Na noite do domingo 15, a equipe coordenadora da comunidade Discografias, do site de relacionamentos Orkut, jogou a toalha, decretou o fechamento de suas portas virtuais e apagou por conta própria todo o conteúdo acumulado em quase quatro anos por 920 mil integrantes. O conteúdo era música, toneladas virtuais de música compartilhadas pelos participantes de modo gratuito. Ou era pirataria, ilegalidade, crime, de acordo com o argumento usado por corporações musicais que pressionavam a população da Discografias a parar de infringir direitos autorais de compositores, músicos, produtores, editoras e gravadoras. Um aviso ficou no lugar do maior fórum brasileiro de troca de música: “Informamos a todos os membros da comunidade Discografias e relacionadas que encerramos as atividades, devido às ameaças que estamos sofrendo da APCM e outros órgãos de defesa dos direitos autorais”. APCM é a sigla para Associação Antipirataria Cinema e Música, criada há um ano pelas indústrias fonográfica e cinematográfica, e dirigida por um ex-delegado. Em comunicado oficial, a APCM confirmou que havia meses acompanhava e solicitava a retirada de links. “Já estava claro que a comunidade se dedicava a disponibilizar músicas de forma ilegal, ignorando todos os canais legais de divulgação e uma cadeia produtiva de compositores, autores, cantores, produtores fonográficos, etc.” E acrescentou considerar um “avanço positivo” a exclusão da Discografias. O episódio é apenas a ponta visível de um fenômeno mundial de enormes proporções, que transformou a internet num admirável mundo novo para usuários, tanto quanto um inferno para os produtores da cultura antes vendida no formato de CDs e DVDs. Por baixo da pequena multidão reunida numa comunidade do Orkut, há proliferação vertiginosa de blogs e outros recursos de internet dedicados majoritariamente a ofertar download instantâneo e gratuito de discos, filmes e livros. Tudo está disponível ali para ser compartilhado em qualquer lugar do planeta, do recente filme Gomorra a Louco por Você, um disco cuja reedição é vetada há 48 anos por Roberto Carlos. No campo editorial, o Portal Detonando desenvolve o chamado Projeto Democratização da Leitura – Biblioteca Virtual Gratuita, de downloads de livros. “Compartilhar, nesses casos, é o equivalente a disponibilizar, que por sua vez é uma forma de distribuição. Conteúdo protegido por direito autoral só pode ser disponibilizado por seus titulares”, reage o diretor-executivo da APCM, Antonio Borges Filho. Mas, à diferença do que aconteceu na fase da pirataria física, hoje não é uma máfia ou o crime organizado que desrespeitam os cânones do direito autoral. Os blogueiros, a maioria deles anônima, são em geral colecionadores de discos, DVDs e livros que descobriram nos blogs a chave para participar do processo cultural, compartilhando seus acervos privados com o resto do mundo. Em grande medida, são cidadãos comuns (médicos, fotógrafos, técnicos de informática, estudantes), desacostumados aos holofotes da mídia e distantes, inclusive geograficamente, dos bastidores do mercado cultural. De cinco blogueiros ouvidos por CartaCapital, todos garantiram não ganhar nenhum centavo (ao contrário, dizem investir dinheiro na atividade). Portanto, não aceitam o termo “pirata” nem se consideram como tal. Cada blogueiro demonstra construir uma ética própria, e às vezes critica o que considera “errado” no comportamento do vizinho, mas não em seu próprio. “Acho estranho jogar na rede o trabalho de alguém que ficou dez anos sem gravar e agora fez um disco. É sacanagem”, afirma Mauro Caldas, de 44 anos, integrante de banda punk no Rio de Janeiro dos anos 80, que hoje trabalha em informática e é o único dos blogueiros entrevistados a abrir publicamente sua identidade. Ele usa o codinome Zeca Louro no Loronix, um dos mais atuantes e abrangentes blogs musicais do Brasil. Escrito em inglês, recebe em média 3,2 mil visitas por dia e já foi acessado em 191 países, segundo Caldas. “Loronix só publica o que é antigo, sem nenhuma possibilidade comercial. Essa distinção a indústria sabe fazer muito bem”, diz, para justificar o fato de nunca ter sido incomodado ou ameaçado. Ao contrário: “Gente da indústria vem até mim, pergunta se tenho determinado disco, pede a capa se vai relançar. Eu colaboro”. Outro blogueiro, autoapelidado Eterno Contestador e especializado em compartilhar CDs que ainda não chegaram às lojas, defende sua atitude. Diz que não distribui nada de maneira ilegal ou pirata, apenas copia links existentes na rede. E insinua que esses são vazados por integrantes da própria indústria, como jogada de marketing. O produtor musical Pena Schmidt, ex-executivo de gravadoras e atual diretor do Auditório Ibirapuera, tem argumento semelhante: “A indústria sempre deitou e rolou com o vazamento do novo disco do Roberto Carlos ou do Michael Jackson, sempre deu para poder vender. Na época do piano de rolo, Chiquinha Gonzaga e Zequinha de Abreu eram demonstradores de lojas, tocavam para chamar a atenção das pessoas. Gravadora tocava música de graça no rádio por quê? Para vender música”. A diferença é que antes os vazamentos podiam ser controlados e se dirigiam a uns poucos “formadores de opinião”. Hoje, basta uma cópia cair na rede e pronto, a obra é de todo mundo e não é mais de ninguém. O produtor Marco Mazzola, dono da gravadora MZA, defende a estratégia punitiva: “Medidas radicais devem ser tomadas, punindo, prendendo os que praticam. Você fica três meses dentro de um estúdio criando com o artista um CD, gasta em músicos, estúdios, capa, marketing, e antes de o produto estar no mercado já está na rede”. Schmidt discorda: “A lei não se encontra com a realidade digital. Por causa de 22 pessoas, 50 milhões se transformaram em criminosos? Não é mais fácil refazer a legislação?” Se as gravadoras se desesperam com a perda de valor do material plástico que as sustentava, nebulosa é a posição dos artistas e criadores. “A indústria alega a defesa do direito dos autores, mas não é verdade, é só discurso. É a defesa de um modelo de negócio. Não sabem fazer de outra maneira e querem que o resto do mundo todo pare”, diz Schmidt. “Autor não fala sobre o assunto, a não ser que seja diretor de sociedade arrecadadora, como Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Walter Franco.” CartaCapital procurou ouvir os três citados, entre outros, mas não obteve respostas. Uma possível razão para o silêncio é dada indiretamente pelos blogueiros. Diz um deles, identificado como Fulano Sicrano: “Meu blog adquiriu notoriedade entre artistas e produtores e, atualmente, uma parte do que é publicado é fornecida por eles próprios, à busca de divulgação”. Fulano é mantenedor do Um Que Tenha, que põe na rede novidades musicais, e, segundo ele, recebe 14 mil visitas diárias. “Embora deseje que seu trabalho tenha o máximo de divulgação possível, o artista teme a indisposição com a gravadora, por isso o sigilo”, afirma. O blogueiro diz receber também e-mails de gravadoras, produtores e artistas que solicitam a retirada de conteúdo. Afirma atendê-los prontamente. Seja repressor ou legitimador, o contato direto com músicos e outros fãs parece ser uma das recompensas pelas dez ou doze horas semanais dedicadas a blogar discos. “Pelo seu ângulo, pode até ser generosidade. Pelo meu, não. Eu me sinto tão bem publicando o UQT que isso passou a ser um ato de puro egoísmo.” Zeca Louro também cita a notoriedade adquirida no meio musical: “O máximo que me aconteceu foi um ou dois casos de alguém comercialmente ligado a um artista dizer ‘poxa, seria legal você não ter mais o disco aí’. Imediatamente tirei, mas num dos casos o próprio artista reclamou, pediu para contornar. Tem artista que reclama de não ter nada no blog, pergunta se tenho alguma coisa contra ele. Muitos são avessos à tecnologia, eu ajudo”. Nos bastidores, poucos admitem praticar pirataria virtual, mas há quem o propague aos quatro ventos, caso de Carlos Eduardo Miranda, produtor de grupos de rock e jurado dos programas de tevê Ídolos e Astros. “Sou fã dos blogs de música, muito mesmo. Sou usuário.” Em guerra retórica com a indústria, devolve aos acusadores as acusações de pirataria, roubo, crime: “Deveriam tomar vergonha na cara, porque estão vendendo a mesma música várias vezes, em vinil, depois em CD, depois em MP3. Já paguei, preciso pagar quantas vezes? Quando vão parar de me roubar? Se o artista se acha importante para a cultura, não pode fazer nada que impeça a circulação, senão ele é criminoso também”. E desafia: “Compro 40 CDs por mês, poucos compram tanto como eu. Sou um criminoso? Os caras estão brigando com quem os sustentou a vida inteira. Deviam contratar os blogueiros para serem executivos deles”. Miranda antevê soluções futuras para o conflito: “Ninguém mais vai precisar guardar nada, e você vai ter acesso a todas as músicas do mundo. Vai ligar o botão como se fosse rádio e escolher. Que se pague uma mensalidade, como paga água e luz, e o problema vai acabar”. A APCM confirma a pressão sobre os piratas, mas nega fazer “ameaças”. “Não estamos no campo da repressão, muito menos na área policial”, diz Borges Filho. “Fazemos a solicitação ao provedor, no caso o Google, para a retirada de conteúdo ou links.” “Não aceitamos pressão da indústria fonográfica”, diz Felix Ximenes, diretor de comunicação local do Google, dono do Orkut e do gerador de blogs Blogger. “Nosso compromisso é com o usuário, com quem buscamos compartilhar responsabilidades.” O Google baseia-se na política de receber denúncias, verificar e tirar do ar se for o caso. “Antes, só tínhamos apagado links que levavam a produtos de copyright. O fechamento da Discografias foi um ato do próprio coordenador, que a desarticulou sob protesto, pelas ameaças da APCM. O Orkut é mais visível, eles preferem ir onde há volume.” “Nunca recebi nenhum e-mail de censura, ameaças ou coisa parecida”, atesta Augusto TM, do Toque Musical, outro dos blogs recheados de raridades. “Isso se deve, acredito, à minha postura de não levar para o blog coisas que se encontram em catálogo nem fazer negócio, comércio ou propaganda.” No início do ano, o Toque Musical protagonizou comoção ao publicar a gravação caseira de uma sessão feita por João Gilberto em 1958, imediatamente antes da fama. A fita fora vendida para japoneses e já não era propriedade brasileira, como acontece com todo o relicário musical pertencente às multinacionais do disco. Caiu na rede mundial, e o Toque Musical, com média diária de mil visitantes, foi fechado por algumas semanas. Mas isso ocorreu, segundo o blogueiro, devido a seu próprio temor de alguma reação negativa do cantor. Até hoje João Gilberto não reclamou.
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terça-feira, 28 de abril de 2009
A INDIGNAÇÃO!
Durante esse mês de abril, um ano e pouco após dar início as atividades de propagação cultural, o MUSICARIA BRASIL recebeu seu primeiro, digamos, golpe. Como foi falado anteriormente o blog tinha por pretensão publicar toda a discografia do rei Roberto Carlos e algumas passagens interessantes de sua vida e sua carreira. Mas, ao ser extirpado esse direito me resta (como em outrora) publicar receitas culinárias e matérias para preencher os espaços vazios, mas preferir usar o espaço para publicar a notificação que me foi "concedida" por ter infrigido a lei. Pois é gente, sou um infrator... rsrsrs... além de retirarem os links dos discos disponibilizados, retiraram também a materia relacionada ao álbum. Por tal motivo, não foi disponibilizada a discografia completa. Ficaram de fora por exemplo, álbuns essenciais na discografia do rei, como os discos de 1971, 1972, 1976, 1977 entre outros. Fica aqui registrada então a minha indignação e o meu presente:
Blogger has been notified, according to the terms of the Digital Millennium Copyright Act (DMCA), that certain content in your blog infringes upon the copyrights of others. The URL(s) of the allegedly infringing post(s) may be found at the end of this message.
The notice that we received from the International Federation of the Phonographic Industry (IFPI) and the record companies it represents, with any personally identifying information removed, will be posted online by a service called Chilling Effects at http://www.chillingeffects.org/. We do this in accordance with the Digital Millennium Copyright Act (DMCA). Please note that it may take Chilling Effects up to several weeks to post the notice online at the link provided.
The IFPI is a trade association that represents over 1,400 major and independent record companies in the US and internationally who create, manufacture and distribute sound recordings (the "IFPI Represented Companies").
The DMCA is a United States copyright law that provides guidelines for online service provider liability in case of copyright infringement. We are in the process of removing from our servers the links that allegedly infringe upon the copyrights of others. If we did not do so, we would be subject to a claim of copyright infringement, regardless of its merits. See http://www.educause.edu/Browse/645?PARENT_ID=254 for more information about the DMCA, and see http://www.google.com/dmca.html for the process that Blogger requires in order to make a DMCA complaint.
Blogger can reinstate these posts upon receipt of a counter notification pursuant to sections 512(g)(2) and 3) of the DMCA. For more information about the requirements of a counter notification and a link to a sample counter notification, see http://www.google.com/dmca.html#counter.
Please note that repeated violations to our Terms of Service may result in further remedial action taken against your Blogger account. If you have legal questions about this notification, you should retain your own legal counsel. If you have any other questions about this notification, please let us know.
Sincerely,
The Blogger Team
Affected URLs:
Traduzindo a grosso modo:
Blogger foi notificado, de acordo com os termos do Digital Millennium Copyright Act (DMCA), que certos conteúdos no seu blog viola os direitos autorais de terceiros.
O URL (s) do supostamente infrator post (s) pode ser encontrada no final desta mensagem.
O anúncio de que recebeu da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) e as empresas discográficas que representa, com informações pessoalmente identificáveis retirados, serão postadas on-line por um serviço chamado a Chilling Effects http://www.chillingeffects.org /.
Fazemos isto em conformidade com o Digital Millennium Copyright Act (DMCA). Observe que pode demorar Chilling Effects até algumas semanas para colocar o anúncio on-line no link fornecido.
A IFPI é uma associação comercial que representa mais de 1.400 grandes empresas discográficas e independente, em que os E.U. e internacionalmente criar, fabricar e distribuir gravações sonoras (o "IFPI Representadas Companhias").
O DMCA é um direito autoral dos Estados Unidos que fornece diretrizes para a responsabilidade do fornecedor de serviços on-line em caso de violação de direitos autorais.
Estamos no processo de remoção de nossos servidores nos links que infringem os direitos autorais de terceiros. Se não fez isso, estaria sujeito a uma alegação de violação de direitos autorais, independentemente dos seus méritos.
Ver http://www.educause.edu/Browse/645?PARENT_ID=254 para obter mais informações sobre o DMCA e http://www.google.com/dmca.html para ver o processo que o Blogger exige para fazer uma reclamação de DMCA. O Blogger pode reintegrar estes lugares após o recebimento de uma contra-notificação conforme as seções 512 (g) (2) e 3) da DMCA.
Para obter mais informações sobre os requisitos de uma contranotificação e um link para um exemplo de contranotificação, consulte http://www.google.com/dmca.html # counter.
Observe que, repetidas violações aos nossos Termos de Serviço pode resultar em novas medidas tomadas contra a sua conta do Blogger. Se você tem dúvida de ordem legal sobre esta notificação, você deve contratar um advogado. Se você tiver quaisquer outras perguntas sobre esta notificação, entre em contato conosco.
Atenciosamente,
A Equipe do Blogger
segunda-feira, 27 de abril de 2009
SERÁ O REI UM INFRATOR CONTUMAZ?
Serão as músicas de Roberto Carlos uma prova documental de que ele é um infrator das leis de trânsito?
Será o rei Roberto um grande infrator da legislação de trânsito de nosso país? Do primeiro álbum aos mais recentes, o cantor destila uma série de comportamentos que os mais ranzinzas, além de classificar como condenáveis, diriam que são maus exemplos. Apontariam seus discos como provas documentais. Vamos a elas.
Logo em 1963, o rei estourava nas paradas de sucesso com "Parei na contramão", que diz:
"Vinha voando no meu carro quando vi pela frente
Na beira da calçada um broto displicente
Joguei o pisca-pisca a esquerda e entrei
A velocidade que eu vinha não sei
Pisei no freio obedecendo ao coração e parei
Parei na contramão..."
No ano seguinte, Roberto confessava, em "O calhambeque",que não só abusava da velocidade como era desleixado na manutenção de seu automóvel:
"Mandei meu Cadillac pro mecânico outro dia
Pois a muito tempo um concerto ele pedia
E como eu vu viver sem meu carango pra correr
Meu Cadillac... Quero consertar meu Cadillac..."
Pois Roberto parecia mesmo incorrigível. No disco seguinte a canção os "Os sete cabeludos" dizia:
"Vinha o meu carro em doida disparada
Com sete cabeludos pra topar qualquer parada
Foi quando de repente a cena eu avistei
E o freio do carango bruscamente eu pisei
Sem mesmo abrir as portas e sem botar as mãos
Pulamos todos os sete para entrar em ação
Brigamos muito tempo, rasgamos nossa roupa
Fugimos da polícia que já vinha feito louca..."
No disco seguinte, graças à "Candinha", o rei já teria atingido os 20 pontos e perdido a carteira de motorista:
"A Candinha vive a falar em tudo
Diz que eu sou louco, esquisito, cabeludo
E que eu não ligo para nada
Que eu dirijo em disparada"
Réu confesso no quesito ligação perigosa, o terrível Roberto mesmo afirma, em 1967:]
"Estou com a razão no que digo
Não tenho medo nem do perigo
Minha caranga é maquina quente
Eu sou terrível..."
No mesmo disco, o incorrigível que à época posou como "O inimitável" vinha com mais uma apologia à velocidade alta:
"Meu bem qualquer instante que eu fico sem te ver
Aumenta a saudade que eu sinto de você
Então eu corro demais, Sofro demais
Corro demais só prá te ver, meu bem!..."
Já nos anos 70, Roberto dedica o título de uma canção ("120, 150, 200 Km por hora") ao hábito de correr e escreve que, na opinião do jornalista e escritor Xico Sá, é o verso mais célebre de seu cancioneiro:
"O ponteiro agora marca 190
Por um momento tive a sensação
De ver você a meu lado
O banco está vazio
Estou só a 200 por hora
Vou parar de pensar em você
Pra prestar atenção na estrada..."
O código de trânsito brasileiro em vigor proíbe o motorista a dirigir sem o limpador de pára-brisa (como se isso tivesse de fazer parte de uma lei...). Ainda assim a canção "Todas as manhãs", de 1991. assinala no refrão:
"Chuva fina no meu para-brisa
Vento de saudade no meu peito
Visibilidade distorcida
Pela lágrima caída
Pela dor da solidão"
Ora, se a visibilidade está distorcida, pare o carro em um local seguro!Por fim, em um dos últimos espetáculos, entra em cdena o Cadillac que Roberto comprou de Emerson Fittipaldi. E o cantor não se emenda. Comete na música o "Cadillac" uma infração grave que pode render cinco pontos em sua carteira:
"Fui à casa da Dorinha,
Minha antiga namorada,
E como nos velhos tempos
Parei em cima da calçada
o meu Cadillac..."
Só resta o consolo de que todo infrator se dá mal no fim da história. Veja o que acontece no desfecho dessa mesma canção:
"Veio um cara lá de dentro
Perguntou a que eu vinha...
Echeio de intimidade perguntei pela Dorinha.
Meio sério ele me disse:
A Dorinha é minha agora
E é melhor você chamá-la dona Dora..."
ROBERTO CARLOS (1974)
Faixas:
01 - Despedida
02 - Quero Ver Você de Perto
03 - O Portão
04 - Ternura Antiga
05 - Você
06 - É Preciso Saber Viver
07 - Eu Quero Apenas
08 - Jogo de Damas
09 - Resumo
10 - A Deusa Da Minha Rua
11 - A Estação
12 - Eu Me Recordo (Yo Te Recuerdo)
ROBERTO CARLOS (1988)
Faixas:
01 -Se Diverte e Já Não Pensa Em Mim
02 - Todo Mundo É Alguém
03 - Se Você Disse Que Não Me Ama
04 - Como as Ondas Do Mar
05 - Se O Amor Se Vai (Si El Amor Se Va)
06 - Papo de Esquina
07 - Eu Sem Você
08 - O Que é Que Eu Faço
09 - Toda Vã Filosofia
10 - Volver
ROBERTO CARLOS (1984)
Faixas:
01 - Coração
02 - Eu e Ela
03 - Aleluia
04 - Lua Nova
05 - Cartas de Amor (Love Letters)
06 - Caminhoneiro (Gentle On My Mind)
07 - Eu Te Amo (And I Love Hair)
08 - Sabores
09 - As Mesmas Coisas
domingo, 26 de abril de 2009
A ACUSAÇÃO DE PLÁGIO
Foi de um radinho de pilha ligado no interior do Rio de Janeiro em 1987 que saiu o maior dos pesadelos de Roberto Carlos. A tia do advogado Sebastião Braga, um músico nas horas vagas, ouviu na voz do rei uma canção idêntica a uma composição de autoria do seu sobrinho. Avisado pela zelosa tia, e sem acreditar em coincidências, Sebastião Braga levou o caso aos tribunais e provou: 'O Careta', registrado em nome da dupla Roberto e Erasmo Carlos, é um plágio de 'Loucuras de Amor', música composta por Sebastião Braga em 1985.
O início da peleja na Justiça foi em 1990. Com base na lei do Direito Autoral (Lei 5.988/73), o advogado carioca pediu o reconhecimento do plágio, a publicação em jornal de grande circulação de notícia reconhecendo sua a autoria, a inserção de seu nome nas gravações ainda não distribuídas, além de indenização por danos moral e material. De recurso em recurso, o caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça, STJ, em Brasília, onde os ministros bateram o martelo em favor do advogado e músico diletante. Concluíram haver identidade entre as duas canções nos dez primeiros compassos.
Comprovado o plágio, Roberto Carlos, que já perdeu quase 15 recursos, não tem mais o que fazer. Aguarda apenas a definição da 29ª Vara Cível do Rio de Janeiro, onde o processo encontra-se em fase de liquidação e execução. O prejuízo também seria do tremendão Erasmo Carlos, mas, comenta-se nos bastidores do mundo musical que Roberto Carlos vai assumir toda a dívida. Pelos cálculos de Sebastião Braga a indenização a que ele terá direito gira em torno de R$ 5 milhões. Nada mal para alguém que, em 15 anos de briga na Justiça, diz haver gasto quase R$ 500 mil só para provar que o Rei Roberto o plagiou. Um investimento em tanto mesmo levando-se em conta que Sebastião Braga é filho de família de classe média alta de Niterói, sócio-proprietário de uma empresa produtora de jingles publicitários e tem rendimento mensal médio de R$ 8 mil.
Em todos estes anos de disputa, o cantor e compositor Roberto Carlos jamais se pronunciou sobre o assunto publicamente. Quem fala por ele é seu advogado, Marco Antonio Campos que vê em acusações como a de Sebastião Braga uma espécie de indústria de indenizações da qual é vítima todo ídolo de respeito. "É comum vermos pessoas querendo se projetar acusando um ídolo", lembra Campos. "Mas garanto que, fora este caso, nunca houve outra decisão da Justiça contrária a Roberto Carlos", acrescenta.
Não satisfeito em levar o rei à lona, o advogado Sebastião Braga planeja publicar um livro sobre a disputa logo que a Justiça estabeleça o valor da indenização que lhe será paga. Com o título "O Rei do Plágio - Detalhes e Emoções na Queda de um Mito" ele pretende narrar cada etapa da briga. Inclui-se aí um encontro nada amistoso que teve com o ídolo há três anos, que, segundo o carioca, foi feito a pedido do cantor. "Ele me chamou para oferecer dinheiro, disse que daria R$ 300 mil se eu não levasse o caso adiante", garante Sebastião Braga.
Convencido de que não é a única vítima, o advogado e músico diletante incluirá no livro relatos de outras pessoas que afirmam ter tido problema igual ao seu. Entre elas, a servidora pública aposentada Erli Cabral Ribeiro Antunes, de 56 anos. A aposentada reivindica para si a autoria da canção "Traumas" que virou hit na voz do ídolo. Erli sustenta ter entregue a partitura da música com o título "Aquele Amor tão Grande" ao cantor em fevereiro de 1971, durante um show que o artista fez na cidade de Paraíba do Sul, em São Paulo. Sem grandes esperanças, teria anotado seu telefone e endereço no verso do papel para o cantor procurá-la se gostasse do material. Quatro meses depois, a surpresa. "Roberto Carlos lançou minha música como se fosse dele", afirma. A aposentada chegou a entrar com processo contra o cantor na 15 Vara Cível do Rio de Janeiro, mas desistiu por não ter o mesmo lastro financeiro do advogado Sebastião Braga. "Procurei vários especialistas e eles foram unânimes em dizer que o caso era de plágio mesmo. Só que não tenho de onde tirar dinheiro para seguir lutando na Justiça", lamenta a aposentada.
ROBERTO CARLOS (1987)
Faixas:
01 - Tô Chutando Lata
02 - Menina
03 - Águia Dourada
04 - Coisas Do Coração
05 - Canção Do Sonho Bom
06 - O Careta*
07 - Antigamente Era Assim
08 - Ingênuo e Sonhador
09 - Aventuras
10 - Todo Mundo Está Falando (Everybody’s Talking)
* A canção foi retirada da discografia depois que ela se tornou objeto de um processo de plágio movido por Sebastião Braga, que alegou que sua melodia era semelhante à da canção Loucuras de amor, de sua autoria. Após anos de processo, houve um acordo entre ambas as partes, e Roberto Carlos aceitou pagar a quantia de R$ 3.800.172,24 a Sebastião, além de em novas edições do disco, aparecer o crédito dele na co-autoria. Na caixa Pra sempre - Anos 80 esta canção foi suprimida do disco de 1987. Sebastião Braga faleceu em 2005.
ROBERTO CARLOS - PRA SEMPRE (2002)
Faixas:
01 - Pra Sempre
02 - Todo Mundo Me Pergunta
03 - Acróstico
04 - Com Você
05 - O Encontro
06 - Como Eu Te Amo
07 - O Cadillac
08 - Seres Humanos
09 - História de Amor
10 - Eu Vou Sempre Amar Você
ROBERTO CARLOS E DJAVAN
No seu álbum de 1980, Roberto Carlos gravou um compositor que pouco tempo depois se tornaria uma estrela da MPB: Djavan, que até aquele momento era um nome mais conhecido entre os músicos e cantores do que do grande público.
Quem primeiro chamou a atenção de Roberto Carlos para o trabalho de Djavan foi a cantora Myrian Perachi, back vocal de sua banda. "Roberto, você precisa ouvir um compositor alagoano chamado Djavan, ele é muito musical, tem umas baladas lindas e acho que você vai gostar." De fato, Roberto Carlos procurou ouvir algumas faixas do álbum Alumbramento e ficou muitíssimo bem impressionado com Djavan. Tanto que logo depois o próprio Roberto Carlos ligou para Djavan pedindo uma composição inédita dele para gravar. "Imagina o que é você estar em casa e receber um telefonema de Roberto Carlos? Vai achar que é trote. Eu ouvi aquela voz inconfundível, mas mesmo assim achei que era alguém imitando", lembra Djavan. Mas, com o avançar do papo, ele se convenceu de que aquele era Roberto Carlos de verdade e prometeu que ia atender ao pedido dele.
Entretanto, a composição quase não chegou às mãos de Roberto Carlos porque nesse meio tempo Djavan teve um sério imprevisto. Numa manhã de junho de 1980, ele saiu com Tadeu Fernandes, divulgador da Odeon, e negro como ele, para fazer um trabalho de divulgação no centro de São Paulo. No intervalo, na hora do almoço, foram a uma loja de instrumentos musicais, na rua Direita, porque Djavan queria ver o preço de um piano. Nessa época, a Polícia Militar de São Paulo botou nas ruas a chamada "operação limpeza", que mais uma vez atingia preferencialmente pobres e negros. Pois, assim que os dois entraram na loja, foram abordados por um grupo de policiais, que exigiram: "Mostre seus documentos". Antes mesmo que tivessem tempo de abrir suas carteiras, eles foram agarrados e levados para fora da loja, ficando
próximos de uma parede ao lado. Muitas pessoas se aglomeraram em volta, pois era grande o movimento na rua. Djavan apresentou sua lista de documentos: identidade, CPF, título de eleitor, certificado de reservista, ISS e até uma caderneta de poupança. Os policiais pediram-lhe então a carteira de trabalho, e Djavan mostrou a sua carteira da Ordem dos Músicos. "Isto aí não serve
pra nada", retrucou um policial. Djavan tentou explicar que era músico profissional, mas eles não aceitaram isso e disseram que ele ia cantar no xadrez. E começaram a implicar com o cabelo do artista, que já usava aquele modelo de trancinhas. Isto incomodou muito os policiais, que davam tapas na cabeça dele e diziam "E esse cabelo aí de maluco...". Era um grupo de dez policiais, todos brancos, e um deles agrediu muito Djavan. "Ele implicou bastante com meu cabelo, me chamava de viado e não sei mais o quê. Ele me falou tanta coisa horrorosa. Aquele rapaz não gostou de mim. Eu fiquei pasmo ali olhando pra ele. "Gente, pra que tudo isso?" E ele me xingava, me xingava, me xingava. Teve um momento que ele quis me bater. Chegou pra mim, e me xingou com o nariz dele quase tocando no meu pra ver se eu dizia alguma coisa. E eu
fiquei ali simplesmente olhando para ele." Em seguida eles agarraram Djavan e Tadeu pelo colarinho da camisa e os levaram da rua Direita até a praça da Sé, onde estava parado um camburão enorme, cheio de soldados. "Eu fui carregado sem tocar no chão, porque eles me suspenderam mesmo. Foi uma coisa constrangedora, com todo mundo olhando", lembra Djavan. Chegando lá, eles foram encostados na grade do camburão, enquanto um dos policiais pegava a bolsa que Djavan usava a tiracolo e jogava tudo que tinha dentro no chão.
E entre objetos e documentos pessoais do artista, caiu no chão um peso cubano e fotografias de Che Guevara e Fidel Castro, que ele tinha trazido de recente viagem a Cuba. "Aí complicou tudo. Até eu explicar que 29 não é 30 foi horrível. E eles acabaram me levando preso no camburão."
Depois Djavan teve de arranjar advogado e testemunhas para provar à polícia paulista que ele não era nada daquilo que eles estavam pensando. E isto tudo lhe trouxe muitas dores de cabeça, perda de tempo, e a canção que ele fazia para Roberto Carlos demorou a ficar pronta.
Roberto Carlos já estava prestes a embarcar no avião que o levaria aos Estados Unidos para gravar seu novo álbum quando recebeu uma fita cassete enviada por Djavan. O cantor viajou com o repertório do disco praticamente fechado, mas, ao chegar ao hotel em Nova York, não deixou de ouvir aquela fita. E se encantou com a canção que Djavan fez para ele gravar: A ilha. Ficou incomodado apenas com um dos versos, que dizia: "Um cheiro de amor empestado no ar a me entorpecer". Roberto Carlos jamais canta a palavra "empestado" porque remete a peste. Então telefonou para Djavan e pediu para trocar aquela palavra por "espalhado", resolvendo o problema.
Roberto Carlos (1979)
Faixas:01 – Na Paz Do Seu Sorriso
02 – Abandono
03 – O Ano Passado
04 – Esta Tarde Vi Llover
05 – Me Conte A Sua História
06 – Desabafo
07 – Voltei Ao Passado
08 – Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo
09 – Costumes
10 – Às Vezes Penso
Roberto Carlos (1980)
Faixas:01 – A Guerra Dos Meninos
02 – O Gosto de Tudo
03 – A Ilha
04 – Eu Me Vi Tão Só
05 – Passatempo
06 – Não Se Afaste de Mim
07 – Procura-se
08 – Amante à Moda Antiga
09 – Tentativa
10 – Confissão
sexta-feira, 24 de abril de 2009
CURIOSODADES DA MPB
No Brasil, Roberto Carlos remoía-se de tristeza e saudade da namorada. No tempo em que Magda esteve fora, o casal se comunicava por telefone, cartas e fitas de rolo, que iam e voltavam pelo correio. Nas fitas, além de gravar mensagens para a namorada, Roberto Carlos mostrava novas canções que estava compondo – algumas dedicadas especialmente a ela. Foi assim em maio de 1965, quando Magda recebeu uma fita em que Roberto Carlos mostrava uma música composta naqueles dias de saudade e de alegria por saber que os três meses de ausência da namorada estavam acabando. E o título da nova canção era exata-mente A volta: "Estou guardando o que há de bom em mim/ para lhe dar quando você chegar/ toda a ternura e todo o meu amor/ estou guardando pra lhe dar...". E um lindo tema para saudar o reencontro de um casal apaixonado, como destaca o autor na segunda parte da letra: "Grande demais foi sempre o nosso amor/ mas o destino quis nos separar/ e agora que está perto o dia de você chegar/ o que há de bom vou lhe entregar...". Mas Magda não voltou no prazo prometido, o que deixou Roberto Carlos muito triste e chateado. Tão chateado que ele nem quis gravar A volta.
Roberto Carlos (1973)
Faixas:
01 - A cigana (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
02 - Atitudes (Getúlio Cortes)
03 - Proposta (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
04 - Amigos, amigos (Isolda - Milton Carlos)
05 - O moço velho (Silvio César)
06 - Palavras(Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
07 - El día que me quieras (Carlos Gardel - Alfredo Le Pera)
08 - Não adianta nada(Fred Jorge)
09 - O homem (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
10 - Rotina (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
Roberto Carlos (1992)
Faixas:
01 - Você é Minha
02 - Mulher pequena
03 - De coração
04 - Você Como Vai? (E Tu Como Stai?)
05 - Dito e Feito
06 - Herói calado
07 - Eu preciso desse amor
08 - Você Mexeu Com a Minha Vida
09 - Dizem Que Um Homem Não Deve Chorar
10 - Una En Un Millón
Roberto Carlos (1989)
Faixas:
01 - Amazônia
02 - Tolo
03 - O Tempo e o Vento
04 - Se Você Me Esqueceu (Si Me Vas a Olvidar)
05 - Pássaro Ferido
06 - Nem Às Paredes Confesso
07 - Só Você Não Sabe
08 - Sonrie (Smile)
09 - Se Você Pretende
O MEU AMIGO ERASMO CARLOS
No início de 1958, Erasmo Esteves e Roberto Carlos estavam na flor da idade. Ambos tinham 17 anos. A carreira de Roberto, o “Elvis Presley brasileiro”, começava a decolar. Erasmo adorava assistir, toda terça-feira, às 12h45m, aos shows de Roberto Carlos no Clube do Rock, um quadro do programa Meio-dia, da TV Tupi. Os dois se conheciam de vista desde o fim de 1957, quando Roberto passou a freqüentar o Bar Divino, na esquina das Ruas do Matoso e Haddock Lobo, na Tijuca. Mas não chegaram a se falar. O destino quis que a amizade da dupla nascesse no pomposo ano de 1958.
Logo no início do ano, Erasmo Esteves (que só adotou o “Carlos” como nome artístico no início dos anos 1960) foi estudar datilografia no Colégio Ultra, na Tijuca, por insistência da mãe, dona Maria Diva Esteves. Nos corredores, esbarrou algumas vezes com Roberto Carlos, que cursava o supletivo. Até então, os dois não haviam sido apresentados formalmente. O cumprimento começava e terminava num breve e educado “oi”. Mas já era alguma coisa, principalmente para Erasmo.
Em abril de 1958, o cantor norte-americano Bill Halley veio fazer duas apresentações no Brasil: uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Carlos Imperial, produtor do Clube do Rock, ficou com a missão de organizar a abertura do show carioca, que seria no Maracanãzinho, inaugurado quatro anos antes. Era a chance que os cantores e dançarinos do programa, entre eles Roberto Carlos, esperavam há tanto tempo. Imaginando que empresários norte-americanos iriam ao show, Roberto se preparou com antecedência. E decidiu inovar. Sabendo que teria a oportunidade de cantar apenas uma música, optou por uma canção nova do repertório de Elvis Presley. Em vez de Tutti-frutti ou Jailhouse rock, a aposta era Hound dog. Mas o nosso Elvis não tinha a letra da música. Foi quando os amigos Arlênio Lívio e Édson Trindade decidiram levá-lo à casa de Erasmo, um rapaz da Tijuca que sabia tudo de Elvis Presley.
- Erasmo logo abriu um caderno e pegou a letra da música, mostrando que de fato colecionava tudo sobre o rei do rock. Ele tinha um violão de cravelha de madeira, presente de sua avó, que até então nunca tinha dedilhado. Roberto pegou o violão, afinou o instrumento e começou ali mesmo a ensaiar a música. Erasmo ficou maravilhado, conta o jornalista e escrito Paulo César de Araújo, autor do livro Roberto Carlos em detalhes.
Já no fim do encontro, com a letra de Hound dog finalmente em mãos, Roberto convidou Erasmo a “dar uma passada” na TV Tupi. O convite foi imediatamente aceito. “Ele mandou aparecer, aí eu comecei a aparecer, né? E fui conhecendo a rapaziada toda”, conta Erasmo em seu site oficial.
Para Paulo César de Araújo, o encontro com Roberto naquela tarde foi decisivo para a carreira de Erasmo, que, na época, não sabia cantar nem tocar violão.
- Erasmo era apenas mais um garoto sem pai, sem estudo, sem profissão, enfim, sem maiores perspectivas na vida. Foi Roberto quem o colocou naquele mundo que ele acompanhava à distância. O próprio Erasmo disse certa vez: “Roberto foi o elo entre a minha vida de incertezas e a minha vida concreta”, lembra o jornalista.
Erasmo começou no Clube do Rock fazendo bicos. Comprava sanduíches para os integrantes da produção e, mais tarde, virou contra-regra. Pouco depois conseguiu o que queria: apresentar-se como cantor de rock, através do grupo Snakes. Erasmo formou a banda com os remanescentes dos Sputniks, que pararam de tocar depois de uma briga entre dois integrantes: Roberto Carlos e Tim Maia.
As afinidades entre Roberto e Erasmo eram muitas. Os dois adoravam James Dean, Marlon Brando e Marilyn Monroe, torciam pelo mesmo time, o Vasco da Gama, gostavam das mesmas revistas em quadrinhos, dos mesmos carros e tiveram Bob Nelson como o primeiro ídolo da infância. Mas, ao contrário de outras duplas consagradas da música, como Tom Jobim & Vinícius de Moraes, e John Lennon & Paul McCartney, a parceria musical entre Roberto e Erasmo demorou a acontecer. A primeira composição da dupla foi feita em 1963: Parei na contramão.
Isto aconteceu porque, diferentemente de Roberto Carlos, na época um cantor quase profissional, Erasmo era apenas um ouvinte de música. Perto dele, Roberto até poderia se considerar um veterano da música. Nesse sentido posso dizer que Erasmo correu atrás de Roberto Carlos, afirma Paulo César de Araújo.
Quando a bola rolou na Copa da Suécia, em junho, a amizade entre Roberto e Erasmo não parava de crescer. Os dois, assim como os demais brasileiros, acompanharam a transmissão dos jogos pelo rádio. “Só não vibraram mais porque nem Pelé nem Garrincha jogavam no time deles”, brinca o jornalista, que conta, ainda, como os dois reagiram ao surgimento da bossa nova, no início de agosto.
- Se aquela gravação de Chega de saudade, de João Gilberto, soa moderna até hoje, imagine para um garoto que morava em Lins de Vasconcelos, no final dos anos 50. Erasmo também teve a sensibilidade musical aguçada para perceber a grandeza da arte de João Gilberto, diz.
Segundo Paulo César, as dezenas de sucessos da dupla, como As curvas da estrada de Santos, Detalhes e Café da manhã, mostram que Roberto e Erasmo formam a mais duradoura e bem-sucedida parceria da música brasileira. “Nenhuma outra dupla durou tanto tempo e produziu tantos sucessos populares”, afirma.
ROBERTO CARLOS - AMOR SEM LIMITES (2000)
Faixas:
01 - O Grande Amor Da Minha Vida
02 - Amor Sem Limite
03 - O Grude (Um Do Outro)
04 - O Amor É Mais
05 - Eu Te Amo Tanto
06 - Tudo
07 - Tu És a Verdade, Jesus
08 - Mulher Pequena
09 - Quando Digo Que Te Amo
10 - Momentos Tão Bonitos
ROBERTO CARLOS (1978)
Faixas:
01 - Fé
02 - A Primeira Vez
03 - Mais Uma Vez
04 - Lady Laura
05 - Vivendo Por Viver
06 - Música Suave
07 - Café Da Manhã
08 - Tente Esquecer
09 - Força Estranha
10 - Por Fin Mañana
11 - Todos Os Meus Rumos
Roberto Carlos (2005)
Faixas:
01 - Promessa
02 - A Volta
03 - O Amor é Mais
04 - Arrasta uma Cadeira
05 - O Baile da Fazenda
06 - Coração Sertanejo
07 - Índia
08 - Meu Pequeno Cachoeiro
09 - Loving You
ROBERTO CARLOS (1998)
Faixas:
01 - Meu Menino Jesus
02 - O Baile Da Fazenda
03 - Eu Te Amo Tanto
04 - Vê Se Volta Pra Mim
05 - De Tanto Amor
06 -Debaixo dos Caracóis de Seus Cabelos
07 - Nossa Canção
08 - Amada, Amante
09 - Falando Sério
10 - Outra Vez
CURIOSIDADES DA MPB
Um dos maiores sucessos da carreira do Roberto Carlos é sem dúvida alguma a canção detalhes. Leia como ela surgiu:
Era uma noite de março de 1971 e o cantor estava em sua casa, no Morumbi, em São Paulo. De repente, teve a inspiração, pegou o violão e fez um primeiro verso para uma melodia.
Insistiu um pouco mais e fez um segundo. Tentou fazer o terceiro verso e não conseguiu. Mais tarde, registrou o que tinha feito num gravador e foi dormir certo de que estava criando uma boa canção. Mas no dia seguinte ele se surpreendeu ao ouvir a fita, pois considerou aqueles versos muito ruins. Na hora, Roberto Carlos pensou: "Caramba, isso aqui não tá com nada. Será que eu bebi ontem?". O cantor passou então a refazer tudo naquela nova composição. E recriou os primeiros versos, agora em
definitivo: "Não adianta nem tentar me esquecer/ durante muito tempo em sua vida eu vou viver...".
Mais tarde ligou para Erasmo, que já estava morando novamente no Rio. "Meu irmão, vem pra cá que pintou uma música que acho que a gente não pode deixar pra depois." Há canções que Roberto Carlos sente que não pode deixar para depois nem compor com o parceiro pelo telefone. Erasmo sabe disso e atendeu imediatamente o chamado do amigo. Era uma tarde de muita chuva em São Paulo, mas os dois trabalharam animadamente, verso a verso, nota a nota. Roberto Carlos sentado na sua cadeira favorita e Erasmo no chão, anotando numa folha os versos que faziam. Quando terminaram a nova canção, Roberto Carlos foi correndo mostrar para Nice, que adorou.
Os autores estavam também certos de terem composto uma grande canção, mas um pequeno detalhe incomodava Roberto Carlos: a palavra "ronco", daquela frase "o ronco barulhento do seu carro".
Roberto Carlos (1983)
Faixas:
01 - O Amor é a Moda
02 - Recordações e Mais Nada
03 - Estou Aqui
04 - Preciso de Você
05 - Me Disse Adeus
06 - Você Não Sabe
07 - O Côncavo e o Convexo
08 - No Mesmo Verão
09 - Perdoa
10 - A Partir Desse Instante
Roberto Carlos (1990)
Faixas:
01 - Super Herói
02 - Meu Ciúme
03 - Por Ela (Por Ella)
04 - Pobre de Quem Me Tiver Depois de Você
05 - Cenário
06 - Quero Paz
07 - Um Mais Um
08 - Porque a Gente se Ama
09 - Como as Ondas Voltam Para o Mar
10 - Mujer
quarta-feira, 22 de abril de 2009
EMOÇÕES EM ALTO MAR...
Em sua turnê marítima, o Rei manda para o inferno as superstições e leva ao delírio as fãs, que são mais da metade dos pagantes do caro show.
Como diria o próprio Roberto Carlos, “bicho, é inacreditável!” O Rei está praticamente curado do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), nome científico para o excesso de superstições que constroem sua lenda pessoal. As provas vêm de sua última turnê no transatlântico Costa Fortuna, onde o cantor se apresentou entre 10 e 14. A primeira e mais chocante: ele fez show em pleno dia 13. Basta lembrar que placas de carro já foram adulteradas em cima da hora apenas porque tinham o número três, o que, para Roberto Carlos, já era suficiente sinal de infortúnio. “O 3 virou um 8 em cirurgia de emergência apenas para que ele não visse a placa quando passasse”, lembra seu empresário Dody Sirena. Seguindo as pistas da cura, as apresentações no navio foram num teatro marrom, cor relacionada ao azar e da qual o Rei se divorciou há anos. Novos sintomas: ele voltou a cantar uma música que estava banida de seu repertório, Negro gato, e liberou o dançarino Carlinhos de Jesus para requebrar ao som de outra absolutamente excomungada por ele, Que tudo o mais vá para o inferno. E, para coroar a nova fase, todo o projeto, chamado Emoções em alto-mar, foi realizado em fase de uma bela, belíssima lua, porém minguante.
EMOÇÕES
Gely Simões, mãe de Maria Rita, a eterna sogra
“Tô bem melhor viu, bicho?”, disse o Rei, referindo-se ao TOC, na entrevista coletiva no navio. Parece que nem se deu conta que está ótimo. E, ao contrário do que se poderia supor, os bons fluidos o cercam. Daqui pra frente, tudo vai ser diferente: este ano, Roberto Carlos quebra o jejum de quase cinco anos e faz shows no Rio de Janeiro, em junho. O CD de inéditas, tantas vezes anunciado, agora sai mesmo. O cantor já está compondo e entrará em estúdio em junho. Com vigor, volta a atacar o mercado internacional. Vai fazer um show em Miami e, paralelamente, lançar um DVD em espanhol. “Roberto é um gigante adormecido para o mercado latino”, disse um empresário americano para Sirena. Por fim, choca os interlocutores ao afirmar: “Quero ir a um baile funk numa favela do Rio.”
O resto continua igual: ele recebe cerca de 50 propostas para fazer shows corporativos, por ano, e faz apenas quatro. Seu cachê é de R$ 700 mil. Chovem convites para patrocínio e ele só aceita os de marcas que realmente consuma. Recusou ser bancado pela Ryder apenas porque não usa as famosas sandálias. Aceitou o da Nestlé porque é um “produto família” presente em sua cozinha. O Rei também se mantém firme na disposição de impedir a venda da biografia Roberto Carlos em detalhes, de Paulo César de Araújo. “Minha vida pública, tudo bem, podem escrever 500 livros. Mas minha vida particular só eu posso contar”, afirmou.
Com ou sem superstições, ele continua declarando seu amor eterno à mulher Maria Rita, falecida há sete anos. Mas exercita seu lado sedutor. Na entrevista coletiva, disse para uma repórter, com sua consagrada voz de cama: “Repete, amor, por favor. Não ouvi direito.” As mulheres o assediam escancaradamente. Elas representam, aliás, 65% dos mais de três mil passageiros que pagaram cerca de US$ 3 mil – por cabeça – e lotaram o luxuoso navio. No fim do show, o cantor, vestido de marinheiro, distribui rosas para a platéia. A senha para o faniquito feminino é a música Jesus Cristo, a última: quando ele começa a cantá-la, dezenas de mulheres saem ajoelhadas pelos corredores, em direção ao palco e no encalço de uma flor.
Roberto Carlos não costuma sair de sua cabine, exceto para ir ao cassino do transatlântico, eventualmente. Entre os seus convidados a bordo estavam o motorista, o jardineiro, a empregada doméstica, dois padres, a mãe, Lady Laura, dois filhos, Ana Paula e Dudu, além dos pais de Maria Rita. “Não é para eu amar esse homem?”, disse Gely Simões, a mãe de Maria Rita, sempre emocionada com as homenagens que o Rei faz à sua filha. Navio afora, os fãs têm histórias curiosas para contar. A maioria é oriunda da classe A, mas alguns fizeram grandes esforços para conseguir o dinheiro e participar do cruzeiro. Uma senhora vendeu a geladeira e fez um empréstimo para pagar em dez vezes. Já o empresário paulistano Sérgio DeNadai comprou o que classifica de “tesouro” e levou para a viagem: um álbum com fotos originais de Roberto Carlos desde a década de 60, com flagrantes do cantor de bigode e sem camisa. “Comprei de uma senhora que precisava de dinheiro para uma cirurgia por R$ 3 mil. Pretendo devolvê-lo a ela autografado”, disse. Cada qual a seu jeito, todos vivem momentos de – com a licença do leitor – muitas emoções...
Roberto Carlos (1982)
Faixas:
01 - Amiga
02 - Coisas Que Não Se Esquece
03 - Fim de Semana
04 - Pensamentos
05 - Quantos Momentos Bonitos
06 - Meus Amores Da Televisão
07 - Fera Ferida
08 - Como é Possível
09 - Recordações
10 - Como Foi
Roberto Carlos - Duetos (2006)
Faixas:
01 - Pout pourri (com Erasmo Carlos)
02 - Ternura (com Wanderléia)
03 - Ligia (com Tom Jobim)
04 - Coração de Estudante (com Milton Nascimento)
05 - Sua Estupidez (com Gal Costa)
06 - Mucuripe (com Fagner)
07 - Amazônia (com Chitãozinho & Xororó)
08 - Desabafo (com Ângela Maria)
09 - Se Você Quer (com Fafá de Belém)
10 - Rei do Gado (com Almir Sater e Sérgio Reis)
11 - Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim (com Ivete Sangalo)
12 - Alegria, Alegria (com Caetano Veloso)
13 - Além do Horizonte (com Jota Quest)
14 - Jovens Tardes de Domingo (com Erasmo Carlos)
ROBERTO CARLOS E O TOC
Pouca gente sabe,mas pessoas metódicas, que fazem questão de repetir os hábitos cotidianos sempre do mesmo jeitinho, podem está doente.Gestos tidos como superstição, como fazer questão de sair pela mesma porta por onde entrou, vestir sempre a mesma cor de roupa e verificar diversas vezes se trancou a porta , opdem ser sintomas de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). O rei Roberto Carlos admitiu em um determinado momento que sofria desse mal.
O TOC é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos. Estes pensamentos são idéias persistentes, impulsos ou imagens que ocorrem de forma invasiva na mente da pessoa, gerando muita ansiedade e angústia.
A pessoa portadora de TOC tenta ignorá-los ou eliminá-los através de ações que são intencionais e repetitivas. Geralmente reconhece que seu comportamento é excessivo ou que não há muita razão para fazê-lo.
As obsessões ou compulsões acarretam grande estresse, consomem tempo (mais de uma hora por dia) ou interferem bastante na rotina normal, no trabalho ou nas atividades sociais e relacionamentos interpessoais.
Aproximadamente 2%, ou seja, 3 millhões de brasileiros podem apresentar os sintomas do TOC durante um ano.
O TOC inicia-se em geral na adolescência e não há diferença entre os sexos.
O custo estimado da doença nos EUA em 1990 foi de 8,4 bilhões de dólares, se somados prejuízos sociais e econômicos.
O TOC é um problema de ansiedade caracterizado pela presença de dois componentes principais:
01 - Obsessões
Obsessões são pensamentos, imagens ou impulsos repetidos e indesejados que causam ansiedade e/ou desconforto.
Exemplos: preocupações com contaminação,dúvidas obsessivas
pensamentos de morte ou ou dano à saúde em relação a si mesmo ou aos outros
medo de não controlar o impulso e ferir ou agredir alguém física ou verbalmente
preocupações com blasfêmias e/ou insultos
02 - Compulsões
Compulsões e rituais são comportamentos repetitivos, feitos sempre da mesma forma, e são executados para aliviar a ansiedade.
Exemplos:
rituais de lavagem
rituais de checagem
rituais de repetição
evitar contato com pessoas ou animais ou situações
rituais de contagem
rituais de simetria
Veja as compulsões típicas do TOC através do personagem interpretado por Jack Nicholson, no filme "Melhor Impossível".
Muitos hábitos, como bater três vezes na madeira, não passar embaixo de escadas, evitar os gatos pretos, não pronunciar a palavra azar podem se assemelhar com os sintomas do TOC.Na realidade, rituais como esses refletem apenas costumes e tradições antigas aceitos pelo grupo social do indivíduo e não causam prejuízos funcionais, não podendo ser considerados como uma doença e conseqüentemente não necessitam de tratamento.
Desde que a sua freqüência não seja excessiva ou cause sofrimento para o indivíduo, tais rituais não justificam nenhuma intervenção especial.
Roberto Carlos (1981)
Faixas:
01 - Ele Está Pra Chegar
02 - Simples Mágica
03 - As Baleias
04 - Tudo Pára
05 - Doce Loucura
06 - Cama E Mesa
07 - Emoções
08 - Quando O Sol Nascer
09 - Eu Preciso de Você
10 - Olhando Estrelas
Roberto Carlos (1991)
Faixas:
01 - Todas as Manhãs
02 - Primeira Dama
03 - Se Você Quer (Si Piensas... Si Quieres)
04 - Não Me Deixe
05 - Oh, Oh, Oh, Oh
06 - Luz Divina
07 - Pergunte Pro Seu Coração
08 - Diga-Me Coisas Bonitas
09 - Mudança
Roberto Carlos (1985)
Faixas:
01 - Verde e Amarelo
02 - De Coração Pra Coração
03 - Só Vou Se Você For
04 - Paz Na Terra
05 - Contradições
06 - Pelas Esquinas de Nossa Casa
07 - Símbolo Sexual
08 - A Atriz
09 - Você Na Minha Mente
10 - Da Boca Pra Fora