sábado, 18 de agosto de 2018

PERNAMBUCANEANDO, MAIS UM PROJETO QUE VISLUMBRA A VALORIZAÇÃO DE NOSSA CULTURA

Fechando com chave ouro esta singela homenagem ao cantautor pernambucano, eis o seu mais recente projeto: Pernambucanenado, um grupo musical que tem por propósito abranger toda a nossa riqueza musical

Por Bruno Negromonte



A imagem pode conter: 5 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé, criança e atividades ao ar livre

Existem pessoas que buscam ter por combustível a utopia. Há cientista que incessantemente buscam a resposta para determinadas enfermidades, há matemáticos em busca de fórmulas perfeitas para os seus cálculos, há estudiosos nos mais distintos ramos indo atrás de soluções diversas para a melhoria de suas áreas mesmo estando ciente das adversidades existentes... Do mesmo modo são os artistas... há aqueles que respiram arte, mantém-se firme em seu propósito e buscam a coerência em suas produções mesmo ciente que os resultados serão aparentemente pífio se comparado com outros contextos artísticos vendido pelos grandes meios de comunicação diariamente através das plataformas de streaming, redes sociais, rádio, TV entre outros meios existentes. É isso que nos faz acreditar no amanhã. Um amanhã melhor ao se tratar de vários aspectos, dentre eles o cultural. O artista que foi abordado aqui ao longo dos últimos meses é um desses nomes que buscam lutar contra a maré e vai de encontro a todo o contexto de desvalorização cultural que vem tomando conta do nosso país a partir da distorção dos mais distintos gêneros existentes na vasta e rica música produzida no Brasil a partir de suas composições, intérpretes e projetos. Vale a lembrança de que não muito distante, as músicas elaboradas e consumidas em massa em nosso país podiam ser consideradas de excelente qualidade, uma vez que além de bem estruturadas em letras e melodias, eram movidas por grandes reflexões acerca da situação política do pais, protestos, questões ambientais, romantismo, ciclo familiar, situações do cotidiano. Pode-se afirmar que as composições transmitiam emoções, mensagens, sentimentos de modo enriquecedor para os ouvintes.




Hoje o que se ver é um contexto diferente de outrora, onde a música popular brasileira encontra-se em total decadência devido a um consumismo exacerbado que vem prevalecendo no meio artístico em detrimento a outros aspectos mais relevantes quando se trata de cultura e entretenimento. Enquanto outrora os grandes nomes do rádio eram de fato relevantes compositores, melodistas e intérpretes; o que se ver hoje nos programas televisivos e radiofônicos são artistas de relevantes e expressivas popularidades, mas de conteúdos artístico de ínfima relevância. Ainda bem que para combater esse errôneo contexto sempre há nomes que resistem a esse contexto de modo bravio e obstinado como é o caso de Bráulio de Castro, que mesmo sob as mais distintas e adversas circunstâncias não abre mão do seu modo singular de enxergar tudo o que hoje permeia a nossa sociedade de modo irônico, debochado e, em muitas situações, poético. A maior característica presente em meio século dedicado à música pelo pernambucano é a coerência existente em toda uma obra constituída nos mais distintos gêneros musicais existentes em nossa cultura. Como vimos, Bráulio é um dos poucos artistas ainda em atividade que sabe transitar pelos mais variados ritmos e gêneros existentes em nosso país. Sua obra vai do baião ao forró, do samba à embolada, da bossa aos mais variados sub-gêneros existentes no frevo. E este projeto, Pernambucaneando, chega como exponente dessa gama de ritmos e gêneros a partir de leituras bastante genuínas uma vez que é o próprio autor que compõe este grupo que vem apresentando-se nos principais eventos da capital pernambucana e esporadicamente vem apresentando-se em ensaio aberto sempre com ampla divulgação nas redes sociais.

O grupo formado pelos nomes de Bráulio de Castro, Fátima de Castro (vocais e violão), Parrô Melo (instrumentista e maestro encarregado da parte musical do grupo), Bárbara Lessa (vocais e percussão) e Mileide Pinheiro (vocais e percussão), tem por objetivo só apresentar músicas pernambucanas, ou seja, frevo de bloco, frevo canção, frevo de rua, baião, xote, xaxado, coco, forró, ciranda e etc. Tendo um repertório essencialmente autoral, o quinteto Pernambucaneando interpreta canções dos mais distintos ritmos e gêneros compostas por seus integrantes de modo solo ou em parceria como é o caso do frevo de rua "Adriana e cia." , de autoria de Parrô Melo. Por falar em frevo o repertório do grupo traz também os frevo-canções "Olinda, eternamente bela", "A magia do homem da meia-noite" e "Claudionor, o menino do frevo" (consagrado o grande campeão do Festival Nacional do Frevo). No repertório do grupo ainda constam canções como o coco rojão "Canário da Borborema", "Ciranda menina", os maracatus "Uruganja" e "Pernambuco na cabeça", os forrós "Deixa eu navegar na tua praia" e "Santo festeiro", os sambas "Última faixa do lado B" e "Mesa de bar, meu divã"; além da canção que nomeia o projeto, um frevo-canção composto por Bráulio de Castro entre outras.

Com um álbum a ser lançado ainda no segundo semestre de 2018 sob produção musical de Parrô Mello e Fábio Valois e produção executiva de Bráulio de Castro e Paulo Fernando, o projeto contará com a participação de expressivos nomes do cenário musical pernambucano como é o caso de Adriana B, André Rio, Ed Carlos, Walmir Chagas, Gerlane Lops entre outros, o Pernambucaneando é mais uma prova inconteste da incessante peleja não apenas de um cantor e compositor que dedicou boa parte de sua vida a um ofício tão dúbio quando se trata de arte em nosso país. Com mais de cinco décadas dedicado a versos e melodias, Bráulio de Castro soma à alegria de ver a sua obra na voz de inúmeros intérpretes o desprestígio inerente ao tratamento dado à cultura não apenas do nosso estado, mas no país de modo geral. No entanto, vale ressaltar que ainda existe música de qualidade a pulsar nas veias artísticas do nosso país, uma música que não é tratada como um descartável produto comercial que se consome através dos grandes meios de comunicação. Para se perceber isso faz-se necessário e preciso uma reestruturação conceitual a respeito daquilo que é divulgado nos grandes meios de comunicação como TV e rádio. Enquanto isso não acontece de modo global, é preciso voltar-se para nossa própria cultura e procurar enxergar, entre os meandros existentes, pequenos (mas significantes) detalhes, obras e autores como é o caso desse artista que merece todas as reverencias existentes ainda em vida, pois depois que se chamar saudade, como diria os saudosos Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, só irá precisar de preces e nada mais. 





2 comentários:

Bráulio de Castro disse...

Bruno, você não poderia me dar no meu aniversário presente melhor do que este texto sobre o Grupo Pernambucaneando, você é que está de parabéns por dedicar parte do seu tempo, divulgando a mossa verdadeira música popular. Mais uma vez, meu muito obrigado e em nome do grupo também.

Bráulio de Castro disse...

Bruno, você não poderia me dar no meu aniversário presente melhor do que este texto sobre o Grupo Pernambucaneando, você é que está de parabéns por dedicar parte do seu tempo, divulgando a mossa verdadeira música popular. Mais uma vez, meu muito obrigado e em nome do grupo também.

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