terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A FAUNA E A FLORA NORDESTINAS REPRESENTADAS NAS MÚSICAS DE LUIZ GONZAGA – REI DO BAIÃO - PARTE 02

Por Neuridan Gonçalves Nunes



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BREVE HISTÓRICO DO REI DO BAIÃO NORDESTINO


Biografia de Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga nasceu em 1912, o filho mais digno da cidade de Exu, no sertão pernambucano, ganhou o Brasil após conhecer um dos seus mais importantes parceiros que foi o advogado cearense Humberto Teixeira. É deles a música Baião, que marca o nascimento do gênero: "Eu vou mostrar pra vocês/ Como se dança o baião/ E quem quiser aprender/ É favor prestar atenção". Depois disso, Gonzaga detonou, vendendo milhares de discos e pôs o nordeste no panorama da MPB.

O Rio de Janeiro era um terreno fértil para a divulgação da música nordestina e do forró nas suas mais diferentes variações como baião, chamego, xaxado, xote e o coco. Nas décadas de 1940 e 1950 o rádio era o meio de comunicação mais popular no País. Além disso, a intensificação do processo de migração que trouxe milhares de nordestinos ao sul e sudeste do país (ÂNGELO, 1990, p. 17).

Lua, como Gonzagão ficou conhecido, foi um dos construtores da MPB. Ele não foi apenas um instrumentista ou um compositor. Gonzagão determinou uma espécie musical e abreviou como ninguém a cultura nordestina. Embora antes dele, outros nordestinos tenham tentado ninguém conseguiu a importância nacional de Gonzagão.

Sabe-se que o sucesso obtido por um artista não pode ser conferido somente à sua conjetura de genialidade. O efeito está sujeito a diversas variáveis, proferidas entre si, em um determinado contexto social, pois o rei do Baião estava no lugar certo, na hora certa.

Luiz Gonzaga foi um homem notório no Brasil e se tornou conhecido como o rei do baião, onde foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Luiz Gonzaga nasceu numa fazendinha no Sapé da Serra Araripe, na zona rural de Exu, Sertão de Pernambuco, em 13 de dezembro de 1912 e faleceu em Recife, no dia 2 de agosto de 1989. Sua mãe chamava-se Santana e seu pai Januário, que trabalhava na roça, em um latifúndio.

Nas horas vagas Gonzaga tocava acordeão, e foi com seu pai que aprendeu a tocá-lo. O gênero musical que o consagrou foi o baião, a canção destaque de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense, Humberto Teixeira. Porém, suas músicas retrataram a fauna e a flora nordestinas com muita perfeição. Daí, a importância de suas músicas na vida dos nordestinos brasileiros (OLIVEIRA, 1991, p. 18).

Luiz Gonzaga foi uma das mais completas, extraordinários e inventivas siluetas da música popular brasileira. Cantando, seguido de sua sanfona, zabumba e triângulo, arrastou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, assim como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do país, numa ocasião em que grande parte das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado.

Sendo admirado por grandes músicos, como Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Raul Seixas, Caetano Veloso, entre outros, o genial instrumentista e aprimorado inventor de melodia e harmonias, ganhou popularidade com as antológicas canções "Baião" (1946), "Asa Branca" (1947), "Siridó" (1948), "Juazeiro" (1948), "Qui Nem Jiló" (1949) e "Baião de Dois" (1950).



Carreira Profissional do Rei do Baião

Em Juiz de Fora, Minas Gerais (MG), conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. A partir daí começou a se interessar pela área musical.

Em 1939, deu baixa do Exército na Cidade do Rio de Janeiro. Estava decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar nas áreas de prostituição da cidade. No início da carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, Fox trotes e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe, um tema de sabor regional, de sua autoria. O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas instrumentais. Vira e mexe foi a primeira música que gravou em disco (OLIVEIRA, 1991, p. 19).

Logo depois veio o seu primeiro contrato pela Rádio Nacional. Foi lá, então, que ele assumiu contato com o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, o qual vestia trajes típicos da sua região. A partir do contato com o artista é que surgiu a ideia de Luiz Gonzaga apresentar-se vestido de vaqueiro, roupa que o tornou consagrado artista.

No dia 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou a sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: A mazurca Dança Mariquinha, ao lado de Saulo Augusto Silveira Oliveira.

No mesmo ano, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes dos Santos teve um menino, no Rio. Luiz Gonzaga cultivava um caso há meses com ela, o qual teve início quando ela já estava grávida. Luiz, sabendo que ela ia ser mãe solteira, declarou a paternidade da criança, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior.

Odaléia, que além de cantora de coro era sambista, foi expulsa de casa por ter engravidado do namorado, que não assumiu a criança. Ela foi parar nas ruas, sofrendo muito, até que foi ajudada e descobriu-se seu talento para cantar e dançar, e ela passou a se apresentar em casas de samba no Rio, quando conheceu Luiz (OLIVEIRA, 1991, p. 20).

O relacionamento com Odaléia era bastante agitado, cheio de brigas e discussões, e ao mesmo tempo muita atração física e paixão. Após o nascimento do garoto, as brigas se agravaram, pois havia muitos ciúmes entre os dois. Eles resolveram se separar com menos de dois anos de convivência. Léia ficou criando o filho, e Luiz, às vezes, ia visitá-los.

No ano de 1946 retornou pela primeira vez a Exu, e teve um comovente reencontro com seus pais, Januário e Santana, que há anos não sabiam nada sobre o filho e sofreram muito todo esse tempo. O reencontro com seu pai é contado em sua composição Respeita Januário, em parceria com Humberto Teixeira.

No ano de 1948, casou-se com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular, pela qual Luiz se apaixonou. O casal viveu junto até o fim da vida de Luiz. Eles não tiveram filhos biológicos, por Helena não poder engravidar, mas adotaram uma menina, a quem batizaram de Rosa.

Nesse mesmo ano Léia morreu de tuberculose, para desespero de Luiz. O filho deles, apelidado de Gonzaguinha, ficou órfão com 2 anos e meio. Luiz queria levar o menino para morar com ele e Helena, e pediu para a mulher criá-lo como se fosse dela, mas Helena não aceitou, juntamente com sua mãe, Marieta, que achava aquilo um absurdo, já que nem filho verdadeiro de Luiz era. Luiz não viu saída: Entregou o filho para os padrinhos da criança, Leopoldina e Henrique Xavier Pinheiro, criá-lo, no Morro do São Carlos (OLIVEIRA, 1991, p. 21).

Luiz sempre visitava a criança e o menino era sustentado com a assistência financeira do artista. Luizinho foi criado como muito amor. Xavier o considerava filho de verdade, e lhe ensinava viola, e o menino teve em Dina um amor verdadeiro.

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