarem propriamente nela. E quando senti que o grupo tinha se adaptado ao convívio com a diversidade de opiniões e encontrado seu ritmo de ouvir, analisar, dissecar e contribuir, decidi que havia chegado o momento de colocar o plano em marcha: convidar os artistas para conversarem com o grupo e, a partir dos bate-papos, enriquecer minha capacidade empresarial. 

Estabelecemos que haveria três reuniões dedicadas a cada artista. Durante o primeiro encontro, o grupo trocaria suas impressões a priori sobre o artista, sem a presença dele. No segundo, o artista participaria de uma longa conversa informal. E na terceira reunião, mais uma vez sem o artista, cada membro do grupo comentaria as conversas, elaborando suas ideias e opiniões. 

A princípio, a maioria dos artistas achou essa iniciativa muito positiva. Chico, na época ainda muito tímido, passou horas contando de sua infância e juventude, e sua participação foi das mais deliciosas. Caetano, com sua inteligência fulgurante, deu uma enquadrada superinteressante no grupo de trabalho, que teve repercussão essencial no comportamento futuro do próprio grupo. Erasmo já antecipava o sábio que hoje é. Rita , após um momento de desconfiança, acabou se abrindo, e todos riram muito com seu senso de humor e suas tiradas caricaturais. Elis, sempre aplicada, séria e dedicada, nos emocionou com o retrato de sua vida pessoal desde a infância. E nos brindou com esta frase memorável: 

— Divido tudo na minha vida. Divido comida, divido cama, divido meus amigos… Só não divido o palco. 

O Raul, pensando que a gente tinha escondido uns militares para prendê-lo, não quis comparecer. 


E, graças à sua paranóia, descobrimos o brilhante talento de seu parceiro, até então em segundo plano: 

Paulo Coelho explicou, durante quatro reuniões, a “sociedade alternativa” que eles inventaram, sob os aplausos da turma... 

Conta Hérica Marmo, no livro A canção do mago: Vestindo uma roupa cáqui que mais parecia 
uniforme de guerrilheiro, botas pretas e óculos escuros, Paulo foi direto ao quadro-negro escrever frases de efeito e desenhar símbolos. Com facilidade verbal e organização mental lógica, ele deixou todos fascinados pela idéia de uma sociedade cuja lei era fazer tudo o que se tivesse vontade... ele queria mudar o mundo... 

Mas na sociedade vocês usam escravos? — perguntou alguém. 

Claro que usamos escravos — respondeu o letrista. 

Mas a sociedade, que é uma alternativa para a que vivemos, escraviza como a nossa... 

Não, nós não escravizamos ninguém... Só usamos as pessoas que querem ser escravas. 


Jorge Ben se estendeu sobre sua descendência do imperador da Etiópia Haile Selassie, elaborando sobre as consequências disso no seu tocar e no seu compor. Gal, em pleno sucesso de Fatal, contou, com grande doçura e exuberância, sua recente explosão de comportamento em palco e disco. Gil, com seu verbo generoso, viajou sobre inúmeros aspectos do comportamento da sociedade e sobre a responsabilidade política do artista perante a sociedade; da mesma maneira, recomendava que a companhia tivesse essa mesma atitude ou uma compreensão do seu papel de transmissora de ideias e tendências. 

Durante o encontro com Odair José, compositor de muito talento, a conversa rolou de tal maneira que o João Luiz sugeriu ao Odair fazer uma música, que acabou tendo enorme sucesso: “Vou tirar você desse lugar”. 

O aspecto que mais me fascinava era assistir àquela mistura do inconsciente coletivo do Jung, que pairava constantemente nas conversas, e às observações concretas do Homero Sanches, o poderoso diretor de pesquisas de mercado da TV Globo, chamado carinhosamente de “O Bruxo”. Dizia-se ironicamente que, se um dia ele chegasse para o Walter Clark ou o Boni e dissesse ser necessário colocar “Tom & Jerry” no lugar do “Jornal Nacional”, eles não hesitariam em fazê-lo! Artur da Távola , com uma linguagem mais erudita, porém com os pés sempre no chão, contrastava com a informalidade do Nelson Motta, com seu conhecimento musical e artístico que nenhum outro membro do grupo possuía, e que às vezes desestabilizava a ordem intelectual. 

Eu gostava muito da mordacidade, da perspicácia e da ironia do Zé Rubem se defrontando, às vezes, com a sutileza feminina e a tranquila inteligência da Dorrit; do sempre apaziguador Zuenir, que era uma fera para sacar e detectar o consenso possível entre as opiniões. 

Foi uma das mais ricas experiências de minha vida profissional e — por que não dizer? — de minha vida pessoal, tal foi o reflexo que todas aquelas conversas entre “gente de boa cabeça” e “gente de grande talento” tiveram sobre mim. E até hoje tenho uma imensa gratidão para com todos os que se envolveram com tanta paixão naquele exercício que, graças a eles, tornou-se de uma eficácia impressionante.

domingo, 29 de dezembro de 2013

QUAL É A SUA TRIBO?

Sob o comando de João Taubkin, os músicos Bruno Tessele e Zeca Loureiro, formam o João Taubkin Trio, uma espécie de eixo central onde todas as sonoridades encontram-se de modo uníssono

Por Bruno Negromonte




Anotem esta receita: pegue uma boa dose de baixo acústico, acrescente uma vigorosa bateria e depois misture generosas medidas de guitarras e violões. Pronto! O resultado final é pode ser degustado em nove porções presentes no álbum "Tribo", cujo menu traz características tão peculiares que torna mais que apetitosa a sonoridade produzida por este entrosado trio. Não se pode esquecer ainda que toda receita tem aquele toque especial que a difere de tantas iguais. Neste caso, acrescenta-se ao suingue existente o 'know how' de cada um dos integrantes adquiridos pelos projetos paralelos de cada um. A junção destes individuais temperos dá ao João Taubkin Trio o requinte e a sofisticação necessária para transformá-lo em sinônimo de requinte e prazerA ideia surgiu e ganhou força ao final de 2009, mas só em 2011 é que de fato teve início a trajetória do trio. Neste intervalo João procurou constituir os moldes daquilo que viria a ser o projeto a partir de algumas composições entre outros ajustes que daria ao trio a cara que ele buscava adequando-se a partir da bagagem de cada um dos integrantes. A mescla das diversas influências musicais, gêneros e estilos resultou na instigante sonoridade produzida por este power trio, uma música que não prende-se a rótulos ou fronteiras, distinguindo-se a partir de uma nova concepção sonora que abrange os mais distintos elementos sonoros que vão desde o rock and roll, perpassando pela música africana sem deixar de beber na fonte das influências brasileiras.


João Taubkin, como instrumentista vem agregando vários projetos à sua carreira solo desde 2002, quando participou da gravação do CD "Danças, jogos e canções", da Orquestra Popular de Câmara. De lá pra cá atuou em diversos projetos ao lado de músicos como Beto VillaresGrupo Bongar, Carlos Aguirre (Argentina), Mônica SalmasoMehdi Nassouli (Marrocos), Paulo MouraLéa FreireSibaItamar Doari (Israel), Luiz BrasilMadhup Mudgal (Índia), Laurence Revey (Suíça) entre outros. Além disso, seu nome figura em dezenas de títulos dentre os álbuns lançados nos últimos anos aqui no Brasil. São discos de artistas como 'Circo de pulgas', de Fabio Barros em parceria com o Grupo Grão; 'São Mateus não é um lugar tão longe', do cantor e compositor Rodrigo Campos; o projeto 'Macunaíma Ópera Tupi', da paulista Iara Rennó; Entremeados” (álbum já abordado por nós em outro momento) da musicista Júlia Tygel entre outros diversos projetos. Sem contar que o musicista, além de integrar a banda do pai, participa também de projetos ao lado de nomes como Théo de Barros e chegou a integrar a banda Afroelectro até meados de março deste ano, tudo isso levando-o a apresentações em vários locais tanto no Brasil quanto em países como Áustria, Coréia do Sul, Espanha, Israel, Marrocos, Polônia e  Suíça.
Bruno Tessele nasceu no Rio Grande do Sul e estudou, como aluno bolsista, na conceituada Berklee College of Music, uma das maiores faculdades de música independente do mundo. Atualmente residindo em São Paulo, atua também ao lado de nomes, dentre tantos, como Marcos PaivaJorginho NetoAna GilliSpeakin Jazz Big Band e Eliana Pittman. Ao seu currículo soma-se a experiência de ter tocado ao lado de nomes como Teresa CristinaFilipe CattoArícia MessElza Soares, CéliaWalmir GilThiago Espírito Santo, Raul de Souza entre outros; e a participação em projetos como o CD e DVD “In Concert” do músico Gustavo Assis Brasil, o cd “Na Hora” do guitarrista Michel Leme, o cd Sintoma de Alex Corrêa e Adauto Dias, uma música para a edição Coreana do cd “A Kind Of Bossa” do cantor Rodrigo Del Arc entre outros projetos. Além de todos estes projetos Tessele ainda lesiona no Conservatório Souza Lima e escreve para a Revista Modern Drummer Brasil.

Já Zeca Loureiro, que tem por principais influências nomes como The BeatlesQueen e Stevie Wonder é casado com a cantora Nô Stopa, com a qual forma a dupla folk 2 of uS. Além dessa parceria com a esposa soma-se à sua experiência a participação em projetos com diversos nomes dentro do cenário musical brasileiro como o da cantora e compositora Vanessa Bumagny, o do cantor e compositor Zé Geraldo (com o qual  gravou o DVD Cidadão 30 e poucos anos”) e do ator, poeta, cantor e produtor paulista André Mastro (artista já apresentado em nosso espaço juntamente com o seu projeto Sem Descanso). Vale salientar que o músico é irmão do conceituado multi-instrumentista e compositor Kiko Loureiro, que além de guitarrista da banda de metal melódico Angra, vem atuando também em projetos solos como no DVD que Zeca participa. Como vocalista e guitarrista da banda Jukabala gravou o disco 3 da Madrugada”, tendo a música 'Nós dois' como parte integrante da trilha sonora do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo. Além de tudo isso Loureiro também atua na composição de trilhas para filmes publicitários para películas cinematográficas, tal qual a trilha sonora do curta-metragem Minami em close-up foi premiado no Festival Internacional de Cinema da Bahia.



Tribo” chega como fruto do encontro e da soma dessas experiências paralelas e tantas outras vivenciadas por João Taubkin ao longo de quase duas décadas. Imbuído de uma capacidade, digamos  Xamã, ele foi capaz de agregar os elementos precisos nesta alquimia rítmica que faz de cada faixa presente um experimento musical preciso neste “ritual de passagem” como o próprio músico define este seu debute fonográfico. Gravadas (todas ao vivo), mixadas e masterizadas por Zé Godoy. As nove faixas presentes no álbum (todas compostas por João) são resultado de uma extensa gama de influências exercidas pelos inspiradores encontros estrada afora e externadas a partir de suas composições. É possível encontrar os mais diferentes gêneros musicais nesta simbiose sonora sem se que se perca a unidade proposta. Nesta receita há música africana, jazz, música popular brasileira e rock. Empunhando seu baixo Joãoconta neste projeto com os temperos de Ricardo Herz (que toca violino na faixa 'Alô irmãos!') e do seu pai Benjamim Taubkin, ao Rhodes. É válido deixar registrado também que todas as faixas do projeto são ornamentadas com os vocais do seu autor, que sob efeitos diversos não só improvisa mas também transforma esta hibrida receita idealizada por João Taubkin um verdadeiro Manjar dos Deuses.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

SOB A ÉGIDE DE UM CONSISTENTE REPERTÓRIO VALÉRIA OLIVEIRA DEIXA-SE IMERGIR EM ÁGUAS CLARAS

Há três décadas perdíamos prematuramente Clara Nunes, uma das maiores intérpretes que o universo do samba brasileiro já teve. Pensando nisso a cantora potiguar Valéria Oliveira resolveu reverenciá-la neste projeto que atesta a sua coerente trajetória musical

Por Bruno Negromonte



Na madrugada do sábado de Aleluia de 1983, Clara Nunes veio a óbito aos 39 anos vítima de um choque anafilático deixando uma lacuna impreenchível dentro da MPB. Foram mais de dez milhões de discos vendidos em 16 anos de carreira tornando-a uma das maiores intérpretes da música brasileira e reverenciada por diversas artistas das gerações que a sucederam. Nos 16 álbuns lançados em vida, Clara eternizou em sua voz alguns dos grandes sucessos da música popular brasileira e que até hoje, três décadas depois de sua partida, permanecem indissociáveis de suas interpretações a não ser por através de eloquentes releituras tais quais as desta artista potiguar que assim como muitos artistas brasileiros primeiro teve que ter o devido reconhecimento artístico fora do país para só depois ganhar o merecido espaço em terras tupiniquinsMesmo sendo natural de Natal (RN), Valéria só ganhou projeção no cenário musical brasileiro depois de uma incursão pelo mercado japonês. Essa experiência internacional a propiciou não apenas o reconhecimento do público, mas também dos músicos da "terra do sol nascente", como foi o caso do  Tetsuo Sakurai, baixista e fundador da banda Casiopea. Em seu quinto álbum solo ("Cartas do Brasil"), Sakurai convida Valéria Oliveira dentre tantos nomes consagrados presentes no álbum, denotando um profundo respeito ao trabalho desta artista potiguar que vem galgando espaços cada vez mais significativo atrelados ao seu talento e coerente trabalho. Tamanho respeito se dá também por parte da artista para com aqueles que ela tem por ídolos, condição esta onde Clara Nunes figura entre os principais. A artista mineira (nascida na pequena cidade de Caetanópolis, distante 100km da capital Belo Horizonte) vem permeando toda a infância de Valéria e acabou tornando-se uma das grandes referências artísticas desta promissora artista potiguar. 



Depois de alguns anos de estrada Valéria Oliveira achava-se na necessidade de homenagear esta cantora que faz-se referência em sua vida profissional. Uma artista única dentro do cenário musical brasileiro e que teve a sua carreira pontuada em duas fases: um primeiro momento, de menor expressividade, onde a artista mineira deu voz a boleros e sambas-canções românticos; Já na segunda fase (se assim pode-se dizer a respeito da carreira de Clara) a artista consagrou-se nacionalmente cantando afro-sambas. A princípio a reverência surgiu em forma de espetáculo, que ganhou a estrada em 2011, e teve como  resultado final deste trajeto o álbum "Em águas claras - Homenagem a Clara Nunes", oitavo registro fonográfico de uma artista que chega a nos persuadir sem esforço algum através de sua qualidade estética musical. Seu canto vigoroso torna cada interpretação peculiar, pois imbuída de emoção e reminiscência dá novos ares a canções já ungidas pelo sagrado canto da sabiá mineira. Clássicos como 'Você passa e eu acho graça' (Carlos Imperial - Ataulfo Alves), 'Canto das três raças' (Paulo César Pinheiro - Mauro Duarte), 'O mar serenou' (Candeia), 'Tristeza pé no chão' (Armando Fernandes) e 'Conto de areia' (Toninho - Romildo Bastos) dividem espaço com composições de menor expressividade popular tais quais 'Puxada da rede do xaréu - 1ª e 2ª parte' (Maria Rosita Salgado Goes), 'Basta um dia' (Chico Buarque), 'Alvoroço no sertão' (Aldair Soares - Raymundo Evangelista) e 'À flor da pele' composição da própria Clara Nunes em parceria com o marido Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós). O disco ainda traz faixas como 'Guerreira' (Paulo César Pinheiro - João Nogueira), 'Jardim da solidão' (Monarco), 'Apenas um adeus' (Paulinho Diniz - Roque Ferreira - Edil Pacheco), 'Portela na avenida' (Paulo César Pinheiro - Mauro Duarte), 'Casinha pequenina' (Folclore), 'Juízo final' (Élcio Soares - Nelson Cavaquinho), 'Minha missão'Um ser de luz(ambas de Paulo César Pinheiro - João Nogueira). Tais faixas constituem uma unidade sonora interessante que abrange um período que vai de 1968 a 1981 em um total de onze álbuns.

O CD tem produção musical e arranjos do gaitista, violonista, cantor, compositor e maestro pernambucano Rildo Hora, um dos mais expressivos produtores do universo do samba. No álbum Rildo assina a maioria dos arranjos além de participar da tessitura do projeto executando gaita e realejo. Os demais arranjos foram assinados pela própria Valéria Oliveira e nomes como Alexandre Moreira (7 cordas e bandolim)Jubileu Filho e  Antônio de PáduaO álbum ainda conta com a participação de músicos como Carlinhos 7 cordasMárcio VanderleiMárcio Almeida 'Huck', Raphael AlmeidaJubileu Filho Cacá Velloso (violões, violas, cavacos e bandolins); Zé Hilton (sanfona), Williames CostaJamil Joanes (contrabaixos); Jotapê (clarinete), Kelliney Silva (claves e coro), Marcos Esguleba Pretinho da Serra (percussão); Misael da Hora (teclado), Camilo Mariano (bateria), Del do Pandeiro (pandeiro, caixa e coro) e o coro de nomes como Joel Monteiro, Ângela Castro, Tiquinha Rodrigues, Alexandre Piter, Liane Medeiros, Roberta Karin, Titina MedeirosMaestro Leonardo Bruno, Nina Pancevski e Patrícia HoraJá o encarte do CD é assinado pelo potiguar Jorge Henrique, trazendo imagens não apenas da casa em que ela nasceu e passou a infância, como também de peças e matrizes de tecidos expostos no museu Têxtil Décio Mascarenhas, da Fábrica do Cedro, onde Clara, seguindo os passos da família, iniciou sua carreira profissional como tecelã.


Valéria Oliveira atesta com este projeto que para sambar na beira deste mar de águas claras que circundou nossa saudosa guerreira não é preciso tornar-se sereia, mas faz-se necessário trazer consigo a real concepção daquilo que interpreta. A veracidade desta afirmação existe se levarmos em consideração que foram necessários duas décadas de amadurecimento profissional para que a artista potiguar conseguisse transpor-se ao universo da mais notória filha de Ogum com Iansã. O resultado deste mergulho é possível sentir-se em cada faixa, seja de modo pungente ou esfuziante como a Valéria aqui apresenta com o aval o aval de nomes como Monarco (que participa na faixa de sua autoria com a Velha Guarda da Portela e Dona Mariquita, irmã e madrinha de Claraatestando de modo veemente e em definitivo que para saudar a sabiá mineira nem sempre faz-se necessário recorrer aos mesmos temas de sempre.

Maiores informações:
Site oficial - http://www.valeriaoliveira.mus.br
Greenpoint - 
http://greenpoint.art.br/artistas/valeria-oliveira/
Youtube - http://www.youtube.com/ValeriaOliveira08
Facebook - 
http://www.facebook.com/valeriaoliveira.mus
Twitter - http://www.twitter.com/valeriamusica
Instagram - http://www.instagram.com/valeriaoliveira13#
Myspace - https://myspace.com/valeriaoliveira

Contatos públicos: producao@valeriaoliveira.mus.br
E-mail - monica@greeponit.art.br
Fone: 55 84 9988 9421 (Mônica Mac Dowell)


O álbum pode ser encontrado nos seguintes endereços:

Tratore - http://www.tratore.com.br/um_artista.php?id=7726


Pérola Negra (Salvador - BA) - 71 3336-6997

DF - Brasília:
Livraria Cultura - Brasilia - Tel: 61 3410-4033
Livraria Cultura - Brasilia / Lago Norte - Tel: 61 2109-2701

EX - Tokio Japan:
Taiyo Record

GO - Goiânia:
Bazar Music - Goiania Shopping - Tel: (62) 3234-0166

MG - Pouso Alegre:
Hipermerc. Baronesa - Tel: 35 3449-1711

PA - Belém:
Ná Figueredo-Estação - Tel: 91 3225-0908

PE - Recife:
Livraria Cultura - Recife - Tel: 81 2102-4033

RJ - Rio de Janeiro:
Wagner de Souza Guimarães - Tel: 21 9698-9400

RS - Porto Alegre:
Livraria Cultura - RS - Tel: 51 3028-4033

SP - Barueri:
FNAC - Tel: 11 4501-3000

SP - São Bernardo do Campo
Merci Discos II - Tel: 11 4368-8569

SP - São Paulo
Livraria Cultura - Paulista - Tel: 11 3170-4033
Musical - Rua Augusta - Tel: 11 2538-9112
Vilar Discos - Tel: 11 3221-8084


Lojas virtuais:

Deezer - http://www.deezer.com/album/6945740

Itunes - https://itunes.apple.com/us/album/id698894756

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

QUASE 200 DISCOS DE ARTISTAS PERNAMBUCANOS FORAM LANÇADOS EM 2013

Os títulos incluem obras de estilos que vão da música tradicional, passando pelo instrumental, rock, eletrônica até o metal

Por AD Luna



A lista reúne 199 CDs e/ou DVDs e foi fornecida pelo empresário e produtor cultural Fábio Cabral, dono da Passadisco, loja recifense criada há dez anos e que é especializada em música brasileira.

Os títulos incluem obras de estilos que vão da música tradicional, passando pelo instrumental, rock, eletrônica até o metal. 

No ano passado, de acordo com números divulgados por Cabral, foram lançados cerca de 170 obras. Em 2011, 180. Ou seja, a lista só cresce. No entanto, o espaço de difusão não é proporcional ao aumento da produção fonográfica pernambucana. A programação das rádios locais não ajuda muito e o espaço para os sons, das mais variadas vertentes, é bem reduzido nas TVs locais. 

Discos lançados em 2013:
001 - Adelmo Arcoverde – Convertido
002 - Adelmo dos Passos – Ser tão pernambucano
003 - Ademir Araújo – O Mestre da banda
004 - Almério - Almério
005 - Almir Rouche – Portal da alegria
006 - Ambrozino Martins – A fantástica ascensão de Severina Z
007 - Andrea Amorim & Roberto Menescal – Bossa de alma nova
008 - Andréia Luiza – Vamos sambar
009 - André Pimentel – Pedaços desse chão
010 - Ângelo Souza (Graxa) – Molho
011 - Anjo Gabriel – Lucifer rising
012 - Antonio Menezes & Maria João Pires – The Wigmore Hall recital
013 - Anuacy Fontes – Nas pontas dos dedos
014 - Arimatéia Xavier – Pra não ficar parado
015 - Auto Canto Juvenil – Griô
016 - Babi Jaques & Os Sicilianos – Coisa nostra
017 - Banda Fontes – Fontes
018 - Banda Kitara – Planeta do amor (CD/DVD)
019 - Banda Larga – Banda larga
020 - Banda Maria Fulô – Maria Fulô
021 - Banda Rhudia – Arrudiando o mundo
022 - Beast Conjurator – Born from the darkness (EP)
023 - Belo X – 40 anos de samba turbinado
024 - Benné Torres – Caboclo digital
025 - Beto Hortiz – Forrós que escolhi
026 - Bia Marinho – Tempero do forró
027 - Bria Soul – Minha linguagem
028 - Bruno Reynaux & Flor de Lótus – Cardápio de vaqueiro
029 - Bruno Souto – Estado de nuvem
030 - Cacai Nunes – Casa do chapéu
031 - Café Plural – Desencontros (EP)
032 - Cangaço – Rastros
033 - Carlinhos Monteverde – O frevo é bom
034 - Carol Levy – Cantarola (DVD)
035 - Caroline Maciel – Fulô do campo
036 - Catarina - Mulher cromaqui 
037 - Cesar Amaral – Mamulengo
038 - César Araújo – Chinelo velho
039 - ChaosSphere – Horror tales
040 - Chico Balla – Sina de passarinho
041 - Clarice Falcão - Monomania
042 - Coco de Seu Mané – Coco de Seu Mané
043 - Combo X – A ponte
044 - Conjunto Regional Samba Matuto – Samba Matuto
045 - Coral Valores do Recife – Canta Sebastião Lopes
046 - Dadá Malheiros – Foi por amor
047 - Dani Carmesim – Desconstruindo a imagem ideal (EP)
048 - Danilo Pernambucano – Forró e poeira, vol.04
049 - David Correy – Dreamers
050 - Davi Siqueira – Do meio do mato
051 - Desalma – Foda-se
052 - D Mingus - Fricção
053 - Deneil Laranjeira – Irresistível miudinho II
054 - Di Ângelo – Azulzinho do prazer
055 - Dido Santos – Viagem de um sonho real
056 - Diego Cabral – Ao vivo de verdade (CD/DVD)
057 - DJ Dolores – Banda sonora/Músicas pra filmes (LP)
058 - Dona Glorinha do Coco – Dona Glorinha do Coco
059 - Duda Ferraz – Cadê você
060 - Dudu do Acordeon – Fole em folia
061 - Edson de Melo – A sociedade, diversidade e disponibilidade
062 - Em Canto e Poesia – Em canto e poesia
063 - Evaldo Cavalcanti – Mestiço e plural
064 - Ex-Exus – Xô
065 - Fadas Magrinhas – Fadas Magrinhas
066 - Felipe Marinho – De cara com você
067 - Flávio Torres – Poeta
068 - Flor de Muçambê - Flor de muçambê
069 - Forrockiá – Ao Vivo
070 - Gabriel Sá – Gabriel Sá
071 - George Luiz – A gafieira de George Luiz
072 - Geraldinho Lins – Ao vivo no Galo da Madrugada
073 - Geraldinho Lins – Pertinho de você
074 - Geraldo Maia & Vinícius Sarmento - Geraldo Maia & Vinícius Sarmento
075 - Getúlio Cavalcanti – 50 anos de lirismo
076 - Gonzaga Leal – De mim
077 - Gustavo Travassos - Azaração
078 - Grupo de Cultura Afro Indígena Tronco d’A Jurema – Recife, uma cidade da Jurema
079 - Hugo Linns – Vermelhas nuvens
080 - Infested Blood – Demonweb pits
081 - Irah Caldeira – Cai na folia
082 - Israel Filho – E porque não?
083 - Ivan Araújo – Decisão
084 - Ivan Ferraz - 20 arrasta-pés e marchas juninas
085 - Ivan Ferraz – Samba matuto na latada do forró
086 - Ivan Ferraz – Declama poetas da roça
087 - Jamérico Garcia – Um fim de semana (EP)
088 - Januários – Baião de rock/Rock de baião (EP)
089 - João Carlos – Amor imenso (CD/DVD)
090 - João Neto – Violeiro do Agreste
091 - João Neto – Feito bezerro desmamado
092 - Jorge de Altinho – Jorge de Altinho
093 - Juliano Holanda – A arte de ser invisível
094 - Juliano Holanda – Pra saber ser nuvem de cimento quando o céu for de concreto
095 - Júlio Morais - Para que você me veja
096 - Juvenil Silva – Desapego
097 - Karoline Maciel – Fulô do campo
098 - Kiko Klaus – Eiê! (DVD)
099 - La Lunna – Nas garras do destino
100 - Lamassais – Copo voador
101 - Lene Rodrigues – Em ritmo de seresta
102 - Lene Rodrigues – Saudade buliçosa
103 - Lenine - Triz
104 - Leninho & Zé Maria – O violeiro e o poeta
105 - Leto do Cavaco – Leto do Cavaco (DVD)
106 - Lilian Raquel & Cláudio César Ribeiro – Com todas as cores
107 - Lourdinha Nóbrega & Orquestra Só Mulheres - Frevo
108 - Luciano Magno – Guitarra no frevo
109 - Luiz Paixão – A arte da rabeca
110 - Luiz Wilson – Sertaniando
111 - Lulina - Pantim
112 - Maciel Melo – A poeira e a estrada (CD/DVD)
113 - Malkuth – 19 years of glory and victory (*)
114 - Marcelo Santana - Brasileiramente
115 - Márcia Pequeno – Som de cinema
116 - Maria Dapaz – Outro baião
117 - Maria Fulozinha – Brincando com os ritmos
118 - Mauricio Cavalcanti – Simples & composto
119 - Maviael Melo – Ciclos
120 - Michael Sullivan – Mais forte que o tempo
121 - Miguel Solano – Resquícios e vestígios (EP)
122- Mombojó – 11º aniversário (CD/LP)
123- Mundo Livre S/A & Nação Zumbi – Mundo Livre S/A vs Nação Zumbi
124 - Muniz do Arrastapé – Baião de Luiz
125 - Nádia Maia – Ao vivo na Sala de Reboco
126 - Namente – Anatomia grunge
127 - Naná Vasconcelos – 4 elementos
128 - Nando Cordel – Melhore o mundo
129 - Neo – Neo
130 - Orquestra Vassourinhas de Olinda – Vassourinhas de Olinda
131 - Orquestra de Frevos Henrique Dias – Fervendo em Olinda
132 - Orquestra do Maestro Adelmo Apolônio – Meu carnaval é assim
133 - Pandemmy – Reflectios & rebellions
134 - Paes – Sem despedida
135 - Paulinho Leite & Tonino Arcoverd- Muira-ubi cantilenas e saudades
136 - Paulo Germano – Paulo Germano ao vivo
137 - Paulo Márcio – Melhor que antes
138 - Paulo Matricó – Lavradores da história
139 - Pé de Molambo – Giro solto
140 - Plague Inside – The Plague one
141 - Pochyua - Pochyua
142 - Projeto Terraqualis – E há de ser
143 - Quinteto Violado – Canta Gonzagão
144 - Régis Moreira – Marchinhas juninas
145 - Rhay Miranda – Forró pé de serra verde e amarelo
146 - Roberto Costa – Uma razão de viver
147 - Rodrigo Alves – Amor de verdade
148 - Rodrigo Morcego – Café preto, jornal velho
149 - Rogéria – Futuro em cores
150 - Romero Ferro – Sangue e som (EP)
151 - Romero Pernambuco – Pernambuco canta Chico
152 - Rouxinol do Nordeste – Descendo a serra
153 - Samba de Coco Trupé de Arcoverde – Vamos pra lá, vamos pra cá, não deixe o coco parar
154 - Semente de Vulcão – Expresso do fim do mundo
155 - Sérgio Cassiano – Água!
156 - Sergio Ferraz – A sublime ciência e o soberano segredo
157 - Sevy Nascimento – Meu riacho
158 - Siba – coletânea
159 - Spok Frevo Orquestra – Ninho de vespa
160 - Still Living – Die hard
161 - Storms – The beginning of the end
162 - Targino Gondin - Sou o forró
163 - Tereza Nogueira – Madrugada fria
164 - Tico Gonçalo - Num leito de poesias
165 - Ticuqueiros – Foto do mundo
166 - Tio Bruninho – O arraial do Trio Bruninho
167 - Toinho de Surubim – Forró da rapaziada
168 - Toinho Wanderley – O falar do meu sertão
169 - Trio Eterno – Suíte pistache (LP)
170 - Truvinca – De grão em grão
171 - Valda do Forró – São João 2013
172 - Valdinho Paes – Forró feito do seu jeito
173 - Vinícius Gregório – Minha droga é a poesia
174 - Walkyria Mendes – Cheiro de guerra
175 - Ylana Queiroga - Ylana
176 - Yete – Terminal (EP)
177 - W2 Rock Band – Black Rock (EP)
178- Walmir Chagas – O Carnaval de Walmir Chagas
179 - Zeca Viana – Psicotransa
180 - Zé de Tetê – Uma voz da cultura
181 - Zé Manoel & Walther Moreira Santos – O inventor do sorriso (Livro/CD)
182 - Zelyto Madeira – Homenagens (DVD)
183 - Zé Renato – Renascer
184 - Zigo Aguiar – Bebendo na fonte
185 - Afoxés de Pernambuco – Vários intérpretes (*)
186 - Canta Gravatá – Vários intérpretes
187 - Caruaru, capital do forró, vol.11 – Vários intérpretes
188 - Celebrando a fartura da vida – Vários intérpretes (*)
189 - Frevo no auto do reino de Ariano – Vários intérpretes
190 - Forró do Véio Abidoral/O veio mais safado da região – Vários intérpretes (DVD)
191 - Mosaico de Música Regional de Petrolina – Vários intérpretes
192 - Nélson Barbalho/O imortal do país de Caruaru – Vários intérpretes
193 - No mínimo é isso – Vários intérpretes
194 - O.N.I – Vários intérpretes
195 - Pernambuco cantando para o mundo, vol.03 – Vários intérpretes (*)
196 - Revista MI Independente, vol.03 – Vários intérpretes (*)
197 - Roda de pé de serra, vol.01 – Vários intérpretes
198 - Violeiros do Pajeú acústico - Vários intérpretes (DVD)
199 - Vozes do Capibaribe – Vários intérpretes


(*) - Coletânea

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

QUE VENHA 2014!


Mais um ano chegando ao fim e conforme faço desde o surgimento deste espaço, venho agradecer a cada um dos leitores amigos por sua participação seja ela através dos comentários, seja por a significativa visita nas centenas de publicações ao longo deste ano, assim como também através dos contatos via redes sociais e contatos através de emails. Não poderia deixar de ressaltar todas as amizades conquistadas no decorrer deste ano junto a produtores, artistas e pessoas que direto ou indiretamente estiveram em contato conosco objetivando não apenas divulgar novos nomes para os nossos leitores, mas principalmente por acreditar no Musicaria Brasil confiando muitas vezes a mim a apresentação dos seus respectivos trabalhos. Mesmo estando a frente de um espaço como este confesso que não sei mensurar o quanto talentoso é o nosso Brasil. São os mais desmedidos talentos que surgem aos borbotões nas diversas regiões existentes em nosso país e que, seja por sugestão ou contato, trazemos ao conhecimento do nosso público paulatinamente. O que muito nos orgulha dentro de todo este contexto é que mesmo cientes de que somos apenas um pequeno grão na imensidão existente na internet já somos amados e queridos por muitos dos que acompanham o nosso espaço. 

Vale trazer ao conhecimento do grande público leitor que o nosso "grão" ao longo de 2014 estará chegando ao seu sexto ano procurando sempre manter de pé nossa proposta inicial: Não deixar cair no limbo do esquecimento os diversos artistas que em dado momento de nossa história musical contribuíram de modo substancial para a nossa MPB transformar-se naquilo que hoje ela representa assim como também abrir o nosso espaço para as novas gerações da música brasileira, procurando agregar ao Musicaria Brasil promissores talentos e música de qualidade. Para isso nosso espaço muitas vezes foge do convencional destoando daquilo que muitas vezes estamos habituados a ver, no entanto este afronto ao convencional faz parte daquilo que defendemos e procuramos manter neste democrático espaço musical.

"Remar contra a maré" nos faz acreditar que paradoxalmente estamos seguindo o caminho certo, pois assim como muitos defendemos a concepção de que a única alternativa aceitável dentro do atual cenário cultural existente, é justamente o embate a este modelo vigente, pois 
muito ou quase tudo daquilo que os principais espaços midiáticos apresentam para grande parte da população não representa de fato aquilo que podemos definir como sinônimo de qualidade. Exemplo disto podemos ver nos programas de televisão dominicais. 

Grande abraço a todos que contribuíram direto ou indiretamente para que pudéssemos estarmos no ar até hoje com vocês. Que possamos continuar juntos ao longo deste novo ano e que tenhamos não só força, mas principalmente motivação para continuar nesta árdua tarefa que é manter um pouco de nossa cultura viva.

Resta-nos não só desejar um excelente natal, mas também um novo ano cheio de luz, conquistas, prosperidade e trilhas sonoras para animar os melhores momentos deste novo ciclo que estará tendo início a partir do primeiro dia de 2014, mesmo dia do nosso aniversário.

Bruno Negromonte

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

MEU GRANDE AMIGO PAPAI NOEL (RICARDO MACHADO)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

MÚSICA, ÍDOLOS E PODER (DO VINIL AO DOWNLOAD) - PARTE 26


CAPÍTULO 26 


Eu adorava Maria Bethânia! E, desde minha volta ao Brasil, a considerava majestosa, rainha, 
poderosa, inteligente... Porém ficava intimidado de convidá-la para gravar conosco, pela fama de ser soberba, pretensiosa e arrogante. Creio que foi Tia Léa , que cuidava de seus contratos, quem arranjou nosso encontro. E Maria , elegantemente vestida, chegou exatamente na hora marcada, e se mostrou delicada e discretamente amiga. Seu olhar seguro e sereno desencadeou de imediato em mim uma paixão intensa e, ao mesmo tempo, respeitosa e amorosa. Como se diz na França:“J’ai eu un coup de foudre et en plus un coup de coeur!” (Um raio caiu sobre a minha cabeça e sobre o meu coração!).

O contrato foi negociado e decidimos que um dos discos seria produzido por seu irmão Caetano, com arranjos de Perinho Albuquerque. Parecia uma combinação perfeita — sob todos os pontos de vista, Bethânia e Caetano se conheciam e se amavam profundamente. 

Quando chegou a hora de colocar o projeto em andamento, Caetano e Maria Bethânia viajaram para Salvador para escolher o repertório e conceituar a gravação. Tudo parecia correr normalmente, até que a mãe deles, dona Canô , me telefonou bastante preocupada: 

— André, você tem que vir aqui. Bethânia não sai do quarto dela, Caetano fica enfurnado no dele... Não se falam, parecem estar brigados... Isto nunca aconteceu. E tudo por causa desse disco… 

Viajei para Salvador e de fato encontrei Caetano e Bethânia de cara amarrada. Fiquei desolado com aquela inesperada situação. Sentei com ela, sentei com ele, porém não me lembro dos caminhos para superar aquele mal-estar. Creio na verdade que minha chegada simplesmente foi a desculpa necessária para a reconciliação dos irmãos. O disco se chamou Drama. 

Conheci pouco o Vinicius de Moraes na época da bossa nova, a não ser por meio do Baden Powell, com quem eu tinha uma relação muito carinhosa. O Baden não me achava estranho, diferentemente da turma da bossa nova. Ele andava comigo na rua normalmente, enquanto os meninos da turma costumavam andar alguns passos à minha frente, ou alguns passos bem atrás de mim... E só fui saber o porquê muitos anos depois, pelo Menescal, que me disse: 

— A gente tinha vergonha de andar contigo na rua. Você usava uma camisa vermelha, jeans e tamancos brancos. Você parecia muito veado... Naquela época, a gente tinha vergonha... Eram todos bem-comportados demais! 

Vinicius já tinha se separado da Tati, acabava de se separar da Lila Bôscoli e namorava uma moça que morava no Parque Guinle, na casa de quem a turma passava noites inteiras ao som da música. 

Quando voltei do México, o Vinicius e o Toquinho — como anteriormente o Chico — eram contratados da RGE, e, pelos mesmos motivos, foi fácil contratar a dupla, que passou a gravar vários discos magníficos conosco... 

Vinicius, apesar de não ser o filho mais bonito do deus Apolo, era muito vaidoso. E aprovar a arte das capas era sempre um delicado momento na nossa relação profissional: a papa sob o queixo era sempre uma invenção do fotógrafo, e tinha que desaparecer na hora dos fotolitos. 

Passei um dos mais gostosos carnavais da minha vida na casa de Vinicius, em Itapuã, que dava diretamente na praia, onde uma mesa de botequim ficava na areia, como de plantão, com algumas cadeiras prontas para receber quem chegasse. E chegava sempre muita gente, sobretudo noite adentro. Ali, Vinicius se sentava no início da tarde com a primeira garrafa de whisky, e era um sem número de visitantes: Jorge Amado, Dorival Caymmi, jornalistas e cineastas franceses, o compositor Georges Moustaki e tantas outras pessoas. E o papo rolava até o amanhecer... 

Uma noite, no entanto, estávamos os dois sozinhos — Gesse, sua mulher, estava no Carnaval de rua de Salvador —, e Vinicius falava sem parar, eu escutando religiosamente, quando ele, depois de um longo silêncio, disse: 

— André... Essa sua declaração de que o futuro da música brasileira está no rock é uma bela frase de efeito. Porém, francamente, você é um louco de dizer uma coisa dessas...Você tem que tomar cuidado com o que fala... porque um dia você vai ser o último para contar a história... 

Entendi o pito que o Vinicius estava me passando. No entanto, não via nada de muito escandaloso naquela entrevista que eu tinha dado num programa de TV em São Paulo, provavelmente ao Jorge Cunha Lima, pois o presente já configurava claramente o nascimento de um rock brasileiro através dos Mutantes, dos Novos Baianos, do Erasmo Carlos, do Raul Seixas, da Gal no disco Fatal, do Jorge Ben Jor e, por que não, do Gil e do Caetano também, se considerarmos que o rock, mais do que um estilo, era um estado de espírito contestatório à ordem podre estabelecida.

A HISTÓRIA MUSICAL DO RÁDIO NO BRASIL

Dando encerramento a coluna "A História Musical do Rádio no Brasil" em 2013 mostraremos as músicas mais executadas ao longo do ano de 1993, há exatamente 20 anos. A década de 90 foi marcada pelos avassaladores sucessos das bandas e cantores baianos , além da intensa execução de canções ditas como sertanejas de duplas emergentes tais quais Zezé Di Camargo e Luciano e tantas outras. Tudo isso vocês poderão atestar a partir da listagem das cem canções mais executadas ao longo de 1993 como vocês poderão conferir abaixo:

001 - Will Always Love You (Whitney Houston)
002 - Que Se Chama Amor (Só Pra Contrariar)
003 - Dreamlover (Mariah Carey)
004 - Tô Legal (Grupo Raça)
005 - What's Up (4 Non Blondes)
006 - Lôraburra (Gabriel, o pensador)
007 - All That She Wants (Ace Of Base)
008 - Rhythm Is A Dancer (Snap!)
009 - Palavras (Words) (Chitãozinho e Xororó with The Bee Gees)
010 - O Mais Belo dos Belos (A Verdade do Ilê) (Daniela Mercury)
011 - Faz Mais Uma Vez Comigo (Zezé Di Camargo e Luciano)
012 - Ordinary World (Duran Duran)
013 - Olhos Vermelhos (Negritude Jr.)
014 - Easy (Faith No More)
015 - Fera Ferida (Maria Bethânia)
016 - Informer (Snow)
017 - Mexe Mexe (Leandro e Leonardo)
018 - A Whole New World (Aladdin's Theme) (Peabo Bryson e Regina Belle)
019 - Whoomp! (There It Is) (Tag Team)
020 - Angel (Jon Secada)
021 - Ai Que Saudade de Ocê (Fábio Jr.)
022 - Show Me Love (Robin S)
023 - Another Sad Love Song (Toni Braxton)
024 - A Barata (Só Pra Contrariar)
025 - Cose Della Vita (Eros Ramazzotti)
026 - More And More (Captain Hollywood Project)
027 - Amor Impossível (Raça Negra)
028 - Mentiras (Adriana Calcanhoto)
029 - O Cheiro Dela (João Paulo e Daniel)
030 - Domingo (Só Pra Contrariar)
031 - Can't Help Falling In Love (UB40)
032 - Pensando em Minha Amada (Chitãozinho e Xororó)
033 - Caidinho (Fundo de Quintal)
034 - Rosa (Marisa Monte)
035 - No Ordinary Love (Sade)
036 - Carência (Raça Negra)
037 - That's The Way Love Goes (Janet Jackson)
038 - Have I Told You Lately (Rod Stewart)
039 - I Have Nothing (Whitney Houston)
040 - Tô Feliz (Matei o Presidente) (Gabriel, o pensador)
041 - What Is Love (Haddaway)
042 - Em 92 (Kid Abelha)
043 - Please Forgive Me (Bryan Adams)
044 - Sweat (A La La La La Song) (Inner Circle)
045 - Champagne (Roberta Miranda)
046 - Deixa Viver (Leci Brandão)
047 - Meu Cabelo Duro é Assim (Chiclete com Banana)
048 - Bed Of Roses (Bon Jovi)
049 - Deus Apareça na Televisão (Kid Abelha)
050 - Parabólica (Engenheiros do Hawaii)
051 - Dark Is The Night (A-ha)
052 - Da Água Pro Vinho (Cezar e Paulinho)
053 - Eu Tive Um Sonho (Kid Abelha)
054 - Cryin' (Aerosmith)
055 - Hey Mr. D.J. (Zhané)
056 - Perfeição (Legião Urbana)
057 - Freak Me (Silk)
058 - A Maçã (Deborah Blando)
059 - Dito e Feito (Roberto Carlos)
060 - Futuros Amantes (Chico Buarque)
061 - De Volta ao Começo (Roupa Nova)
062 - Do You Believe In Us (Jon Secada)
063 - Tanto (Skank)
064 - Linha do Equador (Djavan)
065 - Lately (Jodeci)
066 - I'm Gonna Be (500 Miles) (Proclaimers)
067 - See The Light (Snap!)
068 - Simple Life (Elton John)
069 - Forever In Love (Kenny G)
070 - Vieste (Ivan Lins)
071 - Sangue Latino (Nenhum de Nós)
072 - Felicità (Lucio Dalla)
073 - Advice For The Young At Heart (Tears For Fears)
074 - Eu Quero Meu Amor (Elba Ramalho)
075 - Regret (New Order)
076 - A Vida é Festa (Banda Beijo)
077 - Lição de Astronomia (Herbert Vianna)
078 - Faz de Conta (Gian e Giovani)
079 - Agora ou Jamais (Tigres de Bengala)
080 - Ah, Se Eu Fosse Homem (Ultaje a Rigor)
081 - Caminhos Cruzados (Gal Costa)
082 - Bad Bad Boys (Midi, Maxi e Efti)
083 - Sai Dessa Coração (Gian e Giovani)
084 - Go West (Pet Shop Boys)
085 - Homem Que Sabia Demais (Skank)
086 - Sangue Latino (Renata Arruda)
087 - Gênese (Paulo Ricardo e RPM)
088 - Parabolicamará (Gilberto Gil)
089 - Será Que Sou Eu (Paulinho Moska)
090 - Ai Ai Ai Ai Ai (Ivan Lins)
091 - Submundo Vaticano (Lulu Santos)
092 - Toque de Emoção (Joanna)
093 - Só Pra Te Mostrar (Daniela Mercury e Herbert Vianna)
084 - Memória da Pele (João Bosco)
095 - Boom Shack-a-Lak (Apache Indian)
096  -Lamento (Zizi Possi)
097 - Noites com Sol (Flávio Venturini)
098 - Goodbye (Air Supply)
099 - Essa Tal Felicidade (Tim Maia)
100 - O Preço de Uma Vida (Selma Reis)

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