domingo, 15 de fevereiro de 2009

JOSÉ MAURÍCIO MACHLINE

Durante muitos anos, principalmente do final da década de 80 adentrando pela seguinte, uma pessoa em especial procurou fazer muito pela nossa MPB. Na época, a imprensa destacava-o como um jovem executivo, que vinha canalizando todo seu tempo livre - e muitos recursos - para que nossos talentos encontrassem um prestigiamento cada vez mais difícil.
Esse jovem chamava-se José Maurício Machline, vice-presidente de comunicação do grupo Sharp, que ama a música desde a infância e, vinha mostrando como uma empresa pode manter um grande evento cultural.
Idealizou ainda na década de 80 uma grande premiação para os melhores do disco, espalhados em ma
is de 40 categorias, a exemplo do Grammy - que promovido desde 1958 pela Academia de Artes e Ciências Fonográficas dos Estados Unidos está para a indústria fonográfica o que Oscar representa para a indústria do cinema.
Pela seriedade da promoção, a representatividade dos nomes que, inteligentemente, buscou para apoiá-lo na coordenação deste evento - entre os quais Mário Henrique Simonsen, Dorival Caymmi, maestro Julio Medalha, produtor Zuza Homem de Mello, entre outros - e a formação de um júri de 25 especialistas - entre jornalistas, artistas, produtores musicais, críticos etc.
O Prêmio Sharp da Música teve sua credibilidade e importância cada vez mais valorizada com o passar dos anos. O grande júri, após ouvir todos os discos de música brasileira pré-selecionados para o projeto, atribui notas, de um a dez, que são analisados por computador para a elaboração das cinco finalistas, cujos nomes são divulgados alguns dias antes da festa de entrega dos prêmios. Por sistema de pontuação, há os escolhidos em cada categoria que somente são an
unciados em festa de gala da música brasileira, que era realizada anualmente no auditório do Hotel Nacional (Barra da Tijuca, RJ), exceto em 1989, ano em que o homenageado foi Dorival Caymmi, e que aconteceu no golden room do Copacabana Palace. No primeiro ano, o homenageado foi Vinícius de Moraes (1913-1980), no ano seguinte (1988), Maysa (1933-1977) e no seguinte, Elizeth Cardoso, escolhida antes de sua morte ocorrida em 7 de maio de 1990. Em 1992 a homenagem foi para Luiz Gonzaga.

O PRODUTOR, O ARTISTA
Ao lado de sua visão empresarial e de animador cultural, José Maurício Machline é também um artista. Cantor de boa voz, sabendo valorizar o repertório romântico que interpreta é sempre requisitado para mostrar seu talento em ambientes que freqüenta. Apenas por insistência de amigos, concordou em gravar discos. A primeira vez, na década de 80, quando criou uma etiqueta, a Pointer, pela qual produziu mais de 20 discos da melhor qualidade, hoje collector's itens na carreira de seus artistas - entre os quais Leny Andrade, uma de suas boas amigas.
Já na década de 90, apenas como brinde para amigos, José Maurício reuniu alguns instrumentistas amigos - como o violonista Natan Marques, pianista Jather Garotti, violoncelista Renato Lemos, percussionistas Ary Dias e Luiz Macedo para o programar os teclados e como resultado fez um elepê simples, afetivo que só não entrou na relação das dez melhores produções alternativas porque só nos chegou em janeiro.
Modesto, sem pretensões - poderia, pelo seu relacionamento, fazer o disco em marca profissional e convocar nomes famosos para textos de encarte, Zé Maurício preferiu apenas gravar um registro espontâneo, como se estivesse cantando em sua casa. Assim, juntou um repertório de standards e à sua interpretação juntaram-se vozes de muitos dos amigos e artistas que, merecidamente, o estimam e admiram pela sua personalidade fascinante, sempre aberto à projetos culturais. Tendo já provado sua competência dirigindo belos shows musicais - como um sucesso que projetou a suave Jane Duboc interpretando músicas famosas do cinema - Zé Maurício, agora mostra seu jeito cordial e afetivo de (en)cantar com um repertório que abre com "Ne Me Quitte Pas" (Jacques Brel) e "Senza Fine" (Giono Paoli) em contracanto com Lucinha Lins, prossegue com "Angélica" (Miltinho-Chico Buarque), com a participação especial de Jane Duboc, emendando com outra musa do universo buarqueano ("Carolina" - desta vez com a participação de Elba Ramalho) e dando ao acordeonista Dominguinhos um solo incrível na belíssima "Saigon" (Paulo Cesar Feital/Cláudio Cartier) e encerrando a face "A" do disco com "Se o Amor Pudesse" uma das mais belas letras (e pouco conhecidas que Vinícius de Moraes criou para belíssimas harmonias de Marilia Medalha), aqui com a participação de Dudu Moraes.
No lado dois, Zé Maurício abre novamente com um clássico romântico dos anos 50 - "Cry Me a River" (Arthur Hamilton), que foi o grande prefixo da hoje esquecida (e desconhecida das novas gerações) Julie London, "Acorda Amor", que Chico Buarque compôs na época da repressão com o pseudônimo de Julinho de Adelaide ganhou uma versão extremamente bem humorada com a participação do artista transformista Paulette. Já Eduardo Araújo é que foi o convidado em outra parceria de Chico e Francis Hime, "Paraná" e Giovana faz ouvir sua forte voz em "Nenem" (Maurício Tapajós). Buscando uma das mais perfeitas parcerias de Geraldo Pereira (1918-1955) e Nelson Trigueiro, "Sem Compromisso", Zé Maurício divide esta faixa com a marrom Alcione. Do samba ao tango, com "Cambalache" (J. S. Discepolo) em que, vejam só, é Chico Anísio que tem a participação especial. Encerrando, "Tal Mãe, Tal Filha" - uma das primeiras parcerias de Aldir Blanc e João Bosco, com a participação do parceiro Paulo Emílio (já falecido) e que tem outra surpresa na gravação: a presença de Thales Pan Chacon, conhecido ator.
Arranjos ajustados ao clima de cada música, simples e cordial eis um exemplo agradável de música para se ouvir com imenso prazer - mostrando mais uma faceta deste múltiplo Machline.

13 comentários:

Anônimo disse...

hi, please what is the name of this personal record of Ze Mauricio ? can we see the sleeve ? thank you

brunonegromonte disse...

My dear friend, unfortunately I do not know how to respond to you and free you from this dilemma.

Rafael disse...

Caro Bruno,

Você poderia postar aqui no blog ao menos uma capa deste disco do Zé Maurício, onde há o cover de Ne Me Quitte Pas" e a relação de músicas deste disco? Ouvi dizer que a capa é uma foto do Zé Maurício em preto e branco e o fundo é de cor amarelo-ovo. Você poderia me fazer este favor? Me deixaria muito feliz se houvesse um link para bxair este disco, gostaria de ouví-lo, é bem raro e mal consigo achar informações sobre este álbum na net. Abraços e aguardo sua resposta.

brunonegromonte disse...

Olá Rafael!
Infelizmente não poderei atender temporariamente o seu pedido, pois não possuo esse álbum... mas estou em busca e quando encontrá-lo o postarei com todo prazer!
Abraço!

Rafael disse...

Olá Bruno!

Hoje consegui apenas a capa e contracapa desse disco do Zé Maurício, que são raras, e feias por sinal... Deixa seu endereço de e-mail aqui que eu mando ela para você. Abraço.

Rafael disse...

A relação de músicas deste disco são as seguintes:

Zé Maurício-"Zé Maurício"

LADO A:

01-Ne Me Quitte Pas (Jacques Brel)
02-Senza Fine (Gino Paoli) Part. Esp. Lucinha Lins
03-Angélica (Miltinho/Chico Buarque) Part. Esp. de Jane Duboc
04-Carolina (Chico Buarque) Part. Esp. Elba Ramalho
05-Saigon (Paulo César Feital/Cláudio Cartier/Carlão) Part. Esp. Dominguinhos)
06-Se O Amor Pudesse (Vinicius de Morais/Marília Medalha) Part. Esp. Duda Moraes

LADO B:

01-Cry Me A River (Arthur Hamilton)
02-Acorda Amor (Leonel Paiva/Chico Buarque) Part. Esp. Paoletti (?)
03-Passará (Francis Hime/Chico Buarque) Part. Esp. Eduardo Araújo
04-Neném (Maurício Maestro) Part. Esp. Giovana & 4 Por 4
05-Sem Compromisso (Geraldo Pereira/Nelson Trigueiro) Part. Esp. Alcione)
06-Cambalache (Enrique Santos Discépolo) Part. Esp. Chico Anysio
07-Tal Mãe, Tal Filha (João Bosco/Aldir Blanc/Paulo Emílio) Part. Esp. Thales Pan Chacon)

No site do jornalista Aramis Millarch, há uma antiga matéria que fala sobre o lançamento deste disco, no link abaixo:

http://www.millarch.org/artigo/jose-mauricio-o-cantor-que-ama-ajuda-mpb#comment-1498

Será que alguém pode dar uma luz para ajudar a achar este disco???

Anônimo disse...

Really good post!

Anônimo disse...

Zé Maurício é o tipo de profissional, além de pessoa humana, que não pode ser esquecido um segundinho sequer. Trata-se de um ser para o qual sempre faltarão adjetivos, iluminado ainda é pouco. Zé Maurício, por favor, apareça : você está fazendo muita falta no atual cenário artístico.

Anônimo disse...

Se possivel me enviem ao menos numero de contato ou e-Mail do Zé Mauricio, tenho um projeto para a sala São Paulo.
Obrigado
ORLANDO SILVA

brunonegromonte disse...

Caro Orlando Silva, tenta entrar em contato com a uns produções, que acessora o Zé na elaboração do Prêmio da Música Brasileira.
Você pode entrar em contato de duas maneiras: a primeira seria via e-mail, e a segunda através dos telefones abaixo. Por e-mail é óbvio que sairá menos oneroso.
Você opta por entrar em contato com o Alan ou então com o Sidimir Sanches através dos e-mails:
alan@unscomunicacao.com.br ou sidimir@unscomunicacao.com.br
ou então pelos fones: 21 3065 1869 / 21 9473 6974
Espero desta forma contribuir de alguma maneira para que você alcance aquilo que tanto deseja.
Boa Sorte!!!
Bruno Negromonte

Anônimo disse...

BRILHANTE ZE MAURICIO,

ESTAMOS INICIANDO A ORGANIZACAO PARA
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Elza A. disse...

Por coincidência descobri o seu blog e achei maravilhoso. Estou com saudades da MPB de qualidade e, encontrei aqui. Vou aproveitar e te perguntar se você dispõe de um disco com o Zé Maurício cantando, que não se encontra em lugar nenhum, com músicas incríveis inclusive uma que fala de vários encontros de duas pessoas em várias vidas.... Busquei feito louca e não acho! Abraços. Elza A.

brunonegromonte disse...

Elza, informe-nos o nome do álbum para consultarmos. Abraços e obrigado pela audiência!

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