sábado, 25 de junho de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA: SÉRIE DOSE DUPLA – DUAS VERSÕES DA MESMA MÚSICA

Por Joaquim Macedo Júnior



Confusão danada

Não sei se já falei! Mas aprecio uma celeuma, uma querela, um quiz, uma disputa, uma porrinha, um palitinho, qualquer jogo de agilidade, que envolva informação básica com o qual você pode brincar com meia dúzia de amigos, sem gastar um tostão e tudo na mais alta paz. Quem nunca brincou de stop, de mimica ou de Warlevante a mão!

Pois de vez em quando, gosto de fazer umas perguntas e deixar solta no ar para ver quem se apresenta a responder. O próprio inesperado da questão deixa muita gente nervosa e se apressando em buscar na memória a resposta.

Hoje, com o ‘google’ e outros achadores, nós “jogadores profissionais” achamos por bem eliminar a ferramenta para não desequilibrar o jogo. Talvez até, tirar a graça.

Vou seguir com esta série “Dose dupla”, sempre relacionada à música, seu verdadeiro autor e quem, muitas vezes, tornou-a conhecida, um hit.

Uma dessas clássicas ‘pegadinhas’ é o balançado e estonteante “Maracatu Atômico”. Primeiro que o título vem com o nome de uma manifestação popular tocada em Pernambuco, mas o autor quis atomizá-lo tanto que deixou de ser a música original.

Segundo, porque produzida na primeira metade dos anos 1970, só veio ganhar fama, depois que Gilberto Gil arranjou-lhe um sacolejo nacional.

Bom mesmo foi num dia de festa aqui em casa quando um camarada, boa praça, gente fina, marido de uma amiga minha, apreciando a canção, fez uma descoberta “esse Gilberto Gil é um monstro”. Eu de cá., metido no assunto, perguntei, “como é que é meu compadre”. E emendei: “pois é Gil faz cada arranjo sem igual”. O homem – valente de todo, replicou: “como assim:?. Essa música e letra são do Gil”.

E deu-se a confusão. Palpites não faltavam: Nação Zumbi, Chico Science, Marisa Monte, Cássia Eller, é de Gil mesmo. Não seria de Nelson Jacobina, cutuquei eu. Bem vamos ao desfecho:

Maracatu Atômico – Jorge Mautner e Nelson Jacobina (1974)

Atrás do arranha-céu tem o céu, tem o céu
E depois tem outro céu sem estrelas
Em cima do guarda-chuva tem a chuva, tem a chuva
Que tem gotas tão lindas que até dá vontade de comê-las

No meio da couve-flor tem a flor, tem a flor
Que além de ser uma flor tem sabor
Dentro do porta-luva tem a luva, tem a luva
Que alguém de unhas negras e tão afiadas se esqueceu de por

No fundo do pára-raio tem o raio, tem o raio
Que caiu da nuvem negra do temporal
Todo quadro-negro é todo negro, é todo negro
E eu escrevo o seu nome nele só pra demonstra o meu apego

O bico do beija-flor beija a flor, beija a flor
E toda a fauna aflora grita de amor
Quem segura o porta-estandarte tem arte, tem arte
E aqui passa com raça eletrônico maracatu atômico


Gilberto Gil, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina

A gravação que deu fama nacional e um hit para todos os lugares foi esta feita por Gilberto Gil, mas que ela foi composta por Jorge Mautner e Nelson Jacobina, ah isto foi!

Semana que vem tem mais…

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