quinta-feira, 11 de agosto de 2011

10 ANOS SEM ORLANDO DIAS

Faz exatamente uma década que o cantor Adauto José Michiles, ou simplesmente Orlando Dias, faleceu, vítima de infarto, aos 78 anos, em sua casa na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro.

Por Ivan Maurício


Neto de um violonista e poeta, o menino adauto cresceu neste contexto, e de forma natural herdou essa veia artística para a música. Nasceu no Recife PE em 1/8/1923. O avô influenciador ensinou-lhe os primeiros rudimentos musicais. Em 1938 tentou um programa de calouros, mas foi gongado; repetiu a experiência, com sucesso, na Rádio Clube de Pernambuco.

Em 1938, deu início à carreira, participando de um programa de calouros sem sucesso. Influenciado por Orlando Silva imitava-o, quando se mudou para o Rio de Janeiro, chegando a ser contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Mas a fama ainda não veio dessa vez: quatro anos depois, Voltou ao Recife, por volta de 1946, mas depois da perda da esposa, decidiu voltar ao Rio de Janeiro novamente o Rio de Janeiro em 1950.

Gravou seu primeiro disco pela Todamérica em 1952, com "Tive ciúme", um samba de Almeida Freire e "Ainda não sei", um bolero de Peterpan. No ano seguinte lançou o samba "Não te quero bem nem mal", de J. Cascata e Leonel Azevedo. Em 1954 gravou o fox-trot "Façamos as pazes", de Luiz de França, Ubirajara Nesdan e Nelson Bastos. Em 1955 gravou na Mocambo o baião "Perigo de morte", de Gordurinha e Wilson de Morais. No fim da década de 1950, passou a cantar com o estilo que lhe deu fama.



Em 1959 estreou na Odeon com os boleros "Se eu pudesse", de Valdir Machado e "Nas tuas horas de tristeza", de Cid Magalhães. Atingiu o auge de sua carreira no início dos anos 1960. Nessa época lançou da dupla Arsênio de Carvalho e Lourival Faissal a guarânia "Minha serás eternamente". Em 1961, lançou com sucesso o bolero "Tenho ciúmes de tudo", de Valdir Rocha. No ano seguinte gravou mais dois boleros de Valdir Machado, compositor do qual gravava composições frequentemente. Em 1963, gravou com êxito o LP "Se a vida fosse um sonho bom", trazendo, além da faixa-título, "Beija-me", ambas de autoria de Valdir Machado. Em 1965, lançou para o carnaval o samba "Saravá", de Zilda Gonçalves e Jorge Silva. Em 1966, lançou novo LP pela Odeon intitulado "O ator da canção", onde se destacaram as músicas "Sonho de amor", de Arsênio de Carvalho, e "Uma esmola", de Ramirez, com versão de Pedro Lopes. Em 1968, lançou o LP "O atual", também pela Odeon, com destaque para "Amor desesperado", de Dino Ramos, com versão de Romeu Nunes, e "Perdoa-me", de Manzareno, com versão de Rubem Carneiro. Em 1973, gravou novo LP Odeon com o título "O cantor mais popular do Brasil", com destaques para "Leva-me contigo", de sua própria autoria, e "Tu partiste", de Pedrinho. Nos anos 1980 passou a viajar pelo interior para divulgar seus discos, apresentando-se em rádios locais. Fez excursão à Europa e, em 1997, regravou vários sucessos em CD intitulado "Vinte super sucessos".

Com o seu nome de batismo chegou a assinar centenas de composições e mesmo não tendo filhos, teve seu estilo copiado por dezenas de cantores que buscavam inspiração, principalmente, no gênero dramático de interpretar canções que quase sempre retratavam amores fracassados e ciúmes doentios.


"Perdoa-me Pelo Bem Que Te Quero", "Mentiste-me" e "Tenho Ciúmes de Tudo", são músicas consagradas na voz do cantor pernambucano. Certamente, vivas na memória dos fãs. A canção "Tenho Ciúmes de Tudo", marco inconteste na carreira do cantor, gravada em 1961. A mesma canção, ganhou nos anos 1970, uma interpretação pungente do eclético Caetano Veloso e, também, com Chitãozinho & Xororó.

Na década de 1980, quando as gravadoras começaram a agonizar, quando o repertório musical brasileiro toma outro rumo, Orlando Dias mudou-se para a gravadora Copacabana e, sem que ninguém esperasse mais algum sucesso por parte do cantor, para muitos, já ultrapassado, ele estoura nas rádios em 1983 com a canção "Com a Pedra na Mão", de sua autoria com Maury Câmara.

Orlando Dias teve seu espaço na mídia para brilhar e cantar suas músicas, enquanto viveu da profissão, recebeu elogios e foi reconhecido como autor de um estilo. Usou de artifícios como lenço branco, encenações e interpretações dramáticas, usou principalmente seu maior recurso para conquistar o Brasil, sua voz. Seu nome está entre os mais reconhecidos de uma era de ouro da música popular do Brasil.



Orlando Dias morreu num sábado, no dia 11 de agosto de 2001, na Ilha do Governador, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Tinha 78 anos e morava com a irmã. Um infarto ceifou-lhe a vida, mas sua voz sempre será ouvida através das canções rascantes. Ao longo da carreira, vendeu cerca de 6 milhões de discos.


Orlando Dias - Discografia

Tive ciúme/Ainda não sei (Todamérica 78, 1952)
Não te quero bem nem mal/Mais uma saudade (Todamérica 78, 1953)
Beija-me a boca/Já está na hora (Todamérica 78, 1953)
Façamos as pazes/Confissão (Todamérica 78, 1954)
Santo Antoninho/Sobe, sobe meu balão (Todamérica 78, 1954)
Nossa padroeira/Fim de ano (Todamérica 78,1954)
Superstição/Perigo de morte (Mocambo 78, 1955)
Figurinha do "Society"/Abandonado (Mocambo 78, 1955)
Santa mãezinha/Eternamente (Mocambo 78, 1956)
Santa Tereza/As flores só brotam na primavera (Mocambo 78, 1956)
Pode chorar/Mão de calo (Mocambo 78, 1957)
Marcha das flores/Não vai (Mocambo 78, 1957)
Marchinha do Zuzula/Sei que voltarás (Sinter 78, 1958)
Se eu pudesse/Nas tuas horas de tristeza (Odeon 78, 1959)
Vem pra junto de mim/Tu hás de pensar em mim (Odeon 78, 1959)
João de Barro/Por uma noite ainda (Chantecler 78, 1959)
Minha serás eternamente/Ainda te espero (Odeon 78 , 1960)
Quem ama perdoa/Perdoa-me pelo bem que te quero (Odeon 78 , 1960)
Eu te quero tanto/O maior amor do mundo (Odeon 78 , 1961)
Minha serenata/Tenho ciúmes de tudo (Odeon 78 , 1961)
Ninguém gostou de alguém como eu gosto de ti/Sou eu (Odeon 78, 1962)
Será que tu não entendes os meus olhos/Se a vida fosse um sonho bom (Odeon 78, 1962)
Até eu/Sou camarada (Orion 78, 1962)
O último apelo/Beija-me pela última vez (Odeon 78, 1963)
Quisera envolver-me em teus braços/Por onde andarás (Odeon 78, 1963)
Eu já gostei de alguém/Não vou pra lua (Albatroz 78, 1963)
Cansei de amar/Meu velho livro (Athena 78,1963)
Se a vida fosse um sonho bom (Odeon, 1963)
Saravá (Odeon, 1965)
O ator da canção (Odeon, 1966)
O atual (Odeon, 1968)
O cantor mais popular do Brasil (Odeon, 1973)
Eu te quero tanto (Imperial)
Tu hás de pensar em mim (Imperial)
Vinte super sucessos (Polydisc, 1997)

1 comentários:

Anônimo disse...

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