sexta-feira, 15 de outubro de 2010

RODRIGO VELLOZO, MAIS QUE UM TALENTO HERDADO

Por Bruno Negromonte




Sempre que se fala de um cantor cujo pai ou a mãe também seguem ou seguiram a mesma profissão, invariavelmente surge algum tipo de analogia entre ambos. Com Rodrigo Vellozo não poderia ser diferente, pois ele é filho do cantor, instrumentista e compositor Uday Veloso, cujo esse nome de batismo é quase que totalmente desconhecido do grande público.

O pai de Rodrigo Vellozo é conhecido pelo grande público como Benito Di Paula, um dos artistas mais representativos da música brasileira desde a década de 70. Benito dispensa apresentação, pois sabemos o quão exímio pianista e compositor o artista é (Ressaltando que na família Veloso há também o excelente violonista e compositor Ney Velloso, tio do Rodrigo e o saudoso Jota Veloso). Toda essa árvore genealógica só veio à tona na matéria para contextualizar o talento existente no Rodrigo e o seu bom gosto musical.

O interesse de Rodrigo pela música começou quando ele ainda era criança (quiçá pelo ambiente musical ao qual vivia assim como também por conta da influência dos parentes citados, dentre eles soma-se também seus irmãos). Estimulado pelo pai, ainda criança, participa da gravação de uma versão feita pelo Benito para a Oração de São Francisco, versão essa utilizada durante a campanha da fraternidade do ano de 1986. Foi o pontapé oficial para o seu interesse pela música, pois depois dessa gravação ele começa a estudar teoria musical e a ter aulas de piano. O que o pai ouvia em casa e o que o próprio Rodrigo selecionava para tocar em sua vitrola portátil (salve o engano em um modelo tipo Philips Eletrofone GF 133 vermelho) foi fundamental para a sua excelente formação musical. Nas agulhas dessas vitrolas passaram álbuns dos mais variados estilos, porém sempre com uma característica fundamental: o bom gosto. Bom gosto esse que o acompanhou durante a infância e adentrou em sua adolescência.

E foi justamente durante esse período da adolescência que vieram os dilemas (comuns a todos os adolescentes) em relação a que carreira seguir. Abandonou o piano, pensou na engenharia e na advocacia e decidiu-se pela engenharia eletrônica, chegando a cursá-la na UFRJ. No entanto, ainda no primeiro período da universidade, a música falou mais alto e Rodrigo abandonou o curso que havia ingressado a cerca de seis meses. A decisão radical fez com que Rodrigo enveredasse para a música em definitivo e retomasse as aulas de piano (a princípio com a professora Lúcia Dicalafiori que o preparou para a faculdade de música), em seguida entrou no conservatório brasileiro de música onde se formou em bacharel em piano na classe de Ronal Silveira.

Em seguida, transitando entre composições, demos, música erudita e popular, Rodrigo seguiu para a Berklee School of Music em Boston para aprimorar sua técnica e conhecimentos. Na volta resolve se submeter a um teste para participar de uma peça teatral do conhecido cantor e compositor Oswaldo Montenegro. O resultado desse teste foi que acabou participando de duas montagens: Tipos e Aldeia dos Ventos. Profissionalizou-se a partir de então.

Deste início até o álbum “Samba de câmara”, passaram-se cerca de dois anos. Rodrigo Vellozo utilizou deste tempo para pesquisa de repertório, ensaio e outros detalhes que fizeram deste seu primeiro disco um álbum imbuído de características peculiares. Este projeto de estreia é o registro de um músico jovem e muito confiante de si mesmo. Confiante porque o projeto permite a partir de um requintado repertório e no potencial que traz consigo e que todos são capazes de identificar ao ouvir qualquer uma das faixas presentes no disco.



O disco abre ousadamente ao piano e voz com um clássico de Vinícius de Moraes e Baden Powell: “Consolação” (gravado pela primeira vez, salve o engano, no disco “À vontade” do próprio autor, Baden, em 1963). A canção foi escolhida, segundo o próprio Vellozo, por trazer em sua letra uma filosofia de vida e de arte com a qual ele se identifica muito. Em seguida vem outro clássico da MPB na voz do Rodrigo: “Feitio de oração” (de autoria de Noel Rosa e Osvaldo Gogliano, popularmente conhecido por Vadico). Esse agradável samba-canção da década de 1930, ganha mais uma magistral versão nesse álbum.

Em seguida vem duas canções compostas por Rodrigo Vellozo: “Aconteceu” e “Marcas do passado”. Segundo o próprio autor, foi da canção “Aconteceu” que surgiu o conceito de samba de câmara. Já “Marcas do passado” foi composta durante a escolha do repertório do disco. Vale a pena prestar atenção nestas canções, pois além do excelente piano presentes nas faixas executado por Rodrigo há também a demonstração de um talentoso compositor que se mostra sensível e de bom gosto.

As demais faixas do disco perpassam pelo repertório dos mais distintos compositores brasileiros tais quais Monsueto Menezes e Ayrton Amorim (com “Me deixa em paz”, música gravada também pelo Benito di Paula); Leoni, Herbert Vianna e Paula Toller (com o sucesso “Por que não eu?”); Caetano Veloso (“O ciúme”); uma canção do pai em parceria com o centenário Adoniran Barbosa (“Não precisa muita coisa”); o contemporâneo compositor cubano Sílvio Rodriguez (“Esta primavera”) e artistas sem muita notoriedade junto ao grande público como Rodrigo Santos (“Nunca desista do seu amor”) e Hiran Monteiro (“Muito mais”). Além do registro de uma canção do inglês Phil Collins (“In the air tonight”). Vale destacar dois registros magistrais feitos por Rodrigo: O primeiro é da canção “Dente no dente” (do Jards Macalé e do poeta piauiense Torcuato Neto) e “Samba erudito” (de autoria do paulista Paulo Vanzollini).

Um fato interessante nesse início da discografia do Rodrigo é que, assim como o seu genitor, o piano (instrumento que consagrou e é utilizado até hoje por Benito), também ganhou destaque. Talvez esta seja uma evidência de que Rodrigo siga o mesmo perfil fonográfico do pai. Benito, em seus primeiros discos, também buscou beber da fonte de artistas consagrados tais quais Chico Buarque, Monsueto Meneses, Ismael Silva, Adoniran Barbosa, Vinícius e outros renomados compositores, além de trazer composições próprias. Rodrigo Vellozo em um novo contexto e cenário musical também segue esses passos, como foi visto na descrição das canções acima. Se são traços propositais ou coincidências só o tempo irá dizer.


Para maiores informações (For more information):

http://www.rodrigovellozo.com.br/

Contato para show (Contact to show):

Juliana Funaro: +55(11) 7728 2748

e-mail – contato@rodrigovellozo.com.br

6 comentários:

Jorge Macedo disse...

Parabéns Bruno, pelo excelente BLOG! Grato pela dica do novo valor da MPB, Rodrigo Vellozo!
SUCESSO!

Sonhos melodias disse...

Oi Bruno,
Sempre trazendo para nós as novidades da MPB. Adorei conhecer esse rapaz. Mais um talento a nos enriquecer os ouvidos.
Bjs

Anônimo disse...

Este é um recurso tão útil maravilhosa que você está fornecendo e dá-lo livre ausente da carga. Eu adoro ver sites que compreendem o valor de fornecer um recurso útil qualidade gratuitamente. It's a idade que vai, volta do programa.

brunonegromonte disse...

Olá!! Infelizmente, apesar de possuir o material eu não tenho autorização do Rodrigo para disponibilizar o material para download. Mas você pode adquirir o álbum no formato digital a partir do endereço:

http://us.dada.net/music/rodrigovellozo/samba-de-c%C3%A2mara_3603294a.html

Abraço!!

Sueli disse...

Ontem, conheci esse menino. SENSACIONAL!!!

Unknown disse...

Conheci o Rodrigo Veloz zona no show do pai dele o Benito di Paula....grande talento!

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