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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.

HANGOUT MUSICARIA BRASIL

Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

MÚSICA, ÍDOLOS E PODER (DO VINIL AO DOWNLOAD) - PARTE 53



CAPÍTULO 53 

Nunca fui de dar festas de aniversário. Recordo-me somente de uma, celebrando meus cinquenta anos, há muito tempo. E é só. No entanto, cinquenta anos de Brasil sempre me sugeriam uma celebração, seja pela ternura de haver vivido e haver participado tão intensamente da vida musical do país, ou mesmo por achar que, se até hoje se festejava a descoberta do Brasil há quinhentos anos, por Pedro Álvares Cabral, por que não fazer o mesmo com a descoberta do Brasil, cinquenta anos atrás, pelo André Midani? 

Essa ideia vinha brotando na cabeça da Gilda havia já algum tempo. Ela tinha consultado Flora Gil e Leonardo Neto, e um belo dia, à hora do jantar, declarou: 

— Vai ter festa sim! Ela é merecida! Eu organizo. Será um jantar com umas cem pessoas. E não te preocupes com o custo, que eu resolvo... A gente não gasta dinheiro com jóias e nem na roleta em Las Vegas. A gente pode gastar para festejar um acontecimento tão importante da tua vida.Vai sair bem barato! 

Sendo produtora experiente, Gilda montou um grupo de trabalho constituído por Márcia Braga, Virginia Casé, Leonardo Neto, Erasmo Carlos, Alice Pellegatti, Carolina Jabor, Dora Jobim, Luiz Eduardo Guinle, Frejat, Edgard Otavio e Antoine Midani. E todos foram à luta para a festa sair linda e quase barata. 

Eu ainda andava ocupado com “O Ano”, de tal maneira que a ação desse grupo de trabalho andou quase que clandestinamente para mim... Eu sabia que seria um jantar para cem pessoas e,“lá com os meus botões”, realmente temia que as tais cem pessoas tivessem outra coisa melhor para fazer do que ir ao tal jantar. No entanto, comecei a desconfiar do tamanho da encrenca ao ver, poucos dias antes da data marcada, o convite — uma produção do João Vincente de Castro, meu enteado, com a equipe de criação da W/Brasil e texto do Nelson Motta —, que era uma cópia sofisticada do meu passaporte sírio, com o qual eu tinha entrado no Brasil, cópia que as recepcionistas iriam carimbar como se fossem da Polícia Federal, na entrada dos convidados no Golden Room do Copacabana Palace!!! Pensei: “Não se imprimem apenas cem desses convites... E o Golden Room é grande demais para cem pessoas...Alguém está me enganando, com certeza!” 

O convite marcava 20h e, fato inédito nos costumes cariocas, às 20h15 já havia mais de cinquenta pessoas na ante-sala do Golden Room — decorada com velas, tecidos transparentes e poltronas onfortáveis, tudo branco. Os garçons serviam proseccos da melhor qualidade e, a cada instante, chegavam artistas, amigos e antigos colaboradores. Eu — e meus atávicos receios — olhava espantado e, sobretudo, aliviado, ao ver entrar Nelson Motta, Roberto Oliveira, Pena Schmidt, Liminha, Patrícia Travassos, Armando Strozemberg, Mequita Andrade, Claudia Lisboa, Gilda Mattoso, Tia Léa, Sergio Chermont de Britto, João Carlos Müller, Emílio Kalil, Kika Seixas, Guto Graça Mello, Ricardo Garcia, Jodele Larcher, Rubem César, Ana Fonseca, Ana Tranjan, Ronaldo Bastos, Tárik de Souza, Antonio Carlos Miguel, Moema Salgado, Monica Silva, Carlos Sion, Suely Aguiar, Jean Gautier, Rubens Richter, Zé Hugo Celidônio, Mazzola, Claude Amaral Peixoto, Sergio Affonso, Carmela Forsin, Tom Leão, Harumi, Beto Boaventura, Juca Kfouri, Armando Pittigliani, Cristina Doria, Zuenir Ventura e Mary, Carol Jabor, Márcia Braga, Virginia Casé, Marcos Azambuja, Vera Perestrello, Mônica Neves, Chico Neves, Inácio Neves, Luiz Zerbini, Paulinho Tapajós, José Kalil Filho, Gloria Kalil, Washington Olivetto, Thomaz Souto Corrêa, João Donato, Menescal, Carlos Lyra, Marcos Valle, Bebel Gilberto, Erasmo Carlos, Zezé Motta, Wanderléa, Marina Lima, Umberto Contardi, Hermeto Pascoal, Ezequiel Neves, Dadi e A Cor do Som, Barão Vermelho, Frenéticas, Kid Abelha, Titãs, Suzana de Moraes, Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Philippe e Antoine Midani, Ana de Souza Dantas, João Vincente de Castro e tantas outras pessoas que a emoção daquele momento não me deixa recordar agora... 

O Golden Room estava mais bonito do que na mais linda noite do Nat King Cole, quase cinquenta anos atrás. E, como naquela noite, estava repleto, com trezentas pessoas espalhadas em elegantes mesas, onde LPs de vinil dourados serviam de descansos de prato. O ambiente se fazia a cada momento mais familiar, à medida que todos nos reencontrávamos prazerosamente, e em certos casos, pela primeira vez após muitos anos. Eram três gerações de música brasileira presentes: “Chega de saudade”; “Aquele abraço” e “Apesar de você”; e “Inútil”. 

Gilda tinha me convencido a fazer um pequeno discurso: 

Gilda , meu amor... E se eu chorar ?! 

Então, chora! Você precisa agradecer aos seus convidados... Não vai dar para falar com cada um! Aí, fui até o microfone e falei... E não chorei: 

O convite desta festa me apresenta como sírio... Eu nasci sírio... Depois virei francês... E agora sou brasileiro. Apaixonadamente brasileiro. Mestiço — igual a vocês e graças a vocês... Numa palavra: a vida me transformou num bom vira-lata brasileiro... Vamos brindar agora a alguns amigos com os quais eu trabalhei e que estão ausentes nesta noite: Tom Jobim — e, como dizia Vinicius —... Saravá! Vinicius de Moraes... Saravá! Elis Regina ... Saravá! Baden Powell ... Saravá! Raul Seixas... Saravá! Cazuza ... Saravá! Tim Maia ... Saravá! E finalmente agradeço a todos vocês por tudo o que fizeram por mim no transcurso destes cinquenta anos, e à minha mulher Gilda — e sua “gangue” — por haver organizado esta incrível festa! 

Vocês não podem imaginar o quanto foi emocionante entoar esse “Saravá”. Eu me dava o direito de ser brasileiro e, como todos os convidados me acompanharam nessa prece, esse direito me foi conferido também. 

E assim foi dada a partida para o jantar. Durante o jantar, bem vi que havia no palco um piano, um teclado, uma bateria, uma guitarra e um baixo. Porém, burramente, achei que talvez fosse para se tocar “música para dançar” ou “música de fundo”. Perguntei à Gilda : 

—Vai ter “música para dançar”? 

Ela fingiu não entender e não respondeu. No entanto, o Jamil e o Dinho subiram ao palco, e comecei a desconfiar de que não estavam ali para tocar “música para dançar”, e menos ainda para alegrar o ambiente. Até que Erasmo foi até o microfone, tirou do bolso uma folha de papel e, acompanhado pelo Frejat e o resto da banda, cantou a sua mais nova composição: 

O André é amigão, nosso brother, bom sujeito É pra se guardar No lado esquerdo do peito Veio pra brilhar E jamais morrer de fome André é o “home” André é o “home” Não é pai-de-santo Mas também serve de guia É o verdadeiro Punk da sabedoria Quando vê baixo o astral Ele pega, mata e come André é o “home”... André é o “home”... 

Ele estava inaugurando a parte mais inesperada da festa e, sobretudo, a mais emocionante. Depois de Erasmo, cantou Frejat, que chamou Caetano, que chamou Jorge, que chamou Gil, que subiu ao palco lembrando, carinhosamente, o episódio “Aquele abraço”, João Donato sentou ao piano e convidou o Gil para cantar “A paz”, a minha mulher se convidou para dançar com João Donato na pista, Jorge Ben Jor me agradeceu incompreensivelmente por eu tê-lo deixado gravar A tábua de esmeralda (imaginem se eu não iria deixá-lo gravar esta obra-prima) e Caetano disse ter balançado para escolher o que cantar para mim, entre “Baby” e “Nosso estranho amor”. A noite terminou com Bebel e João Donato, ao piano, até a madrugada. 

Passei 48 horas sem dormir, revivendo as emoções da noite e apreciando o privilégio que era para um imigrante se ver cercado por tantas pessoas conhecidas, quase familiares. Talvez o destino tivesse sido diferente para todos nós — melhor ou pior, porém diferente — se eu não tivesse desembarcado na praça Mauá naquele ensolarado 5 de dezembro de 1955... 

No mesmo momento, eu percebia que, com essa emocionante cerimônia, se encerrava um extenso ciclo da minha vida. Era o caso de orar: “Saravá! Acabou o ‘Midani no País das Maravilhas’...” 

sábado, 28 de junho de 2014

CAYMMI, 100 ANOS: NELSON RODRIGUES, MANUEL BANDEIRA E ASCENSO FERREIRA ENTRE OS ÍDOLOS DO BAIANO

Até hoje, família guarda livro com autógrafos de Bandeira, Pablo Neruda e Vinicius de Moraes, entre outros

Por Fernanda Guerra e Luiza Maia



“Papai e mamãe tinham uma paixão por Nelson Rodrigues. Adoravam como ele vivia. Papai tinha uma coisa com os heróis. Ficou triste por não conhecer Noel Rosa (1910-1937), mas satisfeito por conhecer Nelson”, diz Dori, sobre os ídolos do pai. Outros pernambucanos entre as leituras dos Caymmi eram Ascenso Ferreira (1895-1965), de quem Dorival recitava Gaúcho, e Manuel Bandeira.

Nos arquivos da família, um exemplar de Don Quixote, de Miguel de Cervantes, com autógrafos de Manuel Bandeira, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes. Em 1958, Bandeira (foto) retribuiu: foi ao lançamento conjunto de Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, e do LP Canto de Amor à Bahia e Quatro Acalantos de “Gabriela, Cravo e Canela”. O escritor e sociólogo pernambucano Gilberto Freyre também estava lá.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

EM DEFESA DA MEMÓRIA DE ARLINDO DOS OITO BAIXOS

Familiares, amigos e músicos tentam manter viva a tradição dos oito baixos em Pernambuco

Por Ad luna




Em outubro do ano passado, a voz e a sanfona de Arlindo dos Oito Baixos silenciaram. Nascido em 1942, na cidade de Sirinhaém, Mata Sul de Pernambuco, o músico era um dos grandes mestres desse instrumento de difícil execução. Oito meses depois da partida dele, familiares, amigos e músicos tentam manter viva a tradição dos oito baixos em Pernambuco.
Um dos grandes sonhos de Arlindo era fazer o maior número de discípulos musicais possível. Ele costumava dar aulas particulares em sua casa, no Bairro de Dois Unidos, e queria ver crianças e jovens da sua comunidade tocando.

Arlindo transformou o quintal de sua casa em espaço para apresentações. No Forró de Arlindo, que funciona no quintal de sua casa, ele costumava tocar para e com os amigos e fazer o povo se divertir ao som da sua arte. Além das festas, que neste mês ocorrem semanalmente, a família do cantor e sanfoneiro deseja abrigar uma escola e um memorial no espaço.

Na parte educacional, a ideia é oferecer cursos de zabumba, triângulo, canto, dança e, claro, de sanfona. Quanto ao museu, Raminho da Zabumba, filho do sanfoneiro, conta que a família está reunindo e catalogando materiais relacionados à memória de Arlindo dos Oito Baixos. "Tem muita gente que liga pedindo pra conhecer o local, até em dias de semana”, expõe.

Segundo Raminho, seu pai tentou fazer parceria com governos municipal e estadual para ampliar o trabalho, mas não obteve sucesso. Outra dificuldade para levar o ensino do instrumento amado por Arlindo é dificuldade em tocar o instrumento. “Muitos desistiam de tocar a sanfona de oito baixos e mudavam para a de 120, que é mais fácil”, expõe.


Em família

O sanfoneiro, cantor e compositor Aécio dos Oito Baixos, 56 anos, tem marcado presença no Forró de Arlindo, durante os domingos à tarde. Ele é irmão do mestre criador da festa e tenta levar à frente a tradição dos oito foles. “Quando peguei na sanfona, pela primeira vez, tinha 12 anos. Mas meu pai não deixou”, relembra.

O irmão Arlindo bem que tentou incentivá-lo nessa época, doando-lhe uma sanfona de oito foles. “Eu achava bonito ele tocar. Meu pai não queria, dizia pra eu estudar e acabou vendendo o instrumento”, lamenta Aécio, que mora em Ponte dos Carvalhos, distrito de Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife.

Aécio se aquietou por uns tempos. Depois que seu progenitor partiu, se voltou novamente para a sanfona. “Faz uns 15 anos. Já tava casado. Isso atrapalhava um pouco porque você tem outra vida e não pode se dedicar totalmente”, conta.

No entanto, com persistência e ajuda do irmão, ele foi evoluindo e hoje se diverte e diverte os outros tocando com uma banda que montou para lhe acompanhar. Possui três CDs, sendo que o último, Eu e tu, foi feito em parceria com Arlindo dos Oito Baixos.

O dinheiro dos shows, porém, é pouco. A maior parte do seus sustento vem do trabalho como protético. Aécio é casado há 31 anos, tem dois filhos e um neto.


Entrevista//Lêda Dias

A pesquisadora e cantora foi uma das privilegiadas alunas de Arlindo dos Oito Baixos. Ela define como “riquíssima” a experiência de aprendizado que teve com o artista. “Não foi uma experiência de aprendizado comum. Envolveu uma vivência como os antigos faziam, de aprendiz e mestre de ofício, de tradição oral, como ainda ocorre o aprendizado do fole de 8 baixos em geral”.


De que forma a herança artística de Arlindo tem sido perpetuada?

Através de suas gravações e dos seus intérpretes. Mas precisamos reforçar essa memória musical, porque parece que o instrumento está novamente entrando numa fase de esquecimento. Há algum tempo temíamos que o fole de 8 baixos fosse completamente esquecido. O próprio Arlindo fez esse apelo, para que não deixássemos o fole morrer. Depois, houve um interesse crescente sobre a sanfona de 8 baixos, e muitos sanfoneiros se animaram, colocaram o fole no peito, e muitos começaram a pesquisar e produzir conteúdo sobre o pé-de-bode. Hoje vejo muitos sanfoneiros se queixando que não tem mais palco. Quantos vemos tocando no São João? No próprio palco que tem o nome de Arlindo, em sua homenagem, quantos vão tocar? Se não houver um empenho de preservação de um instrumento tão importante, o que garantirá a sua continuidade?


Quem seriam os principais continuadores da tradição da sanfona de oito baixos em Pernambuco e no Nordeste?

Em Pernambuco temos Baixinho dos 8 Baixos em Vicência, que não vive só da música, mas também trabalha como mestre de obras. Em Salgueiro temos Antônio da Mutuca, que também vive da roça. Alguns estão tentando ensinar aos mais jovens. Nego do Mestre em Salgueiro e o próprio Baixinho em Vicência. Em Campina Grande tem Luizinho Calixto ensinado. Mas é preciso que formemos novos públicos, novos instrumentistas.

terça-feira, 24 de junho de 2014

TEMPORADA DE FORRÓ: 10 ÁLBUNS QUE VÃO AGITAR OS FESTEJOS JUNINOS

Por Marina Simões

Josildo Sá homenageia as vaquejadas


A poucos dias do São João, os forrozeiros aproveitam o período para abastecer as prateleiras do mercado fonográfico com novos trabalhos enquanto ampliam o número de shows nas agendas. Seja no arrasta-pé, coco, xote, xaxado ou baião, os artistas que escolheram representar o ritmo gonzagueano aproveitam o filão para divulgar novas composições, releituras e parcerias e tentam, na mesma pisada, abrir espaço no domínio do sertanejo universitário e brega - ritmos cujos protagonistas são anunciados como estrelas das festas de São João na capital e nas cidades do interior. Até o mês de junho, estima-se em 50 o número de títulos lançados por músicos como Josildo Sá e Irah Caldeira.

Segundo o empresário Fábio Cabral, proprietário Passa Disco, loja voltada ao mercado de música regional, a predileção pela época para lançamentos é característica dos forrozeiros desde os tempos de Luiz Gonzaga. "É igual ao carnaval, se concentram em um ou dois meses antes da festa. Não sei se feliz ou infelizmente", pondera. 

A tecnologia mais acessível e a ousadia de se lançar no mercado de forma independente estimulam a gravação dos discos - muitos dos quais formatados para vender a preço de custo ou para divulgar o trabalho da banda, como faz Som da Terra. Em termos gerais, os preços variam de R$ 5 a R$ 30. Os mais caros são produtos mais elaborados. "Nessa época, sem dúvidas, a procura por CDs do gênero aumenta", conta Fábio. 

Veterano no segmento, o forrozeiro Alcymar Monteiro lança neste São João o o trabalho de número noventa, A bandeira do forró, em comemoração aos trinta anos de carreira. O artista volta às raízes e traz álbum completo em ritmo arrasta-pé, valorizando as tradições das quadrilhas juninas. Para o cantor, o forró não é como o frevo, limitado ao período do carnaval. "Graças ao trabalho e à insistência dos artistas, o forró se tornou um gênero musical forte, que toca em qualquer época do ano", acredita. "Demos a conotação urbana ao ritmo. O matuto aparece bem vestido com consciência política e cultural", arremata Alcymar. 

No período, a agenda de Alcymar Monteiro se estende com shows além do Norte e Nordeste. "É uma festa muito bonita, onde se vê a cara do Brasil. O clima mais frio, regados a bebidas e comidas típicas envolve o país inteiro", comemora o forrozeiro. O cantor e compositor Josildo Sá aproveita a época para promover o disco Latada pra vaqueirama - Tributo a Vavá Machado & Marcolino. "Eu nasci e me criei na labuta dos vaqueiros. Esse disco é um agradecimento, uma maneira de satisfazer e perpetuar essa música marcante do Nordeste brasileiro", afirma.



01 - ALCYMAR MONTEIRO

Alcymar lança o CD A Bandeira do Forró, um disco totalmente acústico, e conta com participação especial de artistas como Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Chico César. São 16 faixas, sendo 14 inéditas e duas regravações O ciúme, de Caetano Veloso, e A pobreza, de Lenon e Lilian. R$ 10.


02 - TEREZINHA DO ACORDEON

Amores e tropeços são temas do novo trabalho de Terezinha do Acordeon, o disco Um amor assim... Tem produção musical de Cezzinha, que participou de uma das faixas. O lançamento está marcado para dia 31 de maio, ao meio dia, no Restaurante Paid'égua, na Cidade universitária, com pocket show.


03 - BENILO 

DVD Forró de todos os tempos é o novo trabalho do cantor Benil. O projeto em comemoração aos dez anos de carreira, gravado no Teatro Luiz Mendonça com direção geral do próprio artista e direção musical, produção musical e arranjos de Lu Miliano. O forrozeiro contou com participação de André Rio, Bruno Lins, Geraldinho Lins, Luciano Magno, Paulinho Leite e Petrúcio Amorim. No repertório, releituras de músicas de Luiz Gonzaga, canções da trajetória desde a participação no grupo Território Nordestido e composições próprias. R$ 15.


04- IRAH CALDEIRA

A forrozeira Irah Caldeira comemora 15 anos de carreira com o novo disco Esperando por setembro. O albúm produzido por Maciel Melo, conta com participação de Elba Ramalho. O disco composto por quatorze faixas traz músicas de compositores como Geraldo Azevedo, Maciel Melo, Anastácia, Genival Lacerda, Xico Bizerra e Téo Azevedo. Foi gravado por um time como Luizinho e Gennaro (sanfonas), Quartinha (Zabumba), Bráulio Araújo e João Neto (violão), e Henrique Albino (flauta e sax). R$ 30.


05 - JOSILDO SÁ

Latada pra vaqueirama - Tributo a Vavá Machado & Marcolino, lançado em maio, traz seis faixas clássicas da dupla Vavá Machado e Marcolino, que construíram carreira sólida nas vaquejadas do Sertão nordestino. As canções receberam arranjos do maestro Adilson Bandeira e roupagem do Samba de Latada. Latada pra vaqueirama foi gravado em setembro de 2013 no estúdio Carranca. R$ 10.


06 - PAULINHO LEITE

Cantor e compositor, natural da cidade de Arcoverde-PE, lança o disco Muito romantico, que inclui regravações de artistas como Rita Lee, Ovelha Negra, e Caetano Veloso, com a faixa Muito Romântico, que dá nome ao disco. A composição gráfica é caprichada e oferece embalagem de luxo. Além disso, o álbum inclui cartões postais, papeis cartas, porta-retratos. R$ 50.


07 - SOM DA TERRA

No Balanço do forró é o 19°trabalho da carreira do grupo. O disco lançado em maio traz a canção de destaque Forrozeiro tem nome, uma homenagem aos intérpretes e compositores pernambucanos de forró. São citados 38 artistas expressivos do estado. Participação de Rogério Rangel, Dudu do Acordeom e Luciano Magno, Benil, Xico Bizerra, Reynaldo de Olinda, Roberto Cruz, Henrique Leite e Nelson Gusmão. Valor: R$ 5.


08 - TOINHO VANDERLEI

Toinho Vanderlei lança O falar do meu Sertão, o quarto disco da carreira. São 14 faixas de muito forró, xote e baião, com a participação da filha Isabela Muniz na faixa Melhor nem Lembrar. R$ 10.

09 - DVD de Spok

Com a orquestra de frevo que leva seu nome, o maestro Spok lança o DVD Spok e Orquestra Forrobodó convidam. “Sempre tive o desejo de realizar um sonho: o de mergulhar no universo junino”, comenta. De acordo com ele, a ideia inicial era fazer apenas versões instrumentais de xotes, baiões e xaxados. “Mas um produtor viu, decidiu vender shows e incluímos músicas com voz”, explica. Produzido pelo Ateliê Produções e dirigido por César Maia, o DVD foi gravado em preto e branco e tem participações dos sanfoneiros Adelson Viana, Beto Hortis e Gennaro, do guitarrista Renato Bandeira, e dos cantores Fagner, Elba Ramalho, Josildo Sá, Maciel Melo, Ylana Queiroga, Santana, Robson Alves e Vanessa Oliveira. R$ 24,90. 


10 - VALKIRIA MENDES

Cantora consolida a carreira solo com o disco Eu sou o estupim, em tributo a Marinês. A direção, arranjos, e produção são do sanfoneiro Gennaro. No disco, Valkiria interpreta canções consagradas na voz de Marinês como Eu sou o estupim e Por debaixo dos Panos, além de diversas composições dos paraíbanos Antônio Barros e Cecéu.











segunda-feira, 23 de junho de 2014

CAYMMI, 100 ANOS: "ELES ME ADOTARAM", DIZ COMPOSITOR RECIFENSE DUDU FALCÃO

Amizade com a família rendeu parcerias com Dorival e Danilo


Por Fernanda Guerra e Luiza Maia



A primeira cantora que gravou uma música do pernambucano Dudu Falcão foi Nana Caymmi, Deixa eu cantar. Na década de 1980, ele foi convidado para visitar a amiga, que estava na casa dos pais, após um procedimento cirúrgico. Eis que, quando abriu a porta, deparou-se com Caymmi. Tomou um susto, claro, mas a receptividade típica da família logo o deixou à vontade

“Eles me adotaram. Eu morava no Rio sozinho. Uma vez, dona Stella apontou para os filhos e disse ‘Eles são seus irmãos’. Às vezes, ia para a casa deles tocar violão. Ele era muito generoso, atencioso”, lembra o compositor. Uma vez, Stella pediu para Dudu gravar três músicas inéditas em uma fita, com a desculpa de que iria entregar para um amigo. Mas, na verdade, inscreveu o pernambucano em um festival.

Dudu, Dorival e Danilo têm uma parceria, Caminhos do mar, para novela global Porto dos milagres. “Apesar da lenda de que ele demora a compor, ficou pronta em dois dias”, assegura. O baiano tinha um radinho de fita K-7, no qual registrava as músicas novas.

Dorival apelidou o compositor pernambucano de Seu Dudu, em resposta bem-humorada à forma como era chamado por ele: Seu Dorival, como manda a educação nordestina.

MÚSICA, ÍDOLOS E PODER (DO VINIL AO DOWNLOAD) - PARTE 52



CAPÍTULO 52 

Quando eu era moleque, lá no interior da França, as pessoas de bem diziam: 

— Veja este senhor, é um homem de respeito... Ele tem a “Légion d’Honneur” (Ordre National de la Légion d’Honneur (Ordem Nacional da Legião de Honra)) ! E eu olhava aquele fulano com circunspeção, sem entender muito bem o que aquilo significava. Só sabia que a “Légion d’Honneur” tinha sido inventada por Napoleão Bonaparte duzentos anos atrás, na França, sendo inicialmente concedida a quem tinha servido com honra a pátria... Pois bem, o momento de eu entender tinha chegado, quando me levantei respondendo ao chamado do Jean de Gliniasty, que fez um longo discurso precedendo a entrega que ele me fazia da tal “Légion d’Honneur”: 

— Agradeço a Vossa Excelência, o embaixador da França no Brasil, por me outorgar, em nome do presidente da República francesa, esta prestigiosa condecoração francesa, justo neste momento, quando durante o transcurso deste ano eu fui e me senti muito, muito brasileiro... Ministro Gil, obrigado por me ter dado a oportunidade de reconciliar o meu lado brasileiro com o meu lado francês. 

Obrigado à minha mãe, por me ter feito cabeça-dura e trabalhador... Obrigado à Gilda, minha mulher, por ter sido uma incansável companheira. E não posso terminar sem mandar um especial carinho a meus filhos, Philippe e Antoine... A todos, prometo que irei sempre exercer minha recém-adquirida respeitabilidade de Chevalier de la Légion d’Honneur com uma boa dose de irreverência e alegria. 

Esse trecho foi parte do meu discurso, ao ser condecorado como “Chevalier de la Légion d’Honneur” (Cavaleiro da Legião de Honra) no jantar de encerramento do “Ano do Brasil na França”, em São Paulo, na presença dos patrocinadores e promotores.

domingo, 22 de junho de 2014

PROGRAME-SE


PROGRAME-SE


sexta-feira, 20 de junho de 2014

O TALENTO QUE SOBREPUJOU A DESPRETENSIOSIDADE

Professor universitário, Duzão Mortimer trama suas músicas nos insights de sua produção acadêmica

Por Bruno Negromonte



"Como é mesmo que anda o tempo?" esta indagação feita por Caetano Veloso e Milton Nascimento em 2008 na canção "Senhor do tempo" é passiva das mais variadas respostas e justificativas, uma vez que trata-se de algo extremamente subjetivo. Para o artista em questão o tempo tornou-se um grande aliado, pois ele soube como poucos sorver o que de melhor havia a oferecer. Duzão Mortimer foi capaz de apreender um ritmo próprio em sua carreira, criando um modo particular de conduzi-la. Talvez por isso a sua discografia seja composta por apenas três títulos em mais de 25 anos de carreira: um LP  lançado em 1988, um CD em 1997 com O Grande Ah!, grupo que conta com a presença do professor universitário e músico Marcos Pimenta (figura recorrente na carreira de Mortimer) e agora o seu primeiro trabalho solo. Isso atesta que Mortimer foi capaz de aliar-se a um tempo que foge a regulamentos e medidas. Resultado talvez daquilo que assimilou em sua vida acadêmica entre números e fórmulas desde a época em que frequentava as bancas da Universidade Federal de Minas Gerais durante o curso de bacharelado e licenciatura em Química. Para que o tempo possa acompanhá-lo faz-se necessário adequar-se aos compassos e pilares de sua arquitetura sonora, é preciso imergir em seu próprio ritmo. Este é o único requisito necessário para fazer parte desta viagem a qual o músico mineiro nos convida. Neste novo projeto batizado de "Trip LunarDuzão assina as todas melodias presentes no disco (com exceção apenas de uma, que conta com a parceria de Marcos Pimenta). Quanto as letras, Marcelo Dolabela é o autor da maioriaDas dez faixas, oito levam a sua assinatura. exceção são apenas as canções "Coração Menino" (assinada em parceria com Marcos Pimenta e Duzão) e "Fogo nu", única faixa presente no disco que conta com letra e melodia de assinadas apenas pelo mentor do projeto. 



Duzão Mortimer deu início a sua vida artística na década de 1980 e, de modo paralelo a sua carreira como músico, desenvolveu uma substanciada vida acadêmica em Minas Gerais. Bacharel e licenciado em Química desde 1980, o professor Eduardo Fleury Mortimer possui mais de setenta artigos publicados e ultrapassa a marca dos 140 trabalhos em eventos das mais diversas áreas de conhecimento. Substanciando a sua vida acadêmica na América do Norte e no Continente Europeu, Mortimer viu a oportunidade de também agregar elementos das respectivas culturas à sua sonoridade. Em "Trip Lunar" é possível observar as mais variadas influências a partir dos diversos gêneros abordados nesta verdadeira celebração que marca o seu retorno à cena musical. Em duetos com nomes da cena musical mineira Duzão interpreta canções como "Não" (em parceria com o músico José Luis Braga), "Claro feitiço" duo com o cantor e compositor Ladston do Nascimento e "Muita alegria", que traz a cantora e compositora Leopoldina Azevedo, artista que vem galgando uma espaço cada vez mais relevante no cenário musical mineiro. Do universo acadêmico Duzão contou com a adesão da coordenadora e professora titular da Pós-graduação do Departamento de Demografia da UFMG Simone Wajnman na faixa "Fogo nu" e Marcos Pimenta na canção "Coração menino". Há ainda presentes no disco a faixa homônima ao nome do projeto, a jazzística "Cidade Luz", a instrumental "Ponto de mutação", a marchinha "Quem inventou" e a "Bacia de latão", faixa com incursões no universo flamenco.

Para que a trip fosse completa o músico mineiro, sob a produção de Thiakov (que também executa violões de aço) e fotografias de Junia Mortimer, convidou para embarcar em sua sonoridade nomes como Leonardo Lima (piano elétrico e orgão), Yuri Vellasco e Lucas Mortimer (percussão e baterias), Daniela Rennó (vibraphone), Ivan Mortimer (guitarra solo), Rafael PimentaLaura Von AtzingenPedro "trigo" Santana Giodano Cícero (baixos, violinos e guitarras), Ygor Rajão (flugelhorn e trumpete), Henrique Staino (sax tenor e alto), João Machala (trombone), Joana Queiroz (clarinete), Rafael Martini (violão), Chico Amaral e Elio Silva (sax tenor), Bruno Pimenta (flautim), Alexandre Andrés (flauta), Waltson Tanaka (viola) e Claudio Urgel (violoncelo). O disco ainda conta com os arranjos de João Antunes e Pedro Licinio respectivamente nas cordas e metais, e de Rafael Martini na faixa "Fogo Nu".

Este primeiro projeto solo de Duzão mostra de modo pleno os lampejos das mais distintas influências que o substanciaram ao longo de sua formação musical. Sua arte não detém rótulo algum e não restringe-se a rica cena musical mineira, uma vez que o artista soube pincelar e apreender os mais diversos elementos por onde andou e que hoje substanciam a sua arte. Sua produção mostra-se de vanguarda a partir do momento que, na junção dos seus acordes, apresenta uma síntese daquilo que estar por vir. Em seu som tudo soa como novo, contemporâneo; e isso sem dúvida habilita-o estar entre os grandes destaques da música mineira apesar do pouco espaço na mídia. Como músico Mortimer deixa o seu lado acadêmico interferir em sua arte de modo proveitoso a partir das mais diversas alquimias e experimentações sonoras este trabalho acaba chegando como prova documental desta afirmação. "Trip Lunarsem dúvida alguma mostra que o tempo foi generoso com Duzão dando-lhe não apenas os ornamentos que destacam a música que produz, mas também todos os elementos que fazem-se fundamentais e revigorantes para seguir em frente sem consequentemente tornar-se mais do mesmo. O vigor que procura manter a partir de sua arte o capacita a sorver de cada fração dos minutos que lhe pertence aquilo que de mais precioso existe e isso o gabarita de modo singular. E é assim que de tempos em tempos o professor Mortimer deixa de lado teorias acadêmicas e elementos químicos para dar vazão ao heterônimo Duzão, cantor e compositor que esporadicamente dá o ar da graçaA cognição em conjunto com a sensibilidade, muniu o professor e químico de versos e melodias capazes de sobrepujar toda a despretensiosidade acadêmica. É o que percebe-se em "Trip Lunar" a partir de uma atmosfera composta por uma vigorosa unidade sonora. O disco acaba transformando-se em uma viagem imbuída de uma série de sensações caracterizadas pela leveza. Na audição do disco é possível a possibilidade de tomarmos conhecimento do tempo do artista e viajarmos em seu ritmo a partir daí fazendo jus a frase que José Saramago eternizou: "Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo".


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quinta-feira, 19 de junho de 2014

CHICO BUARQUE COMPLETA 70 ANOS E RECEBE HOMENAGENS

Confira os projetos relacionados ao compositor que chegam em breve


Por Luiza Piffero




Imagine um Brasil sem Chico Buarque. E também sem Geni, Beatriz, Pedro Pedreiro, Rita. O talento de Chico foi nos presenteando com esses personagens que até hoje nos explicam de quem é feito o Brasil. Os sambas do autor se tornaram essenciais não apenas no cancioneiro nacional, mas na história do país.

Nesta quinta-feira, o compositor completa 70 anos. A festa de aniversário será em Paris, onde ele finaliza seu próximo romance. Mas, por aqui, os fãs vão poder comemorar com shows, filmes, musicais e outros tributos. Confira o que vem por aí.


Nos palcos de Porto Alegre

Na quarta-feira, o projeto O Maestro, O Malandro & o Poeta – Especial Tom, Chico & Vinicius, que reúne as bandas Roda Viva, Tribo Brasil e Carne de Panela, vai ao Batemacumba honrar estes três ícones da MPB, privilegiando o repertório do aniversariante – reapresentação em 17 de julho, no Ocidente.

No dia 10, o grupo Roda Viva mostra repertório de Chico no Ocidente. O baixista Juliano Luz explica por que o grupo não se cansa de tocar canções do músico após 10 anos de shows:

– A obra dele é rica musicalmente e no conteúdo. Ele fala de muitos assuntos, sempre trabalha com arranjos diferentes, compondo com parcerias importantes, e ao mesmo tempo tem várias músicas em que ele fez a melodia, a harmonia, a letra, tudo. É um grande compositor.

A banda Samba e Amor também tem dedicado todos os seus shows no mês de junho no Batemacumba Bar ao compositor.


No cinema

Estreará em 2015 um documentário que retrata o compositor a partir de músicas, textos e entrevistas – a direção é de Miguel Faria Jr., o mesmo do longa Vinicius(2005). Também no ano que vem, deve estrear a adaptação de Cacá Diegues parao musical O Grande Circo Místico, baseado no poema de Jorge de Lima, que ganhou trilha de Chico e Edu Lobo em 1982. Primo do compositor, o cineasta Lula Buarque de Hollanda comprou os direitos para adaptar o livro Leite Derramado, que Chico lançou em 2009.


Na TV

O Canal Brasil exibe neste domingo, às 17h, e no dia 27, às 15h, Chico Buarque – Na Carreira (2012), show da turnê do último disco do músico, que percorre diferentes fases de sua trajetória. Já no sábado, às 17h, e dia 26, às 15h, Palavra de Mulher (2012) destaca o talento de Chico para escrever do ponto de vista feminino na voz de três cantoras.


Em livro

O próximo romance de Chico Buarque ainda é um segredo, mas a editora Companhia das Letras espera receber o manuscrito em setembro e publicá-lo ainda neste ano.


Nos fones

A Universal Music tem novidades: disponibiliza o catálogo de Chico no iTunes desde terça-feira, vai lançar em julho versões em Blu-ray para os DVDs da série sobre o artista dirigida por Roberto de Oliveira em 2004 e, em outubro, a edição especial do CD e DVD Samba Social Clube, com sambistas interpretando Chico. Também está previsto o relançamento do box De Todas as Maneiras, com os 21 primeiros discos de Chico e um CD triplo de raridades.


No centro do país

Em Rio de Janeiro e São Paulo, começa uma onda de musicais com trilhas de Chico. Com Renato Aragão e Dedé Santana no elenco, a adaptação para o palco do filme Os Saltimbancos Trapalhões (1981) chega em outubro, assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho, os mesmos diretores de Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos – espetáculo que, depois de estrear no Rio, vai a São Paulo em agosto, e cuja trilha está sendo lançada pela Biscoito Fino. No Rio, agenda cheia: O Grande Circo Místico segue em cartaz até o fim de julho, Ópera do Malandro (1978) estreia em agosto, e os espetáculos Apesar de Você, de Gustavo Paso, e Calabar, O Elogio da Traição, remontado por Ruy Guerra, chegam até o fim do ano.

CONHEÇA 70 FATOS MARCANTES DA VIDA DE CHICO BUARQUE

Por Ana Clara Brant


Chico Buarque assovia durante ensaio, no Palácio das Artes, para a turnê 'Chico', em 2011

Chico Buarque chega aos 70 anos com um patrimônio de criação que honra a cultura brasileira. São mais de 500 canções, peças de teatro, romances, musicais e trilhas de balés – uma vida à altura da criação. Artista, nunca deixou de participar das grandes questões de seu tempo. Enfrentou adversários poderosos e a censura, viveu o exílio com tristeza. Criador de belezas, foi também cronista das dores mais fundas. Sua obra cresceu com o tempo, tornou-se mais sofisticada e rica. E, o que é mais impressionante, marca do poeta generoso: Chico trouxe com ele o público em sua viagem pessoal, de mãos dadas. O brasileiro ficou melhor por causa de Chico Buarque. A comemoração dos 70 anos é oportunidade para lembrar 70 momentos, instantes que fazem parte da história do Brasil.


Bisavô mineiro
José Cesário de Faria Alvim, avô da mãe do compositor, Maria Amélia Cesário Alvim, nasceu em Piranga, na Zona da Mata, em 1839. Ele governou Minas Gerais duas vezes. 

O pai
Chico é filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda (1902-1982), um dos intelectuais mais importantes do país, autor do clássico 'Raízes do Brasil' e fundador do PT. 

A mãe
“São os sons da vida”. Assim Maria Amélia, a Memélia (1910-2010), respondia à pergunta sobre o que inspirava o filho. Criada numa tradicional família mineira, era torcedora do Fluminense e amiga de frades dominicanos progressistas como ela. 

Os irmãos
Sérgio e Maria Amélia tiveram sete filhos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo e as cantoras Ana (chegou a ocupar o posto de ministra da Cultura no governo Dilma Rousseff), Cristina, Heloísa Maria (Miúcha), além de Francisco. 

Em Cataguases
Em 1946, a família se mudou do Rio para São Paulo. Aos 15 anos, Chico Buarque foi “exilado” durante seis meses pelos pais em um internato em Cataguases, na Zona da Mata de Minas. Queriam afastá-lo da influência dos Ultramontanos, grupo radical católico de direita pelo qual se encantara. 

Futebol
Embora Chico fosse torcedor do Fluminense, seu ídolo vestia a camisa do Santos. Seu nome era Paulo César de Araújo, o Pagão. 

Politheama
Outro clube ocupa lugar no coração do cantor: o Politheama. Criado há 35 anos, o time de futebol de botão transformou-se num escrete, com direito a jogadores, hino e centro de treinamento.

Roubo do carro
A primeira aparição de Chico na imprensa se deu nas páginas policiais da 'Última Hora', de São Paulo. Com um amigo, ele arrombou um carro para passear. Acabou preso. A foto feita na delegacia foi parar na capa do disco 'Paratodos'.

Chega de saudade
Em 1959, João Gilberto lançou 'Chega de saudade'. Chico a ouvia tão repetidamente que chegava a irritar os vizinhos. 

João Gilberto
Chico conhecia o violão de João desde o disco de Elizeth Cardoso, 'Canção do amor demais'. De cara, achou aquilo diferente. O jovem sonhava “cantar como João Gilberto, fazer música como Tom Jobim e letra como Vinicius de Moraes”.

Primeira canção
“Meu Deus, o que será que tem/ Nesses olhos teus/ O que será que tem/ Pra me seduzir”. Esses versos pertencem à primeira música de Chico, 'Canção dos olhos' (1959), composta aos 15 anos.

Arquitetura 
Em 1963, Chico entrou para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, em São Paulo. “Fui o pior aluno da classe”, disse. Ligou-se ao movimento estudantil e participou de um grupo que fazia shows amadores, o Sambafo. 

Niemeyer
O cantor evocou em seus escritos a proximidade com a arquitetura, o gosto de inventar cidades e a “casa do Oscar”, um projeto nunca realizado de residência para a família Buarque, de autoria do criador de Brasília.

Vinicius de Moraes
Chico conheceu Vinicius ainda criança. O poeta costumava visitar Sérgio Buarque. Anos depois, os dois se tornaram parceiros. Fizeram 'Olha Maria', 'Samba de Orly', 'Gente humilde', 'Desalento' e 'Valsinha'.

Primeiro compacto
Em 1965, chegou às lojas o primeiro compacto da carreira, 'Sonho de carnaval', que trazia no lado B a canção 'Pedro pedreiro', peça fundamental para a experimentação do modo como viria a trabalhar os versos, com construção rigorosa. 

Morte e vida severina
Aos 21 anos, o estudante de arquitetura musicou o poema de João Cabral de Melo Neto. A estreia da peça foi em São Paulo, em 1966. João Cabral, que não gostava de música, aprovou o resultado.

'A banda'
Esta canção foi um divisor de águas na carreira de Chico. Interpretada por ele e Nara Leão, dividiu o 1º lugar com 'Disparada', de Geraldo Vandré e Théo de Barros, defendida por Jair Rodrigues no 2º Festival de Música Popular Brasileira, em 1966. Vendeu mais de 100 mil cópias em uma semana.

Nara Leão
Nara ganhou do compositor a música 'Com açúcar, com afeto'. Os dois apresentaram juntos 'Pra ver a banda passar', programa musical na TV Record, nos anos 1960.

Outros festivais
'Sonho de um carnaval' foi sua primeira música inscrita em um festival, o da TV Excelsior, em 1965. O 1º lugar foi para 'Arrastão', de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, interpretada por Elis Regina. No 3º Festival de Música Popular Brasileira, em 1967, Chico faria sucesso com 'Roda viva'. 

Primeiro LP
Em 1966, sai o LP de estreia, 'Chico Buarque de Hollanda' (RGE), com 12 faixas, entre elas 'A Rita' e 'A banda'.

Maestro soberano
Antônio Carlos Jobim foi apresentado a Chico em 1966. Tom já era celebrado mundialmente. A dupla fez 'Anos dourados', 'Falando de amor', 'Imagina'.

Vaia 
Em 1968, Chico venceu o 3º Festival Internacional da Canção, em parceria com Tom Jobim, com a canção 'Sabiá'. O público vaiou Chico, Tom e o Quarteto em Cy. Preferia 'Pra não dizer que não falei de flores', de Geraldo Vandré.

Parceiros
Chico fez parcerias com os grandes nomes da MPB, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Toquinho, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Cristóvão Bastos. Entre os mais constantes estão Francis Hime e Edu Lobo.

Marieta
A atriz Marieta Severo e Chico Buarque se conheceram em 1966. Os dois ficaram casados por 30 anos e tiveram três filhas: Sílvia, Helena e Luísa. Marieta chegou a encenar peças do marido, como 'Roda viva' e 'Ópera do malandro'. Amigos, os dois têm atualmente outros companheiros: o diretor Aderbal Freire-Filho e a cantora Thaís Gulin.

Os netos
Filho de Helena Buarque com Carlinhos Brown, o adolescente Francisco Freitas segue a trilha do pai e do avô. Chico se orgulha do ouvido absoluto do neto, fã de heavy metal e de jazz. Chico e Marieta Severo são também avós de Teresa, Lia, Cecília, Clara e Irene. 

Roda viva
O musical 'Roda viva' estreou em 1968, no Rio de Janeiro. A peça conta a história de um artista popular antropofagicamente devorado pela indústria cultural. O elenco foi agredido pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e a peça proibida.

Clarice Lispector
Como jornalista, Clarice Lispector fez entrevista histórica com Chico Buarque – ou melhor, Xico Buark. Ela não se limitou ao papel de repórter. “Chico, um conselho para você: fique de vez em quando sozinho, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa”, aconselhou Clarice. 

A ditadura
Participante da passeata dos 100 mil, em 1968, Chico militou contra a ditadura e apoiou as forças progressistas. Compôs canções e peças críticas ao regime, às vezes de forma explícita, outras buscando driblar a censura de maneira alegórica. Não chegou a ser preso, mas foi interrogado no Dops e no 1º Exército. 

O exílio
Em 1969, Chico recebeu convite para gravar um disco na Itália e cantar na França. Seguiu para Roma com Marieta, grávida da primeira filha. Ao saber da prisão de Gil e Caetano, decidiu não voltar. O casal passou 14 meses na Europa.

A censura
“Eles me encheram o saco, mas também enchi muito o saco deles”, disse Chico sobre os censores. O compositor teve dezenas de canções proibidas e “tesouradas”, mas duas escaparam: 'Apesar de você' e 'Cálice'. Quando se deram conta do vacilo, os censores já não podiam impedir o povo de cantá-las.

Julinho da Adelaide
Para burlar a censura prévia, o compositor inventou o sambista Julinho da Adelaide, que estreou com 'Acorda amor'. A identidade de Julinho foi revelada em 1975, numa reportagem sobre a censura publicada no JB.

Amigos de fé
A amizade com Augusto Boal (1931-2009) e Paulo Pontes (1940-1976) rendeu obras importantes. Chico musicou a peça 'Mulheres de Atenas' em parceria com Boal, companheiro exilado a quem dedicou a canção 'Meu caro amigo'. Com Paulo Pontes escreveu 'Gota d'água'.

'Gota d’água'
Em 1975, Paulo Pontes e Chico retomaram o projeto de Oduvaldo Vianna Filho, que havia adaptado 'Medeia', de Eurípides, para a TV. Protagonizada por Bibi Ferreira, a tragédia 'Gota d’água' deu ao compositor o Prêmio Molière.

'Construção'
A música, composta em 1971, faz parte do álbum homônimo lançado entre o exílio e a volta ao Brasil. Liricamente, o disco é carregado de críticas ao regime militar e às condições sociais do país. Além da preciosidade técnica da letra (41 versos e todos terminam com um proparoxítono de três sílabas), a canção revela o engajamento social de seu autor.

Zuzu Angel
Chico Buarque recebeu uma das cartas distribuídas por Zuzu Angel responsabilizando o governo militar por sua morte caso sofresse acidente, como de fato ocorreu. 'Angélica' é inspirada na saga da estilista mineira, que enfrentou a ditadura para denunciar o assassinato do filho, Stuart Angel.

Revolução dos Cravos
O fim da ditadura em Portugal (1926-1974) foi saudado por Chico com 'Tanto mar'. Esse “hino brasileiro” da Revolução dos Cravos ganhou duas versões: a primeira, de 1975, teve a letra censurada; a mais conhecida foi gravada em 1978 no disco Chico.

Fazenda modelo
Estreia de Chico Buarque na literatura com 'Fazenda modelo', lançado em 1974 e definido pelo autor como uma “novela pecuária”. 

Crianças
Chico Buarque também enveredou pelo universo infantil. Em 1979, lançou 'Chapeuzinho amarelo', um livro-poema que aborda as idas e vindas dos temores infantis. 

Saltimbancos
O musical 'Os saltimbancos' estreou no Canecão, em 1977. Em 1981, Os Trapalhões lançaram o filme 'Os saltimbancos trapalhões', cujas canções foram adaptadas para o cinema pelo próprio compositor.

Intérpretes
Uma infinidade de cantores gravou Chico. Muitas dessas canções passaram a ter versões definitivas, como 'Atrás da porta' (com Elis Regina), 'O cio da terra' (com Milton Nascimento e a dupla Pena Branca e Xavantinho), 'Gente humilde' (Ângela Maria) e 'Bastidores' (Cauby Peixoto).

Cuba
Em 1978, Chico Buarque desembarcou pela primeira vez em Cuba. Fez a ponte entre a cultura da ilha comunista e o Brasil. Gravou 'Yolanda', do cubano Pablo Milanés, e compôs 'Tanto amar' inspirado em Havana.

Diretas-já
Em 1984, o cantor se engajou na campanha das Diretas-já, participando de palanques ao lado de artistas, jogadores de futebol, Lula, FHC e Ulysses Guimarães. Compôs 'Vai passar', em parceria com Francis Hime, a mais bela tradução do movimento.

Chico e Caetano
Em 1986, Chico Buarque e Caetano Veloso apresentaram programa na Rede Globo. O musical marcou o reencontro de Chico, crítico ao apoio da emissora ao governo militar, com o complexo de comunicação. 

Circo místico
Inspirados no poema de Jorge de Lima, Chico e Edu Lobo compuseram a trilha do balé 'O grande circo místico'. Entre as canções está a clássica 'Beatriz'.

Chico e o cinema
Ator em 'Quando o carnaval chegar' (Cacá Diegues) e 'Ed Mort' (Alain Fresnot), Chico escreveu roteiros e compôs temas para 'Bye Bye Brasil' (Cacá Diegues) e 'A ostra e o vento' (Walter Lima Jr.), entre outros filmes. 

Voz feminina
Chico Buarque é conhecido como uma espécie de porta-voz das mulheres. Muitas de suas criações se notabilizaram pela decantação de um eu lírico feminino expresso em canções como 'Olhos nos olhos' e 'Atrás da porta'.

O galã
Os olhos verdes de Chico sempre encantaram as fãs. Nos shows, é comum ouvir gritinhos e suspiros.

Paris
A capital francesa é uma das paixões de Chico Buarque. É lá que o cantor e compositor costuma escrever seus livros.

Samba
Autor de sambas memoráveis, o artista nunca escondeu a paixão pelo ritmo e por representantes do gênero como Noel Rosa, Ismael Silva e Ataulfo Alves. 

O malandro
A malandragem é outro ponto forte na temática buarquiana, dialogando com o Chico sambista e inspirando canções como 'Vai trabalhar, vagabundo' e 'A volta do malandro'.

Mangueirense
Em 1998, a Estação Primeira de Mangueira escolheu o artista como tema. A verde e rosa levantou a Sapucaí e conquistou o título, empatando com a Beija-Flor. 

Carnaval
Com menos de 10 anos, Chico Buarque compôs suas primeiras marchinhas de carnaval. 

Política
Chico manifestou em público seu apoio às candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff à Presidência da República.

O romancista
'Estorvo' (1991) revelou que o romancista não é uma extensão do cancionista. A obra literária do autor vai ganhando ainda mais em qualidade e acabamento. Seguiram-se 'Benjamin' (1995) e 'Budapeste' (2003). Os três foram adaptados para o cinema. Seu mais recente romance é 'Leite derramado'.

José Saramago
O vencedor do Prêmio Nobel em 1998 se juntou a Chico e ao fotógrafo mineiro Sebastião Salgado para lançar 'Terra', livro em defesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da justiça social. 

Cambaio
Em 2001, Chico volta aos musicais depois de 'Morte e vida severina' (1966), 'Calabar – O elogio da traição' (1973, espetáculo censurado), 'Ópera do malandro' (1978) e 'O corsário do rei' (1985). Ele fez as letras e Edu Lobo as melodias para o espetáculo, escrito por Adriana e João Falcão.

Irmão alemão
Em um encontro com Manuel Bandeira e Vinicius de Moraes, Chico ficou sabendo que seu pai, quando era estudante na Alemanha, antes de se casar, teve um filho com uma namorada daquele país. O assunto era tabu na família, que não conseguiu localizar o rapaz.

O letrista
A discussão sobre a relação entre a letra de canção e poesia é antiga. Chico Buarque parece ser a terceira margem deste rio. Suas letras são construídas com profundo conhecimento das técnicas literárias, mas nunca perdem a comunicação e são embaladas por musicalidade interna quase natural. Herdeiro da linguagem urbana de Noel, incorporou elementos 
da poesia modernista de Manuel Bandeira, Drummond e Vinicius. 

O músico
A força da poesia das canções de Chico, por muito tempo, obscureceu a arte do melodista. Ele domina o samba, a valsa, a toada, a modinha e as formas teatrais, além de compor tango, fado, blues, rock, baião e chorinho. Com o tempo, suas composições foram ganhando elementos eruditos vindos da influência das harmonias da música impressionista, que chegaram filtradas pela arte de Tom Jobim.

'O que será'
A canção teve três versões e foi composta para o filme 'Dona Flor e seus dois maridos', de Bruno Barreto. As mais conhecidas são 'À flor da pele' e 'À flor da terra'.

Religião
Chico foi aos extremos. Chegou a se encantar com o conservadorismo da TFP ainda garoto. Adulto, aproximou-se de católicos progressistas. O teólogo Leonardo Boff vê em sua poesia traços de franciscanismo, da Teologia da Libertação e 
até do budismo.

Flâneur
Fã de caminhadas, Chico surpreende fãs na orla Ipanema-Leblon. Com passos rápidos e boné, costuma cruzar, sem ser reconhecido, calçadas de ruas movimentadas da Zona Sul. 

O flagra
Em 2005, Chico foi flagrado por um paparazzo abraçado a Celina Sjösted no mar do Leblon. Já separado de Marieta Severo, viu-se em meio a um escândalo, pois a moça era casada. 

Câmera e ação
O escritor, compositor e cidadão se revela em 'O tempo e o artista'. Dirigida por Roberto de Oliveira, a série traz 10 programas de TV reunidos em caixa com 12 DVDs, ainda disponível nas lojas.

Forno e fogão
'Feijoada completa' é mais do que metáfora. Chico Buarque adora feijão. Ele declarou orgulhar-se de seu molho de espaguete.

'Leite derramado'
O romance mais recente, 'Leite derramado' (2009), é uma obra-prima. É a saga de um homem em meio aos tormentos da memória, que simboliza a formação do país e suas feridas sociais mais profundas. 

Internet
O artista colocou na rede bastidores de discos, alavancando vendas em tempo de crise do CD e driblando entrevistas com a divulgação de vídeos e faixas inéditas. No disco mais recente, 'Chico', mostrou domínio da tecnologia e de suas artimanhas, com apresentação ao vivo da canção 'Sinhá', com João Bosco. 

Rap
Em novembro de 2011, ao estrear em BH sua última turnê, Chico surpreendeu ao cantar um fragmento de rap em homenageam a Criolo, autor de versos inspirados em 'Cálice'. Sete anos antes, o ícone da MPB havia afirmado que a emergência do rap poderia representar o fim da canção.

Biografias
Em outubro de 2013, Chico, contrário à liberação de biografias não autorizadas ao lado de astros da MPB, afirmou que jamais dera entrevista a Paulo Cesar Araújo, autor de livro censurado sobre Roberto Carlos. Teve de pedir desculpas em público depois da divulgação do vídeo da conversa, ocorrida em 1992.

Thaís Gulin
A cantora curitibana, de 34 anos, é a namorada do compositor. Em 2011, os dois gravaram 'Se eu soubesse'. Ele lhe dedicou a canção 'Essa pequena' (“Meu tempo é curto, o tempo dela sobra/ Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora”).

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