quinta-feira, 14 de outubro de 2010

KUARUP, INFELIZMENTE MAIS UMA VÍTIMA DA CRISE

Selo reconhecido pela qualidade do elenco, com destaque para a cultura de raiz e música instrumental brasileira, encerra suas atividades.

A
crise do mercado fonográfico vem se agravando ao longo dos anos e não se cansa de vitimar mais selos... a vítima da vez no Brasil foi a Kuarup. Depois de mais de 30 anos dedicados à música brasileira, a gravadora carioca Kuarup Discos, de propriedade dos empresários Mário de Aratanha e Janine Houard, encerra as atividades sob o argumento de que, nos últimos tempos, as vendas de produtos físicos (CDs, principalmente) sofreram queda vertiginosa, nem de longe compensada pelas vendas por download. “A crise do CD é irreversível, tornando inviável o modelo de negócio da empresa, calcado na produção e comercialização de música de qualidade”, afirmam os empresários no curto comunicado disponibilizado no site www.kuarup.com.br.

Procurados pela reportagem, Mário e Janine não foram localizados. Fonte próxima ao empresário, no entanto, diz que ele está muito abalado com o fim da gravadora, preferindo não se manifestar. No momento, Mário está à frente da Cine Viola, empresa criada por ele e sócios, também com sede no Rio, dedicada à produção e gravação de DVDs. O primeiro grande produto da Cine Viola foi o registro, ao vivo, do encontro de Maria Bethânia e Omara Portuondo, no Grande Palácio das Artes, de Belo Horizonte. O show realizado no ano passado foi lançado em DVD pela Biscoito Fino. O CD de estúdio ganhou lançamento anterior da mesma gravadora.

“Trata-se de uma grande perda para o mercado fonográfico brasileiro”, lamenta o violeiro Chico Lobo, que, desde 1999, mantinha contrato de licenciamento de seus discos com a Kuarup. Além de Chico (No braço dessa viola, Reinado, Viola caipira – Tradição, causos e crenças, e do CD/DVD Chico Lobo ao vivo), a gravadora foi responsável pelo lançamento do elogiado No balanço do balaio, em que Vander Lee explorava repertório de sambas e choros, e Violão caipira, de Gilvan de Oliveira, entre outros artistas mineiros. “A Kuarup era a única gravadora que apostava na música do interior do Brasil, com destaque para a viola”, recorda Chico, que não vê alternativa agora senão abrir o próprio selo.

Entre alguns dos clássicos lançados pela Kuarup Discos está a série Cantoria brasileira, que reuniu artistas nordestinos em vários volumes. Pena Branca & Xavantinho e Renato Teixeira ao vivo em Tatuí é outro produto antológico da gravadora, cujo catálogo requer atenção do mercado. Segundo consta, por enquanto, o acervo de valor inestimável da Kaurup vai “hibernar”. Além da música sertaneja de raiz, a gravadora produziu discos de música nordestina, música folclórica e música instrumental, com destaque para o choro. A música de identidade cultural brasileira era o foco da empresa carioca, que, ao completar 25 anos, reuniu vários artistas de seu cast para a gravação de um Cantoria brasileira especial.

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