sábado, 13 de agosto de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

GRANDES INSTRUMENTISTAS PERNAMBUCANOS (II) – NANÁ VASCONCELOS


Naná Vasconcelos e os Maracatus de Baque Virado – rua da Moeda, ensaios para a abertura do Carnaval do Recife


Era óbvio que Naná Vasconcelos estava na lista dos grandes instrumentistas pernambucanos desde sempre. Quando relacionei seu nome, no início de agosto, ele ainda não havia sido diagnóstico com câncer, nem estava internado. Permaneci com meu roteiro, iniciado com Heraldo do Monte e Novelli, pois entendi que não deveria ser interrompido por um episódio terreno, que todos desejamos, será superado pelo grande artista e pelo mito Naná.

Na mesma quadra, coincide a chegada às lojas do novo disco de Naná Vasconcelos, Paulinho Lepetit e Zeca Baleiro, em projeto peculiar. De acordo com José Teles, na coluna ‘Toques’, do Jornal do Comercio, do Recife, o lançamento é especial porque nasceu de outro, que não chegou a ser concluído, entre Naná e Itamar Assumpção, em 2003, (Itamar faleceu naquele ano) e que resultou no elogiado CD, com sete músicas, “Isto Vai Dar Repercussão”, de 2004.


Naná e Itamar – CD de 2004: projeto não chegou a ser concluído


Bases percussivas, loops, e vozes feitas por Naná Vasconcelos, que não puderam ser usadas por ele e Itamar Assumpção, permaneciam nos arquivos no estúdio de Lepetit, onde Naná e Itamar gravaram.

Foi o esteio sobre o qual ele Zeca Baleiro e Paulo Lepetit criaram uma nova música. São treze faixas. uma vinda ainda do projeto (de Naná com Vinicius Cantuária). Neste novo CD, Zeca Baleiro está em um de seus trabalhos mais leves e despretensiosos.

Escutado numa audição prévia na casa de Naná Vasconcelos, o disco soa lúdico, pop, passeando por vários ritmos, do ijexá, ao xote, samba, maracatu e ciranda, com Naná puxando pela memória o pregão de onde saiu o título do disco – “Já que tem café no blue/tem café e chá/é bom com pão”.

O disco “Café no Bule” foi lançado sexta-feira, em São Paulo, no Sesc Pinheiros, por Paulo Lepetit e Zeca Baleiro, sem a presença de Naná Vasconcelos. O disco reúne diversos ritmos e estilos, no qual as manifestações da cultura brasileira são apresentadas com naturalidade, leveza e bom humor.

Reproduzimos aqui a “Próxima Encarnação”, uma das faixas do CD de Naná com Itamar Assumpção, que inspirou o novo projeto:


Vamos assistir, em primeira audição, o making-of do “Café no Bule”, o show de lançamento do CD:


Café no Bule – Naná Vasconcelos, Lepetit e Zeca Baleiro

Embora meu contato com o som de Naná fosse antigo, do Recife, das suas performances internacionais, dos grandes discos que produziu, meu primeiro álbum de cabeceira dele foi “Contando Estórias”, de 1995, que ouvia o dia todo e me dava uma paz enorme. Até a voz de Naná é percussiva, com os onomatopaicos dos tambores, dos assoviares, dos ventos e do sacudir das árvores, além dos pássaros.

Contando Estórias


Naná é o apelido de Juvenal de Holanda Vasconcelos, nascido no Recife, em 2 de agosto de 1944. Já foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat.

Ganhador de oito prêmios Grammy, é considerado uma autoridade mundial em percussão.

Desde jovem se envolveu com os tambores nos movimentos de maracatu locais. Começou a tocar aos 12 anos com seu pai numa banda marcial no Recife.

Durante toda sua carreira sempre teve preferência por instrumentos de percussão e nos anos 60 notabilizou-se por seu talento com o berimbau.

Em 1967, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde gravou dois LPs com Milton Nascimento. No ano seguinte, junto com Geraldo Azevedo, viajou para São Paulo para participar do ‘Quarteto Livre’, que acompanhou Geraldo Vandré no III Festival Internacional da Canção.

Naná Vasconcelos tem uma extensa carreira no exterior. A partir de 1967 atuou como percussionista ao lado de nomes como Jon Hassel, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Evelyn Glennie e Jan Garbarek.

Formou entre os anos de 1978 e 1982, ao lado de Don Cherry e Collin Walcott o grupo de jazz Codona, com o qual lançou 3 álbuns.

Sua discografia básica é: 4 Elementos (2013) – penúltimo trabalho, antes de Café no Bule; Sinfonia & Batuques (2011); Trilhas (2006);Chegada – Azul Music/Fábrica Estúdios(2005); Minha Loa – Fábrica Estúdios (2002); Isso vai dar repercussão – Elo Music/Boitatá (2004) com Itamar Assumpção; No tempo da bossa nova (1997); Storytelling (1995); If you look far enough (1993); Lester (1990); Vernal quinox (1990) Rain dance (1989); Bush dance (1986); Duas vozes (1984); Zumbi; (1983); Codona vol 3 (1983); Codona vol 1 (1979); Saudades (1979); Kundalini (1978); Sol do meio-dia (1977); Dança das cabeças (1976) Amazonas (1973); Africadeus (1972).


Fontes:
NANÁ VASCONCELOS, talento internacional. Continente Multicultural, Recife, ano5, n.55, p.72-81, jul. 2005.
PERNAMBUCO de A/Z. Disponível em: <http://www.pe-az.com.br> Acesso em: 13 fev. 2006.
PHAELANTE, Renato. MPB: compositores pernambucanos: coletânea bio-músico-fonográfica. 1920-1995. Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1997.
Acervo Pessoal; Wikipedia; Dicionário Ricardo Cravo Albin.

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