domingo, 5 de maio de 2013

40 ANOS SEM DALVA DE OLIVEIRA

Ao longo de 2012 completaram-se quatro décadas sem o nosso 'rouxinol brasileiro' como por muitos era conhecida. Ainda a tempo, o Musicaria Brasil presta-lhe uma singela homenagem.


Filha de um carpinteiro mulato, Mário de Paula Oliveira, conhecido como Mário Carioca, e da portuguesa Alice do Espírito Santo Oliveira, Vicentina de Paula Oliveira nasceu em 5 de maio de 1917 na cidade de Rio Claro, São Paulo. Em 1935, no Cine Pátria, Dalva conheceu Herivelto Martins que formava ao lado de Francisco Sena o dueto Preto e Branco; foi terminado o dueto e nascia o Trio de Ouro. Iniciaram um namoro e, no ano seguinte, iniciaram uma convivência conjugal, oficializada em 1939 num ritual de Umbanda. A união gerou dois filhos: o cantor Pery Ribeiro e Ubiratan de Oliveira Martins. A União durou até 1947, quando as constantes brigas e traições por parte de Herivelto deram fim ao casamento. Matérias mentirosas publicadas por Herivelto, com a ajuda do jornalista David Nasser no "diário da Noite" fizeram com que o conselho tutelar mandasse Pery e Ubiratan para um internato, só podendo visitar os pais em datas festivas e fins de semana, e podendo sair de lá definitivamente com 18 anos. Dalva sofreu muito por isso. Em 1949, oficializaram a separação. Em 1952, depois de se consagrar mais uma vez na música mundial e ganhar o título de Rainha do Rádio, Dalva de Oliveira resolve excursionar pela Argentina, para conhecer o país e cantar em Buenos Aires. Nessa ocasião conhece Tito Climent, que se torna primeiro seu amigo, depois seu empresário e mais tarde, seu segundo marido. Com ele adotou uma filha chamada Dalva Lúcia de Oliveira Climent, a qual Dalva brigou na justiça pela guarda da menina, que fica com o marido, já que casada anos com ele, viviam brigando. Dalva era uma mulher simples, e Tito queria uma mulher fina e cheia de requintes, sempre pronta para atender a todos em cima do salto. Em 1963, Dalva de Oliveira e Tito Climent se separaram oficialmente. Ela volta para o Brasil sozinha e triste, sendo que a filha vai visitá-la nas férias, como os filhos que estão no internato. Mais tarde, ela conhece Manuel Nuno Carpinteiro, homem muitos anos mais jovem, que se tornaria seu último marido.



De voz afinada, e bela, considerada a Rainha da Voz ou o rouxinol brasileiro, sua extensão vocal ia do Contralto ao Soprano. Em 1937, a Dalva gravou, junto com a Dupla Preto e Branco, o batuque Itaquari e a marcha Ceci e Peri, ambas do Príncipe Pretinho. O disco foi um sucesso, rendendo várias apresentações nas Rádios. Foi César Ladeira, em seu programa na Rádio Mayrink Veiga, que pela primeira vez anunciou o Trio de Ouro. Em 1949 deixou o trio, quando excursionavam pela Venezuela com a Companhia de Dercy Gonçalves. Em 1951 retomou a carreira solo, lançando os sambas Tudo acabado (J. Piedade e Osvaldo Martins) e Olhos verdes (Vicente Paiva) e o samba-canção Ave Maria (Vicente Paiva e Jaime Redondo), sendo os dois últimos grandes sucessos da cantora. No ano seguinte foi eleita Rainha do Rádio, e excursionou pela Argentina, apresentando-se na Rádio El Mundo, de Buenos Aires, na qual conheceu Tito Clement, que se tornou seu empresário e depois marido, pai de sua filha, como mencionado anteriormente. Ainda em 1951, filmou Maria da praia, dirigido por Paulo Wanderley, e Milagre de amor, dirigido por Moacir Fenelon.


No dia 18 de agosto de 1965, sofreu um acidente automobilístico na cidade do Rio de Janeiro, que resultou na morte por atropelamento de três pessoas.

Três dias antes de morrer, Dalva pressentiu o fim e, pela primeira vez, em sua longa agonia de quase três meses, falou da morte. Ela tinha um recado para sua amiga Dora Lopes, que a acompanhou ao hospital: "Quero ser vestida e maquiada, como o povo se acostumou a me ver. Todos vão parar para me ver passando". Ela faleceu em 30 de agosto de 1972, vítima de uma hemorragia interna provavelmente causada por um câncer. A cantora teve seu apogeu artístico nos anos 30, 40 e 50. Seu corpo está enterrado no Cemitério da Saudade no Rio de Janeiro.

Em 1987, teve sua vida interpretada pela atriz Marília Pera na peça "A estrela Dalva", de João Elísio e Renato Borghi.

Em 1988, o selo Revivendo relançou o LP gravado em Londres com Roberto Inglês. Em 1997, Roberto Menescal produziu o álbum "Tributo à Dalva de Oliveira", reunindo vários artistas, tais como Elba Ramalho, Sidney Magal, Joanna, Cauby Peixoto, Lucho Gatica e Eduardo Dusek. Ainda em 1997, a EMI lançou o álbum "A Rainha da Voz", com quatro CDs, contendo suas gravações mais expressivas, num total de 80 músicas.

Em 2000, o LP gravado com Roberto Inglês foi lançado em CD pelo selo Revivendo e mereceu na época as seguintes considerações do crítico Tárik de Souza: ""a difusão planetária da MPB ensaiava seus (com) passos uma década antes da bossa nova". Apesar de estilizar os sambas e choros num ritmo que está mais para o mambo, ou outros ritmos latinos, o elepê de Dalva de Oliveira com Roberto Inglês pode ser visto como um difusor da MPB no mundo. No mesmo ano, a EMI dentro da série "Bis", lançou o Cd duplo "Dalva de Oliveira", com 28 interpretações marcantes da cantora. Em 2001, seu filho Pery Ribeiro colocou a voz na música "Que sabes tu" gravada por ela em 1965, raças a recursos tecnológicos fazendo assim um histórico e inédito dueto entre mãe e filho. Em 2002, Pery apresentou um tributo à mãe no teatro Estácio de Sá, campus Antônio Carlos Jobim, na Barra da Tijuca. O espetáculo obteve sucesso e ficou várias semanas em cartaz.



Em 2003, a EMI/Odeon relançou na série "10 polegadas Odeon" seus LPs "A voz sentimental do Brasil", de 1953 e "Dalva de Oliveira com Roberto Inglez e sua orquestra", de 1955, colocados em um único CD. Considerada por Maria Betânia como a melhor cantora do Brasil. Em 2006, foi lançado pelo selo Revivendo o CD duplo "Canta Dalva" contendo 42 gravações originais da cantora incluindo sucessos como "Estão voltando as flores", de Paulo Soledade, "Marcha da quarta-feira de cinzas", de Carlos Lyra e Vinicíus de Moraes, "Chuva de prata", de Zé Ketti, "Estrela do mar", de Marino Pinto e Paulo Soledade, "Maria escandalosa", de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, "Porta estandarte", de Geraldo Vandré e Fernando Lona, "Zum zum", de Fernando Lobo e Paulo Soledade, e "Pequena marcha para um grande amor", de Juca Chaves, entre outras, além das clássicas marchas-rancho "Rancho da Praça Onze", de João Roberto Kelly e Chico Anísio, "Máscara negra", de Zé Ketti e H. Pereira Mattos, e "Bandeira branca", de Max Nunes e Laércio Alves. Em 2010, foi levada ao ar pela TV Globo a micro série "Dalva e Herivelto, uma canção de amor" retratando a intensa relação vivida pelos dois artistas. Escrita por Maria Adelaide Amaral, a micro série contou com as participações de Adriana Esteves e Fábio Assunção nos papéis principais. Retratando um período que vai dos anos 1930 até 1970, quando da morte da cantora, a micro série retratou ainda diversos ídolos do Rádio tais como Marlene, (vivida pela atriz Rita Elmôr), Emilinha Borba (Soraya Ravenle), as irmãs Linda (Cláudia Netto) e Dircinha Batista (Luciana Fregolente), Francisco Alves (Fernando Eiras) e Orlando Silva (Édio Nunes), além de Nilo Chagas, integrante da primeira formação do Trio de Ouro e vivido pelo ator Maurício Xavier.

Fonte:
Dicionário da MPB
Wikipedia

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