sábado, 20 de janeiro de 2018

PETISCOS DA MUSICARIA

Por Joaquim Macedo Junior



SÉRIE GRANDES TRILHAS DE FILMES NACIONAIS – DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL
Deus e o Diabo na Terra do Sol: obra-prima, mesmo que você não goste

“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, filme brasileiro, dirigido por Glauber Rocha, é considerado um marco do Cinema Novo, e apontado por muitos como a maior película nacional de todos os tempos, incluido na lista da Abraccine – a Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

Músicas “Perseguição” – com falas de Antonio das Mortes (Mauricio do Valle) e Corisco (Othon Bastos) – e “O Sertão Vai Virar Mar”, do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Letras de Glauber e músicas de Sérgio Ricardo


Resumo

O sertanejo Manoel e sua mulher Rosa levam uma vida sofrida no interior do país, uma terra desolada e marcada pela seca.

Manoel, no entanto, tem um plano: usar o lucro obtido na partilha do gado com o coronel para comprar um pedaço de terra.

Quando leva o gado para a cidade, alguns animais morrem no percurso. Chegado o momento da partilha, o coronel diz que não vai dar nada a Manoel, porque o gado que morreu era dele, enquanto o que chegara vivo era seu. Manoel se irrita, mata o coronel e foge para casa. Ele e sua esposa resolvem ir embora, deixando tudo para trás.

Manoel decide juntar-se a um grupo religioso liderado por um santo (Sebastião) que lutava contra os grandes latifundiários e em busca do paraíso após a morte. Os latifundiários decidem contratar Antônio das Mortes para perseguir e matar o grupo.

Música “Abertura”, do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Letras do diretor Glauber Rocha, música de Sérgio Ricardo. A música não foi à versão final do filme


O Impacto de Deus e o Diabo

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” foi realizado em meio à convulsão política do país, de 1963 e 1964, e estreou em três cinemas do Rio de Janeiro, há quase 54 anos, em 10 de junho de 1964.

Suas primeiras sessões privadas, realizadas nos meses anteriores, já haviam provocado assombro nos convidados do jovem diretor Glauber Rocha (então com 25 anos).

“É um grande filme, cruel, muitas vezes desconcertante, mas irresistivelmente envolvente”, escreveu Ely Azeredo, da Tribuna da Imprensa (em texto reproduzido no livro “Olhar Crítico”), editado pelo Instituto Moreira Salles, em 2010. O mesmo crítico afirma que, mesmo “sem ser como querem alguns exagerados, deixa muito para trás a quase obra-prima de Nelson Pereira dos Santos, citando “Vidas Secas” e mais “Os Fuzis” (Ruy Guerra, 1964), que comporiam a trilogia sertaneja que constitui a essência e a excelência do Cinema Novo Brasileiro”.

Yoná Magalhães em Deus e o Diabo na Terra do Sol

Exibido em Cannes na mesma edição para a qual foi selecionado “Vidas Secas”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” levou seu diretor a estreitar os laços com a prestigiosa crítica francesa, além de apresentar o Cinema Novo ao circuito dos grandes festivais europeus (“O Cangaceiro”, em 1953, e o “Pagador de Promessas”, de 1962), ofereceram experiências diferentes da produção do país.

Música “Antonio das Mortes”, da trilha sonora do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Letras de Glauber Rocha, música de Sérgio Ricardo



Em que pese a grande repercussão de “Deus e o Diabo..”, foi com o “Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969), que Glauber ganhou o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes. Mas foi com “Deus e o Diabo…” que ele efetivamente mudou a história do cinema nacional.

Semana que vem, tem mais…

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