PROFÍCUAS PARCERIAS

Gabaritados colunistas e colaboradores, de domingo a domingo, sempre com novos temas.

ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.

HANGOUT MUSICARIA BRASIL

Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.

sábado, 26 de maio de 2012

FLÁVIO ASSIS APRESENTA UMA FEIRA IMBUÍDA DE RITMOS E BRASILIDADE

Tal qual feira livre, onde de tudo se encontra um pouco, o cantor e compositor soteropolitano apresenta seu mais recente trabalho moldado em um salutar mosaico de ritmos afro-brasileiros e influências diversas.


Por Bruno Negromonte

Todo mundo na vida já deve ter passado por uma ou ao menos tem ideia do que é uma feira livre e suas peculiaridades. Em qualquer lugar do mundo as características de tal evento são extremamente semelhantes e muitas vezes iguais. É comum cada comerciante expor as suas diversas mercadorias e, por meio das devidas retóricas, procurar atrair o cliente exercendo o seu poder de persuasão. Geralmente se dá melhor aquele que apresenta uma mercadoria de boa procedência e de qualidade inquestionável, sem contar que ter um alto grau de discernimento sobre aquilo que expõe é fundamental para um êxito maior. Essa pequena introdução se faz necessária para a abordagem do artista que aqui vos apresento e a sua respectivo "mercadoria". O produto ao qual me refiro na verdade trata-se do fruto da imaginação do artista, cujo caudaloso sumo de inspiração deu vazão ao disco "Feira Livre", segundo trabalho autoral do cantor e compositor Flávio Assis.

Nascido na cidade de Salvador, Flávio traz arraigado em seus trabalhos autorais todas as fontes das quais bebeu e que hoje são alicerces de sua sonoridade,  tecendo em suas letras e melodias um verdadeiro mosaico constituído por imagens diversas que nos remetem às peculiaridades da cultura nordestina, mas especificamente a baiana. Lugares como a Praça Castro Alves, passando pelo Dique do Tororó, Igreja do Bonfim e Elevador Lacerda tem lembranças cativas em suas letras e molodias. Tal qual o Rio Paraguaçu (o maior rio genuinamente baiano) nada detém a sonoridade de Assis, que perpassa por boa parte do território baiano absorvendo diversas influências que desembocam em sua música. Isso talvez pelo fato do senhor Francisco Assis e dona Eliene dos Santos ter concedido ao artista nascer na cidade do Salvador. Por falar em sua progenitora, é necessário falar um pouco sobre a sua coleção de LP's que foi outro fator preponderantemente essencial para o interesse do pequeno Flávio pela música. Nomes como Djavan, Amado Batista, Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo, Roberto Carlos, Caetano, Raul Seixas, Elis Regina, Chico Buarque entre tantos outros faziam parte do acervo dela e talvez por isso Assis a considere a primeira professora de música, por ser a pessoa que o ensinou a ouvir diversos artistas com ouvidos despidos de pré-julgamentos, de rótulos. A partir daí o violão se fez uma constância na vida de Flávio Assis ao longo de boa parte da infância e início da adolescência, sobretudo por influenciado do pai (que dedilhava melodias de Luiz Gonzaga) e o vizinho Gerson Veloso.



Ao completar treze anos mergulhou em definitivo no aprendizado de um instrumento e passou a estudar de maneira formal tanto o violão clássico quanto popular até os 17 anos, onde a partir daí passou a estudar na escola da vida tendo lições diárias ao tocar nas noites da capital baiana. Posteriormente acabou tornando-se professor (depois de passar pelo curso de geografia na Universidade Federal da Bahia) e em 2009 lançou o seu primeiro disco, cujo título é “A Cor da Noite”. Neste álbum de estreia a produção ficou a cargo do próprio artista e do músico Gilmário Celso e traz como repertório canções autorais a partir de suas expressões melódicas, harmônicas e textuais afro-brasileiras. O álbum conta com a participação do cantor e compositor paraibano Chico César.

Três anos depois, o trabalho da vez trata-se de  "Feira Livre" disco lançado em 2011 e que vem sendo divulgado pelo artista ao longo deste ano. São 13 faixas autorais que perpassam pela sonoridade do recôncavo baiano, como se evidencia nos toques de origem africano presentes em "Sexta-feira"A canção com termos em yorubá e saudações a orixás celebra o dia que é almejado por muitos ao longo da da semana; já o amor chega carregado de sonoridade no belíssimo afoxé "Cambuí". A faixa posterior ("Embolá") mescla a embolada nordestina com maracatu (outro ritmo genuinamente da região) em uma simbiose interessante, mostrando as peculiaridades da linguagem coloquial interiorana.

Na faixa seguinte, "Sertança", Assis traz a elementos sonoros cosmopolitas em uma letra que aborda as agruras e características do sertão, cujo refrão nos remete ao grande clássico "Baião da Penha" de autoria Luiz Gonzaga e Guio de Moraes. A faixa posterior é a que batiza o álbum, o disco segue trazendo um samba em forma de ode a uma moça prosa que quando entra na roda ganha passe livre também para dançar no coração do interprete, esta canção leva o nome da tal dançarina: "Maria". O álbum segue com a balada "Bouquet" que denuncia a auto-definição do artista quando diz: Minha percepção musical é necessariamente polifônica e "Areia" (faixa que devido ao "ocean drum" nos remete a um contexto marítimo). "Se Fosse Mar(sem dúvida o momento mais intimista do disco) vem sob novamente sob égide do amor. Já o reggae "Meias de lã" recorre a saudade e o amor como eixo central e tem como letra um lirismo interessante, impregnado de elementos do cotidiano de um casal.

A trinca que encerra o disco é composta pelas canções "Bembé do Mercado" (canção composta em homenagem ao evento que ocorre anualmente no município baiano de Santo Amaro da Purificação para celebrar a abolição da escravatura), "Zabelê" e por fim "Trezena" (canção cujo título faz alusão ao nome que é dado aos treze dias de encontros destinados às orações concedidas a Santo Antônio). Conduzindo a produção deste trabalho está o instrumentista, cantor e compositor Roberto Mendes e sob a sua égide estão presentes Tedy Santana (bateria), Gustavo Caribé (baixo), Duarte Velloso e Paulo Mutti (guitarras), Bóka Reis e Cuca (percussões), Jelber Oliveira (sanfona), Alex Mesquita (violão folk), Dinho Filho (coro e sampler) e Jurandir Santana (viola). Sem contar com o agradável design do disco, cuja concepção foi desenvolvida pela gráfica AF Design buscando alcançar e refletir aquilo que se faz de modo mais evidente no disco: elementos sonoros de pluralidade diversas que somando-se em suas peculiaridades formam uma coerente unidade. 

São letras e melodias que retratam de forma fidedigna um pouco do muito que a sonoridade tem a partir da Bahia, que tanto já foi cantada em verso e prosa por diversos nomes do cancioneiro popular brasileiro. Distante daquilo que é lúgubre e sempre em consonância com a alegria, Assis perpassa a partir de uma fusão de ritmos (uma espécie de polifonia que segundo o próprio ampara a sua arte) de maneira hibrida, por pelas fontes das quais bebeua, fazendo desse trabalho um verdadeiro cartão-postal de sonoridade sem igual.



Se posso me apropriar de algum neologismo para definir o trabalho deste artista seria "baianidade", cujo termo seria a síntese ideal para definir um misto de musicalidade e Bahia (dois termos indissociáveis). Assim como a Ponta de Humaitá, o Abaeté, Ondina e Itapoã a música de Flavio Assis é algo indissociável. Mais um talento para somar forças à rica sonoridade existente em nossa música e como diria o refrão de uma das canções presentes no disco: "Crê quem quiser São Tomé!"


Maiores Informações:

sábado, 19 de maio de 2012

QUARTETO PRIMO ESTREIA EM DISCO DE MANEIRA VIGOROSA SOB A ÉGIDE DE UM OBÁ DE XANGÔ

Quarteto carioca desbrava, de maneira esfuziante, a obra de um dos ícones da música brasileira, e logo em seu primeiro trabalho mostram ao que vieram recebendo na categoria MPB, do maior prêmio da música brasileira, a indicação de melhor grupo.

Bruno Negromonte




Em 1936, a mãe de santo baiana Eugênia Anna Santos, a Mãe Aninha, no centro de candomblé ao qual tinha fundado criou uma espécie de título honorífico ao qual deu o nome de Obá de Xangô. Este título, geralmente concedido àqueles que de uma forma ou de outra eram amigos ou protetores do seu terreiro na Bahia (terra de profícua cultura africana) foi ao longo de todos esses anos distribuídos apenas a alguns nomes, dentre os ocupam este posto alguns ilustres, como o músico e compositor soteropolitano Gilberto GilEsta breve explanação se dá devido a um texto escrito pelo compositor e poeta carioca Paulo César Pinheiro, autor de centenas de canções gravadas por muitos dos principais nomes de nosso cancioneiro, certa vez escreveu que Dorival Caymmi seria o Obá mais velho de Xangô, uma espécie de Rei soberano de um território o qual domina como ninguém, em uma espécie de Insígnia concedida por Yemanjá que o mestre baiano soube honrar como se fosse um verdadeiro cavaleiro do oceano e soubesse o segredo de todas as marés.

O mestre baiano, que teve a carreira iniciada por volta de 1938 com a exitosa "O Que é Que a Baiana Tem?" na voz de Carmen Miranda, teve uma produção escassa se comparada aos anos de carreira, porém, por possuir um requinte ímpar,  acabou transformando-o em um dos maiores referenciais dentro da cultura brasileira, sendo reverenciado pelos maiores nomes de música brasileira que o sucederam como um dos maiores ícones do nosso cancioneiro. Esse "título" fez com que sua obra acabasse caindo no gosto popular através de diversas vozes do universo musical brasileiro tornando-se razão inclusive para trabalhos fonográficos temáticos ao longo de todos esses anos. Diversos nomes, dentre os quais este que hoje o público do Musicaria Brasil terá a oportunidade de conhecer hoje, dedicaram discos ao universo musical do artista baiano.

Com trabalhos e trajetórias distintas, os integrantes da família Von Krüger (de ascendência holandesa) somaram seus talentos e hoje compõem o Quarteto Primo. Grupo este que é formado pelo primos Matheus, Rogério, e as irmãs Eliza Malu Von Krüger. Matheus possui uma carreira paralela ao grupo e vem desenvolvendo um trabalho que tece influências que vão do jazz ao soul, passando por gêneros como salsa, samba entre outros. Essa pluralidade talvez venha como influência dos diversos lugares por qual passou e pelos grupos com os quais atuou. Baiano, mas vindo de uma família mineira, o músico já morou em Belém, São Luiz, passando pela Nova Zelândia até se fixar na cidade do Rio de Janeiro onde hoje desenvolve a sua carreira e vem divulgando também os seus trabalhos solos, dentre os quais o cd "Outros Tempos"; as irmãs amapaenses Malu Von Krüger (contralto) e Eliza Lacerda (soprano) também mantem uma carreira paralela desenvolvidas ao longo desses anos que antecedem esse belíssimo projeto em forma de quarteto. Eliza começou a sua carreira ainda criança, mais precisamente aos 7 anos, quando participou da gravação corista e solista de um disco de músicas folclóricas. Os anos se passaram e ela foi acumulando diversas passagens interessantes em sua carreira, entre elas a participação com a Orquestra Sinfônica Brasileira e o Maestro Ray Lemma na abertura do Rock'n Rio III e em vários espetáculos pela Cia. da Voz Karla Boechat. Em 2006 lançou o seu primeiro CD, intitulado “Pé de Dança” (álbum este que lançado também no japão). Vale lembrar que assim como Malu, desde 2002 ela faz parte do grupo "Mulheres de Hollanda", cujo trabalho consiste em só canta o feminino da obra de Chico Buarque de Hollanda.


Já a contralto Malu Von Krüger fez aulas de percepção corporal e de canto com nomes como Ana Abbott e Maíra Martins participando inclusive do Coral Cia. da Voz. Assim como a irmã Eliza apresentou-se na abertura do Rock'n Rio III, gravou um cd independente intitulado Meu Rumo”, somando-se a isso, atuou em diversos shows, dentre os quais o da dupla gaúcha Kleyton e Kledir e também participa, assim como a irmã do grupo "Mulheres de Hollanda". O único que não atua na área musical profissionalmente é o fotógrafo Rogério.

Mesmo havendo laços parentais, o grupo que vem apresentando-se esporadicamente desde 1998, só veio cogitar a possibilidade de um registro fonográfico em 2001. O engraçado é que, o maestro Muri Costa tem uma parcela significativa de responsabilidade sob esse projeto desde o momento em que os convidou para participarem de um coral que estava sendo criado por ele. Muri é o tipo de artista que dispensa apresentações, músico a cerca de 40 anos e já tendo atuado com grandes nomes da música brasileira (inclusive com a prole do mestre baiano atualmente e com o próprio Dorival durante muitos anos). Foi também um dos fundadores do bem-sucedido grupo vocal Arranco de Varsóvia, gerando desta forma uma vontade de posteriormente registrar a partir de um coral os sucessos do compositor baiano. Os "primos" chegaram em um momento oportuno, e depois da elaboração de alguns arranjos e os devidos ajustes o projeto acabou concretizando-se de maneira belíssima cujo resultado foi intitulado de "Dorival".

O disco, apesar de trazer um autor excessivamente recorrente, traz consigo um "q" de diferenciação, um cheiro gostoso da maresia e peculiaridades musicais que só alguém que conviveu anos com o saudoso algodão (apelido dado a ele devido aos cabelos brancos que remetia à lembrança de flocos de tal fibra) seria capaz de registrar. A participação do Muri Costa tanto na produção, arranjos e direção musical assim como na execução de algumas faixas (tocando seu violão) talvez tenha sido preponderadamente fundamental para dar ao trabalho esse molde. O álbum também conta com a participação dos gabaritados músicos Zeca Assumpção (baixo), Marcelo Costa (bateria e percussão), André Siqueira (violão de aço), Marcelo Caldi (acordeon) e os renomados Cristovão Bastos (piano) e Jaques Morelembaum (violoncello) que navegam no oceano musical do mestre baiano através das 13 faixas presentes no disco.



O repertório do álbum é abrangente, indo de clássicos à canções menos conhecidas da lavra do compositor baiano, trazendo como característica interpretações que prezam pelos arranjos vocais, porém encontram-se também no disco números solos de cada um dos integrantes do grupo. A primeira faixa do disco trata-se da canção "O bem do mar" do álbum "Canções Praieiras", de 1954. Do mesmo disco também consta a faixa "Quem vem pra beira da praia". Ainda na década de 50, do disco "Caymmi e o mar", vem as faixas "Promessa de pescador" e a épica canção "História de pescador" (faixa esta que conta com a participação do músico, cantor e compositor Danilo Caymmi nessa homenagem ao seu pai). As outras faixas presentes no disco são "Acaçá", "Festa de rua" (composição de 1949, a mais antiga presente no disco), "... das rosas (1964)", "Sargaço mar" (1984) e "Milagre" (1980), canção gravada também pelo autor no álbum "Setenta anos Caymmi" (1984). Destaque para o álbum "Caymmi", de 1972 sob produção de Milton Miranda, que trouxe para o álbum do quarteto nada mais que quatro faixas: "Vou ver Juliana", "Francisca Santos das Flores, também conhecida como Dona Chica", "Morena do mar", "Canto de nanã".

agradável resultado sonoro do disco (que vocês podem adquirir a partir do link abaixo) ainda conta com os bordados, ilustrando o projeto gráfico, de Maria Esther Lacerda von Krüger sobre as pinturas de Dorival. Nosso Obá mais velho de Xangô com toda convicção está reverenciando este trabalho onde quer que esteja, o conduzindo de maneira firme aos caminhos mais seguros dentro do universo ao qual soube abordar como poucos e abrindo passagem para este grupo que tem tudo para ser um dos grandes grupos vocais existentes em nosso país do mesmo modo que foram e são tantos outros dentro da nossa música. Talvez essa seja a forma mais simples de explicar o sucesso (tanto de público quanto da crítica) do álbum. Prova disto é que o álbum "Dorivaldepois de ter sido pré-selecionado ao 23º Prêmio da Música Brasileira, ficou entre os finalista e no próximo dia 13 de julho concorrerá na categoria MPB ao título de melhor grupo vocal mostrando que a junção da técnica em harmonia com a sutileza, quando bem feita, é capaz de além de dar qualidade ao produto também é capaz de chamar a atenção daqueles que buscam isso para si.

Maiores Informações:
Facebook (Página) - http://www.facebook.com/quartetoprimo
Youtube - http://www.youtube.com/user/KRUGERMARCIO
Flavors -  http://flavors.me/quartetoprimo

terça-feira, 15 de maio de 2012

LETÍCIA SCARPA - ENTREVISTA EXCLUSIVA


Multifacetada, Letícia Scarpa vem divulgando o seu primeiro trabalho fonográfico que traz por característica a mesma qualidade presente nas diversas atividades as quais já desenvolveu.

Por Bruno Negromonte


Com mais de 20 anos de estrada, Letícia Scarpa mostra-se uma profissional inquieta, procurando aplicar as suas aptidões naquilo que acredita, sempre pautando-se na excelência. Ela é o tipo de profissional que se joga de corpo e alma em seus projetos, dando o melhor de si naquilo que faz, e com esse novo desafio não seria diferente. A artista, que já atuou em telenovela, locuções, passando pelo cinema e também na apresentação de programas de tv (atividades estas que podem ser conferidas na pauta publicada em nosso espaço recentemente intitulada: " CONTEMPORANEIDADE E TRADIÇÃO FUNDEM-SE EM "LÊ", ÁLBUM DE ESTREIA DE LETÍCIA SCARPA") vem atualmente mostrando o seu primeiro disco lançado ao longo do segundo semestre de 2011. Batizado de "", este trabalho mostra as novas habilidades dessa multifacetada mulher, dentre as quais o seu lado compositora, que aparece em 11 das 12 faixas existentes no trabalho. O resultado dessa nova aventura não poderia ser melhor. Letícia tem tido ótima receptividade tanto da crítica especializada quanto do público e a prova disto se dá através de alguns acontecimentos relevantes dentre os quais a pré-seleção ao Prêmio da Música Brasileira (maior premiação da música brasileira) e a execução de algumas faixas executadas em programas de rádio norte-americanos.

De maneira atenciosamente como sempre, a artista concedeu esta entrevista exclusiva para os leitores do Musicaria Brasil. E nesse bate-papo ela conta, dentre outras coisas, sobre a escolha do repertório do disco, sobre a sua receptividade as novas experiências profissionais  e fala também um pouco sobre sua pretensão de cair na estrada com o repertório do disco como vocês podem conferir a seguir.




Como se deu o seu envolvimento com a música? É algo inato que vem da infância sob influência de alguém da família ou não?

Letícia Scarpa - Meus pais sempre gostaram de música e a música sempre esteve muito presente em minha vida desde menina. Ouvíamos muita música, dos mais variados estilos. E eu gostava não só de ouvir, de cantar junto também. Mas não posso dizer que o meu envolvimento profissional com a música, ou até com as artes, seja por influência direta de alguém da família, pois não há ninguém que tenha se profissionalizado nessa área. Fui descobrindo a possibilidade de fazer música aos poucos, estudando e abrindo caminhos em minha vida para que ela pudesse acontecer de outra forma.


Quem acompanhou a pauta referente ao lançamento desse seu trabalho de estreia percebeu que você tem um extenso currículo no meio artístico nessas duas décadas de carreira. Apesar de você ter passado dentre outras experiências por aulas de canto, percepção musical, harmonia, improvisação, arranjo e composição porque só resolveu se aventurar no canto agora?

Letícia Scarpa - Vejo a aventura de cantar como um movimento natural da minha carreira artística. O canto é mais uma maneira de me expressar que experimento agora.
Como atriz, cantei profissionalmente algumas vezes, como quando participei de um espetáculo musical ou em gravações de histórias infantis. Eram situações específicas, nas quais o canto complementava minha atuação, quem cantava era o personagem. Em função do meu trabalho, sempre investi em aulas de canto como um complemento à minha formação. Estudei com Nancy Miranda, Vivi Keller, Mara Melges, Paulo Brito, e fui aos poucos descobrindo a Letícia cantora. A idéia de gravar um CD era para mim um daqueles sonhos de criança que você acha que nunca vai realizar, e foi aos poucos criando forma. Mas no início achava que gravaria um CD como intérprete, não pensava em compor. Então, há algum tempo, senti necessidade de me aprofundar no conhecimento da música e parti para um curso mais completo. Descobri então a Letícia compositora e cantar acabou sendo consequência.


Na sonoridade do álbum, evidenciam-se de certo modo, as suas raízes pernambucanas em "Zumbaiá", faixa do disco que se aproxima dos ritmos nordestinos e que conta com a participação do ator, cantor e dançarino Antônio Carlos Nóbrega. Como surgiu a ideia desse convite e a participação desse múltiplo artista?

Letícia Scarpa - Minhas raízes estão plantadas em muitos cantos. Costumo falar que tenho o sangue “puro brasileiro”, ou seja, uma mistura total. E é claro que isso acaba aparecendo na música que faço. Meu pai é pernambucano, e a Zumbaiá traz forte influência dos ritmos nordestinos. Isso ficou ainda mais claro com a participação do Antônio Nóbrega, um dos muitos presentes que recebi neste trabalho. Conheci o Nóbrega há mais de 20 anos, quando ele estava se instalando no espaço que ocupa hoje na Vila Madalena, aqui em São Paulo, o Brincante. Eu estava terminando o curso de Arquitetura na USP e, a convite de um professor, acompanhei e registrei todo o processo de “nascimento” daquele espaço, que foi tema do meu trabalho de graduação. Quando o arranjo da Zumbaiá foi se delineando e o baião foi se mostrando, o Edu Maranhão (com quem produzi o CD) e eu pensamos em convidar o Nóbrega, não só pelo ritmo nordestino, mas também, como estava fazendo um CD autoral, por ele fazer parte de um pedaço da minha história pessoal.


“Lê” é um disco essencialmente autoral. Só não se faz por inteiro por conta da canção “Temporal”, que é uma composição do Edu Maranhão. Como se deu a escolha dessa faixa especificamente?

Letícia Scarpa - Temporal é uma música muito especial para mim. É uma daquelas que eu queria ter feito. Foi “paixão à primeira audição”. Muito antes de eu começar a trabalhar no CD, o Edu tocou a Temporal para mim e eu me encantei imediatamente. Tocou minha alma. Assim que ele terminou de tocar eu disse que queria ser a primeira a gravá-la. Quando estávamos escolhendo as músicas para o CD, mesmo sendo a única canção que eu não assino como compositora, nem cogitei deixar de fora. Minha relação com esta canção é tamanha que, curiosamente, certa vez, o Edu Maranhão disse para alguém que ela era também parceria nossa, mas não é.


O título do disco nos remete não só a abreviação do seu nome, mas também sugere uma espécie de convite à leitura. Leitura esta que deve se dar de maneira auditiva e sensitiva. Como se deu a escolha do título do álbum?

Letícia Scarpa - Como todo trabalho autoral, até a escolha do título foi um processo. Muitos artistas usam só o próprio nome como título num primeiro trabalho, mas eu queria que o título do meu CD dissesse algo mais sobre o trabalho. Chegamos a pensar em usar o nome de uma das canções, mas acabamos optando por LÊ pela múltipla possibilidade de interpretação. É um convite à leitura dos textos, já que muitas das canções que componho vêm de poemas que escrevo, e também à leitura da música como um todo através dos outros sentidos, além, claro, da referência ao meu nome.


As suas experiências anteriores tanto na televisão quanto no teatro como atriz e apresentadora e locutora foram valiosas até que ponto pra emoldurar Letícia Scarpa enquanto cantora?

Letícia Scarpa - Muito. As linguagens do teatro, da televisão e do áudio, como atriz, locutora ou cantora, são muito diferentes, mas ao mesmo tempo têm muitas intersecções. E as experiências que tive nas outras áreas fazem parte do meu repertório pessoal de possibilidades artísticas. Sem dúvida esse repertório se faz presente na hora de cantar, não tem como ser diferente. E acredito que ele enriqueça e amplie as possibilidades da Letícia cantora.


O seu lado “ourives” também se faz presente no momento em que você compõe ou restringem-se ao momento em que está a serviço da hl6?

Letícia Scarpa - Pra mim é tudo uma coisa só. Música, jóias, teatro, TV... Mudam as formas, mas tudo é expressão, são maneiras de eu interagir com o mundo, explorando os sentidos, investigando, questionando, experimentando, ousando... Meu olhar estético permeia tudo isso procurando fugir de regras ou pretensões. Na HL6 eu desenho e faço jóias como pequenas esculturas de usar. Componho e faço arranjos musicais como quem constrói uma jóia ou um personagem. E por aí vai... O lado bom de passear por tantas formas de expressão é que eu posso ir me libertando dos vícios e regras de cada uma delas, o que acaba trazendo um certo frescor ao que faço.


Na elaboração do álbum dois nomes figuram com um certo destaque: Edu Maranhão e Michele Wankenne. Você poderia nos dizer de que modo surgiram essas profícuas parcerias?

Letícia Scarpa - O Edu Maranhão foi figura chave na elaboração deste trabalho. É meu parceiro de composição e com ele fiz os arranjos e a produção do CD. Além disso, toca vários instrumentos. Ele é muito talentoso. Ouvi o trabalho do Rodrigo Del Arc, que ele havia produzido e gostei muito. Então, convidei-o para produzir o meu CD. Começamos a compor e foi um belo encontro, temos muitas afinidades artísticas e em alguns aspectos somos complementares. Isso traz grande fluência para o nosso trabalho juntos e ao mesmo tempo amplia os olhares sobre o que estamos fazendo. A Michele Wankenne é outra parceira muito querida e talentosa. Um dia, conversando, surgiu a idéia de tentarmos compor juntas. Nosso trabalho fluiu muito bem desde o primeiro encontro e seguimos compondo. Acho que as parcerias são assim mesmo. Se tiver que ser, é e pronto.


Como têm sido receber notícias como a que seu álbum de estreia está entre os pré-selecionados para o maior prêmio da música popular brasileira e faz parte dos playlist do programa "Som do Brasil - O melhor da Música Brasileira de Todos os Tempos", na rádio WKCR 89,9 FM de Nova York?

Letícia Scarpa - Tenho recebido muitos presentes maravilhosos com este trabalho. Estes são alguns deles... Fiz o CD por uma necessidade artística pessoal, é um trabalho independente, sem direcionamentos comerciais. Então, fico muito feliz de ver este “filho” ganhando mundo e sendo reconhecido. Saber da pré-seleção para o Prêmio da Música Brasileira foi uma grande surpresa para mim e uma alegria enorme. Tocar em Nova York e na Bélgica em programas de MPB, ao lado dos grandes nomes da nossa música, que foram e são referência para mim e para o meu trabalho, é uma grande honra. Também é muito bom ouvir comentários bacanas, tanto de profissionais da música como dos ouvintes, e saber que as pessoas estão curtindo meu álbum. Tudo isso me incentiva a continuar querendo fazer música cada vez melhor.


Há pretensões em cair na estrada com este álbum de estreia ou as atividades exercidas paralelamente impossibilitam a princípio esse desejo?

Letícia Scarpa - A adaptação deste trabalho para palco é mais uma empreitada criativa do tamanho ou até maior que a de produzir o CD, pois o álbum foi construído sem a preocupação com o formato, as possibilidades e as limitações de um show. Escolhemos o que achávamos mais adequado para os arranjos de cada canção. Utilizamos uma grande variedade de instrumentos para a construção dos diferentes ritmos. Para fazer o show da forma que eu gostaria teria que ter mais disponibilidade e deixar de lado as outras atividades, pelo menos por um tempo, o que para mim é inviável neste momento. E também já estou trabalhando nas composições e na elaboração de um próximo projeto de gravação enquanto divulgo este trabalho. Tudo isso faz com que meu desejo de colocar o LÊ no palco tenha que esperar um pouco, por enquanto.  




Maiores Informações:
Site Oficial - www.leticiascarpa.com.br
Contato para shows e aquisição do álbum: leticia@leticiascarpa.com.br


O álbum pode ser adquirido através dos seguintes endereços:
Belém (PA) - Ná Figueredo-Estação - Tel: ( 91)32123421
São Paulo (SP) - Baratos Afins - Tel: 11 3223-3629
São Paulo (SP) - Ponto do Livro - Tel: 11 2337-0506
São Paulo (SP) - Zaccara Cds - Tel: ( 11)3872-3849


Compra Online:

PERNAMBUCANO HERBERT LUCENA LIDERA INDICAÇÕES PARA O PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA


O Prêmio da Música Brasileira anunciou hoje a lista de indicados a sua 23ª edição. O compositor pernambucano Herbert Lucena obteve o maior número de indicações. Seu álbum Não me peçam jamais que eu dê de graça aquilo que eu tenho pra vender, concorre em quatro categorias: Revelação, Melhor Disco e Cantor Regional, além de Melhor Projeto Gráfico.

Entre os finalistas estão Criolo, Beth Carvalho, Dominguinhos, Dori Caymmi, Cauby Peixoto, Chico Buarque, Caetano Veloso, Marisa Monte e Gal Costa. No total, são 104 nomes, selecionados a partir de 735 CDs e 93 DVDs inscritos e distribuídos em 16 categorias. O homenageado deste ano é o mineiro João Bosco, que celebra 40 anos de carreira. A cerimônia será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no dia 13 de junho.

Entre os estados, o Rio de Janeiro se mantém na ponta, com 35 indicações, seguido por São Paulo, com 32. Pernambuco é o terceiro estado em número de indicações. Vencedor de 18 prêmios ao longo de 22 anos, Dominguinhos concorre em três categorias pelo álbum Iluminado: melhor arranjo (Gilson Peranzzetta), melhor álbum instrumental e melhor instrumentista.

O grupo Mundo Livre S/A concorre como melhor banda nacional e Lula Queiroga como melhor álbum nacional, por Todo dia é o fim do mundo. Samba de latada ao vivo, de Josildo Sá e Paulo Moura, está indicado na categoria melhor álbum regional. Quinteto Violado foi indicado na categoria melhor grupo regional. Silvério Pessoa concorre como melhor cantor regional.

Confira a lista dos indicados:

CATEGORIA ARRANJADOR
ARRANJADOR:
• Dori Caymmi por ‘Urubupeba’ - Antonio Carlos Bigonha
• Gilson Peranzzetta por ‘Iluminado’ - Dominguinhos
• Mario Adnet por ‘ Jobim Jazz’ – Mario Adnet

CATEGORIA CANÇÃO:
 ‘Arrasta a Sandália’, de Dayse do Banjo e Luana Carvalho - intérpretes Beth Carvalho e Zeca Pagodinho (CD ‘Nosso samba tá na rua’)
• ‘Sinhá’, de João Bosco e Chico Buarque - intérprete Chico Buarque (CD ‘Chico’)
• ‘Zoeira’, de Moacyr Luz e Hermínio Bello de Carvalho - intérprete Áurea Martins (CD ‘Depontacabeça’)

CATEGORIA PROJETO VISUAL
• Dalua e Mestre Maurão, disco ‘O samba de roda de Dalua e Mestre Maurão’ – Gringo Cardia
• Herbert Lucena, disco ‘Não me peçam jamais que eu dê de graça tudo aquilo que eu tenho pra vender’ - Evandro Borel
• João Parahyba, disco ‘O samba no balanço do jazz’ – Bijari

CATEGORIA REVELAÇÃO
• Criolo
• Filipe Catto
• Herbert Lucena


CATEGORIA CANÇÃO POPULAR
MELHOR ÁLBUM
• ‘Cauby ao vivo – 60 anos de música’, de Cauby Peixoto, produtor Thiago Marques Luiz
• ‘Duas Faces – Jam Session’, de Alcione, produtor Alexandre Menezes
• ‘Eu Voltei’, de Angela Maria, produtor Thiago Marques Luiz

MELHOR DUPLA
• Bruno e Marrone (‘Juras de Amor’)
• Chitãozinho e Xororó (‘Sinfônico 40 anos’)
• Rionegro e Solimões (‘Virou Festa’)

MELHOR GRUPO
• Banda Calypso (‘Meu Encanto Vol.16’)
• Banda Signus (‘Em Busca de Você’)

MELHOR CANTOR
• Agnaldo Timóteo (‘A Força da Mulher’)
• Cauby Peixoto (‘Cauby ao vivo – 60 anos de música’)
• Fábio Jr. (‘Íntimo)

MELHOR CANTORA
• Alcione (‘Duas Faces – Jam Session’)
• Angela Maria (‘Eu Voltei’)
• Célia (‘Outros Românticos’)


CATEGORIA INSTRUMENTAL
MELHOR ÁLBUM
• ‘Iluminado’, de Dominguinhos, produtor Zé Américo Bastos
• ‘Mafuá’, de Yamandu Costa, produtor Peter Finger
• ‘The art of samba jazz’, de Dom Salvador Sextet produtor Dom Salvador

MELHOR SOLISTA
• Dominguinhos (‘Iluminado’)
• Hamilton de Holanda (‘Brasilianos 3’)
• Yamandu Costa (‘Mafuá’)

MELHOR GRUPO
• Dom Salvador Sextet (‘The art of samba jazz’)
• Quinteto Villa-Lobos (‘Ernesto Nazareth’)
• Zimbo Trio (‘Autoral’)


CATEGORIA MPB
MELHOR ÁLBUM
• ‘Chico’, de Chico Buarque, produtor Luiz Claudio Ramos
• ‘É luxo só’, de Rosa Passos, produtores Renata Borges e Luiz Felipe Caetano
• ‘Poesia musicada’, de Dori Caymmi, produtor Dori Caymmi

MELHOR GRUPO
• 5 a seco (‘Ao vivo no Auditório Ibirapuera’)
• Passo Torto (‘Passo Torto’)
• Quarteto Primo (‘Dorival’)

MELHOR CANTOR
• Cauby Peixoto (‘A voz do violão’)
• Dori Caymmi (‘Poesia musicada)
• Filipe Catto (‘Fôlego’)

MELHOR CANTORA
• Áurea Martins (‘Depontacabeça’)
• Mônica Salmaso (‘Alma Lírica Brasileira’)
• Rosa Passos (É luxo só)


CATEGORIA POP/ROCK/REGGAE/ HIPHOP/FUNK
MELHOR ÁLBUM
• ‘Nó na orelha’, de Criolo, produtores Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman
• ‘Tempo de menino’, de Pedro Luis, produtores Rodrigo Campello e Jr. Tostoi
• ‘Todo dia é o fim do mundo’, de Lula Queiroga, produtores Lula Queiroga e Yuri Queiroga

MELHOR GRUPO
• Agridoce (‘Agridoce’)
• Graveola e o lixo polifônico (‘Eu preciso de um liquidificador’)
• Mundo Livre s/a (‘Novas lendas da etnia Toshi Babaa’)

MELHOR CANTOR
• Caetano Veloso (‘Zii e Zie ao vivo’)
• Criolo (‘Nó na orelha’)
• Seu Jorge (‘Músicas para churrasco Vol.1’)

MELHOR CANTORA
• Gal Costa (‘Recanto’)
• Marisa Monte (‘O que você quer saber de verdade‘)
• Zélia Duncan (‘Pelo sabor do gesto – Em cena’)


CATEGORIA REGIONAL
MELHOR ÁLBUM
• ‘Na eira’, de Ponto Br, produtor André Magalhães
• ‘Não me peçam jamais que eu dê de graça tudo aquilo que eu tenho pra vender’, de Herbert Lucena, produtores Herbert Lucena e Alexandre Rasec
• ‘Samba de latada ao vivo’, de Josildo Sá & Paulo Moura, produtores Wagner Santos e Josildo Sá

MELHOR DUPLA
• César Oliveira e Rogério Melo (‘Rio Grandenses (Volume I – Histórico e Volume II - Convidados’)
• Kleuton e Karen (‘Genuinamente Caipira’)
• Luiz Augusto e Amauri Garcia (‘Meu interior’)

MELHOR GRUPO
• Pé de Mulambo (‘Segura essa munganga aí, menino!)
• Ponto Br (‘Na eira’)
• Quinteto Violado (’40 anos’)

MELHOR CANTOR
• Chico Teixeira (‘Mais que o viajante’)
• Herbert Lucena (‘Não me peçam jamais que eu dê de graça tudo aquilo que eu tenho pra vender’)
• Silvério Pessoa (‘Collectiu – Encontros Occitans’)

MELHOR CANTORA
• Kátya Teixeira (‘Feito de corda e cantiga’)
• Roberta Nistra (‘Roberta Nistra’)
• Socorro Lira (‘Lua bonita – Zé do Norte 100 anos’)


CATEGORIA SAMBA
MELHOR ÁLBUM
• ‘Em boas e mais companhias’, de Ivor Lancelotti, produtor Família Lancelotti
• ‘Fabiana Cozza’, de Fabiana Cozza, produtor Paulão 7 cordas
• ‘Nosso samba tá na rua’, de Beth Carvalho, produtor Rildo Hora

MELHOR GRUPO
• Casuarina (‘Trilhos – terra firme’)
• Fundo de quintal (‘Nossa verdade‘)
• Sururu na roda (‘Se você me ouvisse – 100 anos de Nelson Cavaquinho’)

MELHOR CANTOR
• Arlindo Cruz (‘Batuques e romances’)
• Douglas Germano (‘Orí’)
• Leandro Lehart (‘Ensaio de escola de samba’)

MELHOR CANTORA
• Aline Calixto (‘Flor morena’)
• Beth Carvalho (‘Nosso samba tá na rua’)
• Fabiana Cozza (‘Fabiana Cozza’)


FINALISTAS - ESPECIAIS
DVD
• Caetano e Maria Gadú / ‘Multishow ao vivo’, diretores Gualter Pupo e Fernando Young
• Chitãozinho & Xororó / ‘Sinfônico 40 anos’, diretor Cassio Amarante
• Djavan / ‘Ária ao vivo’, diretores Gabriela Gastal e Gabriela Figueiredo

ÁLBUM LINGUA ESTRANGEIRA
• ‘Goodnight Kiss’ / Delicatessen, produtores Beto Callage e Carlos Badia
• ‘Pure gold’ / Boss in drama, produtor Péricles Martins
• ‘Short stories’ / Babi Mendes, produtor Flávio Medeiros

ÁLBUM ERUDITO
• ‘Dvorak-Bruch / Osesp – Antonio Carlos Menezes, Cláudio Cruz e John Neschling
• ‘Liszt: Harmonies Du Soir / Nelson Freire
• Tchaikovsky – Sinfonia N° 5 – A Tempestade / Osesp – Fabio Mechetti e John Neschling

ÁLBUM INFANTIL
• ‘Crianceiras’ / Márcio de Camilo, produtor Márcio de Camilo
• ‘Embolada’/ Rita Rameh e Luiz Waack, produtores Luiz Waack e Rita Rameh
• ‘Par ou ímpar’/ Kleiton e Kledir, produtores Kleiton e Kledir

ÁLBUM PROJETO ESPECIAL
• ‘Liebe Paradiso’ / Celson Fonseca e Ronaldo Bastos, produtor Duda Mello
• ‘O samba carioca de Wilson Baptista’ / Vários artistas, produtor Rodrigo Alzuguir
• ‘Panorama do choro paulistano contemporâneo’ / Vários artistas, produtor Sérgio Mendonça

ÁLBUM ELETRÔNICO
• ‘Incoming jazz’ / Projeto CCOMA, produtor projeto CCOMA
• ‘Lá onde eu moro’ / João Hermeto, produtor João Hermeto
• ‘New perspective’ / Gustavo FK, produtor Gustavo FK


Fonte: diariodepernambuco.com.br

segunda-feira, 14 de maio de 2012

MARINÊS, 05 ANOS DE SAUDADES

No centenário do rei da baião, completa-se 05 anos de ausência da rainha do xaxado.



Dia 14 de maio, assim como 02 de agosto (dia da morte do inesquecível Luiz Gonzaga) e 10 de julho (data marcada pela morte de Jackson do Pandeiro), marcou o calendário cultural nordestino como uma das datas que gostaríamos de esquecer. Foi nesse dia, que faleceu no Real Hospital Português de Beneficência, a cantora Inês Caetano de Oliveira, a saudosa Marinês. A artista se recuperava de um Acidente Vascular Cerebral ocorrido em Caruaru, nove dias antes de seu falecimento.


Seu pai, filho de índios Ariús, era seresteiro e a mãe foi cantora de igreja. Aos 10 anos de idade começou a participar de programas de calouros, tendo chegado a competir num deles, com o também ainda menino Genival Lacerda. Foi casada com o sanfoneiro e produtor Abdias, com quem se casou aos 14 anos. Depois de premiada com um sabonete numa retreta de rua, espécie de concurso de calouros ao ar livre, no bairro da Liberdade, onde morava, resolveu inscrever-se num programa de calouros na rádio local e, para fugir da vigilância dos pais, acrescentou o Maria ao seu nome. Ao ser anunciada no concurso, o locutor acabou por chamá-la de Marinês, e ela, gostando, adotou o nome artístico.


Em 1949 formou com o marido Abdias o Casal da Alegria. Em seguida, o casal juntou-se ao zabumbeiro Cacau e formou um trio. Este trio, no começo dos anos 50, passou a atuar como a Patrulha de Choque do Rei do Baião, especializada em realizar apresentações nas praças das cidades onde Luiz Gonzaga iria tocar, interpretando músicas do seu repertório, anunciando sua chegada nas cidades do interior do Nordeste, num trabalho feito espontaneamente. Seu encontro com o Rei do Baião deu-se na cidade de Propriá, em Sergipe, apresentados pelo prefeito da cidade, Pedro Chaves. Na mesma noite do dia em que se conheceram, fizeram um show juntos. Com o apoio de Luiz Gonzaga, que lhe ensinou o xaxado, a carreira de Marinês ganhou impulso, sendo então batizada de "A Rainha do Xaxado". Gravou seu primeiro disco em 1956, lançado no ano seguinte pela Sinter, apresentando-se como Marinês e sua Gente. Gravou na ocasião, a quadrilha "Quadrilha é bom", de Zé Dantas e o xaxado "Quero ver xaxar", de João do Vale, Antonio Correia e Leopoldo Silveira Junior.

Em 1957, gravou dois grandes sucessos, os xotes "Peba na pimenta", de João do Vale, José Batista e Adelino Rivera e "Pisa na fulô", de João do Vale, Ernesto Pires e Silveira Jr., que foram posteriormente regravados por inúmeros artistas. No mesmo ano, lançou o xaxado "Xaxado da Paraíba", de Reinaldo Costa e Juvenal Lopes e o xote "O arraiá do Tibiri", de João do Vale e Silveira Jr. Ainda nessa época, a convite de Luiz Gonzaga, vão para o Rio de Janeiro, onde se apresentaram no programa "Caleidoscópio", na Rádio Tupi. Em 1958, gravou de Rosil Cavalcânti os baiões "Aquarela nordestina" e "Saudade de Campina Grande". Gravou ainda, de Gordurinha e Wilson de Morais, o baião "Perigo de morte". No mesmo ano participou do filme "Rico ri à toa", de Roberto Faria. Em 1959, gravou de Antônio Barros e Silveira Jr. o baião "Velho ditado" e o xote "Marieta". Em 1960, gravou da mesma dupla o baião "Mais um pau-de-arara" e o chótis "Balanço da saudade". No mesmo ano, transferiu-se para a RCA Victor, onde lançou, de Reinaldo Costa e Juvenal Lopes, o xote "Viúva nova" e, de Onildo Almeida, o xaxado "História de Lampeão". Gravou ainda, de Zé Dantas e Joaquim Lima, a polca "Chegou São João". No mesmo ano recebeu o troféu Euterpe no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, como a melhor cantora regional. Em 1961, gravou os cocos "Gírias do Norte", de Jacinto Silva e Onildo Almeida e "Cadê o Peba", de Zé Dantas. No mesmo ano, gravou a moda de roda "Marinheiro", de motivo popular com arranjos de Onildo Almeida e o coco de roda "No terreiro da Usina", de Zé Dantas. Gravou ainda o LP "Outra vez Marinês", que lhe rendeu um segundo troféu Euterpe, além de ter obtido o prêmio de melhor vendagem.

Em 1962, gravou, de Onildo Almeida, as modas de roda "Siriri, sirirá" e "Meu beija-flor". No mesmo ano, gravou de João do Vale e José Batista o xote "Xote de Pirira" e de João do Vale e Oscar Moss o coco "Gavião". Em 1963, gravou as modas de roda "Balanceio da usina", de Abdias Filho e João do Vale, e "Pisei no liro", de Juvenal Lopes. No mesmo ano, gravou, de João do Vale e B. de Aquino, o xote "Xote melubico" e o baião "Macaco véio". Em 1984 apresentou-se em diversos shows em teatros da periferia do Rio de Janeiro dentro do projeto Pixinguinha, além de fazer participações especiais em discos do conjunto The Fevers e de Zé Ramalho. Em 1986, lançou o LP "Marinês e sua Gente - Tô chegando", com a participação especial de Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jorge de Altinho. Com Luiz Gonzaga, interpretou "Tá virando emprego", de Luiz Gonzaga e João Silva, com Dominguinhos, "Agarradinho", de Michael Sullivan e Paulo Massadas, com Gilberto Gil, "Doida por uma folia", do próprio Gil e "Quatro cravos", de Jarbas Mariz e Cátia de França, e com Jorge de Altinho, "Jeito manhoso", de Nando Cordel. Em 1987, gravou pela RCA Victor o LP "Balaio de paixão", interpretando, entre outras, as composições "Tô doida pra provar do teu amor", de Nando Cordel, "Fulô da goiabeira", de Anastácia e Liane, "Novinho no leite", de Nando Cordel e "Feitiço", de Jorge de Altinho. Em 1988 estreou na Continental com o disco "Feito com amor", onde regravou sucessos dedicados à festas juninas. Recebeu discos de ouro com "A dama do Nordeste" e "Bate coração". Gravou diversas músicas consideradas apimentadas e que mexeram com a moral da época, como "Peba na pimenta" e "Pisa na fulô", de João do Vale, "Cadarço de sapato", "Xote da Pipira" e "Viúva nova", entre outras.




Devido a essas gravações, chegou a ter problemas com os meios católicos do país, tendo ocorrido casos de padres que durante as missas pediam aos fiéis para não comprarem seus discos, como foi o caso de "Peba na pimenta". Com a separação do marido e produtor Abdias, ficou alguns anos sem gravar; ainda sim, lançou cerca de 30 discos, entre 78 rpm, LPs e CDs. Dentre os seus LPs, estão "Nordeste valente", "Balaiando" e "Cantando pra valer". Em 1995, lançou o CD "Marinês cidadã do mundo". Ainda nos anos 1990, participou do disco de forró lançado por Raimundo Fagner. Em 1998, com produção da cantora Elba Ramalho, lançou pela BMG o CD "Marinês e sua Gente", contando com a participação de importantes nomes da Música Popular Brasileira contemporânea, quase todos do Nordeste. Uma das faixas de destaque é o dueto com Alceu Valença em "Pelas ruas que andei", do cantor e compositor pernambucano. No mesmo ano, a Copacabana/EMI lançou uma coletânea de seus sucessos remasterizados na série "Raízes Nordestinas". Foi a primeira mulher a formar um grupo de forró. Em 2000 teve CD lançado pela BMG dentro da série "Eu só quero um forró", no qual contou com as participações especiais de Gilberto Gil na música "Quatro cravos" e Alceu Valença em "Pelas ruas que andei".

Fonte: Cantoras do Brasil

LinkWithin