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domingo, 23 de março de 2008

MARÇO DE 2008 - 10 ANOS SEM TIM MAIA

Uma das figuras mais queridas, importantes e talentosas da música brasileira - assim ficou marcada a carreira de Sebastião Rodrigues Maia, carioca nascido em 1942. Começou a compor suas primeiras melodias ainda criança e já surpreendia a numerosa família de 19 irmãos.
Após aprender alguns acordes no violão, formou em 1957 o seu primeiro grupo, Os Sputniks, que tinha entre seus integrantes Erasmo e Roberto Carlos, mas decidiu largar tudo para passar uma temporada nos Estados Unidos.

Lá, passou a cantar no The Ideals, adquirindo grande experiência musical e de vida. Preso por porte de maconha, foi deportado para o Brasil, onde decidiu iniciar uma carreira solo.
Em 1968, gravou um compacto com as canções “Meu País” e “Sentimento” e começou a ficar conhecido após uma parceria com Elis Regina em “These Are the Songs” e gravou então seu primeiro álbum.

Auto-intitulado, o trabalho saiu em 1970 e foi o mais vendido na época. Os grandes destaques foram “Coronel Antônio Bento”, “Primavera” e “Azul da Cor do Mar”. A partir daí, inúmeros ‘hits’ se sucederam, como “Não Quero Dinheiro”, “Gostava Tanto de Você”, “Réu Confesso” e “Sossego”.

Entrou na década de 80 com o sucesso “Do Leme ao Pontal” e com o disco clássico “Descobridor dos Sete Mares”, que trazia, além da faixa-título, “Me Dê Motivo”.
Tim Maia sempre foi muito irreverente e exigente. Reclamava muito do som durante suas apresentações, brigando com os técnicos de som, além de simplesmente não aparecer em outras. Sua relação com as gravadoras também nunca foi das melhores, o que o obrigou a fundar seu próprio selo, ainda em 1970.

Em 1998, lançou “Ao Vivo II” e, durante a gravação de um programa de TV no dia 15 de março, começou a passar mal e foi levado às pressas para o hospital. Infelizmente, Tim Maia faleceu pouco depois devido a uma infecção generalizada.
A vida de Tim Maia virou best seller pelas mãos de um de seus amigos mais próximos, o jornalista e produtor cultural Nelson Motta.

Em seu livro 'Vale Tudo', Motta humaniza o mito e revela os bastidores de uma vida atormentada por drogas, desilusões amorosas e obesidade crescente.

Tim é contemporâneo de uma safra suburbana carioca de altíssimo valor. Conviveu com Roberto & Erasmo Carlos, Jorge Benjor (que praticamente ressuscitou Tim para a mídia chamando o de síndico no sucesso 'W Brasil'), acompanhando de perto o início de carreira de cada um. Mas a vida turbulenta, com passagens por cadeias do Brasil e dos EUA, acabou carimbando na testa do artista a classificação de problemático.

Bom... Isso ele era, mesmo. Algo que acabou atrapalhando bastante - tanto que sua carreira decolasse quanto que pudesse ter espaço maior na mídia depois de atingir o sucesso. Nada disso, porém, impediu que o homem dos bauretes e levadinhos se tornasse um dos maiores intérpretes da MPB, abraçando a soul music, fazendo sua releitura para o país, misturando o samba, influenciando gerações de cantores, compositores e arranjadores, tanto aqui como lá fora. No bojo do sucesso do livro de Motta, o parceiro Fábio lançou 'Até Parece que Foi Sonho', também título de um dos grandes sucessos de Tim, contando histórias dos 30 anos de amizade entre os dois.

Um fato interessante na carreira do cantor foi sem sombra de dúvidas o envolvimento na década de 70 com a ideologia Cultura Racional, liderada por Manuel Jacinto Coelho, um "guru" da ufologia, quando lançou, (1975), os álbuns Tim Maia Racional, volumes 1 e 2 pelo selo Seroma (abreviação do próprio nome Sebastião Rodrigues Maia). São considerados até hoje como os melhores de Tim Maia, com grandes influências de funk e soul e pelo fato de que nesta época, Tim Maia manteu-se afastado dos vícios, o que se refletiu na qualidade da voz.

Desiludido com a ideologia, percebeu que o “mestre espiritual” Manuel não correspondeu ao ideal de um mestre. O cantor, revoltado, tirou de circulação os álbuns, tendo virado item de colecionadores, devido à raridade. Deste disco existem várias pérolas, uma das quais é Imunização Racional.

Já nos anos 2000 foram descobertas novas músicas pertencentes à "fase racional", no que foi entitulado de verdadeiro "racional 3", podendo-se mencionar as faixas: "You Gotta Be Rational", "Escrituração Racional", "Brasil Racional", "Universo em Desencanto Disco", "O Grão Mestre Varonil", "Do Nada ao Tudo" e "Minha Felicidade Racional", disponibilizadas apenas na Internet.
O produtor Dudu Marote fala um pouco sobre o intitulado "RACIONAL 3":

"A estória começou em 2000 quando eu produzia o primeiro álbum do Afroreggae. Trabalhei muito com o engenheiro de som William Junior. Quando numa gravação William me contou que tinha trabalhado com Tim Maia nos seus discos derradeiros perguntei se ele conhecia os discos da fase Racional. Como ele me respondeu que não, na semana seguinte levei os dois CDs da Phono 73 que eu tinha. Ao ouvir as músicas William teve um estalo e me disse q provavelmente tinha algo assim na casa dele, mas os tapes originais. O pai dele era dono de um estúdio no Rio nos anos 70, que não me lembro o nome. Tim tinha gravado esse material lá, e sem mais nem menos abandonado as gravações e os tapes, e nunca mais tinha ido buscar. E nisso já tinham se passado uns 25 anos!!!

Eu fiquei louco e pedi pra ele trazer esses tapes assim q ele tivesse chance. Eram tapes de oito canais de uma polegada. Mandei tudo pra um forno de tratamento pra que eles ficassem tocáveis e passamos tudo pra Pro Tools. Aí ouvi tudo várias e várias vezes pra constatar: eram cinco músicas totalmente inéditas. Só pra gente mesmo mixei as cinco faixas bem rapidamente com praticamente nenhum tratamento.

Algumas faixas têm até metais, outras só base. Mas todas com certeza somente voz guia. A impressão que tenho é que a única voz que deveria valer é a de "Brasil Racional".
O tape não tinha label nenhum então dei cinco nomes provisórios:
- Escrituração Racional - em dois takes diferentes, visivelmente incompletos.

O Tim ia escolher um deles ou até editar partes dos dois, processo que se fazia muito naquela época.
- You Gotta Be Rational
- Universo Em Desencanto Disco - esta vale o comentário, totalmente diferente de todas as outras, e pra mim, sendo disco, mostra que esse trabalho foi realizado depois dos álbuns que todos conhecemos.

- Brasil Racional - onde Tim literalmente lê o livro sobre uma base funk
Oferecemos pra algumas gravadoras na época mas nada andou.
Tempos depois, quando soube que os dois discos iam ter um lançamento oficial, ofereci pro selo mas também não rolou.

Em 2006 o Jamanta Crew tocou com Ed Motta no Skol Beats e graças ao Ed conheci o Paulinho Guitarra, supostamente o guitarrista dessas gravações. O Paulinho não lembrava direito e nem soube dizer muito sobre isso.

No ano passado William Junior me procurou pra me dizer que tinha passado os tapes pra um dos melhores produtores do Rio de Janeiro (na minha opinião), e que juntos eles voltaram a tentar negociar com algum selo.

Esse produtor me disse que achou mais músicas do que as cinco que eu tinha. Mas eu não ouvi nenhuma delas e nem voltei a conversar com nenhum deles sobre o assunto.

Eu também não toquei mais nas sessões de Pro Tools que tenho guardadas desde 2001.
Agora está na internet, está no mundo, é isso. Tim Maia Racional 3 (nome também totalmente chutado por mim) e vamos que vamos.

Tomara que isso cause bastante, que finalmente algum selo se interesse pela estória toda e faça um lançamento oficial."

Após o término de sua fase racional, Tim voltou a seu antigo estilo de música e vida e mais sucessos se seguiram: “Sossego” (do LP “Tim Maia Disco Club”, de 1978), “Descobridor dos Sete Mares” (faixa-título do LP de 1983, que também trouxe “Me Dê Motivo”) e “Do Leme ao Pontal” (de “Tim Maia”, 1986).

Fontes: http://www.uai.com.br/, http://newbrasilmidia.blogspot.com/, http://www.gardenal.org/.


DISCOGRAFIA DO TIM MAIA :
01 - Compacto (1968)
02 - Compacto (1969)
03 - Tim Maia (1970)
04 - Tim Maia (1971)
05 - Tim Maia (1972)
06 - Tim Maia (1973)
07 - Tim Maia Racional - Racional (1975)
08 - Tim Maia Racional Vol. 2 (1976)
09 - Tim Maia (1976) -
10 - Tim Maia (1977)
11 - Disco Club (1978)
12 - Tim Maia (1978)
13 - Reencontro (1979)
14 - Tim Maia (1980)
15 - Nuvens (1982)
16 - O Descobridor dos Sete Mares (1983)
17 - Sufocante (1984)
18 - Tim Maia (1985)
19 - Tim Maia (1986)
20 - Somos América (1987)
21 - Carinhos (1988)
22 - Tim Maia Interpreta clássicos da Bossa Nova (1990)
23 - Dance Bem (1990)
24 - Sossego (1991)
25 - Tim Maia - Ao Vivo (1992)
26 - Romântico (1993)
27 - Não Quero Dinheiro (1993)
28 - Voltou Clarear (1994)
29 - Nova Era Glacial (1995)
30 - Sorriso de Criança (1997)
31 - Pro Meu Grande Amor (1997)
32 - Tim Maia e Os Cariocas - Amigo do rei (1997)
34 - What A Wonderful (1997)
35 - Só Você - Para Ouvir e dançar (1997)
36 - Tim Maia - Ao vivo II (1998)
37 - Forró do Brasil (2003)
38 - Tim Maia in Concert (2006)
39 - Racional 3 (2008)

sábado, 15 de março de 2008

DICAS DA MUSICARIA

MILTON NASCIMENTO E JOBIM TRIO - NOVAS BOSSAS
Ao fechar em 1970 seu disco Milton com regravação de A Felicidade, parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Milton Nascimento sinalizou que haveria bossa nova no som já imaginado por ele para o que viria a ser o Clube da Esquina. Quase 40 anos depois, o trem mineiro volta a cruzar o trilho carioca de Jobim em disco idealizado em tributo aos 50 anos da Bossa Nova e gravado com o Jobim Trio, formado pelo baterista Paulo Braga e pelos filho (Paulo) e neto (Daniel) de Jobim. Novas Bossas chega às lojas nos próximos dias com uma bossa que é, de fato, nova. Nada é como antes na reunião de Milton com o trio para reviver músicas como Caminhos Cruzados, Inútil Paisagem e Brigas Nunca Mais. Entre as novidades, há Dias Azuis, interessante tema de Daniel Jobim que já tinha sido gravado pelo guitarrista de jazz Lee Ritenour no álbum Smoke 'n' Mirrors, editado em 2006 no exterior com a participação do próprio Daniel Jobim na gravação.Oito músicas de Jobim ganham novas harmonias em disco de impecável teia instrumental. Inclusive um samba obscuro do maestro soberano, Velho Riacho (Para Não Sofrer). A simulação do barulho de um trem no arranjo de Chega de Saudade é exemplo do alto teor de novidade harmônica do álbum. O que tira parte do brilho do encontro de Milton com o Jobim Trio é a voz do cantor. Já há alguns anos Milton perdeu aquela força vocal que o tornava um dos maiores cantores do mundo por conta do desgaste natural do tempo (ele está com 65 anos) e por conta da luta cotidiana contra a diabetes. Até há nos falsetes da bela versão de O Vento - lembrança do pré-Bossa Novista Dorival Caymmi, louvado por Jobim e por João Gilberto desde as primeiras bossas - um leve resquício do Milton de tempos de maior fartura vocal. Mas a infeliz idéia de Milton de remexer na própria obra - ele regrava Tudo que Você Podia Ser, Cais e Tarde - apenas contribui para acentuar a sensação de que, no que diz respeito à parte vocal, o reencontro de Milton com a bossa de Jobim teria sido mais apoteótico anos atrás. Com toda sua criativa cama instrumental, Novas Bossas não soa tão revigorante na discografia de Milton Nascimento como Pietá (2002). Mas já tem lugar de destaque no balanço fonográfico de 2008 por redirecionar a mineira maria fumaça para os trilhos cariocas. Mesmo que o apito já seja fraco...

terça-feira, 11 de março de 2008

SÉRGIO PERERÊ

Iniciou sua carreira com base em seresta e música afro-brasileira. Passou a explorar sua voz em outras áreas, como o blues e o rock progressivo, exercitando seu talento como compositor. Mais tarde, começou a fazer experimentações na MPB, tendo oportunidade de cantar e de ter suas músicas interpretadas por João Bosco, Wagner Tiso, Eliana Printes, Nana Vasconcelos, Regina Spósito, Vander Lee e Milton Nascimento. Juntamente com Santonne Lobato, Sérgio Pererê é coordenador do Bloco Oficina Tambolelê, que tem sido um dos grandes destaques em Minas Gerais no trabalho sociocultural. Excursionou pela Espanha com o Grupo Tambolelê durante o evento ENLACE-D 2006 com oficinas e shows. Em outubro do mesmo ano, esteve em Nova York, em um show que uniu Tambolelê, Milton Nascimento e Maurício Tizumba em uma noite de gala no Lincoln Center. Recentemente, mostrou composições inéditas fortemente influenciadas pelas raízes afro-brasileiras em seu novo CD Linha das Estrelas e participa do elenco do espetáculo Besouro Cordão de Ouro, dirigido por João das Neves e Êsquiz, dirigido por Rui Moreira.

segunda-feira, 10 de março de 2008

SÉRGIO MURILO

Sérgio Murilo (2/8/1941-19/2/1992).

Aos 12 anos já era animador infantil na TV Rio e, três anos depois começou a cantar no programa "Os Curumins" da Rádio Tamoio. Em 1956, escolhido como melhor cantor, começou a aparecer constantemente no programa "O trem da alegria", na mesma rádio. Seguia o estilo rock-balada dos irmãos Campello. Gravou alguns 78 rpm pela Columbia. Em 1958 estréia no cinema, com o filme "Alegria de Viver", e no ano seguinte canta na Rádio Nacional e é contratado pela Columbia, que lança "Menino Triste" e "Mudou Muito". Em seguida, graças a outros sucessos como Broto legal, "Rock de Morte" e "Marcianita" (regravada mais tarde por Caetano Veloso), surge o primeiro LP, "Sergio Murilo". Logo antes disso, foi convidado por Paulo Gracindo para se apresentar em seu programa na rádio Nacional. Agradou tanto, que foi apresentado ao compositor Edson Borges que o levou para a gravadora Columbia, onde foi contratado para a gravação desse primeiro Lp onde interpreta a toada "Mudou muito", de Edson Borges e Enrico Simonetti e o samba canção "Menino triste", de Edson Borges, que era um compositor muito gravado por artistas não ligados ao gênero rock. Ainda em 1959, lançou um de seus maiores sucessos, a balada "Macianita", de Marconi e Alderete, com versão de Fernando César, música que se tornou um clássico do rock no Brasil, e que foi regravada por Raul Seixas em 1973 no disco "Os 24 maiores sucessos da era do rock". Em 1960 obteve outro grande sucsso com "Broto legal", de Barnhart, com versão de Renato Corte Real. No mesmo ano, participou do filme "Alegria de viver" e foi tema de longa reportagem da revista "Radiolândia", recebendo então tratamento de ídolo. Participou ainda do filme "Matemática zero, amor dez", de Carlos Augusto Hugo Chrstensen, cantando "Rock de morte". No mesmo ano, lançou seu primeiro LP, "Sérgio Murilo", no qual interpretou entre outras, a clássica "blue moon" e participou do LP "As 14 mais", interpretando "Estúpido cupido" e "The diary", com acompanhamento do maestro Lyrio Panicali. Seu repertório consistia basicamente em "twists" e versões de Paul Anka e Neil Sedaka. Em 1961 lançou seu segunLP, com acompanhamento da Orquestra e Conjunto Bob Rose. Em pleno sucesso, apresentava na rádio Tupi o programa "Alô brotos", com Sônia Delfino. Em 1963 apresentou-se com grande sucesso no Peru, onde recebeu o prêmio de "Artista estrabgeiro mais popular" e o "Microfone de prata". A partir de 1964 passou a gravar pela RCA Victor, na qual estreou com o compscto simples "Lá vai ela" e "Sinfonia do Castelinho". Aliando-se ao fenômeno da Jovem Guarda, nesse período lançou vários discos de sucesso. No final da década de 1960 e início 1970 gravou vários compactos pelo selo Continental, porém sem obter sucesso. Em 2000, teve seus LPs do período de 1959 a 1962 relançados pela Sony na coleção "Jovem Guarda".


ALGUNS ÁLBUNS DA DISCOGRAFIA DE SÉRGIO MURILO:
• Menino triste/Mudou muito (1958) Colúmbia 78
• Se eu soubesse/Marcianita (1959) Columbia 78
• Sérgio Murilo (1959) Colúmbia LP
• Oh Carol/Put your head on my shouder/Personalit/The diary (1960) Columbia CD
• Olhos cor do céu/Se eu soubesse/É hora de chorar/Trem do amor (1960) Columbia CD
• Broto legal/Quando ela sai (1960) Colúmbia 78
• Sérgio Murilo (1960) Colúmbia CD
• Brotinho de biquini/Tudo serás (1960) Colúmbia 78
• Abandonado/Quem não gosta de rock (1960) Colúmbia 78
• Teenage dance/Abandonado (1961) Columbia 78

domingo, 9 de março de 2008

CURIOSIDADES DA MPB

Em fevereiro de 2004 o crítico inglês descreve na International Piano Magazine um episódio pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando após um recital no Carnegie Hall, no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dalí: "Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita". O crítico termina dizendo que João Carlos Martins não teve que esperar tanto tempo.

JOÃO CARLOS MARTINS

O músico paulista João Carlos Gandra da Silva Martins é um exemplo de superação, além de exímio pianista. É também avaliado como um grande especialista e intérprete da música de Johann Sebastian Bach.
João Carlos começou seus estudos aos oito anos com o professor José Kliass e após nove meses vencia o concurso da Sociedade Bach de São Paulo. Seus primeiros concertos trouxeram a atenção de toda a crítica musical brasileira. Aos dezoito anos foi escolhido no Festival Casals, dentre inúmeros candidatos das três Américas para dar o Recital Prêmio em Washington. Aos vinte anos estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleanor Roosevelt. Tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach para piano. Foi ele quem inaugurou o Glenn Gould Memorial em Toronto. Um amor tão grande pela música, uma dedicação tão intensa e meritória de admiração e respeito. João Carlos Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano, quando teve um nervo rompido e perdeu o movimento da mão direita em um acidente em um jogo de futebol em Nova Iorque. Com vários tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas com o correr dos anos desenvolveu a doença chamada LER, que ocorre devido a movimentos repetitivos e causa o estressamento de nervos. Novamente teve que parar de tocar, e dessa vez acreditou seria para sempre. Vendeu todos seus pianos e tornou-se treinador de boxe, querendo estar o mais longe possível do que sua carreira significava como músico. Mas sua incontrolável paixão o fez retornar, e realizou grandes concertos, comprou novos instrumentos e tentou utilizar o movimento de suas mãos criando um estilo único de tocar e aproveitar ao máximo a beleza das peças clássicas. Mas ao realizar um concerto em Sofia na Bulgária, sofreu um ataque em um assalto, e um golpe na cabeça lhe fez perder parte do movimento de mãos novamente, e quando quer que ele se esforçasse sofria dores intensas em suas mãos, e novamente pensou que nunca mais voltaria a tocar. João perdeu anos de sua carreira em tratamentos, treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando os dedos que podia em cada mão, mas dia a dia podia tocar menos e menos. Essa paixão de João Carlos pela música inspirou um documentário franco-alemão chamado Martins Passion, vencedor de quatro Festivais internacionais. O documentário franco-alemão sobre a sua vida - "Paixão segundo Martins" - já foi visto por mais de um milhão e meio de pessoas na Europa. Também já foi exibido em algumas oportunidades na TV aberta no Brasil, no caso a TV Cultura. “Eu estava sem rumo, em 2003, já sabendo que não poderia mais tocar nem com a mão esquerda. Sonhei então, que estava tocando piano, com o Eleazar de Carvalho, que me dizia: - vem para cá, que eu vou te ensinar a reger.” - palavras de João Carlos em uma entrevista. Em maio de 2004 esteve em Londres regendo a English Chamber Orchestra, uma das maiores orquestras de câmara do mundo, numa gravação dos seis Concertos Branndenburguenses de Johann Sebastian Bach e, já em dezembro, realizou a gravação das Quatro Suites Orquestrais de Bach com a Bachiana Chamber Orchestra. Os dois primeiros CDs já foram lançados (lançamento internacional). Incapaz de segurar a batuta ou virar as páginas das partituras dos concertos, João Carlos faz um trabalho minucioso de memorizar nota por nota, demonstrando ainda mais seu perfeccionismo e dedicação ao mundo da música. João Carlos realiza também, na Faculdade de Música da FAAM, um programa de introdução à música com jovens carentes.

sexta-feira, 7 de março de 2008

CURIOSIDADES DA MPB

O ator espanhol Antonio Banderas (A Máscara do Zorro, Balada do Pistoleiro) resolveu fazer uma parceria inusitada com Milton Nascimento. Para convencer o mineiro a liberar a música Maria, Maria para a trilha sonora de seu filme, Banderas enviou a Milton um CD com sua interpretação da canção. O ator, que já gravou um disco de canções latinas, cantou e tocou violão na versão da música, lançada em 1976. Banderas queria que a música integrasse o filme Imagining Argentina, thriller político hollywoodiano dirigido por Christopher Hampton. Além do CD, Banderas enviou carta a Milton dizendo-se "feliz com a possibilidade de se juntar a ele neste projeto".

quarta-feira, 5 de março de 2008

DICAS DA MUSICARIA

O que fazer com uma obsessão? Você já acordou com a sensação de que esqueceu alguma coisa muito importante que não conseguia se lembrar? O sonho é real ou a realidade é sonhada?
Em 2001 Moska comprou uma câmera digital e passou a fazer retratos do seu próprio rosto em objetos espelhados nos banheiros dos hotéis em que se hospedava durante as turnês. Foram mais de 4000 fotos em 3 anos e muitos hotéis. As melhores fotos ganharam nomes que inspiraram poemas que se tornaram canções. O disco se chamou TUDO NOVO DE NOVO e foi lançado em 2003. Com a turnê surgiu a idéia de fazer um registro desse show, que contém o novo repertório (Tudo Novo de Novo, Lágrimas de Diamantes, Pensando em Você, A Idade do Céu…) e seus maiores sucessos (O Último Dia, A Seta e o Alvo, Trampolim, Sem Dizer Adeus, Relampiano...) O DVD-CD mostra toda a delicadeza e qualidade desse “cantautor” com sua maravilhosa banda ao vivo. Você vai assistir a um falso documentário de uma história real que mistura a linguagem de videoclipe com cinema num roteiro cheio de humor e surpresas.
Gravado em Brasília, Rio de Janeiro e Montevideo, + Novo de Novo é um filme onde a ficção e a realidade narram com poesia toda essa aventura que nos desperta para a necessidade de renovação diária em nossas vidas. Participações especiais de Jorge Drexler, Mart’nália, ritmistas da Escola de Samba Vila Isabel e do Grupo de percussão infantil Bate Lata.
(Release DVD e CD - Moska - Mais novo de novo)

domingo, 2 de março de 2008

OS 100 MAIORES DISCOS DA MPB







Vira e mexe a mídia, seja impressa ou eletrônica, elege os melhores "quaisquer coisas" de todos os tempos. Dessa vez, aproveitando o ensejo, nós aqui do Musicaria Brasil (a partir de outros levantamentos de diversos estudiosos, produtores e jornalistas) elegemos os melhores discos brasileiros. A lista talvez não venha a agradar algumas pessoas, mas fica a oportunidade de manifestação a par de cada um. O Musicaria Brasil resolveu tirar da gaveta as capas desses álbuns que fazem (ou fizeram) parte da história de diversos leitores e compartilhar com todos que frequentam o nosso espaço. Caso a lista não venha a agradar, manifestem-se!!!




Acabou Chorare (Novos Baianos, 1972)

Tropicália ou Panis et Circencis (Vários, 1968)

Construção (Chico Buarque, 1971)
Chega de Saudade (João Gilberto, 1959)
Secos e Molhados (Secos e Molhados, 1973)

A Tábua de Esmeralda (Jorge Ben, 1974)

Clube da Esquina (Milton Nascimento & Lô Borges, 1972)

Cartola (Cartola, 1976)
Os Mutantes (Os Mutantes, 1968)

Elis & Tom (Elis Regina e Antônio Carlos Jobim, 1974)
Krig-Ha Bandolo (Raul Seixas, 1973)
Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi, 1994)
Amor de Índio (Beto Guedes, 1978)
Samba Esquema Novo (Jorge Ben, 1963)

Fruto Proibido (Rita Lee, 1975)

Racional Volume 1 (Tim Maia, 1975)

Contemporâneos (Dori Caymmi, 2001)

Fa-Tal - Gal a Todo Vapor (Gal Costa, 1971)

Cabeça Dinossauro (Titãs, 1986)

Dois (Legião Urbana, 1986)

Martinho da Vila (Martinho da Vila, 1969)

Coisas (Moacir Santos, 1965)

Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Roberto Carlos, 1967)

Tim Maia (Tim Maia, 1970)

Expresso 2222 (1972)

Nós vamos Invadir Sua Praia (Ultraje a Rigor, 1985)

Roberto Carlos (Roberto Carlos, 1971)

Os Afro-Sambas (Baden Powell, Quarteto em Cy e Vinícius de Moraes, 1966)

A Dança da Solidão (Paulinho da Viola, 1972)

Carlos, Erasmo (Erasmo Carlos, 1970)

Pérola Negra (Luis Melodia, 1973)

Caymmi e Seu Violão (Dorival Caymmi, 1959)

Canção do amor demais (Elizeth Cardoso, 1958)

O Pirulito da ciência (Tom Zé, 2010)

Falso Brilhante (Elis Regina, 1976)

Circuladô Vivo (Caetano Veloso, 1992)

Maria Fumaça (Banda Black Rio, 1977)

Selvagem? (Os Paralamas do Sucesso, 1986)

Luz (Djavan, 1982)

Benito di Paula (Benito di Paula, 1971)

O Bloco do Eu Sozinho (Los Hermanos, 2001)

Refazenda (Gilberto Gil, 1975)

Feminina (Joyce, 1981)

Samambaia (César Camargo Mariano e Hélio Delmiro, 1981)

Alegra, Alegria (Wilson Simonal, 1967)

O grande Encontro (Elba, Alceu, Geraldo e Zé Ramalho, 1996)

As Aventuras da Blitz (Blitz, 1982)

Ao vivo no Canecão (Simone, 1980 )

Revolver (Walter Franco, 1975)

Ave de prata (Elba Ramalho, 1979)

Cartola (Cartola, 1974)
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Asas da América (Carlos Fernando, 1979)

Ai, ai, ai de mim (João Bosco, 1987)

Calango (Skank, 1994)

A luz do solo (Geraldo Azevedo, 1985)

Sete desejos (Alceu Valença, 1992)

Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim, 1963)

Voz no ouvido (Pedro Mariano, 2000)

Gil e Jorge Ogum Xangô (Gilberto Gil e Jorge Ben, 1975)

Imagem e som (Cassiano, 1971)

A peleja do Diabo com o Dono do Céu (Zé Ramalho, 1979)

Mote e Glosa (Belchior, 1974)

Show Opinião (Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale, 1965)
>
Nelson Cavaquinho (Nelson Cavaquinho, 1973)

Cinema Transcendental (Caetano Veloso, 1979)

A Vida Do Viajante - Ao Vivo (Gonzagão e Gonzaguinha, 1981)

Ventura (Los Hermanos, 2003)

Samba Esquema Noise (Mundo Livre S/A, 1994)

Os Diagonais (Os Diagonais, 1969)

Noel Rosa e Aracy de Almeida (Aracy de Almeida, 1950)

Cássia Eller (Cássia Eller, 1994)

Angela Ro Ro (Angela Ro Ro, 1979)

Hyldon (Hyldon, 1975)

Intimidade (Lô Borges, 2008)

Donato Deodato (João Donato e Eumir Deotado, 1969)

Canções Praieiras (Dorival Caymmi, 1954)

Na Esquina (João Bosco, 1999)

Álibi (Maria Bethânia, 1978)

Gal Costa (Gal Costa, 1969)

Noites com Sol (Flávio Venturinni, 1993)

Roberto Carlos (Roberto Carlos, 1977)

Passarinho Urbano (Joyce, 1977)

Cordel do Fogo Encantado (Cordel do Fogo Encantado, 2001)

Acústico (Moraes Moreira, 1995)

Beleléu, Leléu, Eu (Itamar Assumpção e Banda Isca de Polícia, 1980)

Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão (Marisa Monte, 1994)

Quando o Carnaval Chegar (Bethânia, Chico Buarque e Nara Leão, 1972)

Renato Teixeira, Pena Branca e Xavantinho (Ao Vivo em Tatuí, 1991)
Renato Braz (Renato Braz, 1996)

Na pressão (Lenine, 1997)

Fátima Guedes (Fátima Guedes, 1979)

Meus amigos são um barato (Nara Leão,1977)

Resposta ao tempo (Nana Caymmi, 1998)

Traduzir-se (Fagner, 1981)

Doces Bárbaros (Gil, Bethânia, Caetano e Gal, 1976)

Luiz Gonzaga Ao Vivo Volta Pra Curtir (Luiz Gonzaga, 2001)

Amazonas (Naná Vasconcelos, 1973)

Circense (Egberto Gismonti, 1980)

Vivendo Vinícius (Baden, Miúcha, Toquinho e Carlos Lyra 1999)

Rádio Pirata ao Vivo (RPM, 1986)